capitulo 09 - o lago

Conto de GibGab como (Seguir)

Parte da série A cor da loucura

E agora o que alguns estavam esperando, o capitulo inédito da serie. O Matheus VAI mostrar que não mudou e que, talvez pode nunca mudar. Eu só peço que comentem. Nesse capitulo estarei apresentando mais um personagem novo. Eu preparei muitas coisas para esse capitulo, mas, infelizmente, eu percebi que por consequência da lógica do tempo, eu não poderia mostrar tudo sem antes inserir esse personagem. Lembrando que vocês podem se comunicar comigo através do e-mail que está em um comentário na apresentação. Eu não tive tempo para verificar o e-mail, mas eu tentarei responder o mais rápido possível.

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Eu ainda estava entregue ao prazer que era fazer-me de inocente. Eu fui ate bem rápido; Enquanto ele dormia em um sono inabalável, eu levantei da cama, vesti minha roupa e desci a escada. Eu desci em passos curtos e silenciosos, mas a madrasta olhos de águia do Arthur me viu e praticamente implorou para que eu ficasse para tomar café. O Arthur, que já descia os degraus, me pediu o mesmo. Eu não pude negar.

Na cozinha, eu esperava o café da manhã enquanto pensava no momento em que estive tão perto dele. Ele olhava, olhava e continuava olhando para mim, sem falar absolutamente nada. Eu tive que ser o dono da iniciativa.

- Bom dia. O que achou dessa noite?

- É mesmo, eu não dei bom dia. Bom dia.

- É, mas eu queria saber como você dormiu essa noite.

- Mas por que se você estava lá?

- Deixa pra lá, era besteira mesmo.

- Eu sei do que você está falando - ele se aproximou de mim.

- sabe? - meu corpo inteiro congelou.

- Sim. Aquele lugar fica muito mais bonito á noite.

- Hum... É verdade - a minha expressão era pura decepção.

Tomamos café e tudo foi muito normal. Depois disso, só uma coisa chamou tanto a minha atenção; quando eu voltava para casa dei uma bela olhada e vi um certo garoto sentado perto da porta,talvez me esperando. Em um só dia, ou melhor, em uma manhã, tive mais do que o suficiente para alimentar o meu ego por um ano.

Aquele foi um ótimo ano, mas as emoções que senti não se comparavam as dos anos posteriores. Os meus quinze anos foram a faze badboy da minha vida. Eu não perdia uma chance de me atirar em uma bela confusão. Na outra escola, eu já havia tomado gosto por me meter em brigas e por aprontar. Os meus amigos não eram do tipo de se meter em brigas, mas era certeza de que eram do tipo de aprontar. Não podiam mais nos chamar de nerds, principalmente eu. Mas muito além de tudo isso, eu adorava ver o Arthur se divertindo com suas explosões.

Eu pensei que com o Arthur, eu havia esquecido completamente o Matheus, mas algo, alguém estava lá para me fazer lembrar dele. Uma nova garota havia chegado na cidade e ela resolveu estudar justamente na mesma escola que eu, 'justamente' porque ela me traria muitos problemas. Amanda era uma garota gentil, alegre e bonita. Eu juro que tentei odia-la, mas ela era simpática demais para alguém sentir ódio. Mas por que eu deveria me preocupar tanto? Simples, ela era a típica garota virgem estilo princesinha a procura de um príncipe encantado, e para ela o Matheus era o candidato mais indicado, o meu Matheus. Ela era a garota mais bonita da escola e o Matheus era pressionado pelos amigos o tempo todo. No final tudo se resume a um jogo de ciúmes, pois sempre que eu estava com o Arthur, o Matheus nos olhava atravessado.

Como eu já disse, no começo eu tentei odiar a garota. Eu já estava de saco cheio de ver ela cercando o garoto que eu gostava e acho que ela percebeu. Em um desses dias, eu estava lá, me fazendo de durão, colocando o pé para os outros garotos tropeçarem no corredor (era o que eu fazia quando estava entediado), quando vi aquela maldita imagem de casalsinho perfeito, ela rindo e coversando com ele e até encostou a cabeça no seu ombro. Quando vi aquilo, tive que parar, tive que confirmar se era apenas uma ilusão ou eu estava mesmo vendo aquilo. De tanto eu ficar encarando os dois com a boca aberta, ela viu e me olhou de volta, eu virei de costas e fingi que estava pegando alguma coisa no armário, aliás, não era o meu armário. Isso aconteceu mais ou menos umas seis vezes, até que um dia, ela veio falar comigo.

- Bom dia. Eu me chamo Amanda.

- Você não faz o meu tipo, garota.

- Você é muito bonito, mas também não faz o meu tipo.

- E então?

- Eu só quero conversar com você.

- E o que eu teria em comum com uma garota como você?

- O Matheus, é claro - eu fiquei pálido e senti como se tivessem jogado um milhão de cubos de gelo em mim.

- A vida dele não me interessa.

- Mas a sua o interessa, e muito.

- Ele disse isso?

- Não com essas palavras, mas ele me disse o quanto sente saudades de u amigo de verdade, de você.

- Mesmo que seja verdade, eu não ligo.

- Você não gosta mais dele? Ele me disse que vocês eram melhores amigos.

- Foi isso que ele disse? Melhores amigos não fazem o que ele fez.

- Eu não sei o que ele fez, mas acho que ele está arrependido.

- Você está aqui há pouco tempo. Por que se mete onde não é chamada?

- Eu só quero ajudar vocês. Quem o ver rindo, brincando e tudo mais, até acha que ele está feliz, mas ele não está.

- Estou feliz por isso. Você melhorou o meu dia.

- Não, não está. Eu sei que você não é essa pessoa má.

- Você chama isso de maldade? Eu chamo de diversão.

- Tudo bem, eu não vou insistir, mas se um dia você precisar de mim, eu ficarei feliz em ajudar.

Ela parecia muito madura, mas não uma falsa maturidade como o Yuri, era mais real, mas, ao mesmo tempo, ela parecia ingênua e frágil. Aquela conversa me deixou ainda mais preocupado. Ela era tudo que eu não poderia ser, era muito melhor e ainda era menina. Assim ela seria aceita e amada com mais facilidade, era o que eu achava. Eu fui para casa com uma interrogação na testa, só isso.

No outro dia, eu estava indo para a escola quando sou abordado por um garoto. Ele era bem baixinho e parecia bem novo também, uma criança.

- Oi. Eu tenho que te falar uma coisa - disse ele com respiração e voz de exaustão.

- Calma ai. Você parece cansado, moleque. De onde você veio?

- É que eu preciso falar com você. Eu to cansado porque queria alcançar.

- Você tem quantos anos? Sabe que sou mais velho? Eu não posso brincar de carrinho com você, eu tenho que ir pra escola.

- Não é isso. Eu sei que você é maior. Eu só quero entregar um recado.

- Tudo certo, mas fala rápido, moleque.

- O meu nome não é moleque, o meu nome é Diego.

- Então tá. Fala logo, "Diego".

- É que um garoto me falou que pagaria se eu te levasse a um lugar.

- Que lugar é esse? Qualquer um que me conheça saberia que agora eu não posso porque tenho que ir pra escola.

- Ele me disse isso, mas disse que é muito importante, sei lá.

- Você pode me dizer ao menos o nome desse garoto?

- Acho que ele disse que se chamava Matheus.

- Mas o que ele quer comigo? Eu já disse que não quero falar com ele.

- por favor, eu preciso desse dinheiro pra comprar uma bola. Os outros garotos não querem brincar comigo porque sou pequeno, mas se eu tiver uma bola, todo mundo vai querer jogar comigo – Ele fez carinha de anjo e um biquinho. ¬

- Está bem, você venceu; eu vou com você.

- Obrigado, obrigado! Vamos, vamos!

O Diego me fez caminhar até o lago. Não havia nenhum sinal do Matheus. Eu esperei horas e nada. Eu já estava pronto para desistir, quando alguém me agarrou por trás. Eu não era mais tão fraco e com o susto que levei isso não acabaria em outra; eu acabei lhe dando uma cotovelada no estomago. Quando me virei, todo o rancor tinha acabado ao ver ele machucado no chão.

- Não, não! Me desculpa. Eu não sabia que era você – peguei-o pela mão e o levantei.

- Vo... você... você ficou muito forte, heim. - ele mal conseguia falar.

- A culpa foi sua. Você não deveria ter me assustado assim.

- Eu só queria... Era o que eu queria.

- O que? Uma surra?

- Não fique se gabando, isso não foi uma surra.

- É claro, foi um nocaute.

- Eu quis dizer que eu só queria um abraço.

- Ah é. Por trás?

- Porque não? Não é isso que você faz com seu amigo Arthur?

- Você não sabe o quanto me irrita.

- O que duas bichas fazem a noite em um deposito de lixo?

- A pergunta certa é: o que três bichas fazem a noite em um deposito de lixo? Por que você estava nos seguindo.

- Então você admite que ele também é uma bicha e que gosta de você.

- Você não sabe com quem está se metendo.

- Porque não vem me bater, então, valentão?

- É o que você quer? Está bem.

Nem deu tempo dele desviar ou se defender; em dois segundos, ele já estava jogado no chão com o nariz sangrando. Foi preciso apenas um soco para derruba-lo. Eu ainda não estava em uma condição física mais adulta, mas, mesmo assim, já era demais para ele.

- Porque fez isso?

- Não foi isso que você pediu?

- Você é tão obediente - disse ele, com sarcasmo.

- Eu não queria fazer isso, mas você me irrita.

- Não, você é que me irrita. Antes de conhecer você, eu não sentia isso.

- Antes de mim, você agia como um louco psicopata.

- Pelo amor de Deus! Eram apenas animais, animais burros, sujos e sem emoções.

- Se fez isso com alguém que não pode se defender, imagine como seria emocionante com alguém que pode - eu ironizei.

- Eu não quero brigar. Eu não chamei você aqui pra isso.

- E então?

- Eu quero te pedir desculpas - ele colocou a mão no meu ombro.

- Eu não sei se quero suas desculpas - devagar, eu tirei a mão dele do meu ombro.

- Você quer, eu vejo em seus olhos - ele segurou minha mão e olhou fundo em meus olhos.

- Eu não sou mais um garotinho - eu larguei sua mão, ergui a cabeça e comecei a imitar uma marcha exagerada, como se estivesse contando polegadas.

- Esse seu jeito marrento, eu não consigo engolir. Você é tão frágil quando está perto de mim.

- Frágil é? Diga isso pros meus punhos.

- Eu já disse que não quero brigar! - ele gritou enfurecido.

- É melhor eu ir embora. Eu não quero ter que bater em você outra vez – eu disse já me virando, dando dois passos longos.

- Não, não vá - ele agarrou a minha cintura.

Isso já era golpe baixo. Ele encaixou o pescoço no meu ouvido e sussurrou baixinho:

- Você lembra do beijo?

Eu sempre soube que um dia o assunto do beijo voltaria, mas eu nunca achei que ele seria o primeiro a falar disso. O assunto do beijo foi desenterrado e ressuscitado, pois depois de muito tempo, nem eu nem ele tivemos coragem para lembrar um ao outro, até os dias atuais. Visto isso, eu logo me entreguei e deixei que ele ficasse á minha frente e me envolvesse em um beijo violentamente explosivo. Ele segurou minha mão e me puxou.

- Espera! Aonde vamos?

- Eu quero te mostrar uma coisa.

- O que é? Fala logo.

- Vamos logo, não faça perguntas – ele me puxou novamente.

Ele parou no lago e ficou observando-o. Com a luz do sol sobre a água, o lago parecia estar cheio de diamantes. Ele tira a roupa de costas pra mim e revela aquele belo corpo nu. Ele tinha uma marca de sunga bem clara que fazia imaginar “coisas”. Eu não sei onde ele conseguiu aquele bronzeado; era leve, mas não deixava de ser atraente. Ele dobrou os dois braços, fazendo uma pose de fisiculturista. O Matheus não tinha um corpo de fisiculturista, mas ele não estava nem ai pra isso, era apenas uma forma de parecer engraçado. Ele pulou na água e me chamou para entrar.

- Vamos, a água está ótima.

- Eu não sei. Alguém pode ver.

- Não tem ninguém aqui.

- Não, eu não posso - eu me virei de costas novamente.

- Sei, então você não é tão corajoso como dizia ser.

- Se quiser pensar assim.

Ele saiu da água e caminhou até mim e me abraçou com delicadeza, parecia que ele achava que eu me desfaria em pó nos seus braços. Ele pôs os lábios no meu pescoço e passou em todo ele, sem beijar, apenas arrastou sobre a pele, e segurou a minha mão.

- Vamos, a água está ótima - disse ele baixinho no meu ouvido

- Eu sei que não será pra sempre.

- E o que isso importa?

- Não, não importa, não agora.

- então vamos.

Ele apertou minha mão, me levou para mais perto do lago e tirou a minha roupa ele mesmo. Ele tocou em cada parte do meu corpo e estava com menos timidez e mais disposição. Quem era aquele garoto? Não parecia o mesmo garoto cheio de traumas que eu encontrei no beco. Não estava certo; era bom, mas... não estava certo. Eu não me importei com nada disso, eu só queria aproveitar o momento. Dentro da água, eu fiquei excitado sentindo sua pele em contato com a minha, era revigorante. Eu poderia fazer algo para impedir ou algo para avançar, eu preferi continuar do jeito que estava.

Nós brincávamos na água como duas crianças. A chuva deixou tudo mais belo e me desviou do Matheus. Eu fechei os olhos e comecei a rodopiar e erguer as mãos sem levantar os braços, só as mãos quase como uma posição de meditação. Eu fingia ser o deus que mandava toda aquela chuva, mas alguém não entrou no clima. Eu abri os olhos e vi o Matheus com a metade da cabeça na água, me encarando. Era assustador, parecia um crocodilo pronto para atacar sua presa. Eu fiquei observando-o um pouco, mas eu não precisei pensar muito para chegar á essa conclusão, eu precisava fugir. Eu nem tive muita chance para tentar escapar, um movimento e ele já estava agarrando o meu pescoço, com os pés nas minhas costas e os dentes presos ao meu cabelo. Ele não parecia a mesma pessoa que havia caído em apenas um golpe; ele demonstrou uma força sobre-humana. Com muito esforço, eu consegui sair do lago. A minha visão estava sumindo e tudo estava girando, mas eu bem me lembro de ter visto algo: minha mãe, a professora Lilith ou Livia, eu não sei.

CONTINUA...

Comentários

Há 1 comentários.

Por Alequino em 2015-04-05 11:00:11
Enfim um pouco de mistério nesse site. Estava louco para ler algo do tipo, mas com temática gay. E estou apaixonado pela sua escrita...