capitulo 22 - Consequências

Conto de GibGab como (Seguir)

Parte da série A cor da loucura

Vejo que o Enem quebrou o ciclo de postagens da maioria dos escritores. Acho que vocês poderam compreender a mim e aos outros.

Antes de começar eu gostaria de dizer que não tenho nada contra cantores teen. A personagem é que tem algo contra. Gosto de imaginar que os personagens têm suas próprias opiniões. Não importa se eles se divergem ou não de mim. Eu também quero incita-los a procurarem saber a tradução dessas três músicas:

🎵-Renée Sys & Ad cominotto - wooly clouds (trilha sonora do filme North sea Texas)

🎵- Marina and the Diamonds - I am not a robot;

🎵- Kate Bush - Wuthering Heights ( baseada em um livro de mesmo nome)

Cada música tem algo que eu usei para criar a personalidade dos personagens, principalmente, Rodrigo. Não gosto muito desse negócio de diva, mas pode-se dizer que Kate Bush é a minha.

Henry Thorne:

Agora entendo porquê vocês não deram a mínima para as mortes ha ha. Estava adorando sua série. Por que não continua? Obrigado por comentar.

ChrisDiamond:

Obrigado por comentar. Espero que goste do capítulo.

Salvatore:

Eu também senti falta da nova temporada da sua série.

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As memórias foram postas e repostas várias vezes. Era uma espécie de embriaguez. Você acorda, dorme e acorda de novo, sempre tentando se manter lúcido, o que não ocorria. Em uma dessas vezes, despertei com a perfeita imagem de duas pessoas. A visão embaçada não me permitia ver quem. A espera de segundos foi necessária para que podesse reconhecê-los. Era um casal. A menina segurava flores e o menino um pikashu de pelúcia. Foi tão intenso que me fez ter certeza da existência de deus.

— Yuri, Tabatha? Graças a Deus, era só um sonho maluco !

— Sonho? — Yuri tinha um misto de confuso com preocupado no rosto.

— Você nos deu um susto. Como se atreve? — disse Tabatha bufando.

— O que aconteceu? — perguntei.

— Você não lembra? — os dois perguntaram ao mesmo tempo.

Meus olhos revirarão involuntáriamente, minha língua secou, eu não estava conseguindo me manter aceso. Depois cá estou eu, acordado, com uma baita dor de cabeça, procurando algum sinal de que Yuri e Tabatha estiveram no meu quarto. Que alívio. As flores e o bichinho de pelúcia estavam em um canto com outros presentes. Me levantei um pouco, não muito, pois minhas pernas estavam duras e doloridas. Levantei-me o suficiente para poder ver minhas pernas. Alguém estava dormindo com a cabeça recostada nelas. Com os movimentos que fiz, ele acordou e se levantou, chamou os médicos, aquela palhaçada toda. Era o Arthur que eu conhecia, pelo menos, na personalidade. A minha família entrou primeiro e passaram horas no quarto. Depois de alguns exames rápidos e de receber de coração e até com entusiasmo os beijos de Ana, pude falar com Arthur. Ele se mantinha bonito, apesar das olheiras negras com contraste assustador e o cabelo mais bagunçado do que de costume.

— Oi — falou ele, com toda a timidez que me passou quando nos conhecemos.

— Oi — falei, sem deixar que ele perceba minha ansiedade.

— Eu só passei aqui para ver como você está.

— E resolveu dormir também?

— Agora fiquei confuso.

— Você dormiu aqui.

— Hum, sei, sua mãe contou.

— Não. Na verdade, foi você, agora mesmo.

— Droga!

— Não precisa se preocupar, eu já te perdoei.

— Sério?

— Sério — respondi.

— Obrigado, obrigado, obrigado! Eu te amo! — exclamou euforicamente.

— Devagar aí, meu amigo. Isso não significa nada. Eu não disse que teria alguma coisa com você.

— Tem razão. Perdão.

— Tudo bem.

— Você já viu o que te trouxe?

— Depende. O que?

— As flores e o bichinho de pelúcia.

— Não. As flores quem trouxe foi Tabatha, e o bichinho, Yuri.

Há alguns minutos que havia notado algo, ele parecia estar tentando me fazer esquecer alguma coisa. Aquele foi o momento em que ele não conseguiu mais evitar o assunto. A palidez deixada pelas horas de sono perdidas foi aumentando. Com o olhar triste e vidrado no chão, ele dá voltas pelo quarto. Seus lábios estavam secos e grudentos ao mesmo tempo, selando-os por alguns minutos.

— Rodrigo.

— Pode falar — falei inocentemente.

— Você sabe o porquê de estar aqui?

— Não. Eu achava que sabia, mas...

— Por favor, não entre em pânico.

— Não me sinto nenhum pouco nervoso.

— Você vai ficar quando souber o que aconteceu.

— Agora sim, você está me deixando preocupado.

— Ro... Eu sei que você queria que eles estivessem aqui, mas...

— Por favor, não fala mais nada. Eu prefiro que fique assim como está — a ficha acabava de cair para mim.

— Ninguém pode viver assim, em um mundo de fantasias. Eles não irão voltar só porque você quer.

— Não.

— Eu vou ficar do seu lado se você aceitar a minha amizade mais uma vez.

— Arthur.

— Yuri e Tabatha... Como dizer?

— Não quero ouvir — pus as mãos nas orelhas, impedindo o som de entrar nos meus ouvidos.

— Eles se foram — ele disse repetidas vezes até que eu podesse ouvir mesmo com os ouvidos bloqueados.

Meu amigo me abrançava de lado. Eu o empurrei e o enchi de pancadas, sem muita força, pois chorar assim me tirava toda a energia. Passados os socos leves e os empurrões que dei em Arthur, consegui me virar de bruços e enfiar a cabeça no travesseiro, o que antes ele não me deixava fazer. Ele puxou meu ombro para verificar se eu estava consciente. Minha reação foi a mesma, dei um chega pra lá nele. Em uma tentativa de me consolar ou apenas aproveitando o momento, não sei direito, seus lábios tocam minha nuca. O "entre tapas e beijos" só acabou quando ouvimos o som da porta se abrir, mesmo assim, Arthur ainda continuava em cima de mim.

— Desculpe entrar sem bater. Eu estava muito ansioso — falou Matheus, de costas, fechando a porta — Mais que merda é essa? Isso de novo? — ele disse, se virando, mostrando um grande volume na barriga.

— Vo...

— Não, espera. Deve ter alguma explicação. Eu não vou bancar o ciumento — ele dizia a si mesmo.

— Como você teve coragem de vir aqui?

— Eu vim te visitar. Olha, até trouxe uma coisinha pra você — o babacão trazia debaixo da camisa um balão no formato de coração.

— Você só pode estar brincando. Fora daqui! — minhas veias saltavam de raiva.

— O que foi que eu fiz? Eu até esqueci tudo que você me fez e vim aqui.

— Você é um assassino. Não quero nunca mais olhar para sua cara. Por que você não me matou no lugar deles? O seu problema é comigo e não com eles.

— Do que está falando? Você não acha que eu fiz aquilo, acha?

— Você não ouviu o que ele disse? Cai fora — Arthur se levantou ao lançar seu olhar agressivo para Matheus.

— Escuta aqui, seu inseto minúsculo, você nem tem tamanho para me enfrentar. Eu poderia pisar em você como em uma barata qualquer.

— Eu te mostro algo grande, ou melhor, mostro a ele — ele olhou para mim, mas sem soar como algo humorado. Mais parecia uma provocação do que uma piada.

— Chega! Eu já disse pra você sumir da minha frente.

— Tudo bem se é o que quer. Você ainda vai se arrepender, e muito.

Depois que Matheus saiu do quarto, Arthur agarrou o balão preso ao teto e o estourou, espremendo com as mãos. Mostrei a ele o dedo, ele fez cara de confuso. Peguei uma das flores, a amassei e joguei o bichinho de pelúcia na sua cara.

— Entendeu agora, beijoqueiro? — ironizei.

— Você está me expulsando também, é isso?

— Eu não me esqueci daquele beijo. Você é muito cara de pau. Beijou aquele, aquele... Aquele... Você o beijou e acha que ainda pode dizer alguma coisa a seu respeito?

— Está comparando um simples beijo a um assassinato?

— Estou dizendo que você beijou um assassino.

— Ele que me beijou a força. Poxa, Rodrigo, você sabe que ele é bem maior que eu. Ele queria te causar ciúmes.

— Eu quero que os dois se fodam com suas desculpas.

Mais uma visita para me assustar. Não consegui identificar a expressão de Amanda. Ela segurava um vazinho com uma plantinha nas mãos, então deduzi que ela veio pacificamente. Seus olhos atentos me examinaram de cabo a rabo. Obsevei desconfiado ela colocar o vazinho em uma pequena mesa e puxar uma cadeira para perto da minha cama. Amanda colocou seu cotovelo na cama, apoiando seu rosto na palma de sua mão. Seu olhar ameaçador me fez baixar a cabeça de vergonha.

— Não fique nervoso.

— Eu não estou.

— É óbvio que está. Eu não vim aqui para brigar com você ou exigir nada.

— Veio para me dizer por que não contou nada?

— Exatamente.

— Eu não sei o que dizer. Estou muito envergonhado.

— Você sabe que não gosto de ser má com as pessoas, mas a verdade é que você não teve vergonha na hora de me jogar na cara que o garoto que eu gosto prefere você.

— Não foi assim que as coisas aconteceram. Essas coisas foi Matheus quem disse.

— Eu não quero saber quem disse. Por que isso importaria se for mesmo verdade? É por isso que quero que me responda. Tudo o que ele falou é verdade?

— Sim, quer dizer, nem tudo.

— O que é verdade e o que não é nessa história? Conte-me.

— Eu não perdi a virgindade com Matheus e acho que ele ainda é virgem.

— Vocês já tiveram mesmo alguma coisa? — sua voz dificilmente saía.

— Eu não sei. Pode-se dizer que sim. Era coisa de criança, um beijo e nada mais.

— Está me dizendo que você foi a primeira pessoa a beijá-lo? — perguntou chorosa.

— Sim.

— Eu sonhei com isso desde que ele me contou que nunca havia beijado uma garota.

— Eu sinto muito.

— Não, pode deixar. Aposto que ele não mentiu para mim, pois você não é uma garota. Olhando para trás, vejo que já estava óbvio que alguma coisa acontecia entre vocês.

— Eu não queria que parecesse que estou te expulsando. Eu estou meio que farto de tudo isto. Não é a toa que vim parar aqui.

— Só mais um pouquinho. Eu ainda tenho o que falar — respirou fundo antes de começar — Eu não quero saber se estou perdendo. Eu vou lutar por aquele garoto. Digo isso porquê, se você também gosta dele, quero que façamos um acordo. Por favor, não seja desleal comigo. Eu prometo não trapacear, usar truques sujos, nem nada.

— O que está me pedindo?

— Não posso obrigar você a não tentar nada com ele, afinal, é de você que ele gosta, não eu. Eu só quero que se, por ventura, ele se apaixonar por mim, você não tente nada sujo. Esse é um pacto que só pode ser feito entre dois amigos. Amigos?

— Amanda, eu e Matheus não somos nem mais amigos, o que dirá de outra coisa. Eu já disse para ele que não quero mais falar com ele. Quando ele me beijou não foi para te magoar ou mostrar que me ama. Você estava sendo usada. Ele estava tão desesperado para se vingar de mim que queria que você contasse, assim todos me tratariam ainda pior.

— Amigos? — repetiu, não dando bola para o que eu acabara de falar.

— Amigos — desisti.

— Muito bem, eu espero que melhore. Até mais, e que vença o melhor — ela deu um típico sorriso de pena.

— Até.

Não entendi o motivo, tive que dormir no hospital. Ainda pude tomar café antes de receber alta. Enquanto terminava o café da manhã, vi uma coisa no jornal matinal da TV que me grampeou os olhos na tela, uma notícia sobre a família de Romeo. Seu irmãozinho teria sido encontrado vivo em um parque de diversões. O porém árduo era que sua mãe continuava desaparecida. Não acho que o dedo de Matheus tenha chegado tão longe, mas isso não tirava minha curiosidade sobre Romeo, tanto como também a minha solidariedade. Apesar de ter iniciado uma amizade muito recentemente com o grandão, ele era o último que me restou do nosso grupo.

Em casa, não parei quieto. Eu não podia parar. Fiquei muito tempo naquela cama. Segundo minha mãe, já faziam dois dias que estava inconsciente. Saí para dar uma volta, passando perto do lago, depois, voltando ao campinho. Eu comprimentava todos para passar uma nova imagem de pessoa simpática. Eu já estava cansado de ser um babaca. Voltei para casa. Minha mãe desconfiava da minha recuperação rápida.

— Você? Sair só por sair? Aí tem coisa.

— Eu não quero ser um indiota sem amigos — forcei um sorriso convincente o suficiente para que ela acreditasse.

— É assim que se fala. Eu espero de verdade que você não esteja tentando me passar a perna. Sem tristeza, sem raiva, cabeça erguida, bola pra frente.

— Eu vou ficar bem — consegui apenas um sorriso sem graça.

— Quase ía me esquecendo, alguém veio te visitar, uma manada, na verdade. Eles estão na cozinha. Por acaso, eu estava fazendo alguns biscoitinhos.

— Sabe a quanto tempo não vejo a "senhora" cozinhar?

— Vai logo, garoto.

O aroma doce dos biscoitos, no caminho para cozinha, não era nada mau. Lá me deparei com um amontoado de meninos devorando os biscoitos. Em um deles, de costas para mim, notei algo estranho em sua perna. Depois de algum tempinho, tornando minha presença perceptivel, passei abrindo caminho entre os garotos. Nossa! Finalmente me dei conta de que o menino tinha uma prótese, se tratava do Diego, o garotinho mais de bem com a vida que conheço.

— Oi, Ro. Como vai?

— Diego?

— Eu perguntei como vai?

— Descupa! Eu não vou muito bem. Aconteceu uma coisa, mas prefiro não comentar.

— Eu sei.

— Sabe? Como? — perguntei — melhor deixarmos seus amigos aí com os biscoito, e nós vamos conversar no meu quarto — disse, arrastando Diego para o quarto.

...

— Por que me trouxe até aqui?

— Os seus amigos sabem?

— Não.

— E o que exatamente eles não sabem? — perguntei para ter certeza de que falávamos da mesma coisa.

— Dos seus amigos — ele falou com uma tranquilidade ingênua.

— Quem te contou isso, Diego? Foi o Matheus? — falei quase gritando.

— Sim. Está bravo?

— Claro que não, com você não. Foi ele que te mandou aqui?

— Sim. Ele disse que você iria se eu pedisse.

— Filho da pu**! Que golpe baixo — sussurrei.

— Não entendi o que você disse?

— Eu disse que não posso ir. Tenho muita coisa pra fazer.

— Não tem não. Aqui nesta casa só tem folgado — entregou minha mãe, entrando para pegar a roupa suja e se retirando.

— Você não gosta de mim? Faça isso por mim.

— Ele mandou você falar isso também, não foi?

— Não — ele disse nervoso — Foi sim — admitiu.

— Vou falar a verdade. Matheus e eu não somos mais amigos.

— Por que?

— Ele não tem sido muito legal comigo. Você entende?

— Não.

— Como explicar? Olha, eu vou, mas você tem que me prometer uma coisa.

— O que?

— Você não vai estar por perto quando eu estiver falando com ele.

— Não posso prometer.

— Por que não?

— Matheus disse que hoje eu seria o guarda... Guarda... Guarda-costas dele — ele se atrapalhou tentando lembrar-se da palavra.

— Guarda-costas?

— É, aquele homem grandão que te protege — explicou

— Tá brincando?

— Não, é verdade. Ele vai me pagar.

— E você vai protegê-lo do que?

— De você.

— Não se preocupe, não farei nada com ele.

— Mas se eu não ficar, não vou ganhar grana nenhuma.

— E esse maluco? O que será que ele pensa em falar na frente dessa criança, ou pior, fazer — voltei a sussurrar.

Alguns dos amigos do Diego nos acomparam até chegarem no campinho e nos deixarem, outros ficaram na cozinha devovorando o resto dos biscoitos. Estávamos indo à casa de Diego. Tive que segura-lo as vezes, pois o garotinho não andava tão bem com a prótese. Um carro passava por perto. O dono do carro pareceu comovido e parou para nos oferecer carona. Conversamos um pouco e vi que ele era muito legal e engraçado. Era um simpático gordinho de meia idade usando uma camiseta com a foto do filho que ele dizia estar desaparecido. Papo vai, papo vem, já havíamos passado da casa de Diego. Fiquei com vergonha, mas tive que pedir para voltarmos.

Beatriz me recebeu com mais entusiasmo. As flores, que efeitavam toda a casa, fizeram jus ao seu belo sorriso. Ela disse que o garoto Ramos me esperava no quarto de Diego. Parei no corredor e dei alguns pocos passos para trás, dando a entender que iria desistir. Diego, não tendo nada de bobo, abriu a porta de uma vez. Matheus pôs a cabeça para fora do quarto, deu uma olhada e veio a mim.

— Você veio.

— É, eu vim.

— Eu cheguei a duvidar.

— Claro que não. Eu já disse muitas vezes, você tem um ego enorme.

— Pode ser que antes você estivesse certo... Hoje não. Você destruiu qualquer vestígio de auto estima que eu podesse ter.

— Até parece.

— Por que você me culpa por tudo de ruim que acontece com você?

— Do que está falando? — apontei meu olhar para Diego, sinalizando que ele ainda estava ali.

— Eu esperava uma resposta — ele não se abalou.

— Responde, Ro — insiste Diego.

— Escuta, carinha. Você sabe que gosto de você, não é? Então se eu te prometer, não vou machucar o Matheus.

— Certo — ele virou-se para se retirar.

Por essa Matheus não esperava.

— Diego, não quer ganhar uma grana? — ele revidou.

— Pega, toma aqui — estendi a minha mão, lhe dando a primeira nota que consegui pegar.

Essa, menos ainda.

— Nossa! Valeu. É mais do que o mão de vaca iria me dar — falou o garoto apontando para Matheus.

— Valeu, Diego. Você é um amor de irmãozinho postiço — ironizou.

— Obrigado, você também, mesmo sendo pão duro — disse ele, não entendendo a ironia de Matheus. Ele saiu em seguida.

— Agora sim, estamos a sós. Você prefere um gancho de direita ou um chute nos países baixos?

— Você já vai começar?

— O que estava pensando? Usar uma criança como escudo?

— Não é bem assim.

— Você é a pessoa mais egoísta do mundo. Tenho nojo de você.

— É assim que me vê.

— Nã... — saiu por puro impulso — Claro que é. Sim, é assim que vejo você.

— Vai embora.

— O que disse?

— Vai embora — repetiu — Eu pensei muito sobre o assunto, resolvi que vou esquecer tudo. Eu só gostaria de ter certeza de que você não gostava mais de mim, por isso chamei você aqui. O Diego? Eu não queria acreditar que você havia me esquecido, então convidei meu irmão, porque o amo mais que qualquer um dos meus irmãos de sangue, a ficar do meu lado. Eu sabia que você não me trataria mal na frente dele, e uma simples ilusão bastava para mim. Estou indo para os Estados Unidos.

— Eu espero que nossos caminhos não se cruzem mais.

— Talvez um dia se cruzem. A minha irmã é sua namorada. Antes de você aparecer, eu nunca havia sentido raiva dela. Você mudou tudo.

— Você sabe que não terá esse gostinho. Antes mesmo de você pensar em arrumar as malas, estará preso em um hospício ou prisão.

— Adeus, Rodrigo. Eu me despeço agora porque sei que você vai me evitar esse resto do ano. Eu só irei ano que vem.

Engoli o choro quando fui me despedir de Diego, de Beatriz, quando passei pelas pessoas nas ruas, quando falei com as crianças no campinho. Mais uma para minha coleção. Meu corpo estava se movendo por impulso, eu não estava indo para minha casa. Da janela do quarto, vi Arthur me olhando e ao vê-lo desabei em lágrimas, assionando alguma coisa em Arthur que o fez correr. Seu rosto assustado sumiu em um piscar de olhos. Ele fazia tanto escândalo que pude escutar o barulho de coisas que caiam.

— Ro, aconteceu alguma coisa?

— Por favor, me deixa entrar.

— É... Claro.

Ao entrar na casa, me prendi nos braços de Arthur. Nós estávamos a sós, apenas eu e Arthur. Eu gritava, berrava e esperneava. Ele tentou se desvencilhar de mim, segundo ele, para me buscar um copo d'água, mas eu puxei a gola de sua camiseta. Sem querer, nossos rostos, ou melhor, nossas bocas estiveram próximas o suficiente para ele achar que teria alguma liberdade comigo. Cortei o garoto, o lembrando de que tenho namorada, que por falar nisso, já devia estar louca a minha procura.

— Desculpa, Ro. É que você parecia tão carente.

— A minha namorada pode resolver isto.

— Ok — a decepção se auto-carimbou no seu rosto — Já que parou de chorar um pouco, pode me dizer o que aconteceu?

— O Matheus outra vez.

— Você pode ficar aí parado, eu vou resolver isso — ele ameaçou sair.

— Você não vai fazer nada. Cala a boca e senta aí — segurei seu braço com firmeza.

— Me solta. Aquele maldito tem que pagar por tudo que nos fez. Cara! o Yuri foi meu primeiro amigo naquela droga de escola.

— Então se vai ficar bravo com alguém, é melhor começar por mim.

— O que está dizendo?

— Eu já não tenho mais tanta certeza de que foi mesmo ele.

— É mesmo? Você sabia que ele não tem um único álibi? Ele só foi visto depois que tudo aconteceu.

— Isso não prova nada.

— Abra seus olhos. Você espera ficar preso a esse garoto pelo resto da vida?

— Eu não vou precisar pensar nisso.

— O que quer dizer com isso?

— Ele vai embora, Arthur. Ele vai me deixar — imediatamente me arrependi destas palavras.

— O que você disse? Ficou maluco por acaso? Por que não pula no colo dele e pede para ele não ir.

— Eu não posso controlar, é mais forte que eu.

— Você é um fraco. O que eu posso ter visto em você? Vamos, vai embora, vai atrás do seu namorado. Eu só espero que depois não venha choramingar no meu ombro — ele falava forçando os dentes inferiores contra os superiores — Eu tenho uma ideia melhor: por que você não vai para os Estados Unidos com ele? Se ficar aqui, você não vai largar do meu pé. Eu não quero andar por aí com um covarde.

Correr, correr e fugir dos meus problemas, era tudo que eu sabia fazer, e era isso que eu fiz. Pensei que Arthur podesse me consolar, então, não tendo o que queria, andei perdido pela cidade, peguei um ônibus para sei lá onde, caminhei mais um pouco, e, por ironia do destino, fui parar em frente à casa de Tabatha. Ao me ver desolado e triste, sua mãe logo tira conclusões. Aquele abraço era o que eu estava precisando.

— Oh meu amor, vai passar — ela falava com dificuldade, devido aos soluços e lágrimas.

— Por que isso tinha que acontecer?

— Não tinha. Eu teria que aceitar se ela tivesse morrido de outro jeito, porém, não foi o caso.

— Alguém tem que pagar.

— Não estou preocupada com isso. Se o ato de perdoar, seja lá quem fez, podesse trazê-la de volta, eu o faria. Não vou negar, eu sinto sim muita raiva, mas sei que não adianta. Eu só queria minha filhinha junto de mim novamente.

— Isso não é justo.

Algum tempo depois, já dentro da casa e demonstrando melhoras, saí andando até a porta. Ela não percebeu que estava indo embora, me chamou para ajudá-la. Dona Agatha, como era chamada, empacotava e levava à caminhonete uma porção de roupas e objetos de sua filha. Segundo ela, tudo seria doado. Fomos revirando tudo. O quarto de Tabatha era muito grande, com as paredes cobertas de posters, a maioria de bandas de heavy metal, tendo apenas um contraditorio, um poster com vários cantores teen. Tabatha gostava desse tipo de música? É claro que não. Olhando mais de perto dava para para ver um dardo preso ao nariz de um dos cantores, em um dos posters. Dona Agatha contava-me como estava sendo difícil arrumar tudo sozinha.

Fuçando muito, descobri uma anotação que se assemelha a um diário de uma página só. Imaginei que se tratasse da página arrancada. A página era dedicada inteiramente a Yuri, coisas melosas,nada muito importante, até chegar em um assunto muito pessoal. "Eu sinto que estou preparada. Meu corpo está pedindo e eu não posso mais negar", estava escrito. A data era do dia anterior a sua morte. Pelo que entendi, Tabatha estava se preparando para perder a virgindade. Algo diferente despertou em mim, um pensamento que corroía a minha mente. O que aconteceria dali para frente? Eu estava pensativo sobre isso, e continuei assim por um mês.

Eu e Arthur já havíamos fazido as pazes, e meu novo assunto era como ele adivinhou que Matheus Iria Justo para os EUA. Minha relação com meus colegas de classe havia melhorado. Todos me deram uma força. Eu não deixei de frequentar a casa de meus amigos depois de sua morte. Com a permissão dos meus pais, fui interrogado, por ter sido eu a encontrar os corpos. Depois de algum tempo, lembrei de uma coisa que tinha me esquecido de falar no relatório: a porta do banheiro estava trancada, o que significava que alguém havia pego a chave em um dos possíveis três lugares. Só havia três pessoas que possuíam as chaves naquele dia: a diretora, o zelador e o porteiro.

Chegando a outubro, as coisas com Ana mudaram muito rápido. Os nervos estavam a flor da pele. Comecei a me tocar ao observar sua ansiedade. Uma coisa curiosa era que ela já não contia tanto o seu desejo. Ela agora arranjava pretextos para fazer coisas que me provocavam. Eu também não ficava atrás com minhas mãos bobas. Certa vez, ela me colocou contra a parede quando sentiu um volume na minha calça.

— Acho melhor você se controlar — ela dizia enquanto mordia os lábios e fazia uma carinha de inocente.

— Está sentindo?

— Estou.

— Por que faz isso comigo? É de propósito, não é?

— Claro que não. Eu não tenho culpa de você ser um tarado.

— Não é assim que a banda toca. Você tem me provocado muito estes últimos dias.

— Impressão sua, meu caro.

— Você me tira do sério.

— É mesmo?

A abracei forte, a colocando sentada nas minhas pernas, de frente para mim; minhas mãos bobas agiram mais uma vez. Ela não me impedia, deixava que eu a apertasse, lhe fazendo sentir o meu membro por debaixo da calça. Os beijos demorados foram nos deixando sem fôlego. A temperatura de nossos corpos aumentou, atingindo um nível que, não fosse pela situação, seria intolerável. Fui mais ousado, peguei em sua cintura e fui descendo, chegando aos quadris, onde dei duas mexidinhas. Despois disso, ela não parava mais de se mexer no meu colo. Não sei como explicar, ela fez de um jeito não tão vulgar quanto deveria parecer. Existe um jeito menos vulgar de fazer isto?

— Rodrigo?

— Pode falar.

— Você quer?

Após algum tempo em silêncio, não perdi tempo respondendo sua pergunta, fui logo direto ao ponto. Repeti o mesmo ritual, mas dessa vez, coloquei os dois dedos indicadores, um de cada lado, por debaixo de seu short e fui puxando até tirá-lo junto com a calcinha; em seguida, tirei sua blusa, dei uma olhada nos seus seios por um curto tempo e pus minha boca entre eles, mordendo, na verdade, apenas tocando os dentes sobre sua pele, de leve. Estávamos no seu quarto, pois não teria ninguém naquele dia. Ouvi o que parecia Matheus andando e parando na frente do quarto. Quer saber? Não dei importância mesmo. A coloquei deitada na cama, enquanto ela tirava minha camiseta, aproveitando que eu tinha me abaixado para posiciona-la. O barulho dos passos seguiu seu rumo. Eu estava de joelhos no colchão. Com suas pernas abertas em volta das minhas, ela levantou-se para tirar minha calça, e depois, minha cueca. Ela voltou a se deitar, reclamando de que uma das molas do colchão estava solta. Quando fui me deitar por cima dela...

— Pare! Está me machucando!

CONTINUA...

Comentários

Há 2 comentários.

Por Salvatore em 2015-11-03 21:40:29
Cara, amo sua série. Se você tem alguma ideia de interrompê-la, pode ir esquecendo isso. Não permito que você tire meu direito de ler também. A propósito, amei a música Wooly Clouds e ouvi ela durante todo o conto kkk Simplesmente ótima. Agora quanto ao conto, fiquei triste, claro, com a morte dos dois personagens, mas por outro lado, realmente é visivel que os personagens amadureceram mais, como disse Henry. Mesmo com esse fogo que tomou de conta de Rodrigo e Ana na última parte, imagino que não cheguem a concretizar o ato... Matheus não está tão indiferente ao ponto de permitir, mas... as hipóteses são muito voláteis. Espero ansioso pelo próximo e não demore please!
Por Henry Thorne em 2015-11-01 10:45:56
Me arrisco a dizer que foi o capítulo mais cheio de mudanças que eu já vi, triste porém feliz, os personagens evoluiram, cresceram, ainda tem muita coisa para ser contada, parece que o ro gosta mesmo da Anna e eu shippo os dois :3 :3 :3 achei brutal yuri e tabatha terem morrido, brutal, brutal mesmo, espero que sejam épicamente vingados