capitulo 28 - Sem dó ou piedade.

Conto de GibGab como (Seguir)

Parte da série A cor da loucura

Esse capítulo é dedicado a um alguém especial, um ser extraordinário, um homem mais que tudo... Kkkkkk... Não ria tanto de mim, por favor. Vocês também não. E com toda a pressa de vocês, aqui está o capítulo sem correção kk.

Henry Thorne: Desculpe, mas tive que rir Kkkkkk... Espero que esteja mais calmo agora. E Romeo é o primo de Tabata. Não sei se você lembra dele. Procure reler uns quatro capítulos antes dos narrados por Kevin. E agora você terá que ter ainda mais paciência. Obrigado por ler e comentar.

Sammy Fox: Agora estou em um impasse. Confesso que antes sabia muito bem o que fazer com a série, mas agora tenho pelo menos 10 finais diferentes. Obrigado por ler e comentar.

ChrisDiamond: Será que pode fazer o favor de controlar o Henry para mim? Kkkkkk... Acho que posso fazer outras narrações. Estive mesmo pensando em chegar onde queria com Kevin. Ainda faltaram algumas coisinhas. Obrigado por ler e comentar.

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Blog da escola, jornal da escola, o boato de que a diretora da 'escola' mandava nudes para alguns alunos da 'escola'. Essa porra toda. A ESCOLA não saía da minha cabeça. Houve momentos em que pensei em dar um fim a minha agonia, mas eu era, sou e acho que sempre vou ser covarde demais para isso. O lugar onde vivi minha plena juventude. Não vi ruínas no livro de história ou prédios demolidos que me provassem que há algo mais decadente.

Enchi meu coração de bondade, como um ursinho carinhoso. Sério. Parece ridículo, mas é isso mesmo. A minha boca estava cada vez menos suja. O verdadeiro desafio era fazer o mesmo com a minha mente. Não estou falando de sacanagens de moleques tarados. Era bem mais capaz de que a ideia de vingança me levasse ao orgasmo.

Você é prisoneiro das suas emoções.

Você é e sabe que é fraco.

Você tem medo.

O que está acontecendo com você, Rodrigo?

Não, não há nada de diferente. Você sempre foi um louco de pedra.

Eu estava perdendo a razão, o pouco que ainda me restara. Até que resisti bravamente. Agora tenho certeza de que o meu lugar é em um hospício. Eu vou acabar em algum hospício. Minha loucura pode ser um passe só de ida para lá.

Eu me curvava para apanhar o giz. A Srta. Clara, uma professora solteirona, velha e carrancuda, adorava me ver sofrer. Acredita que, antes dela, eu achava que cada um daqueles senhorisinhos estava ali pelo legítimo amor ao ensino? Pois agora, enquanto tentava decidir se a mistura era heterogênea ou homogênea, me perguntava o que iria fazer da vida. Eu dificilmente paro para pensar nisso. Agora estava mais claro. Estava claro que tudo estava confuso.

Pedagogia: acabei de descartar;

Jornalismo: considerável;

Direito: um pé no saco, mas considerável;

Medicina: considerável;

Psicologia: que ironia;

Engenharia: nunca me imaginei como um engenheiro;

Biologia: considerável.

O máximo que me vinha era o considerável.

Eu tinha que dar certo na vida, foi a decisão que tomei nas férias. Eu só sabia deitar, rolar e chorar, pensando no que ouvi dos lábios do próprio Romeu: "eu matei Yuri e Tabatha, e tentei matar sua namorada" simples. Eu estava chutando a cabeça de Romeu, que estava estirado no chão depois de receber muitos golpes sem sequer pensar em revidar, enquanto era observado por três guardas que não se mechiam para me tirar de cima do gigante, quando um pensamento atingiu a minha cabeça: " o que está fazendo? Você não se cansa disso? O que você tem feito da vida? A sua vida é só chorar e bater". Caí no chão e pus as mãos na cabeça. Foi assim por quase uma hora e meia, até as palavras saírem sozinhas da minha boca: "Por que?" e ele não fez rodeios, dizendo: "Porque eu te amo". Assim eu saí da delegacia, completamente apavorado com o que eu podesse sonhar naquela noite.

O bulying foi meio que suprimido pela pena. Me encolhi na carteira no primeiro mês de aula no terceiro ano, observando as risadas superficiais, lembrando das minhas próprias risadas superficiais. E um mês se passou.

Onde está Arthur?

Ele esteve ali o tempo todo.

Eu só percebi quando finalmente parei de observar o que estava a minha frente e me virei de lado. Ele tinha o sorriso que alguém precisa ver depois de uma tempestade violenta ou um tsunami. Foi um ato de gentileza, pois parecia que ele poderia tirar aquele sorriso do rosto e me entregar nas mãos, como quando estávamos em um show de rock e ele havia tirado a camiseta que estava vestido porque eu queria levar uma lembrança daquele dia e não tinha dinheiro para comprar uma mísera pulseira. Senti por ele estar naquele frio polar sem camisa, principalmente depois que uns caras resolveram dar um banho de cerveja gelada em todo mundo por perto. A viagem até os Estados Unidos podia esperar até as férias. Ele ficou o tempo todo calado, esperando que um dia eu olhasse pro lado.

As coisas entre mim e ele esfriaram. Eramos dois desconhecidos. Isso até eu ouvir mais uma vez que ele ainda me amava e continuará me amando. Não foi só com ele. Até mesmo Matheus passou a cair no nível de importância para mim. Eu assistia meu pai adoecer, minha namorada sem poder andar, minha mãe elouquecer na bebida, meu irmão gritar e xingar nossa mãe. Por isso o resto não tinha importância.

O sorriso de um amigo veio como um sinal. Tudo passou rápido, menos os meus problemas com Ana. Ela não conseguiu esconder por muito tempo que estava paraplégica. A lâmina atingiu sua coluna, causando uma lesão. Ela chegou a probir minhas visitas ao hospital, depois a sua casa. Fiquei sem vê-la por semanas. Matheus foi minha ponte. O garoto não me deixava em paz, inclusive adiando a sua viagem, então dei uma utilidade a sua perseguição.

Fiquei surpreso ao perceber que não estava mais pensando em garotos. Garotos não eram mais tão atraentes.

— HÉTERO — pensei alto.

— Como disse, mocinho? — perguntou a professora, pondo sua mão dobrada no formato de cone perto da orelha.

—Heterogênea — respondi sem ter certeza.

— Está errado. O senhor passou mais de vinte e cinco por cento da aula gruadado a esse quadro para me dar uma resposta errada. Ainda por cima o quadro está em branco, fora o que eu mesma escrevi. É melhor você se sentar e esperar uma resposta de verdade com uma explicação de verdade de um de seus colegas.

E o tal aluno seria Arthur? Não é por nada. Eu e Arthur tínhamos uma relação de amizade tão forte que até suas notas seguiam as minhas. Assim como em nosso humor, se eu estava bem, ele também estava. Não me surpreenderia se ele não conseguisse explicar as próximas questão.

Pesando bem, não era tão difícil. Eu não respondi porque estava distraído.

No intervalo minha mesa estava rodeada de desconhecidos. Eu não me importo com a piedade dos outros. Deixe que todos mostrem o quanto se importam. Não é de verdade, mas quem liga? Eu nem os olhava entre o pescoço e o queixo, o que dirá nos olhos. Para me ocupar, me dava asas a imaginação.

Imagine que eu estou segurando um galão branco com dois litros de gasolina. Romeo está amarrado a uma cadeira. Eu me curvo e admiro o terror em seus olhos. Abaixando-me mais, quase sentando em seu colo, sem chegar tocá-lo, o pergunto "você me quer?" e antes que ele possa responder, dou início a uma sessão de chutes em sua virilha até poder ver o vermelho em sua cueca branca. Agora removo a mordaça da sua boca só para ouvir seu choro desesperado. Pressiono sua testa para baixo e estico as marcas de expressão para cima, deixando seus olhos bem abertos. Quando estiverem bem abertos aplico no espaço entre a abertura e o globo ocular uma seringa sem agulha, contendo gasolina. Seus olhos serão os primeiros a virarem carvão, depois o corpo todo é banhado com gasolina e o fogo ascendido novamente.

Eram poucos minutos até Matheus chegar estragar tudo. Estranhamente Arthur agora o está aturando. Eu disse que está aturando. Quando porcos voarem, verei os dois se dando bem. Aturar era o máximo entre eles.

— Rodrigo — ele apontava para mim — aí está você.

— Oi, Matheus. Trouxe notícias da sua irmã?

— Pensei que os dois tivessem feito as pazes.

— Pois é. Eu também.

— O que houve?

— Matheus... — o adverti. Os meus novos aмιgoѕ desconhecidos estavam atentos.

— O que há, cunhado? — provocou, encarando a todos espontaneamente.

— Ei, Matheus seu fodido! —felizmente grita Júnior do outro lado do refeitório.

— Foi sua mãe que me fodeu! — devolveu, fazendo todos rirem.

— Sim. Espero que ela tenha tido dedos o suficiente para te satisfazer.

— Por que? É assim que ela satisfaz o seu pai?

— Ah! Deixa de ser cuzão e vem comer com a gente.

— O seu pai?

Júnior mostrou o dedo do meio, se calando em seguida. Não foi nada sério. Ele ainda estava rindo à mesa, assim como todos no refeitório, quando uma confusão se formou perto de um balcão onde se servia a comida. Olhei para o lado, vi que Arthur não estava mais lá.

— É isso mesmo, você é um viado. Vi você e outro baitola se agarrando em uma festa — gritava um garoto que eu jamais havia visto na vida, sendo agarrado por um dos muitos — Vocês viados irão todos pro inferno.

— Cala boca, seu idiota! Você não sabe de nada. Não sabe de nada.

VOCÊ NÃO SABE DE NADA.

Meu querido Arthur, meu querido Troll Master Arthur. Sua vida não se resumia em trolar tudo e a todos. Ele é gentil com as crianças e com os animais. Cafonamente gentil. Uso muito esse adjetivo para atribuí-lo. Chorou todas as oitentas vezes que viu a Culpa é das estrelas e Titanic. Quando está lendo agum romance, para na metade do livro, bebe e me chama para ler o resto. Mata para ir a um show de rock ou música eletrônica. Uma pessoa contraditória. Gostava de causar a desordem na escola, ao mesmo tempo que acreditava em Deus com uma fé inabalável.

Eu disse a Matheus, à Ana e nunca a Arthur. Nunca disse as três palavrinhas mágicas.

Quando nao estava com Ana, algumas noites passava como um aborrecente pervertido comum. Em geral todos são pervertidos e tem a mente mais suja do que um banheiro químico em um show de um certo rapper branquelo. Costumava ver e ouvir pornografia, o que me levava a querer praticar. Lembro que me masturbava como um louco até os músculos das cochas explodirem de dor, porque demorava a ejacular. Lembro-me bem, porque fiz isso hoje de manhã. Cheguei até um pouco atrasado, Victor pegou o carro e me trouxe.

Com toda culpa do mundo, procurava vídeos com atores parecidos com Arthur e Matheus. Imaginar estar na cama com um dos dois era diferente. Eu seria mais delicado com Arthur, tomaria todo o cuidado para encaixar esse meu corpo grande no corpo pequeno dele. Ele me passava fragilidade. Acredite, não era difícil imaginar fragilidade com todo aquele jeito de moleque sapeca, ainda mais pensando em sua nerdice passada.

...Por issso ninguém o conhecia.

Ninguém sabia de nada.

Eles não viveram momentos de pura alegria ao seu lado com Yuri, Tabata e eu.

Não deitaram sobre a mesma grama, sentindo-se tão próximos.

Não se juntaram aquele círculo que formavamos no chão, onde nossos cabelos se tocavam à proximidade do círculo de cabeças.

E depois veio Tabata para se juntar a nós com seus cabelos enormes e coloridos que nos cobria o rosto, mas nós não não ligavamos, uma vez que, cobrindo nossos olhos, para nós, o céu tinha um arco-íris feito de suas mechas.

Não, VOCÊ NÃO SABE DE NADA, SR. VALENTÃO HOMOFÓBICO.

Tão certo que ele acabou não só sendo suspenso. Todos o apontaram como o culpado por iniciar a briga, sendo expulso da escola. Arthur ficou na decisão de voltar para casa ou ficar. Os pais foram avisados. O cabeça-dura optou por ficar.

Ai de quem se meter com ele!

Na volta do intervalo, a professora de história nos passou um trabalho: "criem em dupla uma resenha (com introdução) do 2° capítulo - O Estopim da Segunda Grande Guerra". Aquela era a última aula antes da prova, então não havia nada a se fazer além de adiantar o trabalho, considerando que terminamos o assunto na outra aula de história anterior ao intervalo e posterior à aula de química. Quando fui pensar em chamar Arthur, uma pestilência já tinha tomado seu cérebro, o tornando um zumbi, o atirando nos braços fortes e músculoso — eu tenho que rir disso — de Matheus J. Ramos. Ironias à parte, sarcasmos à parte, os dois formavam um lindo casal de traidores. Não, sério. Agora falarei sério. Não era ciúmes nem nada, eu juro. Os dois eram simplesmente nojentos juntos, tanto como amigos quando — Eca cara! — outra coisa. E não, os dois não estavam se agarrando outra vez; apenas fazendo o trabalho igual a todo mundo.

Me juntei a um outro garoto de cabelos tingidos de azul. Para ser sincero, o escolhi porque simpatizei com seu estilo. Pedro Víctor era mais desatento e burro que eu há quase um ano atrás. A diferença entre PV e o Eu-passado era a sua songamonguice, o que já dava milhões de anos luz de diferença.

PV jogava sua mochila em uma carteira próxima a minha, sem desviar seus olhos do que já encarava durante as outras aulas do dia, o fazendo tropeçar, despencando sob a mesma carteira em que acabara de jogar sua mochila.

— Sai dessa. Ela morre de amores pelo Matheus.

— Ham — o garoto virou-se a mim, com uma confusão clara em seu rosto — Não é o que parece. Por favor, não me bata.

— Bater? — conti meu riso — Não esquenta. Por que eu faria isso?

— Você não... gosta dela?

Tive que rir. A sala inteira passou a me olhar por isso, buscando o motivo.

— Está brincando, não é?

— É o que todo mundo diz.

— TODO MUNDO está errado. Ela não faz meu tipo. Eu namoro com a irmã do Matheus. Ana.

— As pessoas também falam muito sobre isso.

— O que dizem?

— Quem?

— Você disse que as pessoas falam de mim e da minha namorada. Desembucha logo.

— Eu já falei demais.

— Se não falar aí sim irá apanhar de verdade.

— Cara, não sou de violência.

— Já deu para perceber. Posso perguntar novamente?

— Não é difícil descobrir, não acha?

— É verdade.

— Vocês dois podem por favor pararem de tagarelar? — ̶m̶e̶s̶t̶r̶u̶o̶u̶ ̶p̶e̶l̶a̶ ̶b̶o̶c̶a̶ falou Arthur.

Ainda nos restava a Educação Física. Alguns alunos foram para uma quadra aberta, enquanto outros foram treinar em uma quadra fechada. Procurei o chato do meu melhor amigo por todo lado.

Espero para o seu bem ele não estar com Ramos.

Arthur comia um Hambúrguer enorme, sentado à uma das mesas do refeitório. Fugir da Educação Física não era tão estranho vindo dele. Sentei com ele, esperei terminar. Depois fomos à quadra, sentamos nos degraus. Eu não estava alí, sua mochila era mais importante. Soube o porquê quando o vi tirando um balão cheio de tinta da sua mochila. Saquei. O time de futsal estava treinando. Allan, o garoto que o ofendeu mais cedo no intervalo, fazia parte do time.

Espera! Ele não tinha sido expulso?

Puts!

Que droga de colégio é esse?

— Arthur seu retardado filho da mãe, o que pensa que está fazendo?

— Você sabe — ele falou e seu sorriso surgiu entre os olhos pôs-marejados.

— Está louco, completamente louco.

— Rô...

— Eu te amo — desabafei finalmente, sem ter mais o que falar para detê-lo — Eu te amo e não quero vê-lo com a cara quebrada. Não quero ter que juntar os seus dentes no chão.

— Por você — ele começou a estourar os balões um por um com as mãos.

— Isso não muda nada entre nós.

— Muda sim. Agora sei.

— Não pense que deixarei Ana.

— Não penso. Agora não me parece justo ou apropriado, não só por ela não poder andar.

Só saímos depois do treino. Allan olhou de esguelha, em fim nos notando. Ele passa um olhar ligeiro sobre nós e recua, voltando assim que nos vê. Ele tinha malícia estampada na cara. Você sentiria nojo se podesse ver.

— Ei! Esse aí é seu namoradinho, florzinha? — gritou.

— Cara, olha o seu tamanho — advertiu Júnior. E ele tinha razão. Ele era um tanto mais alto e mais forte que Arthur, porém contra mim ficava em desvantagem, sem querer me gabar — não conte comigo. Fui! — ele foi, com ele todos os outros, Allan sendo o último.

— Ei! Esperem, seus cagões!

A aula de Educação física já estava oficialmente encerrada. Eu e Arthur nos juntamos à turma para tornar a coisa mais convincente. Os garotos saíam do vestiário. Allan foi o último por ter entrado também por último e ter que esperar pelo chuveiro, pois não tinha boxes o suficiente. Tudo o que pude ver de início foi a turma toda se juntando rumo ao corredor que dava na quadra, especificamente no vestiário.

É a pantera cor-de-rosa? Uma power ranger? A Princesa Jujuba? Jigglypuff? Não, era Allan completamente pintado de rosa.

Imediatamente me voltei para Arthur. Ele estava sereno, ignorando orgulho ou arrependimento.

— Como você fez isso?

— Do que está falando?

— Não me venha com essa. Como você fez isso se estava o tempo todo ao meu lado?

— Eu não fiz nada até que se prove o contrário.

— Arthur!

— O que? Eu tenho um bom álibi, não acha?

— Que cara de pau — resmunguei — Vamos logo então.

— Eu tenho que falar com Matheus sobre o trabalho.

— Droga! Também tenho que falar com o garoto que vai fazer comigo.

— Ok. Até amanhã?

— Quem sabe.

— Até a próxima então.

— Até.

Deixe que eu explique o que aconteceu. Primeiro de tudo, ninguém iria insultar Arthur devido a possibidade de serem acompanhantes em sua viagem. Allan era um exemplo ambulante do moral da história de o menino e o lobo. Não havia quem acreditasse em uma só palavra saída de sua boca. Arthur só pode ser a pessoa mais sortuda do mundo.

Nos semparamos.Fui procurar PV, e ele, Matheus. Não combinamos nada na sala. Pedro só queria saber de me enrrolar, falando da dificuldade que seria fazer o trabalho em sua casa. Eu também tinha meus motivos para não querer na minha. Eu preferia não arriscar Pedro Vítor de camarote em mais uma crise inesperada da minha família.

— Não tem jeito.

— Por favor.

— Não.

— Você não conhece meus pais. Eles são um pé no saco.

— Não interessa. Eu posso ignorar.

— Acredite, ninguém pode ignorar. Eu sofro bullying em casa.

Coversamos enquanto caminhavamos à saída. Estando a mínima distância do portão, fomos surpreendidos com escândalos de um casal em um Chevrolet Vectra Gsi 2.0 16v 1994. Embora fosse de uma década até próxima, tinha-se a impressão de que o carro saiu de um pântano. Não podia ser mais sujo e enferrujado. Suas roupas mostravam o contrário do automóvel, de marca, ótima lavagem, corte perfeito, cores neutras em uma caretice que não lhe cabia.

— Ei, vaca! Vem sentar no colo do papai — gritou um senhor de uns quarenta anos, buzinando enlouquecido.

— É, amor. Mamãe quer te dar um leitinho — a mulher ao seu lado, de aparência mais jovem, igualmente se manifestou.

— Olha só aqueles malucos — apontei — em outra escola que estudei tinha um casal de malucos que vinha buscar o filho retardado assim todos os dias, com muito escandalo — observei — Espera! É o mesmo casal.

— Aqueles malucos são meus pais.

Uma curta pausa.

— Droga! Pedro cara, eu nem sei o que dizer. Me desculpa.

Outra pausa entre as buzinadas.

— Não se preocupe. Eu disse que eles são um pé no saco.

— E como fica nosso trabalho em dupla?

— Depois eu ligo para combinar — Pv se esgueira por entre outros alunos/telespectadores, dando a volta para o outro lado do carro. O tonto não cogitou o fato de que precisaria do meu número para me ligar, coisa que ele não tinha.

— Espera! — corri para alcança-lo. Fui atropelando todo mundo. Quando o carro estava diante de mim, PV viu que não tinha mais jeito, se dividindo entre encarar a mim e seus pais — Eu não te dei o meu número — falei ofegante.

— Humm... — provocou o pai — Vejo que agora o negócio é sério.

— Do que está falando?

— Ora, Pedro Vítor! Por que não nos apresenta o seu... "Amigo"?

— Pai! — resmunga.

— É... — tentei — É que eu só queria saber se tem algum problema eu ir fazer um trabalho em dupla com Vítor na sua casa.

— Todos os possíveis.

— Pedro Vítor! Não seja mal-criado. É claro que pode, meu anjo — ela me lança um beijo debochado. Em seguida, entraram no carro — Não se esqueça das camisinhas — insinua.

— E tenha cuidado com meu bebê. Ele é virgem — o pai entra na jogada.

— Eu... — tentei.

— Mas não se decepcione se não for muito... Apertado.

— É, ele vem de uma longa linhagem. É genético, eu acho. Quando conheci a mãe dele, a chamvam de Larga-Ticha. Não, eu não quis dizer lagartixa.

— Ei! — ela reclama.

— Podemos ir agora? Podemos ir depois do showzinho de vocês.

— Tenha um pouco de senso de humor.

— Isso é bullying, pai. Bullying.

— Sábado, às dez — falei e me retirei rapidamente. Não queria passar por mais um constrangimento.

— Desculpa! — ainda o ouvi gritar de certa distância. PV.

Ok, depois desta experiências busquei reorganizar meus pensamentos em quatro certezas:

1° - PV não é gay. Ele só tem pais loucos.

2° - Ele veio da escola em que fiz de tudo para ser expulso.

3° - Ele mudou completamente. O garoto tinha um colete — eu chamaria de aparelho dorsal-servical — capaz de corrigir a coluna, aparelho mos dentes e óculos fundo-de-garafa.

4° - Espero não ter um longo sábado.

Entro em casa exausto. Só queria dormir, no entanto, meu estômago não. Devo ter tropeçado umas cem vezes enquanto era obrigado a passar pela mesinha de sentro, procurando meu notebook pela casa toda. Já que o bendito não aparecia e minha fome chamava, me juntei à mesa com minha família. Papai procurava evitar conflitos. Mamãe e Víctor ainda discutiam, porém agora se tratava de pura bobagem. Brigavam pela cor do novo sofá, por exemplo; não que Víctor se importasse. Papo vai, papo vem naquele almoço-jantar, eles acabaram lembrando da minha presença quando comentei sobre a macarronada estar ótima. Não tenho certeza se diria isso se não estivesse com tanta fome.

— Como foi na escola, filho? — mamãe é a primeira a se manifestar.

— Normal. A professora de língua portuguesa me disse que eu teria que saber ao menos ler para ser jornalista.

— Um ótimo conselho diga-se de passagem — papai se apresou em falar, cortando a fala de minha mãe, a colocando a entra-moscas.

— Pois é — falo — amanhã farei um trabalho na casa de um cara. Não! É sábado.

— Você está bem? — Víctor quis saber — Você não parece bem. Está muito ansioso e atrapalhado.

— Estou bem. Só estou um pouco cansado. A professora de química castigou até mais que a de Educação Física.

— Lembrei de uma coisa — grita Dona Helena ao me ver deixar a mesa de jantar — Glória esteve aqui. Ela disse que Ana quer vê-lo.

Ana só podia estar se trocando ou coisa parecida. Já fazia quase meia hora depois que ela pediu para esperar alguns minutos. Johnny andava pela sala fazendo piadas bobas para me constranger. Admito, foi muito bom como distração. Em um passe de mágica, Matheus desce para avisar que eu já podia entrar. Ficou claro que ela demorava porque falava com ele. Não discuti sobre isso, porque sabia que não nos levaria a nada.

— Meu amor, que saudade — tentei abraçá-lá.

— Não — ela me nega o abraço — Não quero que me toque. Nunca mais. Por isso o chamei aqui.

— O que está acontecendo?

— Tudo isso aconteceu porque você tentou me tocar.

— Eu não quis...

— O que? Você não quis ser um tarado inconsequente? Não quis que eu acabasse como uma aleijada? Parece até engraçado, não acha?

— Tarado inconsequente? Você me provocou.

— Ah tá. Então a culpa agora é minha?

— Não foi o que eu disse.

— Rodrigo — sua voz treme e a partir dalí soube que não viria nada de bom — Vivemos lindos momentos juntos — diz em um tom de quem está tentando se acalmar, prendendo a raiva — momentos inesquecíveis.

— Não ouse — antecipo

— Você é bonito, corajoso... — ela começa um discurso, mas se cala, olhando para parede a sua frente, entrando em outros mundos ou outras ocasiões neste, meditando em silêncio — Eu não quero que se aproxime de mim e... — tenta novamente — Deus! Eu não posso fazer isso — admite, pegando em minha mão, a puxando para abraçar-me — Não, esse não é o motivo. Na verdade, estou fazendo isso por você. Eu sou um fardo, já era um fardo antes de perder o movimento das pernas. Me apaixonei por sua sinceridade e, droga, você é lindo e sarcasticamente inteligente, o melhor cara pra mim. Quando vi aquele garoto magrinho de cabelo comprido correndo por aí, não pude evitar mostrar um sorriso bobo. E meu irmão falava tanto sobre você. Isso me fez ter o interesse que me levou a amá-lo. Eu fui tão sortuda. Mas sinto e sei que essa relação não tem futuro. Relaxa, não estou dizendo que eu pensava em me casar com você. Interessante, também não vejo futuro para mim. Eu vou me perder com o nosso amor, ou o amor que achei que tínhamos um pelo outro. É bem feito por ter me metido.

— Por ter se metido?

— Sim. Sua vida não pertence a mim. Eu agi como se pertencesse. Literalmente implorei para que ficasse comigo. Você pode rir de mim por isso. Eu via inocência em você, mesmo quando saía por aí agindo como um gostosão bruto, o mais forte e bla bla bla. Aquele não era você, não mesmo — afirmou — Você sempre teve um "i" de inteligência e intelecto, poeticamente — ela ri, tavez para acalmar os ânimos, pois parecia sério, embora o riso se disfaça lentamente, tornando-se o contrário disto — uma vez meu avô me contou um segredo. Nós nunca conhecemos minha avó. Meu pai não conseguia lidar com o fato de que ela havia os abandonado. Ele esperou um tempo para contar ao meu pai, até a adolescência, mas quando finalmente tentou contar, meu pai simplesmente não quis saber. Ele disse que estava satisfeito com a história do abandono. Bom, não era totalmente errado; ela realmente os abandonou, mas o motivo... Meu avô não aguentava mais vê-la triste. Ele contou que não era muito comum. Provavelmente a vida dela deve ter sido uma desgraça, sem ninguém para ajudá-la, totalmente desprotegida. Ela teve uma vida de cão, de uma qualquer, para sobreviver, ele deduziu.

— Onde você quer chegar?

— A única certeza que ele tinha era de que estava mais feliz longe dele. Ela tentou, Rodrigo. Ela tentou com vontade. Ela se mataria. Aquilo era depressão. Não pense que isso não o atingia também. Por isso... Por isso ele um dia a chamou e disse: "você pode fazer o que quiser. Pode sumir no mundo, buscando sua felicidade. Eu vou ficar aqui com meus filhos. Já encontrei a minha". Meu pai não lembra disso, ou finge não lembrar.

— Ainda não entendi.

— Ou finge não entender.

Me calei.

— Ele percebeu que ela não estava feliz, e tomou uma atitude. Eu quero que faça o que quiser, se isso lhe der paz, felicidade, liberdade. A diferença entre mim e meu avô é que ele deixou a decisão para minha avó. Eu não posso fazer o mesmo enquanto você estiver preso a minha deficiência — lamentou — Rodrigo, porque você precisa, porque no fundo você quer, porque sua alma e coração estão pedindo, eu estou...

— Não! — invoquei toda a força das minhas cordas vocais e garganta. Ana não tinha o direito de estragar tudo. Não iria escutar suas desculpas.

— Eu falando ou não falando, isso não muda nada. Se você não quiser agora, não ouça. Eu estarei esperando até lá. Você precisa ouvir, Rô.

Estou uvindo uma música do Harry Nilsson. E cantarolando one is the loneliest number, caio em mim, tendo noção do ridículo. Eu dizia que ouvir love of my life por uma decepção amorosa era o fim do mundo. Poderia ser pior. Eu poderia estar requebrando ao som de Madonna. Não, nem pensar, jamais! Nada contra, mas não sou esse tipo de gay, e ainda tenho minhas dúvidas. É pensando em coisas assim que me acalmo consideravelmente. Parei de chorar, mas não conseguia parar de soluçar, me fazendo chorar novamente, pois soluços me lembrava que estava chorando, me levando ao motivo, me levando a chorar mais uma vez.

Dormi umas poucas horas, buscando serenidade. Fui acordado por trezentas mensagens de "oi" daquele cara que conheci quando fui atropelado, por ele mesmo, por falar nisso. Estou exagerando. Eram apenas dez mensagens. Depois daquele dia, fui surpreendido com uma mensagem de Léo no facebook, trocamos números e outras contas de redes sociais, e pronto, um novo amigo. Fomos muito longe, porém não o bastante para passar da amizade. Eu tinha namorada, Leonardo tinha um filho, a diferença de idade — nem tanto —, ele não era bem o meu tipo, etc. O último pesava mais. Léo falava demais, a maior parte sobre ele próprio. Isso não o impediu de tentar algo comigo. Até aquele dia, ele nunca havia me dito nada provocativo, por isso fiquei surpreso. O máximo foi contar que já teve uma experiência no "fantástico" mundo gay, com um cara uns aninhos mais novo. Emfim, um amigo assim me vinha a calhar, principalmente com o clima estranho entre eu e Arthur.

...Léo: E oi.

Eu: oi.

Léo: E aí, Rôsado. 😁

Demorei para respondê-lo. Estava pensando se deveria. Digamos que passava pela fase da raiva. Ana conseguiu me deixar triste e furioso ao mesmo tempo.

Eu: E aí, Léopardo.😁🙋

Um lance muito comum em nossas conversas. Nos tratavamos assim o tempo todo. Um clima ruim não nos impedia. Este momento era o de relaxar, esquecer. Resumindo, juntei toda a minha coragem para fingir uma falça alegria.

Eu: Como vai?

Léo: Blz. E vc?

Eu: 👎

Puts, Rô! Não tínhamos combinado de bancarmos o cara feliz de bem com a vida? Concerte isso.

Léo: O de sempre?

Eu: O de sempre — menti.

Mais ou menos. Concertou em parte.

Léo: Que frescura!

Como é que é? Não vou deixar barato.

Eu: 😠

Léo: 😜

Eu: Flw.

Não faça isso, Rodrigo. Não o deixe falando sozinho. Esqueça Ana e pare de ignorar sua consciência.

Léo: Espera!

Léo: Eu quero te ajudar, Rodrigo.

Léo: Quero mesmo.

Eu: Não sei não.

É claro que sabe. Apesar de tudo, você não é tão burro. Só tem que me ouvir um pouco mais.

Léo: Vc só tem q aceitar.

Léo: Eu já tentei ser sensível com vc.

Eu: Acho que estava dando certo.

Boa. Seus amigos não precisam ouvir suas lamentações enquanto estão envolvidos em seus casos. Eu bem sei que Léo era o tipo de cara que não perdia tempo. Sozinho ele não deve está.

Léo: Se eu for sincero com vc...

Léo: Será muito mais eficiente e rápido.

Eu: Isso nunca funciona.

Nem sempre.

Eu: Gosto de vc pq tem todo o cuidado para n me machucar.

Léo: Jura?

Eu: Ss.

Léo: Isso n é legal.

Eu: Pq?

Léo: Às vezes, as pessoas precisam ouvir a verdade.

Eu: Vai começar a me machucar agora?

Eu: Como todo mundo?

O que?!

Léo: Não.

Léo: Só a verdade.

Eu: Fique com a sua verdade.

Verdade não era a palavra certa. Não preciso lembrar que tenho um compromisso marcado com Ana e sua verdade.

Eu: Flw.

Léo: OK.

Léo: Flw.

Hoje @ 12: 01 AM

Eu: Oi

Eu: Léo?

Eu: Está aí?

Eu: Por favor.

Eu: Eu imploro.

Leonardo não respondia. Não duvido nada disso ser uma forma de me castigar.

Léo: oi.

Léo: Está um pouco tarde, não acha?

Eu: Tarde demais para ouvir a verdade?

Léo: 😁

Léo: 👍

Léo: Nunca é tarde demais para ouvir a verdade.

Léo: Pronto?

Eu: Óbvio que não.

Léo: Avise.

Eu: Para isso eu e vc teríamos q estarmos vivos depois q o sol explodir.

Léo: Você é um grande p** no c*!!!

Veio como uma pedra que quebra o vidro da janela de sua casa, indo direto na sua cabeça.

Eu: Cara...

Léo: Espera! Ainda não terminei.

Léo: Vc só sabe reclamar.

Léo: Não seja burro, Rô.

Léo: Vc tem que tomar uma atitude.

Léo: O seu traseiro ficará quadrado.

Léo: Murcho.

Léo: Mexa suas pernas.

Léo: Prove para todos que não é um derrotado.

Eu: Mas é assim que me sinto.

Eu: Derrotado.

Léo: Isso tem que mudar.

Eu: Fácil falar.

Léo: Mais ainda fazer.

Léo: Você sabe que pode.

Léo: Mas luta contra si.

Léo: É só parar de se questionar.

Léo: Ou melhor, parar de questionar a parte que diz que vc é capaz.

Léo: É isso.

Eu: Vou pensar nisso.

Léo: Saindo aqui.

Léo: Boa noite.

Eu: Peraí!

Léo: Oq?

Eu: Como vai o Arthurzinho?

Léo: Muito bem. O melhor filho que um pai poderia ter.

Eu: Pode lhe mandar um abraço?

Léo: NÃO!!!

Eu: Por que não?

Léo: Não quero q ele seja um GAYZINHO como você.

Eu: kkkkkkk

Eu: Gayzinho?

Léo: Me disseram q levaria um soco por isso. Só estou restando.

Eu: Gostaria de saber quem é esse seu informante kk.

Léo: Está ficando tarde e vc ainda n veio aqui me dar um soco.

Eu: Quem te disse essas coisas?

Léo: Arthur.

Eu: Ah tá. O seu filhinho pequeno tem bola de cristal ou lê mãos?

Léo: Hum... Bem capaz. Ele adora suas mãos.

Eu: Acho que ele estava interessado no meu relógio.

Léo: Ainda acho que vc tem lindas mãos.

Eu: Está brincando? Eu tenho mãos de pedreiro.

Léo: E isso é tão sexy.

Eu: Está me paquerando. Achei q sua fase gay tivesse acabado com aqle seu namorado q n ousa pronunciar o nome.

Léo: Nunca se sabe.

Eu: Não vai funcionar. Eu n quero isso.

Léo: Q pena.

Eu: Pois é.

Léo: Tem certeza?

Eu: Absoluta.

Eu: Ainda podemos ser só amigos como minha perspicácia manda?

Léo: Não. Q vc e sua perspicácia se danem.

Eu: 😱

Eu: Sério?

Léo: Não rsrsrs.

Eu: Kkkkkk.

Léo: Boa noite, AMIGO.

Não era brincadeira. Eu precisava que Leonardo soubesse que não tinha a mínima chance comigo.

Léo: Boa noite, pedreiro GOSTOSO.

Eu: Para com isso kk.

Léo: Para vc.

Eu: Não estou fazendo nada.

Léo: Está resistindo.

Eu: Vc tem um filho.

Léo: 😱

Léo: Preconceito com um pobre pai solteiro.

Léo: Magoou 😢

Léo: 😢

Eu: Kkkkkk

Léo: Boa noite, destroçador de corações.

Eu: Kkkkkk.

Eu: Boa noite, sedutor.

Léo: Então estou lhe seduzindo? 😉😍😜😘

Eu: Boa noite.

Léo: Boa noite kk

Duas coisas me fizeram parar e meditar: Sobrevivi um dia sem "Ana", não pensei em "Ana" e não pensei no fim do namoro com "Ana", que eu não queria aceitar. Procurei soluções; elaborei, na mente, planos milaborantes para trazê-la de volta para mim. Não saíram da prancheta. O que fazer?

Leonardo ganhou sim uma importância, mas não o via fora do circulo da amizade. Era interessante ter um amigo mais velho sem um gênio depressivo e com um filho. Léo tinha algum interesse oculto em mim, percebi quando disse meu nome pela primeira vez. Não é o que você pode estar pensando. Paizão — um apelido carinhoso — se interessava em assuntos além das minhas preferências. E honestamente, romanticamente, Léo se mostrava interessado em um certo loiro de cabelos encaracolados. Diz Arthur que deve ser só por causa da coincidência de seu nome com o de seu filho.

Certo, a conversa com Léo me deu uma ideia do que fazer.

Tomava um banho longo em pleno fim de semana pela manhã, quando Victor entrou trazendo meu notebook de volta. Papai o pegou emprestado para sei-lá-oque. Imediatamente corri para apanhá-lo, nú por completo. Ninguém me pediu nada. Não tive tempo para esconder meus arquivos "proibidos". Quando saí para pegar, tive um escorregão daqueles, dando de cara com uma mesinha se cabeceira. A mesa ficou aos pedaços, jogando alguns objetos no chão, entre eles um envelope deixado como esquecido, quando, na verdade, deixado para esquecer. Lembro como se fosse ontem.

Após ouvir, com todas as palavras, que Ana estava paraplégica, cheguei em casa destruído e, de cara, recebo a "grande" notícia de que Matheus estava me esperando no quarto. Subi a escada preenchido pelo ódio. Como ele ousa vir até aqui depois daquilo? Lá não encontrei Matheus. Encontrei um envelope azul em cima da escrivaninha, com a seguinte escrita em vermelho: ̲p̲̲a̲r̲̲a̲ o̲ c̲a̲r̲̲a̲ m̲ai̲s ̲ l̲e̲g̲a̲l̲ d̲o̲ m̲u̲n̲d̲o̲. Em cinco segundos chorava alto o suficiente para alarmar minha mãe na cozinha. Desta vez Dona Helena fez a coisa certa: perguntou se eu estava bem e se retirou sem ao menos abrir a porta. Eu sabia, ela estava aprendendo a ser compreensiva.

M͟e͟u͟ ͟q͟u͟e͟r͟i͟d͟o͟ ͟R͟o͟d͟r͟i͟g͟o͟.͟

͟ ͟N͟ã͟o͟ ͟e͟s͟t͟o͟u͟ ͟e͟s͟c͟r͟e͟v͟e͟n͟d͟o͟ ͟s͟ó͟ ͟p͟o͟r͟q͟u͟e͟ ͟o͟ ͟"͟n͟ó͟s͟"͟ ͟p͟a͟r͟e͟c͟e͟ ͟e͟s͟t͟a͟r͟ ͟à͟ ͟b͟e͟i͟r͟a͟ ͟d͟a͟ ͟m͟o͟r͟t͟e͟.͟ ͟E͟u͟ ͟t͟a͟m͟b͟é͟m͟ ͟g͟o͟s͟t͟a͟r͟i͟a͟ ͟d͟e͟ ͟p͟e͟d͟i͟r͟ ͟d͟e͟s͟c͟u͟l͟p͟a͟s͟.͟ ͟P͟e͟d͟i͟r͟ ͟d͟e͟s͟c͟u͟l͟p͟a͟s͟ ͟p͟o͟r͟ ͟n͟ã͟o͟ ͟s͟e͟r͟ ͟a͟ ͟p͟e͟s͟s͟o͟a͟ ͟q͟u͟e͟ ͟v͟o͟c͟ê͟ ͟p͟r͟e͟c͟i͟s͟a͟.͟ ͟M͟e͟ ͟d͟e͟s͟c͟u͟l͟p͟e͟ ͟p͟o͟r͟ ͟s͟e͟r͟ ͟e͟s͟s͟e͟ ͟c͟a͟r͟a͟ ͟i͟n͟s͟e͟n͟s͟í͟v͟e͟l͟,͟ ͟n͟ã͟o͟ ͟q͟u͟e͟r͟i͟a͟ ͟q͟u͟e͟ ͟f͟o͟s͟s͟e͟ ͟a͟s͟s͟i͟m͟.͟ ͟N͟ã͟o͟ ͟p͟u͟d͟e͟ ͟d͟i͟z͟e͟r͟ ͟c͟o͟m͟o͟ ͟e͟r͟a͟ ͟a͟m͟a͟r͟ ͟u͟m͟ ͟c͟a͟r͟a͟ ͟c͟o͟m͟o͟ ͟v͟o͟c͟ê͟ ͟q͟u͟a͟n͟d͟o͟ ͟v͟o͟c͟ê͟ ͟p͟e͟r͟g͟u͟n͟t͟o͟u͟ ͟d͟e͟ ͟u͟m͟a͟ ͟v͟e͟z͟ ͟p͟o͟r͟ ͟t͟o͟d͟a͟s͟ ͟o͟ ͟q͟u͟e͟ ͟v͟o͟c͟ê͟ ͟s͟i͟g͟n͟i͟f͟i͟c͟a͟ ͟p͟a͟r͟a͟ ͟m͟i͟m͟.͟ ͟M͟a͟s͟ ͟a͟c͟o͟n͟t͟e͟c͟e͟ ͟q͟u͟e͟ ͟n͟ã͟o͟ ͟s͟e͟i͟ ͟d͟e͟s͟c͟r͟e͟v͟e͟r͟ ͟i͟s͟s͟o͟ ͟c͟o͟m͟ ͟p͟a͟l͟a͟v͟r͟a͟s͟.͟ ͟E͟s͟t͟á͟ ͟s͟e͟n͟d͟o͟ ͟u͟m͟ ͟g͟r͟a͟n͟d͟e͟ ͟e͟s͟f͟o͟r͟ç͟o͟ ͟e͟s͟c͟r͟e͟v͟e͟r͟ ͟e͟s͟t͟a͟ ͟c͟a͟r͟t͟a͟.͟ ͟M͟u͟i͟t͟o͟ ͟p͟r͟o͟v͟á͟v͟e͟l͟ ͟q͟u͟e͟ ͟f͟a͟ç͟a͟ ͟u͟m͟ ͟b͟o͟m͟ ͟t͟e͟m͟p͟o͟ ͟d͟e͟s͟d͟e͟ ͟a͟ ͟n͟o͟s͟s͟a͟ ͟u͟l͟t͟i͟m͟a͟ ͟d͟i͟s͟c͟u͟s͟s͟ã͟o͟,͟ ͟t͟a͟l͟ ͟a͟ ͟q͟u͟e͟ ͟d͟i͟s͟s͟e͟m͟o͟s͟ ͟c͟o͟i͟s͟a͟s͟ ͟h͟o͟r͟r͟í͟v͟e͟i͟s͟ ͟u͟m͟ ͟p͟a͟r͟a͟ ͟o͟ ͟o͟u͟t͟r͟o͟.͟ ͟S͟u͟a͟s͟ ͟p͟a͟l͟a͟v͟r͟a͟s͟ ͟f͟o͟r͟a͟m͟ ͟d͟u͟r͟a͟s͟,͟ ͟p͟o͟r͟é͟m͟ ͟v͟e͟r͟d͟a͟d͟e͟i͟r͟a͟s͟.͟ ͟N͟ã͟o͟ ͟q͟u͟e͟r͟i͟a͟ ͟q͟u͟e͟ ͟v͟o͟c͟ê͟ ͟t͟i͟v͟e͟s͟s͟e͟ ͟u͟m͟a͟ ͟i͟d͟e͟i͟a͟ ͟c͟o͟m͟o͟ ͟e͟s͟s͟a͟ ͟d͟e͟ ͟m͟i͟m͟.͟ ͟É͟ ͟s͟ó͟ ͟q͟u͟e͟ ͟e͟u͟ ͟t͟e͟ ͟q͟u͟e͟r͟o͟ ͟t͟a͟n͟t͟o͟ ͟q͟u͟e͟ ͟m͟i͟n͟h͟a͟s͟ ͟p͟a͟l͟a͟v͟r͟a͟s͟ ͟s͟e͟ ͟t͟o͟r͟n͟a͟m͟ ͟o͟f͟e͟n͟s͟i͟v͟a͟s͟.͟ ͟E͟u͟ ͟n͟ã͟o͟ ͟e͟s͟c͟o͟n͟d͟o͟ ͟o͟ ͟q͟u͟a͟n͟t͟o͟ ͟d͟e͟s͟e͟j͟o͟ ͟e͟s͟t͟a͟r͟ ͟n͟a͟ ͟m͟e͟s͟m͟a͟ ͟c͟a͟m͟a͟ ͟q͟u͟e͟ ͟v͟o͟c͟ê͟.͟ ͟Q͟u͟e͟r͟i͟a͟ ͟t͟e͟r͟ ͟o͟ ͟s͟e͟u͟ ͟c͟o͟r͟p͟o͟ ͟s͟ó͟ ͟p͟a͟r͟a͟ ͟m͟i͟m͟.͟ ͟E͟u͟ ͟s͟e͟i͟ ͟q͟u͟e͟ ͟u͟m͟ ͟d͟i͟a͟ ͟j͟á͟ ͟t͟i͟v͟e͟ ͟o͟ ͟s͟e͟u͟ ͟c͟o͟r͟a͟ç͟ã͟o͟.͟ ͟V͟o͟c͟ê͟ ͟n͟ã͟o͟ ͟p͟e͟r͟c͟e͟b͟e͟u͟ ͟q͟u͟e͟ ͟f͟i͟z͟ ͟e͟s͟s͟a͟ ͟p͟r͟o͟p͟o͟s͟t͟a͟:͟ ͟V͟o͟c͟ê͟ ͟a͟c͟e͟i͟t͟a͟ ͟t͟r͟o͟c͟a͟r͟ ͟o͟ ͟s͟e͟u͟ ͟c͟o͟r͟p͟o͟ ͟p͟e͟l͟o͟ ͟p͟r͟a͟z͟e͟r͟ ͟q͟u͟e͟ ͟p͟o͟s͟s͟o͟ ͟t͟e͟ ͟p͟r͟o͟p͟o͟r͟c͟i͟o͟n͟a͟r͟ ͟e͟ ͟o͟ ͟s͟e͟u͟ ͟c͟o͟r͟a͟ç͟ã͟o͟ ͟p͟e͟l͟o͟ ͟m͟e͟u͟ ͟a͟m͟o͟r͟?͟ ͟V͟o͟c͟ê͟ ͟m͟e͟ ͟n͟e͟g͟o͟u͟.͟ ͟P͟r͟e͟c͟i͟s͟o͟ ͟q͟u͟e͟ ͟s͟a͟i͟b͟a͟ ͟q͟u͟e͟ ͟e͟s͟t͟o͟u͟ ͟m͟e͟l͟h͟o͟r͟a͟n͟d͟o͟.͟ ͟T͟a͟l͟v͟e͟z͟ ͟e͟u͟ ͟p͟r͟o͟c͟u͟r͟e͟ ͟a͟l͟g͟u͟é͟m͟,͟ ͟u͟m͟ ͟e͟s͟p͟e͟c͟i͟a͟l͟i͟s͟t͟a͟ ͟q͟u͟e͟ ͟m͟e͟ ͟a͟j͟u͟d͟e͟ ͟a͟ ͟t͟i͟r͟a͟r͟ ͟e͟s͟s͟a͟ ͟c͟o͟i͟s͟a͟ ͟m͟a͟l͟i͟g͟n͟a͟ ͟d͟e͟n͟t͟r͟o͟ ͟d͟e͟ ͟m͟i͟m͟ ͟(͟s͟i͟m͟,͟ ͟s͟o͟a͟ ͟m͟u͟i͟t͟o͟ ͟b͟r͟e͟g͟a͟)͟.͟ ͟E͟ ͟q͟u͟a͟n͟d͟o͟ ͟n͟o͟s͟ ͟v͟e͟r͟m͟o͟s͟ ͟n͟o͟v͟a͟m͟e͟n͟t͟e͟,͟ ͟l͟e͟m͟b͟r͟e͟-͟s͟e͟ ͟d͟e͟ ͟q͟u͟e͟ ͟s͟o͟u͟ ͟s͟e͟m͟p͟r͟e͟ ͟e͟u͟ ͟o͟ ͟p͟r͟i͟m͟e͟i͟r͟o͟ ͟a͟ ͟e͟n͟g͟o͟l͟i͟r͟ ͟o͟ ͟o͟r͟g͟u͟l͟h͟o͟,͟ ͟p͟o͟r͟q͟u͟e͟ ͟e͟u͟ ͟t͟e͟n͟h͟o͟ ͟c͟o͟n͟s͟c͟i͟ê͟n͟c͟i͟a͟ ͟d͟e͟ ͟q͟u͟e͟ ͟n͟ã͟o͟ ͟m͟e͟r͟e͟ç͟o͟ ͟t͟a͟n͟t͟o͟,͟ ͟n͟ã͟o͟ ͟m͟e͟r͟e͟ç͟o͟ ͟t͟ê͟-͟l͟o͟,͟ ͟e͟n͟t͟ã͟o͟ ͟n͟ã͟o͟ ͟f͟a͟ç͟a͟ ͟n͟a͟d͟a͟;͟ ͟d͟e͟i͟x͟e͟ ͟q͟u͟e͟ ͟e͟u͟ ͟t͟e͟ ͟m͟o͟s͟t͟r͟e͟ ͟o͟ ͟c͟a͟m͟i͟n͟h͟o͟.͟ ͟É͟ ͟a͟s͟s͟i͟m͟ ͟q͟u͟e͟ ͟q͟u͟e͟r͟o͟ ͟q͟u͟e͟ ͟s͟e͟j͟a͟.͟ ͟E͟u͟ ͟n͟ã͟o͟ ͟m͟e͟ ͟c͟a͟n͟s͟o͟ ͟d͟e͟ ͟d͟i͟z͟e͟r͟ ͟i͟s͟s͟o͟ ͟e͟ ͟n͟ã͟o͟ ͟m͟e͟ ͟c͟a͟n͟s͟o͟ ͟d͟e͟ ͟d͟i͟z͟e͟r͟ ͟q͟u͟e͟ ͟n͟ã͟o͟ ͟m͟e͟ ͟c͟a͟n͟s͟o͟ ͟d͟e͟ ͟d͟i͟z͟e͟r͟ ͟i͟s͟s͟o͟.͟ ͟E͟ ͟c͟a͟r͟a͟,͟ ͟e͟u͟ ͟t͟e͟ ͟a͟m͟o͟,͟ ͟s͟e͟u͟ ͟m͟a͟n͟é͟ ͟b͟u͟r͟r͟o͟ ͟e͟ ͟r͟e͟t͟a͟r͟d͟a͟d͟o͟.͟

͟C͟o͟m͟ ͟a͟ ͟d͟o͟r͟ ͟d͟a͟ ͟d͟e͟s͟p͟e͟d͟i͟d͟a͟ ͟e͟ ͟o͟ ͟r͟e͟m͟o͟r͟s͟o͟ ͟d͟e͟ ͟n͟ã͟o͟ ͟t͟e͟r͟ ͟e͟s͟c͟r͟i͟t͟o͟ ͟a͟l͟g͟o͟ ͟m͟a͟i͟o͟r͟ ͟e͟ ͟e͟m͟o͟c͟i͟o͟n͟a͟n͟t͟e͟ ͟e͟s͟t͟i͟l͟o͟ ͟r͟o͟m͟a͟n͟c͟i͟s͟t͟a͟ ͟c͟l͟á͟s͟s͟i͟c͟o͟,͟

͟M͟a͟t͟h͟e͟u͟s͟

͟P͟S͟:͟ ͟n͟ã͟o͟ ͟l͟i͟g͟u͟e͟ ͟p͟a͟r͟a͟ ͟o͟ ͟f͟a͟t͟o͟ ͟d͟e͟ ͟q͟u͟e͟ ͟a͟ ͟d͟e͟s͟p͟e͟d͟i͟d͟a͟ ͟é͟ ͟m͟a͟i͟o͟r͟ ͟q͟u͟e͟ ͟a͟ ͟c͟a͟r͟t͟a͟.͟

͟P͟P͟S͟:͟ ͟v͟o͟u͟ ͟t͟e͟n͟t͟a͟r͟ ͟n͟ã͟o͟ ͟c͟o͟r͟t͟a͟r͟ ͟m͟e͟u͟s͟ ͟p͟u͟l͟s͟o͟s͟.͟ ͟S͟é͟r͟i͟o͟.͟ ͟I͟s͟s͟o͟ ͟é͟ ͟s͟é͟r͟i͟o͟.͟

Esta carta foi mandada quando Matheus pensava em ir aos EUA, no dia em que já estava de partida. Lágrimas? Não derramei lágrimas. As engoli como todo bom machão idiota. Agora, ali revivendo momentos, chorei. Chorei por Ana, por Arthur, por Yuri e Tabata... Por Matheus. Chorei pelas decepções. Estou cercado de decepções.

Ainda tenho forças para arrastar meus pés até a cama, onde está o notebook. Abro minha caixa de Emails. Se é para chorar, vamos chorar até virar sal. Procurava um Email em especial. Arthur também resolveu se despedir indiretamente. Preciso dizer o quanto é estranho os dois pensarem em viajar no mesmo dia? Há tanto a imaginar. Preferi acreditar na coincidência. Eu lacrimejaria ainda mais se soubesse de algo assim.

O͟ ͟s͟a͟l͟d͟o͟ ͟p͟o͟r͟ ͟m͟e͟i͟o͟ ͟d͟e͟s͟t͟e͟ ͟E͟m͟a͟i͟l͟.͟ ͟O͟l͟h͟a͟!͟ ͟A͟c͟h͟o͟ ͟q͟u͟e͟ ͟r͟i͟m͟o͟u͟.͟ ͟T͟e͟ ͟m͟a͟n͟d͟e͟i͟ ͟u͟m͟ ͟a͟n͟e͟x͟o͟ ͟c͟o͟m͟ ͟a͟ ͟f͟o͟t͟o͟ ͟d͟o͟ ͟s͟e͟g͟u͟n͟d͟o͟ ͟c͟a͟r͟a͟ ͟m͟a͟i͟s͟ ͟g͟o͟s͟t͟o͟s͟o͟ ͟d͟o͟ ͟m͟u͟n͟d͟o͟.͟ ͟E͟u͟.͟ ͟O͟ ͟p͟r͟i͟m͟e͟i͟r͟o͟ ͟é͟ ͟v͟o͟c͟ê͟.͟ ͟E͟ ͟t͟a͟m͟b͟é͟m͟ ͟e͟n͟v͟i͟e͟i͟ ͟a͟l͟g͟u͟n͟s͟ ͟n͟u͟d͟e͟s͟ ͟n͟o͟ ͟c͟h͟a͟t͟.͟ ͟N͟ã͟o͟.͟ ͟A͟g͟o͟r͟a͟ ͟f͟a͟l͟o͟ ͟s͟é͟r͟i͟o͟.͟ ͟A͟í͟ ͟t͟e͟m͟ ͟u͟m͟ ͟a͟n͟e͟x͟o͟ ͟c͟o͟m͟ ͟u͟m͟a͟ ͟f͟o͟t͟o͟ ͟e͟ ͟u͟m͟ ͟a͟r͟q͟u͟i͟v͟o͟ ͟d͟e͟ ͟t͟e͟x͟t͟o͟ ͟c͟o͟m͟p͟r͟i͟m͟i͟d͟o͟s͟ ͟e͟m͟ ͟R͟A͟R͟.͟ ͟M͟u͟i͟t͟a͟ ͟a͟t͟e͟n͟ç͟ã͟o͟,͟ ͟n͟ã͟o͟ ͟é͟ ͟n͟e͟m͟ ͟m͟e͟t͟a͟d͟e͟ ͟d͟o͟ ͟q͟u͟e͟ ͟e͟u͟ ͟q͟u͟e͟r͟o͟ ͟t͟e͟ ͟d͟i͟z͟e͟r͟.͟

Não perdi tempo. Extraí os arquivos e abri o arquivo de texto.

C͟e͟r͟t͟o͟,͟ ͟g͟o͟s͟t͟o͟ ͟d͟e͟ ͟v͟o͟c͟ê͟,͟ ͟q͟u͟e͟r͟o͟ ͟d͟i͟z͟e͟r͟,͟ ͟g͟o͟s͟t͟o͟ ͟m͟e͟s͟m͟o͟ ͟d͟e͟ ͟v͟o͟c͟ê͟.͟ ͟A͟h͟ ͟m͟e͟u͟ ͟D͟e͟u͟s͟!͟ ͟C͟o͟m͟o͟ ͟e͟u͟ ͟g͟o͟s͟t͟o͟ ͟d͟e͟ ͟v͟o͟c͟ê͟!͟ ͟V͟o͟c͟ê͟ ͟p͟o͟d͟e͟ ͟n͟ã͟o͟ ͟t͟e͟r͟ ͟n͟o͟ç͟ã͟o͟.͟ ͟E͟u͟ ͟p͟o͟s͟s͟o͟ ͟n͟ã͟o͟ ͟t͟e͟r͟ ͟d͟e͟m͟o͟n͟s͟t͟r͟a͟d͟o͟ ͟m͟u͟i͟t͟o͟ ͟o͟u͟ ͟d͟a͟ ͟m͟a͟n͟e͟i͟r͟a͟ ͟c͟e͟r͟t͟a͟,͟ ͟e͟n͟t͟ã͟o͟ ͟a͟i͟n͟d͟a͟ ͟q͟u͟e͟r͟o͟ ͟q͟u͟e͟ ͟s͟a͟i͟b͟a͟ ͟o͟ ͟q͟u͟a͟n͟t͟o͟ ͟v͟o͟c͟ê͟ ͟é͟ ͟i͟n͟c͟r͟í͟v͟e͟l͟ ͟p͟a͟r͟a͟ ͟m͟i͟m͟.͟ ͟E͟u͟ ͟p͟e͟ç͟o͟ ͟p͟o͟r͟ ͟f͟a͟v͟o͟r͟ ͟q͟u͟e͟ ͟m͟e͟ ͟p͟e͟r͟d͟o͟e͟.͟ ͟V͟o͟c͟ê͟ ͟p͟r͟o͟v͟a͟v͟e͟l͟m͟e͟n͟t͟e͟ ͟n͟ã͟o͟ ͟s͟a͟b͟i͟a͟,͟ ͟n͟ã͟o͟ ͟p͟e͟r͟c͟e͟b͟e͟u͟,͟ ͟m͟a͟s͟ ͟e͟u͟ ͟t͟e͟n͟h͟o͟ ͟o͟ ͟p͟a͟n͟i͟p͟u͟l͟a͟d͟o͟.͟ ͟Q͟u͟e͟r͟i͟a͟ ͟a͟f͟a͟s͟t͟á͟-͟l͟o͟ ͟d͟e͟ ͟c͟e͟r͟t͟o͟s͟ ͟p͟o͟s͟s͟í͟v͟e͟i͟s͟ ͟p͟r͟e͟t͟e͟n͟d͟e͟n͟t͟e͟s͟.͟ ͟E͟u͟ ͟d͟e͟v͟o͟ ͟a͟d͟m͟i͟t͟i͟r͟,͟ ͟o͟ ͟s͟e͟u͟ ͟n͟a͟m͟o͟r͟o͟ ͟c͟o͟m͟ ͟a͟q͟u͟e͟l͟a͟ ͟g͟a͟r͟o͟t͟a͟ ͟m͟e͟ ͟s͟u͟r͟p͟r͟e͟e͟n͟d͟e͟u͟.͟ ͟V͟o͟c͟ê͟ ͟d͟e͟v͟i͟a͟ ͟t͟e͟r͟ ͟v͟i͟s͟t͟o͟.͟ ͟F͟o͟i͟ ͟h͟i͟l͟á͟r͟i͟o͟.͟ ͟E͟u͟ ͟c͟h͟o͟r͟a͟n͟d͟o͟ ͟c͟o͟m͟o͟ ͟u͟m͟a͟ ͟g͟a͟r͟o͟t͟i͟n͟h͟a͟,͟ ͟m͟e͟ ͟p͟e͟r͟g͟u͟n͟t͟a͟n͟d͟o͟ ͟c͟o͟m͟o͟ ͟n͟ã͟o͟ ͟v͟i͟ ͟i͟s͟s͟o͟ ͟a͟n͟t͟e͟s͟,͟ ͟c͟o͟m͟o͟ ͟n͟ã͟o͟ ͟i͟m͟p͟e͟d͟i͟. ͟E͟u͟ ͟s͟e͟n͟t͟i͟ ͟q͟u͟e͟ ͟i͟a͟ ͟e͟x͟p͟l͟o͟d͟i͟r͟,͟ ͟l͟i͟t͟e͟r͟a͟l͟m͟e͟n͟t͟e͟.͟ ͟E͟ ͟o͟ ͟p͟i͟o͟r͟ ͟é͟ ͟q͟u͟e͟ ͟e͟u͟ ͟q͟u͟e͟r͟i͟a͟ ͟i͟s͟s͟o͟,͟ ͟e͟x͟p͟l͟o͟d͟i͟r͟.͟ ͟Q͟u͟e͟r͟i͟a͟ ͟q͟u͟e͟ ͟a͟ ͟p͟o͟e͟i͟r͟a͟ ͟q͟u͟e͟ ͟s͟o͟b͟r͟a͟s͟s͟e͟ ͟d͟e͟ ͟m͟i͟m͟ ͟f͟o͟s͟s͟e͟ ͟a͟t͟é͟ ͟v͟o͟c͟ê͟,͟ ͟c͟o͟m͟ ͟t͟o͟d͟a͟ ͟a͟ ͟m͟i͟n͟h͟a͟ ͟h͟u͟m͟i͟l͟d͟e͟ ͟c͟a͟f͟o͟n͟i͟c͟e͟.͟ ͟N͟ã͟o͟ ͟d͟i͟g͟a͟ ͟q͟u͟e͟ ͟s͟o͟u͟ ͟s͟a͟f͟a͟d͟o͟ ͟q͟u͟a͟n͟d͟o͟ ͟o͟ ͟c͟h͟a͟m͟o͟ ͟d͟e͟.͟.͟.͟ ͟S͟e͟i͟ ͟l͟á͟.͟ ͟.͟.͟.͟g͟o͟s͟t͟o͟s͟o͟?͟ ͟H͟a͟ ͟h͟a͟ ͟h͟a͟.͟.͟.͟ ͟E͟u͟ ͟p͟o͟s͟s͟o͟ ͟s͟e͟r͟ ͟m͟a͟i͟s͟ ͟s͟a͟f͟a͟d͟o͟ ͟q͟u͟e͟ ͟i͟s͟s͟o͟,͟ ͟p͟o͟i͟s͟ ͟t͟e͟ ͟d͟e͟s͟e͟j͟o͟ ͟c͟o͟m͟ ͟t͟o͟d͟a͟s͟ ͟a͟s͟ ͟m͟i͟n͟h͟a͟s͟ ͟f͟o͟r͟ç͟a͟s͟.͟ ͟E͟s͟q͟u͟e͟ç͟a͟ ͟e͟s͟s͟e͟ ͟n͟e͟g͟ó͟c͟i͟o͟ ͟d͟e͟ ͟h͟e͟t͟e͟r͟o͟,͟ ͟b͟i͟ ͟e͟ ͟g͟a͟y͟.͟ ͟V͟o͟c͟ê͟ ͟e͟ ͟e͟u͟,͟ ͟n͟ó͟s͟ ͟n͟ã͟o͟ ͟p͟a͟s͟s͟a͟m͟o͟s͟ ͟d͟e͟ ͟h͟o͟m͟e͟n͟s͟,͟ ͟a͟p͟e͟n͟a͟s͟ ͟h͟o͟m͟e͟n͟s͟.͟ ͟E͟u͟ ͟n͟ã͟o͟ ͟n͟e͟g͟o͟,͟ ͟t͟e͟n͟h͟o͟ ͟m͟e͟d͟o͟ ͟d͟o͟ ͟m͟u͟n͟d͟o͟,͟ ͟d͟a͟s͟ ͟p͟e͟d͟r͟a͟d͟a͟s͟,͟ ͟o͟ ͟q͟u͟e͟ ͟n͟ã͟o͟ ͟s͟i͟g͟n͟i͟f͟i͟c͟a͟ ͟t͟e͟r͟ ͟m͟e͟d͟o͟ ͟d͟e͟ ͟a͟s͟s͟u͟m͟i͟r͟ ͟m͟e͟u͟s͟ ͟s͟e͟n͟t͟i͟m͟e͟n͟t͟o͟s͟ ͟p͟o͟r͟ ͟v͟o͟c͟ê͟.͟ ͟O͟ ͟m͟o͟t͟i͟v͟o͟ ͟d͟e͟ ͟e͟u͟ ͟t͟e͟r͟ ͟q͟u͟e͟ ͟m͟e͟ ͟e͟s͟c͟o͟n͟d͟e͟r͟ ͟n͟ã͟o͟ ͟é͟ ͟a͟ ͟v͟e͟r͟g͟o͟n͟h͟a͟,͟ ͟e͟ ͟s͟i͟m͟ ͟o͟ ͟m͟a͟l͟ ͟q͟u͟e͟ ͟p͟o͟s͟s͟o͟ ͟c͟a͟u͟s͟a͟r͟ ͟a͟ ͟t͟o͟d͟o͟s͟ ͟a͟o͟ ͟m͟e͟u͟ ͟r͟e͟d͟o͟r͟.͟ ͟H͟á͟ ͟a͟l͟g͟u͟n͟s͟ ͟a͟n͟o͟s͟,͟ ͟c͟o͟m͟ ͟t͟o͟d͟a͟ ͟c͟e͟r͟t͟e͟z͟a͟,͟ ͟n͟ã͟o͟ ͟s͟e͟r͟i͟a͟ ͟c͟a͟p͟a͟z͟ ͟d͟e͟ ͟d͟i͟z͟e͟r͟ ͟m͟e͟t͟a͟d͟e͟ ͟d͟i͟s͟s͟o͟.͟ ͟S͟e͟i͟ ͟q͟u͟e͟ ͟v͟o͟c͟ê͟ ͟a͟c͟h͟a͟v͟a͟ ͟a͟q͟u͟e͟l͟a͟ ͟m͟i͟n͟h͟a͟ ͟t͟i͟m͟i͟d͟e͟z͟ ͟u͟m͟ ͟s͟a͟c͟o͟.͟ ͟L͟e͟m͟b͟r͟a͟?͟ ͟Q͟u͟a͟n͟d͟o͟ ͟é͟r͟a͟m͟o͟s͟ ͟c͟r͟i͟a͟n͟ç͟a͟s͟?͟ ͟E͟u͟ ͟q͟u͟a͟s͟e͟ ͟n͟ã͟o͟ ͟f͟a͟l͟a͟v͟a͟.͟ ͟S͟e͟ ͟b͟e͟m͟ ͟q͟u͟e͟ ͟e͟u͟ ͟n͟e͟m͟ ͟p͟r͟e͟c͟i͟s͟a͟v͟a͟,͟ ͟p͟o͟i͟s͟ ͟Y͟u͟r͟i͟ ͟j͟á͟ ͟f͟a͟l͟a͟v͟a͟ ͟p͟o͟r͟ ͟n͟ó͟s͟ ͟t͟o͟d͟o͟s͟.͟ ͟S͟i͟n͟t͟o͟ ͟s͟a͟u͟d͟a͟d͟e͟s͟ ͟d͟e͟l͟e͟,͟ ͟d͟e͟ ͟T͟a͟b͟a͟t͟a͟,͟ ͟d͟e͟ ͟t͟o͟d͟o͟s͟ ͟n͟ó͟s͟ ͟j͟u͟n͟t͟o͟s͟.͟ ͟P͟o͟d͟i͟a͟ ͟t͟e͟r͟ ͟s͟i͟d͟o͟ ͟d͟i͟f͟e͟r͟e͟n͟t͟e͟?͟ ͟V͟o͟c͟ê͟ ͟t͟a͟m͟b͟é͟m͟ ͟d͟e͟v͟e͟ ͟s͟e͟ ͟f͟a͟z͟e͟r͟ ͟e͟s͟s͟a͟ ͟p͟e͟r͟g͟u͟n͟t͟a͟.͟ ͟T͟i͟v͟e͟ ͟a͟l͟g͟u͟m͟a͟s͟ ͟c͟o͟n͟v͟e͟r͟s͟a͟s͟ ͟b͟a͟s͟t͟a͟n͟t͟e͟ ͟e͟s͟t͟r͟a͟n͟h͟a͟s͟ ͟c͟o͟m͟ ͟T͟a͟b͟a͟t͟a͟.͟ ͟E͟l͟a͟ ͟s͟e͟m͟p͟r͟e͟ ͟v͟i͟n͟h͟a͟ ͟c͟o͟m͟ ͟i͟n͟d͟i͟r͟e͟t͟a͟s͟,͟ ͟m͟o͟s͟t͟r͟a͟n͟d͟o͟ ͟s͟a͟b͟e͟r͟ ͟a͟ ͟v͟e͟r͟d͟a͟d͟e͟ ͟s͟o͟b͟r͟e͟ ͟o͟ ͟q͟u͟e͟ ͟s͟i͟n͟t͟o͟ ͟p͟o͟r͟ ͟v͟o͟c͟ê͟.͟ ͟N͟o͟ ͟m͟o͟m͟e͟n͟t͟o͟ ͟q͟u͟e͟ ͟e͟u͟ ͟a͟c͟h͟a͟v͟a͟ ͟q͟u͟e͟ ͟p͟o͟d͟e͟r͟i͟a͟ ͟c͟o͟n͟v͟e͟r͟s͟a͟r͟ ͟c͟o͟m͟ ͟e͟l͟a͟,͟ ͟p͟o͟r͟q͟u͟e͟ ͟e͟l͟a͟ ͟s͟u͟p͟o͟s͟t͟a͟m͟e͟n͟t͟e͟ ͟s͟a͟b͟i͟a͟ ͟d͟e͟ ͟t͟u͟d͟o͟,͟ ͟e͟l͟a͟ ͟m͟e͟ ͟v͟e͟m͟ ͟c͟o͟m͟ ͟u͟m͟ ͟"͟d͟o͟ ͟q͟u͟e͟ ͟v͟o͟c͟ê͟ ͟e͟s͟t͟á͟ ͟f͟a͟l͟a͟n͟d͟o͟?͟"͟.͟ ͟J͟á͟ ͟Y͟u͟r͟i͟,͟ ͟e͟r͟a͟ ͟u͟m͟ ͟b͟o͟b͟a͟l͟h͟ã͟o͟ ͟p͟r͟a͟ ͟e͟s͟s͟a͟s͟ ͟c͟o͟i͟s͟a͟s͟,͟ ͟m͟e͟s͟m͟o͟ ͟n͟ã͟o͟ ͟r͟e͟c͟o͟n͟h͟e͟c͟e͟n͟d͟o͟.͟ ͟B͟e͟m͟,͟ ͟n͟ã͟o͟ ͟c͟o͟n͟h͟e͟ç͟o͟ ͟a͟q͟u͟e͟l͟e͟ ͟t͟a͟l͟ ͟d͟e͟ ͟R͟o͟m͟e͟o͟ ͟o͟ ͟s͟u͟f͟i͟c͟i͟e͟n͟t͟e͟,͟ ͟e͟n͟t͟ã͟o͟ ͟n͟ã͟o͟ ͟v͟o͟u͟ ͟a͟d͟i͟c͟i͟o͟n͟á͟-͟l͟o͟ ͟a͟ ͟n͟o͟s͟s͟a͟ ͟"͟e͟x͟t͟e͟n͟s͟a͟"͟ ͟l͟i͟s͟t͟a͟ ͟d͟e͟ ͟a͟m͟i͟g͟o͟s͟.͟ ͟A͟n͟t͟e͟s͟ ͟d͟e͟ ͟t͟e͟r͟m͟i͟n͟a͟r͟,͟ ͟d͟i͟g͟o͟ ͟e͟ ͟r͟e͟p͟i͟t͟o͟:͟ ͟s͟i͟n͟t͟o͟ ͟f͟a͟l͟t͟a͟.͟ ͟S͟i͟n͟t͟o͟ ͟f͟a͟l͟t͟a͟ ͟d͟a͟q͟u͟e͟l͟e͟ ͟j͟e͟i͟t͟o͟ ͟q͟u͟e͟ ͟v͟o͟c͟ê͟ ͟m͟e͟ ͟o͟l͟h͟a͟v͟a͟ ͟a͟n͟t͟e͟s͟.͟ ͟N͟ã͟o͟ ͟t͟i͟n͟h͟a͟ ͟n͟e͟n͟h͟u͟m͟a͟ ͟m͟a͟l͟í͟c͟i͟a͟ ͟n͟a͟ ͟f͟o͟r͟m͟a͟ ͟c͟o͟m͟o͟ ͟n͟o͟s͟ ͟e͟n͟c͟a͟r͟á͟v͟a͟m͟o͟s͟,͟ ͟s͟ó͟ ͟e͟x͟i͟s͟t͟i͟a͟ ͟o͟ ͟a͟m͟o͟r͟,͟ ͟f͟a͟l͟o͟ ͟p͟o͟r͟ ͟m͟i͟m͟.͟ ͟V͟o͟c͟ê͟ ͟p͟a͟r͟e͟c͟i͟a͟ ͟e͟s͟t͟a͟r͟ ͟v͟e͟n͟d͟o͟ ͟u͟m͟ ͟b͟e͟b͟ê͟.͟ ͟E͟u͟ ͟l͟h͟e͟ ͟p͟a͟r͟e͟c͟i͟a͟ ͟t͟ã͟o͟ ͟p͟u͟r͟o͟,͟ ͟n͟ã͟o͟ ͟é͟?͟ ͟E͟u͟ ͟s͟e͟i͟ ͟d͟i͟s͟s͟o͟.͟ ͟S͟ó͟ ͟p͟a͟r͟a͟ ͟f͟i͟n͟a͟l͟i͟z͟a͟r͟.͟ ͟N͟ã͟o͟ ͟s͟ã͟o͟ ͟s͟ó͟ ͟t͟r͟ê͟s͟ ͟p͟a͟l͟a͟v͟r͟a͟s͟.͟ ͟E͟u͟ ͟t͟e͟ ͟a͟m͟o͟.͟

Morro alguns segundos na calmaria do não movimento do meu corpo e do meu calar. Estou coberto de suor, com a boca salgada, a superfície do corpo quente, o interior frio. Mais lágrimas ameaçavam escapar dos meus tão agora fracos olhos.

Mãos à obra!

Bati um tanto mais forte do que queria. A porta só não veio abaixo porque... Porque... Ah! Eu não sei porque! Estou nervoso pacas. O que vai acontecer? Que não seja o que estou pensando, e se for, que ela se arrependa. Foi Matheus quem me recebeu. Cara! Matheus? Alguém lá em cima não gosta de mim.

— Rodrigo, oi. Que surpresa — disse Matheus educadamente.

— Saia da frente, Matheus — sibilei, me arrependendo depois — Me desculpa, cara. Eu não estou muito bem. Não estou nada bem — lamentei — pode chamá-la? Sua irmã.

— Eu compreendo e posso sim — confirmou, indo e voltando antes de chegar ao quarto — Acabo de me lembrar, quando você saiu ela disse que você voltaria e que eu não precisava avisar. Fique a vontade. Você pode ir.

Abri a porta vagarosamente. A luz da janela ilumina seu rosto, assim como quando, pela primeira vez, olhei para Arthur com outros olhos na escola. Havia uma tensão demoníaca no ar, como quando Matheus mostrou a face macabra na casa da árvore. Ela é tudo que eu poderia desejar em uma mulher e um homem juntos. O que lhe faltava? Faltava algo. O que Matheus e Arthur têm que ela não tem? Não sexualmente. Ana me atrai, e muito. O problema não é esse.

— Ok — confirmei. Para ser sincero, não sei o que exatamente.

— Terminando com você — assim completa a frase da conversa anterior, sem dó ou piedade.

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Comentários

Há 2 comentários.

Por Henry Thorne em 2016-03-06 23:42:18
Ai MDS que final foi esse? Ele não "sofreu" o capítulo todo pelo fora que ela deu nele? que triste, simbólico e poético, ele a amava, que triste, gostei do novo Rodrigo, os personagens mudaram tanto, deu uma vontade de chorar na carta do Arthur falando do antigo quarteto, fora a linda declaração e que bafão é esse do peguete do kevin ter colocado o nome do Arthur no filho? E ainda estar solteiro, e a noiva? O personagem que mais mudou foi o Mateus, se tornou ontrolado e educado, pelo menos por enquanto, amei o capítulo foi emocionante, com uma clara mudança de personalidade de Rodrigo, uma evolução por assim dizer com questionamento alá humor irônico que me fez lembrar uma oessoa em off :/ ansioso pelo próximo, só não entendi o começo, o Romeo é o assassino do yuri e da tabata? Como resolveram isso? Fiquei anseando a sua volta pois me dei conta que duas séries que eu acompanho e amo não voltaram e pelo o que indica não voltarão e isso meio que acabou comigo, queria ter certeza que a primeira série que eu acompanho continuaria.
Por Salvatore em 2016-03-06 20:03:10
Bom, pelo visto eu serei o primeiro a comentar, então vamos lá. Pelo o que os leitores podem ver, o nosso autor aqui está, provavelmente, apaixonado... kkk perceberam o tamanho do capítulo de hoje? Pois é. Efeitos colaterais kkk Voltando, não comentei no capítulo anterior e me desculpe por isso. Na verdade nem tinha lido ele e só o fiz essa noite. Sobre o conto: eu acho que Rodrigo tem um ótimo futuro como psicólogo, só acho, mas enfim. Percebi hoje que você fez um apanhado reflexivo sobre a atitude dos personagens. Ninguém teve uma ação representativa significante além do próprio Rodrigo. Confesso que existem momentos dos quais não acho diferença entre: é a realidade? Ou é uma alucinação? Mas já percebi, pelo seu histórico, que é a sua maneira de conduzir o enredo. Eu chorei todas as oitenta-e-não-sei-quantas-vezes que assisti A culpa é das estrelas e Titanic, não ria. Alguns personagens chamaram minha atenção hoje, como PV que se mostrou tímido quando achei que não fosse; Léo e Allan também, mas sobre esses eu não tenho como justificar. "Eu te amo" pareceu-me muito precipitado da parte de Rô, embora Arthur pareça merecer muito ouvir isso após o Grande Sofrimento. Nota particular: eu gosto da Princesa Jujuba e do Jigglypuff, então acho bom você não tê-los comparado com Allan a toa kkk Apesar da loucura dos 'estranhos' pais de PV, gostei muito deles, e parecem não ser tão destrambelhados na realidade. Agora Ana. Nossa! Ela repudiou ele de inicio, mas depois assumiu querê-lo, porém disse que ele tinha que ir embora......... não-Levando em conta essa contrariedade adolescente, eu entendi o ponto de vista dela. Então você decide terminar o capítulo com um 'Terminando com você' que deixou dúvidas quanto ao futuro desse casal. Quanto às cartas.... Bem, as duas pareceram-me muito sinceras, independentemente do tamanho delas. Matheus mostrou o lado 'doce' que eu não via nem quando ele estava no auge do seu romancismo. Arthur mostrou o cara sensível que eu sinto que é, minha opinião deixando de lado o que a dura vida fez com ele e as sequelas disso. Porém, a carta do segundo é carregada de muito mais emoção e isso é perceptível. Arthur entende, ou consegue demostrar mais que Matheus, a percepção de simplicidade nas coisas e eu tenho certeza que é disso que Rodrigo necessite. Contudo, #Rô&Theus. Se não ficou claro, agora está. Esse foi o meu maior comentário nesse site, sinta-se honrado kkkk Entretanto, apesar de grande não tem uma análise reflexiva das personagens e eu fui muito superficial na redação deste, desconsiderando muitas partes da história, como por exemplo uma foto misteriosa que você mencionou acima. É isso. Até a próxima, GibGab. E desculpe pela superficialidade.