Capítulo 17 - Diego, Ricardo e Paulo (Parte 2)

Parte da série UM EM UM MILHÃO

Estar ali rodeado pelos três era uma sensação constrangedora, pois eu achava os três lindos, não sabia o motivo de eles perderem o tempo deles comigo. O clima era tenso entre o Paulo e o Ricardo, os dois se odiavam desde o dia em que se conheceram sabe-se lá a razão. Com certeza até o Diego havia percebido que os dois se detestavam.

Ficamos conversando alguns minutos sobre amenidades e o Paulo e o Ricardo se aturavam e eram cordiais um com o outro só por que eu estava ali, mas eu conseguia identificar na voz de cada um o esforço para não falarem besteira e saírem na porrada de uma vez.

Do nada, uma garota de biquíni azul e cabelos longos, surgiu do nada, completamente bêbada e sentou no colo Diego e lhe roubou um mega beijo na boca. Foi uma cena nojenta, pelo menos eu achei. O Diego não se desvencilhou do beijo, pelo contrário, parecia estar aproveitando, talvez fossem namorados eu pensei, ainda não tinha perguntado para ele se ele estava namorando ou não.

Foi o momento oportuno para o Paulo me chamar em um canto para conversarmos. Levantei da cadeira e antes que pudesse acompanhar o Paulo, o Ricardo me pega pela mão e me puxa para que eu abaixasse um pouco e ele pudesse falar ao meu ouvido:

- Eu te avisei sobre o Diego e se o outro idiota ali te fizer chorar esse fim de semana ele pode se considerar um homem morto.

Eu tentei levar na brincadeira, apesar do seu tom de voz ser o mais sério que eu já vi e de saber que realmente ele estava falando a verdade. Respondi apenas com um sorriso que eu esperava que dissesse “obrigado pela preocupação!”.

Cheguei junto do Paulo e ele abriu um sorriso.

- Vai ser ótimo passar o fim de semana do seu lado. Pode me mostrar qual vai ser o meu quarto?

- Posso sim, mas a chave do quarto está com o Diego, vou lá pegar com ele.

O Paulo ficou esperando na sala e eu voltei para o quiosque onde estávamos antes, mas nem o Ricardo e nem o Diego estavam lá. Encontrei a Melissa no meio do caminho, conversando com um rapaz, ao me ver ela acenou para mim e aproveitei para perguntar se ela tinha visto o Diego, ao que ela disse que ele tinha passado, por ali em direção à um grupo de árvores afastado da casa, por onde as pessoas gostavam de fazer caminhada.

Já era finzinho de tarde e fui atrás dele naquele lugar que já ficava escuro e afastado da casa, devia ter pedido para o Paulo vir comigo, pensei comigo mesmo, era um lugar bonito mesmo, mas a ausência de pessoas e o sol desaparecendo no horizonte me faziam ter medo ( sou um covarde de carteirinha), tinha uma trilha que deveria ser por onde as pessoas caminhavam e era todo rodeado por grandes árvores altas e com tanta vegetação pouco se via da casa, a propriedade era realmente era enorme. Eu quis chamar o Diego, mas estava com medo de chamar atenção para a minha presença ali (coisa de paranoico). Também pensei que o Diego pudesse estar com a garota de antes fazendo sabe-se lá o que e eu colocasse os dois numa situação constrangedora.

Andando mais a frente eu já estava arrependido de estar ali, estava bem escuro e logo eu não enxergaria muito mais, quem sabe nem o caminho de volta, mas foi quando ouvi um som estranho vindo de perto. Pensei que fosse um bicho e fiquei apavorado, mas parando melhor para ouvir eu percebi que era o som de alguém chorando.

O som vinha de um conjunto de grandes pedras presas ao chão, tentei me aproximar sem fazer muito barulho, eu sou muito bom nisso quando eu quero. Fui me esgueirando por de trás das rochas e vi que um rapaz estava sentado com os braços cruzados sobre os joelhos e de cabeça baixa chorava.

Eu me aproximei mais e ele tomou um susto se levantando e preparando o punho para me dar um soco, era o Diego

Eu meio que por instinto covarde fechei os olhos para esperar a pancada. Mas ele percebeu que era eu, então abri novamente os olhos e nos olhamos fixamente, ele estava paralisado ainda na mesma posição com o punho erguido, ofegante, as lágrimas escorriam pelo seu rosto e ele parecia em choque por me ver.

- O que aconteceu com você? Por que você está chorando?

Ele não falou nada, apenas abaixou o punho e correu em minha direção, me abraçou forte e começou a chorar ainda mais. Era a coisa mais estranha que eu já tinha visto, um homem daquele tamanho que estava feliz e sorridente há poucos instantes atrás e que eu pensava que fosse a pessoa mais feliz do mundo, estava abraçado a mim como uma criança com medo.

Eu passei a mão em suas costas tentando consolá-lo, quando se acalmou. Ele limpou suas lágrimas.

- É melhor sairmos daqui, está cada vez mais escuro. – disse ele como se voltasse a ter o controle sobre si mesmo de uma hora para outra.

- Mas o que você tem?

- Eu já cometi vários erros, hoje eu cometi mais um e só depois me arrependi do que fiz. Achei que tinha estragado tudo, não aguentei e vim aqui chorar.

Eu estava boiando, sem saber do que se tratava só uma coisa me vinha na cabeça.

- Você está falando daquela menina? É sua namorada? Vocês brigaram ou coisa assim? – perguntei achando que era a única explicação para o fato.

- Aquela oferecida não é nada minha, nada, nem a conheço e nem quero conhecê-la, deve ser uma amiga de uns amigos meus e veio com eles estragar o meu dia.

- Mas vocês dois se beijaram.

- Ela me beijou! – falou em tom mais alto ficando irritado

- Mas você não esboçou nenhuma reação para que ela parasse, parecia até estar aproveitando.

- E me arrependo amargamente disso. – Disse ele voltando a ficar triste. Ele tinha emoções muito oscilantes.

Resolvi que era melhor parar com as perguntas e seguir caminhada, antes que as pessoas ficassem preocupadas com nosso sumiço repentino. Fora que o Paulo ainda devesse estar me esperando.

Nomeio do caminho acabo tropeçando e se não fosse o Diego me segurar na hora eu teria que passar o fim de semana todo esfolado pela queda. Depois disso ele insistiu para que eu segurasse em sua mão o caminho todo para que eu não caísse novamente. Eu estava me sentindo estranho com tudo o que estava acontecendo, segurar a mão do Diego me fazia sentir como se ma corrente elétrica passasse pelo meu corpo através das nossas mãos entrelaçadas e fazia meu coração acelerar, pensei que podia ser o medo do escuro, pois eu realmente esta com medo e olhava para todos os lados a todo o momento.

- Não precisa ter medo, não tem perigo algum gatinho. –disse ele com um leve sorriso, tentando me acalmar, tentei chegar o mais próximo possível dele para me sentir mais seguro, e a proximidade com sua pele me parecia emitir um calor surpreendente.

Finalmente saímos da trilha, podíamos ver a enorme casa, onde passaríamos a noite, as poucas pessoas que restavam na festa, uma fogueira acessa rodeada por pessoas cantando, a lua sorridente e as estrelas, centenas, milhares de estrelas sobre o céu aberto de poucas nuvens. Eu parei um instante para observá-las. Eu gostava de contemplar esses momentos, a vida era uma paisagem estava ali para ser vivida e admirada, mas por vezes as pessoas não param para perceber esses detalhes.

O Diego percebeu o que eu estava fazendo e começou a olhar para o céu também e apertou mais forte a minha mão. Tudo me fez lembrar meus sonhos, meus desejos, o vazio que faltava ser preenchido em mim, pensei na minha família, meus amigos e em tudo que passei durantes os anos até chegar naquele momento, uma lágrima escorreu pelo meu rosto e eu não sei a razão, mas eu falei a primeira coisa que me veio na cabeça, sem pensar.

- Eu sempre olhei para as estrelas e pensava se existiria nesse mundo alguém que iria me amar de verdade, pensava onde essa pessoa poderia estar e se olhava as estrelas esperando assim como eu o dia em que fossemos nos encontrar. Sou um bobo, não é mesmo?

- Somos dois bobos...CONTINUA

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Espero mesmo que estejam gostando, por favor continuem comentando, eu quero saber a opinião de vocês. BJOS

Comentários

Há 3 comentários.

Por König em 2013-10-24 01:29:34
Ta incrível, acho que vc devia pensar em publicar ou algo assim.
Por Fernando em 2013-10-23 15:34:13
Parabéns caro escritor, seu conto a cada dia fica mais belo, abraços cordial!
Por Thiago em 2013-10-23 14:14:00
Maravilhoso! Com quem será que ele vai dormir?