Capítulo 21 - Lembrar, Retroceder. O Passado do Well

Parte da série UM EM UM MILHÃO

“A solidão sempre me acompanhou durante os anos. Ainda pequeno eu só tinha os meus primos com quem brincar, todos eram mais velhos que eu então ou eu acabava excluído ou de algum jeito me saia machucado por brincar com alguém maior e mais ágil que eu. Mas não demorou muito e nos mudamos para uma cidade muito longe e afastada dos demais familiares. Então nem a companhia dos meus primos eu teria mais. Brincar sozinho virou um costume, meus brinquedos favoritos eram figuras de ação dos meus personagens favoritos e miniaturas de animais, eles eram meus companheiros de aventura o meu passatempo.

Quando comecei a estudar os colegas de escola eram o que eu considerava amigos, mas tudo durava o tempo das aulas. Nunca fui de receber amigos em casa e nem mesmo de visitá-los ou dormir em suas casas, não que eu não quisesse, mas geralmente ou eles moravam longe e em outras os meus pais não permitiam, hábito que se estendeu até a minha adolescência.

Alguns anos depois que minha irmã nasceu eu tinha ela para brincar, mas geralmente nunca concordávamos do que iríamos brincar e sempre acabávamos brigando no final.

Na primeira série, ainda na minha inocência de criança eu comecei a perceber que era diferente. Tive minha primeira paixão platônica por um menino chamado Augusto, isso se uma criança tão nova como eu poderia saber o que é paixão. Acho que na época eu nem saberia dizer o que é isso, apenas sentia gostar muito dele, não tinha malícia nem nada era apenas gostar. Lembro que na época em toda minha ingenuidade contei o fato aos meus pais. “Eu gosto de um menino da escola” lembro de ter dito e a resposta foi que isso era errado e que eu deveria gostar de meninas. Não sei se eles ainda lembram desse ocorrido, meus pais não demonstram saber que eu sou gay, mas meu pai sempre implicou comigo desde pequeno. Ele critica minha voz, o jeito que eu falo, minha aparência, as roupas que uso, o jeito que eu ando e tudo o que eu faço.

Nunca dei problemas aos meus pais e também sempre fui um bom aluno, o que me lembra que na segunda série eu conheci um garoto pelo qual eu acho que realmente me apaixonei, mas não quero mencionar seu nome. Foi imediato, assim que eu o vi pensei comigo mesmo “ Será esse o grande o amor da minha vida?”. Incrível como desde pequeno esse parecia ser o objetivo da minha vida, mesmo não sabendo ser gay naquela época e nem me aceitando, eu nutria por ele uma paixão platônica. No começo nos tornamos os melhores amigos, mas uma sucessão de erros meus e dele e dos eventuais acontecimentos do acaso essa amizade foi se desfazendo até virarmos meros conhecidos, no entanto o que eu sentia por ele continuava igual. Mas nos tornamos pessoas opostas, ele era hétero, gostava de futebol, carros, motos e essas coisas de que os homens gostam, era desinibido e falante e estava sempre cercado de amigos. E eu sempre fui o calado, geralmente acompanhado de meninas, que pareciam aceitar mais a minha personalidade introspectiva. Eu gostava de desenhos, livros e era uma pessoa de poucas companhias que preferia ouvir ao invés de falar.

Estudamos juntos até a oitava série. Certa vez eu soube que ele estava afim de uma amiga minha. Como já estava desencanado, admitindo que nós dois nunca teríamos nada juntos por que não tentar dar uma ajuda á ele, afinal se tem uma coisa que eu aprendi é que quando se ama alguém você quer ver aquela pessoa feliz.

Tentei convencê-la de falar com ele e depois de muito consegui fazer com que ela fosse falar com ele atrás da escola e fiquei esperando ela sentado em um banco na parte da frente. Ela voltou minutos depois com uma cara não muito animada.

- E então como foi?

- Nada demais.

- O que ele falou?

- Nada.

- Você não vai me contar?

- Você não vai querer saber.

- Por quê?

- Ele falou uma coisa de você.

- Ah, pode falar eu não ligo.

- Ele falou que te acha um viadinho.

Isso me magoou muito, depois disso fiz meu sentimento por ele virar ódio, eu continuava a gostar dele e odiava isso.”

Abri os olhos e estávamos no caminho de volta para casa depois do fim de semana na casa de campo do Diego. Eu estava no carro com o Ricardo e o meu irmão, as meninas foram com o Auro e o Bruno. O Diego ficou arrumando os últimos detalhes na casa. Ele insistiu para que eu voltasse com ele, mas meu irmão e eu achamos melhor não. O Luis andava super protetor comigo depois que começamos a morar juntos.

Meus olhos estavam pesados olhando a chuva fina que caia do lado de fora do carro e as gotas que escorriam pela janela e voltei a adormecer e mais lembranças voltaram.

“Quando entrei no primeiro colegial era um mundo novo para mim, várias pessoas ficaram no passado. Eu me mudei para uma nova escola onde não conhecia ninguém.

Comecei a ter acesso a internet e através dela comecei a saber tudo o que sei sobre ser gay e finalmente consegui me aceitar, mas infelizmente restava que as demais pessoas me aceitassem. Tive curtos relacionamentos pela internet, mas nunca deram certo, a distância sempre foi difícil de digerir para mim que era tão inexperiente no assunto.

Era uma época em que as aparências contavam muito e f içar com alguém parecia ser prioridade para todos. Fui questionado várias vezes por não ficar com ninguém, ainda não tinha tido coragem de me revelar pra ninguém, mas o segredo estava me sufocando tanto que eu quase entrei em depressão e pensei em dar um fim em minha vida.

Julio e Ana se tornaram meus amigos, nos meus dias de depressão eles queriam que eu contasse o que estava acontecendo comigo. Julio me deu um ultimato, dizendo que se eu não contasse não seria mais amigo e se tem uma coisa que eu nunca quis foi perder um amigo. Entretanto aquilo estava preso na minha garganta e eu não conseguia contar.

Ana foi a primeira, a saber, em um momento de coragem, acabamos contando para o Julio em seguida. Infelizmente o que era só pra ficar entre nó, acabaram contando para outra colega nossa, que também se chamava Jéssica. Não era um problema ela saber, o problema era eles terem contado sem antes terem me perguntado e terem feito brincadeiras a minhas custas pelas costas.

Me senti traído, o Julio também mudou comigo, se afastou.

Os anos se seguiram tive outras paixões platônicas, mas nada de um relacionamento. Acabei a escola e comecei a fazer um curso técnico de administração. Nessa época eu conheci as pessoas mais importantes da minha vida através do Facebook: Auro e Luis, eles foram e são meus porto seguro. Sem eles eu não seria nada”

Abri os olhos e estávamos em casa o Ricardo me acordou com um leve sacudir. O sol já dava pequenas aparições naquela tarde de domingo e eu sorri pro céu por ter chegado até ali...CONTINUA

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Oi pessoal, espero que estejam gostando do conto, por favor continuem comentando, é muito importante pra mim, sem vocês eu não tenho motivos pra continuar. Esse texto de hoje é especial para mim, pois não é apenas um sonho do Well é uma parte da minha vida real, um desabafo que eu quis inserir no conto.

Fozzi: que bom que gostou do texto com a cena de sexo, espero fazer outro assim em breve.

Thiago: Obrigado pelo apoio como sempre!

Fernando: Obrigado por comentar amigo, acho que o resto já falamos tudo pelo Facebook kkk.

Kõning: Eu te dou o maior apoio para que você escreva um conto. Meu email é well2.1@outlook.com e meu facebook é https://www.facebook.com/wribeiro5 pode add você em quem mais quiser.

Luckell: muito obrigado por seu comentário no último conto, de coração <3

DarkPrince: Seu lindo te adoro muito!!!! <3 <3 <3

Adoro vocês por favor peço novamente peço por favor que continuem comentando preciso saber se voc estou agradando ^^

Comentários

Há 6 comentários.

Por Luh em 2013-11-03 01:23:32
Meu Deus esses últimos contos foram simplesmente perfeitos, você sempre consegue se superar Well, esse final de mês foi difícil para eu entrar aqui no site, ler os contos, e até mesmo publicar, mas em momento algum deixei de pensar no seu conto,rsrs. Cara a minha vontade de lê-los era imensa, mas o tempo não colaborava. Mas fez bem eu dar essa sumida rápida, pois fui recompensado ao ler e ver que minhas expectativas em relação ao seu conto foram as melhores. Concordo com o Koning em respeito de publicar seus contos, pois eles simplesmente são ótimos. Agora deixando de lenga lenga, parabéns Well, beijos.
Por DarkPrince em 2013-10-31 13:59:42
Me emocionei aqui!! Mas é uma budega mesmo, eu já passei pelo fato aí da segunda série, se apaixonar quando se é criança é mais inutil do que xampoo em banheiro de careca
Por Luckell em 2013-10-30 22:35:36
um pouquinho da minha história, nesse capitulo, mesmo assim continua linda <3
Por Fernando em 2013-10-30 16:59:55
Foi bom ler seu desabafo amigo Well. Acho que todos nós aqui já passamos por isso também, é uma fase muito difícil e triste da vida. Algumas coisas que vc citou aqui ter passado eu também já passei! Abraços :)
Por fozzi em 2013-10-30 14:32:41
mossa muito legal ate parece um dejavi da minha vida!!!
Por Thiago em 2013-10-30 14:29:51
Perfeito ;)