capitulo 12 - sem desculpas e nada mais

Conto de GibGab como (Seguir)

Parte da série A cor da loucura

Ainda estou pensando na possibilidade de cancelar a serie. Caso o capitulo 13° demore três semanas, por exemplo, é por que a série foi cancelada. Se o capitulo 13° for postado, a série continuará. Eu agradeço vocês que leram e que querem continuar lendo essa série.

RickyEvans, eu vou pensar no capitulo 13°. Ele decidirá tudo.

Salvatore, Você por aqui? Ganhei meu dia Kkkk...

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A minha pequena saga a procura de Apolo não deu em nada, a não ser pelo alívio de saber que o Matheus não era o culpado. Tudo isso me serviu para refletir e ver que talvez Ramos tivesse razão em dizer que eu coloco o seu sobrinho na frente da minha família. O meu pai estava cada vez mais doente e eu só pensava naquele garoto. Os resultados dos exames do meu pai haviam saído naquela tarde, mas a minha tia Martha (que estava com meu pai) só conseguiu ligar à meia-noite e por isso todos perceberam que eu não estava na cama. Eu tive uma conversa com a minha mãe e ela esfregou as prioridades na minha cara.

- Rodrigo, eu sei que você é jovem e precisa se divertir e é por isso que nem irei perguntar aonde você foi, mas não se esqueça de que seu pai está muito doente.

- Eu já pedi desculpas mais de um milhão de vezes. O médico disse que ele só teve uma carência de nutrientes.

- Seja o que for, você deveria estar mais preocupado.

- Eu sei. Eu só quero resolver tudo isso.

- Acha que vai resolver dessa maneira? Saindo escondido?

- Você tem razão. Eu não sei se é egoísmo, mas eu estou arrependido.

- Esse é o problema. Eu conheci um menino muito diferente. Você não parece o mesmo garoto que nasceu de mim.

- Eu prometo que vou mudar. Eu já estou fazendo de tudo para isso acontecer.

- Assim eu espero.

Eu fui quase rastejando, subindo as escadas enquanto me embriagava de sono vendo as sombras se mexerem mais que o normal e ouvindo o bater de asas vindo das paredes. Eu já não ligava para o que via e ouvia, pois já sabia o que significava. As batidas me acompanharam até o quarto, onde penetrou no guarda-roupa e lá permaneceu. A última coisa que vi antes de dormir foi o guarda-roupa tremendo, o que me sugeriu que tinha algo querendo sair de dentro dele. O sono me venceu e eu não pude saber o que havia dentro do guarda-roupa.

O tempo estava essencialmente agradável, com um clima especial, um ambiente perfeito para um dia tão perfeito. O Mathews disse a verdade e eu estava feliz por ter que pedir desculpas como combinamos, entretanto, eu não era mais aquele garoto bobo que se rendia aos seus caprichos, portando meu orgulho não me deixaria tão facilmente. Nós nos encontramos várias vezes na escola, mas eu o evitava e fugia sempre que podia. Essa história só acabou com o inicio das férias de verão. Eu fiquei muito tempo dentro de casa, e minha família não gostou muito disso e acabaram me forçando a fazer uma viagem até o litoral. Nem tinha como imaginar, mas eu estava fingindo, pois assim eles não desistiriam do pobre e solitário Rodrigo, isso é, eu estava louco para ir e me livrar do fardo de ter que pedir desculpas. Como já era de se esperar, eu estava errado.

- Você dizia...

- Eu estava falando sobre a viagem.

- Viagem? Você vai viajar?

- "Nós" vamos viajar

- Nós? Espero que eu não esteja incluso nesse "nós".

- Você está sim, e seu pai também.

- E porque ele não estaria?

- Eu não sei. Como falar isso com elegância? Seu pai me chutou.

- Isso não me parece convincente, mas vou fazer um esforço para acreditar em você.

- Você já está avisado. O que tem de tão horrível em ir à Praia?

- Praia? Você não disse nada sobre Praia.

- Faça isso por seu pai. Já faz muito tempo que ele não ver o mar.

- Eu vou, não se preocupe.

- Que bom! A vizinha não parava de falar em você.

- Que vizinha?

- A filha de Gloria, a Ana. Ela é uma ótima garota e muito bonita também.

- Você está me dizendo que os vizinhos também irão?

- Sim, inclusive o seu amigo. Tem algum problema?

- Eu acho que não.

- Iremos amanhã.

- Amanhã, mas não vai dar tempo de me preparar.

- Preparar? Você não é de ficar escolhendo roupas, aliás, você as trata tão mal que estou pensando seriamente em deixar que você ande pelado por aí.

- Quem disse que estou falando de roupa. Eu só acho uma pura merda ficar arrastando a areia no calção, com o sol me fazendo de churrasco.

- Ah é? Então agora você diz essas coisas perto de mim?

- Tchau, mãe.

- Rodrigo, você não vai me deixar falando sozinha.

Dona Helena ficou mais de uma hora falando sozinha, como ela mesma disse. Eu não perdi tempo, me tranquei no quarto e dei início ao velho plano do truque arcaico de fingir que estou doente, só que aprimorado. Foi preciso um secador de cabelos para a febre, farinha para palidez, e para o vômito falso: milho verde, alpiste, leite, aveia, azeite de oliva, cereal matinal, água e gel de cabelo. Eu misturei tudo no liquidificador, exceto o cereal; os cereais só foram colocados depois da gororoba ficar pronta. A mistura ficou no meu quarto até o dia seguinte.

Acordei em um pulo. Eu tinha que agir rápido e muito cedo. Passei a farinha no rosto com leveza para não exagerar e também não deixar que a textura da pele mude. Se a textura da pele mudar, tudo será descoberto no instante em que ela for tocada para verificar a febre. O vômito foi posto no Centro do quarto. Eu sei que deveria colocar um pouco na cama para ser mais convincente, mas nas férias, além do boxe, eu só sabia dormir.

- Mais que sujeira é essa? Meu Deus!

- Mãe, você chegou cedo.

- É claro. Nós temos que nos levantar cedo para não termos problemas com o trânsito. Os Ramos foram na frente. Mas parece que você não está em condições. Oque você está sentindo? - ela pós a mão na minha testa - Nossa! Você está ardendo de febre.

- Ahah... Eu não me sinto bem.

- A única solução é cancelar a viagem.

- Não, não precisa.

- Você está horrível. O seu pai irá entender.

- Eu posso me cuidar. Você pode chamar a tia Martha para cuidar de mim.

- Martha? Martha é uma maluca distraída. Ela colocaria fogo na casa. Eu tenho uma ideia melhor.

- No que você está pensando?

- O Matheus. Ele é um jovem muito responsável e salvou a sua vida.

- Você disse que ele já foi.

- Eu não disse isso.

- Você disse que os Ramos foram na frente.

- O Matheus foi a uma viagem de três dias com os amigos e por isso não pode ir. Na verdade, nós temos obrigação de recebê-lo aqui, quer dizer, você tem.

- Porque "obrigação"?

- Obrigação porque Gloria ligou ainda pouco para dizer que esqueceu de deixar as chaves.

- Certo, mas acho que perdi a parte onde você explica porque eu teria essa obrigação.

- Não seja indelicado. Ele salvou sua vida.

- Pare de repetir isso.

- Ok, eu paro. Ele chegará hoje a trade.

- Mas você não disse que eram três dias?

- Sim, mas já se completaram três dias desde que viajou.

- Se é isso, então boa viajem.

- Obrigado. Você terá dias de sobra pra melhorar, então lembre-se, depois que estiver melhor, faça o favor de não se meter em confusão. Eu soube dos seus momentos de brucutu na escola.

- Eu não sei do que você ta falando.

- Quem dera você fosse aquele garoto inocente de antes.

- Tchau, mãe.

- Não sei pra que tanta pressa - ela caminhou até a porta, deu mais um olhar de desconfiança e partiu- Tchau! - gritou ela, passando o corredor e já quase descendo a escada.

Por essa eu não esperava. O plano agiu ao contrário. Mas nem tudo era má notícia. Eu estava louco gritando com um filme. Estava puto com a personagem burra de um filme de terror que só sabia correr na direção do perigo, e adivinha quem apareceu na minha porta? Não, não era o rei do mundo imperador do universo Matheus, como ele se sentia. Abri a porta e encontrei o belo sorriso de Arthur. Não tinha certeza se ele estava olhando para mim, pois os seus cachos estavam tão grandes que cobriam os seus olhos.

- Bom dia, Sr. Enfermo.

- Bom dia, cachinhos dourados ou deveria dizer reverendo.

- Reverendo?

- enfermo?

- Do que está falando? Enfermo não é um termo bíblico - ele subiu em cima do sofá e ergueu o braço como se segurasse algo - Blasfêmia, blasfêmia, blasfêmia!!! Deus o castigue por essa blasfêmia! Isso é que é termo bíblico.

- Você sabia que os vizinhos podem ouvir você?

- Sim e até planejei cantar o hino nacional de trás pra frente.

- Tá legal, cara, mas... O que faz aqui?

- Eu mal cheguei, e você já quer que vá embora?

- Deixa de drama. Eu pensei que você estivesse na fazenda com o seu papai. Oh meu Deus! O meu papai não pode saber que, sem querer, eu quebrei o micro-ondas e quase incendiei a casa.

- Pois é, ele acabou descobrindo. O meu castigo foi não ir à fazenda. Dá pra acreditar? Ele acha que isso foi um castigo.

- E ele deixou você vir aqui?

- Só porque sua mãe ligou e me pediu pra ficar aqui enquanto o Matheus não chega.

- Nem me fale. Eu to tentando pensar em jeito pra me livrar dele.

- Hum, eu não sei.

- Não sabe o que?

- Você não parece nenhum pouco doente.

- É porque eu não estou. Eu inventei essa história pra não ter que passar as férias no litoral com ele e a família idiota dele, mas o tiro saiu pela culatra.

- Já pensou? Ele traz os amigos babacas aqui, e você não pode falar nada porque ele pode contar a verdade.

- Eu não sou covarde. Esse tipo de coisa não faz diferença pra mim. O que estou querendo dizer é que não somos mais crianças.

- Você tem razão.

- Mudando de assunto, você chegou no momento certo.

- Por quê?

- Eu preciso falar com alguém, mas você terá que ficar aqui no caso de alguém ligar.

- Ok.

A rua estava vazia, quase todos tinham saído da cidade. Corri até a casa de Ramos. A felicidade não estava em seu coração. Encontrei-o sentado no escritório, com ar de meditação e perigo ao mesmo tempo. Ele se deu conta da minha presença, mas reagiu com indiferença. Até certo momento, ele continuou silencioso, até que explodiu de raiva.

- Mas o que diabos você estava pensando? - ele empurrou a mesa e virou-a no chão.

- Eu não podia esperar.

- Paciência! Paciência! Eu só pedi um pouco de paciência.

- É o que peço agora.

- Tudo bem. Você tem razão, eu tenho que me acalmar - ele respirou fundo e tranquilizou-se um pouco.

- Provavelmente você já deve ter ido naquele lugar e investigado também, mas eu quero dividir com você oque ouvi por lá.

- Você está enganado. Não iria se não fosse preciso, e como você já havia ido, não era preciso.

- Eu procurei pelo tal Apolo. Depois de passar por outras pessoas, cheguei a última delas, Aretha.

- Você disse Aretha?

- Você a conhece?

- Sim, mas é uma história longa demais pra ser contada agora.

- Eu não posso falar muito. Eu nem devia estar aqui.

- Ok, Rodrigo. Isso é o suficiente. Agora é comigo e só eu posso fazer isso.

- Eu já entendi, não vou me meter.

Eu voltei para casa no mesmo passo de relâmpago que saí. A casa estava muito calma pro meu gosto. Mil e um motivos para achar que o Arthur estava prestes a aprontar alguma coisa encheram a minha cabeça. Arthur já foi um garoto calado e tímido, mas isso ficou no passado. Ao abrir a porta, não soube dizer se a cena que vi era ou não era normal. Arthur estava deitado no chão, olhando para o teto e depois apontando-o.

- Não é lindo?

- Oque? O teto?

- Não, a sua cara de otário - ele me deu uma rasteira e me pegou nos braços. Ficamos os dois no chão.

- tá louco? Você podia ter me machucado, o que significa que iria ficar ainda mais machucado.

- Haha... Tenha um pouco mais de senso de humor.

- Eu posso rir enquanto desço rolando uma montanha, o que acha?

- Ou poderia continuar aqui, rindo um pouco comigo.

Eu estava com a cabeça encostada em seu peito e as duas mãos sobre as dele. Eu me virei, inverti a posição das duas mãos para continuar segurando-as e encostei minha testa na dele.

- Você é mesmo um idiota. - joguei minha cabeça contra a dele.

- Ai! Isso não vale.

- Não é verdade, eu senti mais. Esse seu algodão doce sabor maracujá deve ter amortecido.

- Já disse pra não fazer piadas com o meu cabelo.

- Isso não importa. Vamos parar com isso. Alguém ligou quando eu saí?

- Sim, a sua mãe. Eu disse que você estava vomitando no banheiro.

- Boa ideia, mas...

O meu tempo que tinha com o Arthur havia acabado. Matheus chegou com uma mochila nas costas. Eu fiquei sem reação, já o Arthur, esse o encarou novamente em um grau que eu até achei que iria pular encima dele, mas apenas saiu sem se despedir.

- Você não estava de cama?

- Não é da sua conta. Cuide da sua vida.

- Uma ou duas patadas pra variar.

- Eu deveria por você pra fora daqui.

- Não me diga. Por favor, não me mande pra fora de casa.

- Isso de novo. Esse é o último aviso, não brinque comigo.

- Você ainda não tocou naquele assunto.

- Aquele assunto já está encerrado.

- Não pra mim. Eu acho que isso significa que agora você sabe que eu estava falando a verdade – ele segurou o meu braço.

- Me solta – eu segui-o olhando do braço até o rosto.

- Peça desculpas.

- não.

- peça desculpas – ele me empurrou contra a parede e segurou minhas duas mãos, fazendo com que ele se encostasse a mim.

- Não, não e não.

- Eu já falei pra pedir desculpas! - ele tentou me beijar, mas eu selei meus lábios impedindo a passagem de sua língua.

CONTINUA...

Comentários

Há 1 comentários.

Por Salvatore em 2015-04-28 23:22:57
Exatamente..... É uma raridade eu aq então mantenha eu aq. Chantagem sempre é bom.... kkkkk continua