Capítulo 22 - Amor, Hora e Lugar

Parte da série UM EM UM MILHÃO

O fim do domingo foi normal, liguei para o Victor para contar as novidades, ele ficou horrorizado com o que o Paulo fez, mas ficou feliz por eu estar namorando e também tinha uma novidade também estava namorando um cara chamado Samuel. Fiquei muito feliz por ele, finalmente tínhamos nos arranjado.

Diego me ligou em seguida, também já havia chegado a sua casa e disse que queria ir me buscar no trabalho no dia seguinte para que pudéssemos sair depois. Eu concordei e fui avisar ao Ricardo que ele não precisaria me pegar amanhã com o carro após o expediente.

Encontrei o Ricardo e meu irmão sentados no sofá da sala assistindo Tv, os dois pareciam mais um par de vasos que um casal de namorados. Não parecia haver clima ou romantismo ali, alguma coisa realmente estava abalando o relacionamento dos dois.

O Ricardo não gostou muito da idéia do Diego ir me buscar, mas acabou concordando.

Durante o percurso para o trabalho o Ricardo conversou comigo queria ajuda com o relacionamento com o Luis.

- Well, eu não sei mais o que fazer, será que você pode me dar uma ajuda com seu irmão?

- Eu adoraria ajudar, mas não sou a melhor pessoa para ajudar em relacionamentos e também não sei qual o problema entre vocês dois.

- Ele não te contou nada?

- Não. – falei olhando para baixo, apesar de entender meu irmão era incomodo não saber o que se passava com ele.

- Ele anda desconfiado de mim, por que eu não falo muito sobre minha vida nem sobre minha família.

- E por que não fala logo?

- É complicado Well, acho melhor ele não saber.

- Você vai perdê-lo se não contar a verdade.

- Só tenta falar com ele.

- Vou tentar.

Eu sabia desde o dia em que conheci o Ricardo que ele escondia algo de nós, ele nunca falava do seu passado, do seu passado ou da sua família. Os únicos amigos que ele aparentava ter éramos nós.

Cheguei ao trabalho e me despedi dele, por um momento congelei na porta de entrada ao lembrar que o Paulo estaria ali. Senti medo.

A semana no trabalho foi corrida, logo no começo do dia fomos avisados que na semana seguinte iríamos receber a visita do presidente da empresa, então vários relatórios, planilhas, apresentações e gráficos teriam que ser feitos. Tudo teria que estar feito e organizado até segunda-feira. Todos estavam na correria.

Paulo chegou ao escritório usando óculos escuros que mal conseguiam esconder o grande hematoma causado pelo soco do Ricardo. Ele só falou o necessário e se afastou de todos. As pessoas o encaravam e comentavam sobre o que poderia ter acontecido, mas ele parecia não se abalar. Ele também não se sentou a nossa mesa na hora do almoço, preferiu comer fora. O lado bom disso é que também nos livramos da vaca da Carla, que já não tinha motivos pra ficar do nosso lado poluindo nosso ar.

Ao fim do expediente Diego já estava lá fora me esperando, eu o abracei e por um instante vi o Paulo de longe nos encarando. Entramos no carro e nos beijamos, ele me agarrou como se sua vida dependesse disso.

Ele me levou até uma sorveteria onde ficamos conversando e depois fomos pra minha casa. Deitamos na minha cama, não rolou nada, só beijos e carinhos. Mas logo ele teve que ir embora.

A semana foi muito corrida e cansativa. Tivemos que fazer horas extras várias vezes. Ainda bem que as meninas também ficaram não queria ficar sozinho com o Paulo, estava evitando ele literalmente. O Diego ficou decepcionado, com tantas horas extras era menos tempo que tínhamos juntos.

Na sexta-feira o Victor nos chamou para uma balada, tipo um encontro dos casais. Eu fui meio relutante. Toda vez tinha que ser uma festa ou uma balada, um show ou um lugar tumultuado? Não podíamos sentar num barzinho ou uma mesa de lanchonete só nosso grupo, jogando conversa fora e rindo a noite toda enquanto bebíamos e comíamos? Um cinema também não seria ruim. Infelizmente minha opinião sempre era deixada de lado nessas horas. O convite estava feito e todos iriam para a balada sábado à noite.

Diego e eu aproveitamos o sábado para namorar. Conheci a casa dele, ele morava sozinho, a casa era grande espaçosa e bem organizada, mas tinha aquela cara de casa de homem solteiro, nada muito decorado ou com um toque artístico, apenas arrumado e minimalista, simples nos detalhes. Ele adorava ser carinhoso, vivia me abraçando, me pegando no colo e me fazendo cafuné. Palavras às vezes eram desnecessárias nessas horas.

À noite nos arrumamos para sair ali mesmo, iríamos encontrar o resto do pessoal já no local, sair nos fins de semanas já estava virando um costume depois que nos mudamos. Coloquei uma roupa que foi recebida com assovios e palmas do Diego e aquilo me deixou sem jeito.

- Para de ser bobo e vamos logo ou vamos nos atrasar.

- Bobo é você gatinho quem mais se preocupa em se atrasar para uma balada?

- Eu, o pessoal vai esperar na entrada e eu não quero que eles fiquem esperando.

- Eles nem vão estar lá quando chegarmos.

- Isso não importa, eu prefiro chegar uma hora antes a um segundo atrasado.

- Gatinho chato. – disse ele rindo.

Chegamos lá e o pessoal todo estava esperando, ainda no carro eu olhei com uma cara feia para ele que simplesmente deu uma gargalhada.

Demos um oi geral pra todo mundo e cumprimentamos o Victor que apresentou seu namorado Samuel. Ele era um rapaz alto de corpo mediano e definido, cabelos castanhos bem curtos e olhos da mesma cor, aparentava ser bem mais velho que o Victor. Ele se mostrou uma pessoa muito educada e simpática.

Entramos e o pessoal se espalhou cada um com o seu par para namorar. Chamam isso de sair com os amigos?Apenas Diego, Victor, Samuel e eu ficamos juntos.

Diego era bastante popular, encontrou vários amigos na pista de dança, homens e mulheres, ele me apresentava a todos, mas não mencionava que eu era seu namorado. Enquanto ele batia papo com os amigos dele, Victor e eu conversamos sobre o seu namoro e como ele e Samuel se conheceram.

Nisso uma menina se aproximou do Diego e começou a cercá-lo enquanto conversavam. Eu já estava me sentindo incomodado com isso, já estava incomodado com o lugar, eu nunca conseguia me divertir nesses ambientes e sempre acontecia algo que me chateava e mesmo assim viviam me puxando para esses lugares novamente como se fosse o único meio de se divertir.

De uma hora para outra a garota agarrou o Diego em um beijo, as garotas andam muito atiradas hoje em dia, ele não esboçou nenhuma reação, não se entregou ao beijo, mas também não tentou se esquivar ou fazer com que ela parasse.

Victor e Samuel olharam para a cena chocados, minha única reação foi sair de cena e procurar o banheiro. Sumi na multidão sem que todos me percebessem, sair do foco de todos era uma especialidade para mim, ser invisível era um hábito que tinha se tornado parte de mim durante os anos, era uma especialidade que muitas vezes vinha a calhar.

Entrei no banheiro e não estava muito cheio, apoiei as mãos na pia e me olhei no espelho, estava bem aceitável aquela noite, o beijo não tinha afetado minha auto-estima pelo jeito. Eu não estava com raiva, nem tampouco com vontade de chorar ou matar alguém. “Podia pelo menos ser uma boate gay” pensei comigo mesmo, mas poderia ter ocorrido o mesmo. Algo estava preso na minha garganta que me sufocava, uma angústia que mal me deixava respirar.

Abaixei a cabeça ainda apoiado na pia e respirei profundamente. Um carinha que estava no banheiro e viu a cena tocou no meu ombro.

- Está tudo bem cara? Está passando mal?

- Está tudo bem, obrigado. – agradecendo a preocupação, mesmo vinda de um estranho.

-Este cara está te incomodando Well?

Ouvi a voz conhecida e olhei pelo espelho para me certificar que era o Ricardo. O carinha que falou comigo saiu rápido do banheiro ao ver o tamanho do Ricardo ainda mais pelo jeito que ele falou.

- Não precisava ter falado assim com o moço, só estava preocupado.

- Tem horas que você é tão ingênuo.

- Não consigo mudar.

- Eu entendo. Cadê o Diego?

- Deve estar beijando alguém.

- Você não está falando sério, está?

- Estou.

- Eu vou matar ele. – ele falou isso indo em direção a porta com os punhos fechados.

- Espera! – gritei para ele. Que se virou.

- Deixa isso pra lá, eu me resolvo com ele depois, não quero mais um fantasma de olho roxo na minha vida. Já basta o Paulo.

Ele voltou e se apoiou na pia ao meu lado.

- Poso deixar hematomas em outros lugares também. – eu ri.

- Não precisa. Dessa vez eu mesmo vou cuidar do assunto.

- Se você diz, ele é todo seu.

- Cadê o Luis?

- Nós discutimos. Você falou com ele?

- Ainda não tive oportunidade. – disse olhando para o chão pensativo.

Nessa hora o Diego entrou no banheiro com cara de preocupado olhando para nós dois.

- Ele é todo seu. – disse o Ricardo olhando para mim e se dirigindo a porta, quando passou falou algo ao ouvido do Diego que eu não pude ouvir, mas deixou Diego mais nervoso do que estava.

Eu e Diego ficamos sozinhos no banheiro, frente a frente. Talvez meu namoro tivesse um fim mais rápido do que eu esperava... CONTINUA

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Obrigado todos que acompanharam meu último conto onde eu fiz um desabafo da minha vida, fiquei muito feliz com a repercussão. Fiquei feliz e triste ao mesmo tempo na verdade. Feliz por vocês me acompanharem aqui, dividindo experiências, isso acrescenta muito na vida de alguém, saiba que estou aqui, aberto a amizades e a tentar ajudar quem vier a mim. Por outro lado fiquei triste por saber que assim como eu, vários de vocês já passaram por situações parecidas com a minha, isso não aconteceria se nos sentíssemos aceitos pela sociedade. No fundo só buscamos a felicidade.

Thiago: Muito obrigado como sempre =)

Fozzi: Vi que você publicou um conto, estou louco para poder ler.

Fernando: kkkk que bom que você gostou e pode se identificar, estou imensamente feliz com a amizade que estamos construindo, muito obrigado.

Luckell: Que bom que gostou da história e obrigado por add no facebook.

DarkPrince: kkkkkk bobo como sempre.

Luh: Sabe que adoro ver seu comentário aqui né? Sei como é quando a gente não tem tempo para escrever ou postar, eu corro contra o tempo para conseguir. Seu conto também continua lindo e eu também sempre espero para poder ler a continuação e ver o seu comentário aqui também. Quanto a publicar, não sei como fazer isso. Bjo

Um beijo para todos, incluindo quem lê o texto anonimamente ou sem se manifestar através dos comentários e também para quem me add no facebook. Adoro vocês!!! <3

https://www.facebook.com/wribeiro5

well2.1@outlook.com