capitulo 13 - o Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa

Conto de GibGab como (Seguir)

Parte da série A cor da loucura

Comentem, pessoal. Não me deixem na mão. Só para alertar, com exceção do titulo, esse capitulo não tem nada a ver com as Crônicas de Nárnia e, portanto, já vou avisando que não irão encontrar nenhum guada-roupa/portal interdimensional.

Salvatore: obrigado mais uma vez. Por favor, não deixe de acompanhar.

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O meu tempo que tinha com o Arthur havia acabado. Matheus chegou com uma mochila nas costas. Eu fiquei sem reação, já o Arthur, esse o encarou novamente em um grau que eu até achei que iria pular encima dele, mas de todas as grosserias, apenas saiu sem se despedir.

- Você não estava de cama?

- Não é da sua conta. Cuide da sua vida.

- Uma ou duas patadas pra variar.

- Eu deveria por você pra fora daqui.

- Não me diga. Por favor, não me mande pra fora de casa.

- Isso de novo. Esse é o último aviso, não brinque comigo.

- Você ainda não tocou naquele assunto.

- Aquele assunto já está encerrado.

- Não pra mim. Eu acho que isso significa que agora você sabe que eu estava falando a verdade – ele segurou o meu braço.

- Me solta – eu segui-o olhando do braço até o rosto.

- Peça desculpas.

- não.

- peça desculpas – ele me empurrou contra a parede e segurou minhas duas mãos, fazendo com que ele se encostasse a mim.

- Não, não e não.

- Eu já falei pra pedir desculpas! - ele tentou me beijar, mas eu selei meus lábios impedindo a passagem de sua língua.

- Não, nunca mais. Você não vai por as mãos em mim. Pode parar com isso.

- Você pediu por isso. Se não queria, você não deveria ter se aproximado.

- Eu quero que você morra! Mais que tudo, eu quero me livrar de você.

- Então é verdade, você não gosta mais de mim – ele me largou, fazendo com que caísse sentado no chão.

- Não foi o que eu quis dizer. Eu só...

- Você só o que? Só quer que eu morra? Existe um motivo para eu não conseguir ficar longe de você por muito tempo. Hoje em dia parece que todos gostam de mim, mas só você, só você me faz sentir especial. E o que está me dizendo agora? Que prefere a minha morte?

- Eu não queria... – eu me apoiei abraçando suas pernas e encostando o rosto nelas – Me desculpa.

- O que disse?

- Eu pedi que me desculpasse. Me desculpa, me desculpa, me desculpa – imploro enquanto molho sua calça com minhas lágrimas.

- Eu te perdoou.

- Simples assim?

- Por mim você nunca mais vai chorar, porque eu não darei mais motivos.

- Droga! Eu não acredito que fiz isso.

- Hoje você não precisa se preocupar com isso. Não tem ninguém além de nós para servir de testemunhas.

- Eu só preciso descansar - deixei meu corpo cair, e ele me seguiu e se atirou ao carpete.

Seus lábios secos se mexiam e aos poucos iam se umedecendo, mostrando seu desejo, mostrando sua paixão. Eu cruzei os braços e virei de costas para evitar uma aproximação. Meu pescoço sentiu o calor da sua respiração, era proposital.

- Onde acha que vai chegar com isso?

- Eu não faço ideia.

- Essa porra toda não vai dar certo.

- Delicadeza e otimismo.

- Se eu quisesse ser otimista e delicado, eu conseguiria.

- Você tem razão.

- Tenho?

- Sim. Você já foi a pessoa mais sensível do mundo.

- Grande coisa, um retardado. Meus pais deveriam ter me batido.

- Eu te daria uma surra por esse corte de cabelo.

- hahaha... Eu gosto do meu cabelo.

- Ahá! Eu fiz você rir.

- Tá, mas levanta logo.

- Porque? Tava até ficando bom.

- Cara***! Eu to com uma baita fome.

- Pode parar!

- O que você quer no almoço?

- Não fuja do assunto.

- Temos macarrão instantâneo; ovo frito; omelete; ovo cozido; sardinhas enlatas; ovos mexidos e macarrão instantâneo com sardinhas, ovos e uma pitadinha de queijo ralado.

- Já disse pra não fugir... Peraí, o que você disse?

Fui para a cozinha preparar algo para comer. Optei por um simples ovo frito porque é uma dos poucos pratos que ainda não me fizeram provocar um incêndio. Minha mãe ligou e disse ao Matheus para me manter longe da cozinha, mas eu o lembrei de que essa é a minha maldita droga de casa (espero não ter sido muito indelicado). Peguei um ovo na geladeira (o ultimo), rachei-o no balcão e quebrei na frigideira. O que diabos era aquilo? Era a coisa mais nojenta que eu tinha visto. Uma espécie de filhote de ave com dois pares de asas e um bico serrilhado.

- Mas que porra é essa! Olha isso.

- Nossa! Eu acho que agora você é papai.

- Não brinque. Veja só isso.

- É o nosso almoço?

- Essa coisa saiu de um ovo que estava na geladeira. Como? Como?

- Olha, pelo que sei, ovos de galinha precisam de calor pra chocar.

- Você está louco? Isso parece uma galinha pra você?

- É apenas um mutante. Isso é mais normal do que você pensa. Ano passado a minha cadela teve um filhote com duas cabeças – disse ele com a intenção de me acalmar.

- Tem razão. É melhor eu jogar isso fora.

- Não faça isso, eu vou guarda-lo em um pote.

- Não é o que estou pensando, é?

- É claro que não. Isso pode nos deixar ricos, só isso.

- Certo, faça o que quiser. Eu acho que perdi o apetite.

- Não, não fique assim. Nós podemos pedir pizza.

- Sim, pizza, por favor.

- Viu, você já está mais educado. É assim que eu gosto.

Comemos pizza e fomos assistir uma maratona de filmes em preto e branco que estava passando na TV. Por um momento, eu o deixei só, porque tinha um barulho muito forte vindo do meu quarto. Abri a porta do quarto e vi que era o guarda-roupa novamente. Depois do pintinho mutante, tive até medo do que viria pela frente. Ratos alados sujos e imundos, morcegos brancos com bicos e penas, malditos moribundos da natureza, ou seja, pombos. Saíram 36 bombos do meu guarda-roupa. Assim que abri, eles pularam para fora, me fazendo cair.

Voltei para a sala, mas Matheus não estava lá. Gritei e procurei por quase toda a casa, e nada dele aparecer. A garagem era a única parte da casa que eu não procurei, então, sem mais delongas, corri para até lá. Ele estava mesmo na garagem. Estava de costas para mim, observando o som de um radio quebrado.

- Matheus, você está bem? Porque não me respondeu?

- Ele está aqui.

- Quem está aqui?

- Ele veio para me impedir.

- De quem você está falando?

- Ele sabe de tudo, pois seus olhos estão nos vigiando.

Eu olhei para trás e lá estava Amanda, não, lá estava Lilith. Eu percebi a possessão de imediato pelo brilho estranho no olhar. Ela se aproximou do garoto e pegou-o no colo antes que ele caísse desmaiado.

- Só podia ser você. Agora você vai me explicar o que está acontecendo.

- Não há tempo. Está se aproximando.

- O que está se aproximando?

- Eu não sei. Como nós quebramos uma cláusula do contrato, pode ser qualquer um deles.

- Mas quem são eles? E que contrato é esse?

- Escuta aqui garoto, o que está vindo não é bom ou mal, é simplesmente uma arma de destruição em massa, provavelmente, com o poder de mais de cem bombas nucleares. Dependendo do que pode acontecer, não só essa casa, mas essa cidade inteira pode ser destruída.

- Espera um pouco, você está com medo?

- Se quer que esse garoto sobreviva, eu acho melhor sair daqui.

- Porque você se preocupa com ele?

- Você quer que ele sobreviva, certo?

- é claro.

- Então não perca tempo fazendo perguntas.

Uma grande tempestade se aproximava e o vento abriu todas as janelas, e convidou a poeira para entrar. Eu já estava na sala, segurando o Matheus, e tentando encontrar um lugar para me esconder. O vento e a poeira me enxotaram para longe e tomaram posse do corpo do Matheus, que a cada pequena elevação de voo da areia, levitava dez centímetros acima do chão. Lilith parecia mais calma e até um pouco feliz.

- Hum... Aerocinese – ela disse.

- O que disse?

- É ele quem está fazendo tudo isso. Seja lá quem esteja aqui, não quer se mostrar, e eu acho muito bom, mas não certeza do que pretende, então tentarei encontra-lo.

- Mas você acabou de dizer que ele fez tudo isso.

- Correto, mas ele tem seus motivos para fazer tudo isso, e eu sei bem qual é esse motivo. Eu senti uma presença espiritual muito forte nesse lugar, é quase divina. Ele está apenas dizendo que o tal não é bem-vindo aqui.

- Antes de tudo isso acontecer, eu vi uma coisa no meu quarto.

- Então é pra lá que eu vou.

Ela não chegou a subir o segundo degrau e já foi arremessada até altura do teto. Ela se levantou e apontou sua mão para a porta; a porta começou a pegar fogo, mas as chamas foram extinguidas por uma força invisível.

- Desculpe garoto, ele é muito superior a mim. É melhor recuar. Nos vemos na próxima.

- Espere, você não pode ir embora.

- Sinto muito, a garota tem que voltar para casa antes que a tempestade comesse – seu tom parecia irônico.

A tempestade começou e foi como se ela tivesse lavado as impurezas daquela casa. O som dos trovões foram tão fortes que fizeram o Matheus acordar do transe. Eu sentei no chão e comecei a pensar em como explicar aquilo tudo. O Matheus demorou muito para me perguntar o que estava acontecendo, pois a bagunça da casa fez com que ele ficasse confuso. A bagunça era tanta que ele se preocupou-se muito mais em olha-la do que em perguntar sobre ela. Aproveitei o momento para pensar em como explicar e quando ele resolveu falar, eu já estava preparado.

- O que foi que aconteceu aqui?

- A tempestade.

- Ah... certo – a expressão de ignorância não deixou o seu rosto, mas ele não disse mais nada sobre o assunto.

CONTINUA...

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