Capítulo 16 - Diego, Ricardo e Paulo (Parte 1)
Parte da série UM EM UM MILHÃO
A cada dia uma nova rosa branca aparecia em minha mesa, só que agora desacompanhadas de bilhete. Melissa nos contou que o Diego, aquele que tinha me salvado de morrer afogado, nos convidou para passar um fim de semana numa casa de campo e que era para eu ir e levar todos os meus amigos comigo. Eu pensar em não ir, mas a Melissa disse que como ele tinha me salvado eu não poderia recusar o pedido. Então aceitei o convite e todos toparam também, inclusive o Paulo.
Na sexta-feira seria feriado então teríamos um dia a mais para aproveitar. O Ricardo, o Luis, a Melissa, a Jéssica e eu fomos num carro e o Auro e o Bruno foram atrás nos seguindo. A Melissa deu o endereço para o Paulo e ele iria um pouco mais tarde.
Ao chegarmos ao local eu fiquei boquiaberto com o que o Diego chamava de casa de campo. Era uma casa enorme que mais parecia um hotel. Tinha uma grande piscina (o que já me deu medo só de olhar), vários quiosques espalhados, um campo de futebol, uma quadra de vôlei e a Melissa disse que era só o começo.
- O lugar está cheio hoje de amigos dele hoje, mas ele garantiu que a maioria vai ir embora hoje à noite, acho que só nós vamos passar o fim de semana aqui. Os pais dele alugam esse lugar aqui para festas e etc. – disse a Melissa parecendo uma guia turística.
Os carros foram estacionados e pegamos nossas malas. Um garoto alto e forte veio na nossa direção. Ele usava uma regata branca que evidenciava seus músculos, ele não era daquele tipo bombado ,mas era bem definido, estava usando uma daquelas bermudas estilo surfista que também mostrava sua panturrilha durinha ( coisa que eu geralmente reparo nos garotos, sabe se lá a razão). O cabelo castanho era ondulado, meio bagunçado e estava molhado. Seus olhos eram castanho escuro e muito expressivos. Deu um beijo e um abraço na Melissa que parecia conhecê-lo:
- Sejam bem-vindos , esperam que gostem, hoje está meio lotado, mas eu reservei os quartos de vocês, hoje mesmo a maioria do pessoal vai embora pra outra festa esse povo não para, aí poderemos aproveitar tudo o que temos direito sem nos preocupar com a multidão. – disse ele rindo, um sorriso lindo por sinal.
Eu estava meio perdido, se ele era ou não o Diego, apesar de tudo indicar que sim, eu esqueci que eu era o único que não o conhecia, todos já tinham o visto no hospital. E justo eu, quem ele salvou me senti ali deslocado por não poder nem ao menos reconhecer o rosto da pessoa que me socorreu.
Ele apertou a mão de todos ali e ao me ver abriu um lindo sorriso e me abraçou, me fazendo sair do chão e girou comigo.
- E você parece bem melhor do que da última vez que te vi, hein gatinho? Melhor tomar cuidado com a piscina daqui. - disse ele todo feliz como se me conhecesse a anos. Eu estava vermelho, as meninas e meu irmão riram da cena. – Opa! Quase me esqueço que não me apresentei para você né? Eu sou o Diego, muito prazer.
Eu tive que juntar forças pra poder falar, estava nervoso e a timidez bateu forte naquela hora.
- Eu... quero muito te agradecer... por ter me salvado. Não sei nem... como te recompensar. – falei olhando o chão sem coragem de encará-lo.
- Se preocupa não gatinho, você não me deve nada, fico muito feliz de você ter vindo e só isso já basta. Ah é claro, antes que eu me esqueça você gostou das flores?
- Fo... foi você que me mandou? – perguntei realmente surpreso, por essa eu não esperava.
- Sim, fui eu, achei que elas eram a sua cara e quis te animar! Acertei na escolha?
Ele deveria ser a pessoa mais gentil desse mundo por ter me salvado e ainda por cima se preocupar comigo e me mandar flores para me animar.
- Elas eram lindas, minhas preferidas. Muito obrigado, mesmo, de coração.
- Sem problemas gatinho! – ele riu – Agora chega de papo que eu vou mostrar os quartos de vocês!
Entramos na casa que era imensa, bem maior que a casa da Melissa o que já era impressionante. Nossos quartos ficavam subindo as escadas. Melissa e Jéssica iam dividir um dos quartos. Bruno e o Auro ficariam com outro, assim como o Ricardo e o Luis, Diego, Paulo e eu, iríamos dormir em um quarto maior. Só que havia um problema no quarto, uma única cama de casal e uma cama de solteiro improvisada. O que significava que dois de nós teriam que dividir a mesma cama, mas eu não quis me apegar a esse detalhe naquele instante. Coloquei minha mala em lugar seguro já que a casa estava cheia e o Diego chegou ao quarto me dando um susto vindo por trás de mim sorrateiramente e m fazendo cócegas.
- Diego! Poxa vida que susto!
Ele era muito brincalhão, nem parecia que tínhamos acabado de nos conhecer, ele tinha muita liberdade comigo e eu estava deixando. Não via maldade nem segundas intenções nele.
- Vamos lá! Se troca e vamos lá pra fora! O sol está ótimo. Vou trancar o quarto quando sairmos aí se você quiser alguma coisa daqui eu venho junto com você e abro a porta ok? É mais seguro assim. – disse ele animado.
- Peguei uma roupa mais leve na mala pra usar e eu fiquei esperando que ele saísse do quarto para eu poder trocar de roupa, mas ao invés disse ele ficou me olhando com cara de bobo e ficamos nos encarando até que eu não agüentei e comecei a rir.
- O que é que foi? – perguntou ele rindo do nada também.
-Você vai ficar olhando eu me trocar?
- O que é que tem demais?
- Vergonha.
Ele riu de mim e saiu fechando a porta.
- Mas vou ficar aqui atrás da porta! – disse ele gritando do lado de fora do quarto. Era um brincalhão.
Coloquei um short jeans, apesar do calor (jeans forever), uma camiseta branca com gola v que eu adorava e era bem fresquinha e meu tênis, não me sentiria mais confortável de outra forma e estava aceitável.
Abria a porta do quarto e o Diego me olha da cabeça aos pés e me recebe com um assovio que me enche de vergonha e me deixa vermelho novamente.
- Como um gatinho consegue ficar ainda mais gatinho? – disse ele rindo como sempre.
- Para de ser bobo.
Ele trancou a porta do quarto e saímos da casa. Tinha pessoas dançando, gente na piscina, outras jogavam futebol, até mesa de pingue-pongue tinha lá. Eu resolvi me sentar em uma mesa em um dos quiosques e fiquei lá observando o povo se divertir. Os outros estavam em casais e as meninas também tinham se arranjado (que rápido!!!). Então o jeito era ficar ali e observar a paisagem.
Estava absorto em meus pensamentos quando o Diego sentou em uma cadeira ao meu lado. Já estava sem camisa e apenas de sunga seu corpo molhado evidenciava que ele estava na piscina até pouco instantes, um grupo de meninas de biquíni riam e comentavam olhando descaradamente a boa forma do Diego, o que me fez rir da situação.
- Você não está se divertindo?
- Não sou muito de me enturmar, sou meio anti-social.
- Você não é meio anti-social.
- Está bem, eu sou um completo anti-social. – Ele riu.
- Também não, você está aqui conversando comigo.
- Mas você é simpático e foi você quem me procurou.
- Vamos lá gatinho! Vamos dançar, se você quiser, eu posso até te ensinar a nadar pra gente não correr mais o risco de você tentar se afogar. – falou gargalhando.
- E pagar mico na frente de todo mundo? Não muito obrigado.
- Então vou ficar aqui te fazendo companhia.
- Não precisa perder sua festa por minha causa.
- Essa festa é sua. – disse ele piscando pra mim. - E amanhã quando esse pessoal todo já não estiver mais aqui, vamos poder aproveitar ao máximo.
Nisso, alguém o chamou e ele teve que dar atenção a um dos convidados. Mas não fiquei muito tempo sozinho, o Ricardo se sentou em outra cadeira perto de mim, parecia um pouco desanimado, não carregava aquele sorriso que era sua marca registrada.
- Tudo bem com você? – perguntei.
- Tudo bem.
- Você parece desanimado.
- Não é nada demais, não precisa se preocupar. E você como está?
- Estou bem, qualquer coisa pode falar mim se quiser. Se eu puder ajudar.
- Eu sei que posso contar com você. – disse ele e um breve sorriso preencheu seu rosto por alguns segundos. – Eu vim aqui pra te dizer para tomar cuidado.
- Com o que? – perguntei meio preocupado.
- Com esse tal de Diego.
- Ele salvou minha vida e me parece ser gentil, simpático e engraçado. Por quê eu deveria tomar cuidado com ele?
- Acho que ele está afim de você.
- E isso é ruim?
- Ele não me parece ser uma pessoa do tipo que quer um relacionamento sério. Só estou tentando te avisar para que não sofra mais uma vez.
- Obrigado por se preocupar, mas olha para ele. Você realmente acha que alguém como ele rira querer algo comigo.
Naquela hora eu observava o Diego de longe perto da piscina, estava rodeado de amigos, e meninas que babavam com ele, era o centro das atenções, conquistava qualquer menina apenas com sua beleza e a simpatia fazia todo o resto. Os garotos riam de suas piadas e também devim invejar sua popularidade. Ele gostar de mim me parecia uma realidade paralela, algo que desafiasse as leis da física.
- Você tem uma visão distorcida de si mesmo. As pessoas são capazes de gostar de você, aliás, gostar muito e você.
Nesse momento ele me olhou nos olhos como se algo estivesse oculto nessa frase, algo que eu não consegui compreender, mas estava ali nas entrelinhas.
- Passei tanto tempo sozinho, que comecei a desacreditar nisso.
- Eu sei que deve ter sido difícil pra você, mas não deixe que o tempo te abata. Você está aqui sentado nesse quiosque se isolando de todos por que acredita que se estiver lá com as outras pessoas você vai estar no lugar errado.
- Não é fácil mudar, eu já tentei várias vezes, mas já faz parte de mim, se tornou parte da minha personalidade com o tempo.
- Não precisa mudar. Vão se acostumar ao seu jeito.
Permaneci em silêncio pensando. E quando percebi o Diego se sentou ao meu lado.
- E aí gatinho? Só foi eu sair que você já arranjou outra companhia?
- O Ricardo é meu cunhado. Por falar nisso. Onde está o Luis, Ricardo?
O Ricardo fez uma cara de decepção, que acho que decifrei o que estava errado. Ele e emeu irmão deviam ter se desentendido.
- Eu não vi para onde ele foi. Deve ter ido ao banheiro. – foi uma resposta nada convincente, mas segundos depois meu irmão apareceu numa rodinha de amigos onde o Bruno tocava violão e me pareceu bem, então não resolvi ir lá perguntar se tinha acontecido algo, resolvi esperar uma hora oportuna.
Alguns minutos depois Ricardo, Diego e eu continuávamos a conversar no quiosque sobre os mais diversos assuntos. Foi então que o Paulo chega à festa. Estava mais lindo do que nunca, camiseta xadrez verde claro e assim como eu usava um short jeans bem clarinho. Era estranho vê-lo sem a roupa social do trabalho, era como conhecer outro Paulo. Ele ainda estava com sua mochila com as roupas para o fim de semana nas costas.
Ele ignorou o Ricardo que o olhava como se fosse matá-lo, ele cumprimentou o Diego com um aperto de mão. Eu me levantei para cumprimentá-lo e ele apertou minha mão e me deu um beijo no rosto demorado que me deixou sem jeito.
- Adoro seu perfume. – disse ele me deixando mais constrangido.
Pediu licença e se sentou na cadeira de frente á minha. E esse era só o começo do fim de semana... CONTINUA