Sem título
Parte da série Aurora
Winter Bird
Jogado em direção as chamas do sol, minhas asas feitas de gelo se dissolveram, era desesperador cair enquanto as penas se soltavam e dissolviam em frente aos meus olhos ainda vidrados no charme das chamas que me queimaram.
Algo me esperava no chão, um abraço quente e compreensivo, o meu amor.
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Se soubéssemos a hora de dizer adeus, não pela simples necessidade de se livrar de algo que nos aflige, mas para que em vez de incomodarmos pudéssemos deixar boas lembranças a nossa respeito, teríamos poupado muito sofrimento, entre os vários que não dominam essa arte, estou eu, perdido em meio ao grande volume do meu casaco de interrogações e paranoias.
Dói mas é necessário esquecer, ele apareceu a dois meses, não foi bem um “aparecer”, foi algo mais parecido como um “reaparecer”, finalmente nos falamos por meio da coerência necessária para um contato entre estranhos sem constrangimento: Amigos em Comum. Antes disso meu desespero falou mais alto e eu tive que adicionar e chamar a atenção do moreno que sentava no banco da frente, em uma rede social.
Nós conversamos, nos encontramos sozinhos em bancos de ônibus, dividimos até mesmo um fone, lindo, ele gosta da minha banda favorita, ama a série que acompanho e como Greg diria para o Chris “ele estava super na minha”... era o que parecia... mas... só o vazio e o eco da negação podem responder o porquê nenhuma das minhas demonstrações de afeto lhe chamaram a atenção para que ele visse em mim, uma opção, talvez aquele outro que interrompia nossas conversas online represente algo mais atraente a alguém que ao contrário de mim, expõe um sorriso sincero e vive em contato com vários amigos.
Nas últimas vezes em que peguei o ônibus com ele, sequer o via, estava com os olhos fechados tentando ignorar até mesmo a minha própria existência enquanto via a mim mesmo correndo e gritando, aos berros, sem encontrar uma saída de um mundo que criei para reprimir o que eu considerava “pouco atraente”.
Quando questionados a respeito da minha repentina mudança na forma de agir, os “amigos” em comum diziam ser do meu feitio fazer um “cú doce” de vez em quando, mal sabem eles que da mesma forma que a vagina da Lana del Rey tem gosto de Pepsi Cola, o meu cú lembra Coca.
Enfim, uma semana, ele não me chamou mais, assim como não me chamou em nenhuma das vezes que conversamos pela internet, os amigos em comum pegaram uma estrada pra Nárnia e eu continuo olhando pro teto branco em contraste com o verde menta do meu quarto, agora estou digitando esse curto relato da minha aventura no mundo dos que sentem e prezam sem serem correspondido, não sei se volto a relatar algo, mas se voltar espero que seja algo de bom.