capitulo 07 - Arthur

Conto de GibGab como (Seguir)

Parte da série A cor da loucura

Esse não é o maior capitulo do mundo, mas me esforcei para ter um bom resultado. Eu não acho que vai fazer muita diferença por aqui, mas a partir de agora a historia vai ficar um pouco diferente, será um pouco difícil diferenciar o que é real do que é ilusão, mas mesmo começando por esse capitulo, o efeito só será notado no próximo capitulo. Eu espero que gostem e que tentem fazer um esforço para comentar.

Klaytton, esse capitulo vai ser um pouco diferente. Se você não tiver lido o próximo capitulo, para entender esse, você terá que pesquisar ou já saber do que se trata. Resumindo: ele dá pistas do que irá acontecer no próximo. Obrigado por estar acompanhando, continue assim.

Edu, obrigado por comentar. Acho que você comentou o “insanos até o fim”, desculpe não ter agradecido. Naquela época, eu não tinha tempo nem para revisar e corrigir os textos. Continue lendo e comentando.

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Era suave, quente, delicado e leve; era como um toque de raio de sol, mas, de repente, senti a umidade invadir meus lábios como pequenas gotas de orvalho, até chegar á minha boca, como se fosse para refrescar o calor inicial. O meu primeiro beijo não foi do jeito que eu fantasiava, foi muito melhor. Eu me deixava levar enquanto ele me conduzia para o armário de vassouras. Eu olhei em seus olhos, lhe pedindo carinho, lhe pedindo amor; ele entendeu e me deu mais um beijo, pra falar a verdade, vários.

- Você me beijou, você me beijou.

- Eu não sei por que fiz isso. Eu não podia ter feito isso.

- Mas eu gostei.

- Isso è errado. Você não deveria gostar.

- Eu não me importo se eu for pro inferno.

- Eu também não, mas minha mãe se importa.

- Então eu quero ficar aqui mais um pouco com você. Essa pode ser a única vez – eu o agarrei e lhe dei um beijo, que foi correspondido.

Eu ouvi quando a campainha tocou novamente, e também ouvi alguém me chamando (Ana), mas eu não estava interessado em receber visitas ou presentes, pois estava ocupado recebendo a melhor visita e o melhor presente.

Naquela noite não consegui dormir, a minha esperança me fazia pensar que no dia seguinte tudo seria diferente. O sol nasceu e eu finalmente estava preparado para enfrentar a indiferença, eu já sabia que iria ser assim. Na escola foi tudo do jeito que eu pensava, ele fingiu que nada aconteceu, isso já era previsível, mas eu pensei que teria uma surpresa, foi assim que eu cometi um dos maiores erros da minha vida, eu falei com ele, na escola, no meio de todos aqueles idiotas que ele chamava de amigos.

- Oi. Posso sentar aqui hoje?

- O que pensa que está fazendo? Não pode nada.

- mas eu pensei que... - eu parei como se esperasse que ele me interrompesse, mas, na verdade, eu estava tentando esconder as lagrimas que saíram apenas do olho esquerdo (o outro olho só ficou úmido).

- Você pensou o que? Que eu era um lesado como você? - apesar de ter tentado transmitir raiva, sua voz parecia mecânica quando disse isso. Eu consegui ver uma leve expressão rápida de arrependimento, mas ele poderia ter dito algo pior.

Eu sentei no lugar de sempre e fiquei com a cabeça abaixada, mas logo depois o Yuri me chamou. O Yuri foi o único que percebeu minhas lagrimas, pois fiz questão de não deixar que ninguém notasse. Eu tive uma leve impressão de que o Matheus também havia notado, mas fingiu que não viu nada. Algumas vezes até pensei que ele se posicionava na minha frente para que ninguém me vesse. Já o Yuri não parecia tão preocupado assim porque nunca tirava aquele sorriso do rosto.

- Oi - ele me cumprimentou com um tom de ansiedade e nostalgia.

- Oi - eu o "retribui" com cara de tédio.

- Por que não vem sentar aqui?

- Eu não sei - eu pensei um pouco - pode ser.

- Então vem logo.

- Tudo bem - eu me levantei e mudei de lugar.

- Então como foi ontem com a garota mais velha?

- Nada, não era nada.

- Como “nada”? Não quer falar? Tudo bem.

- Não é isso, é que... O que poderia acontecer?

- Acho que não aconteceu nada mesmo, mas deixa pra lá, isso não é coisa de criança, você não entenderia - ele também não entendia, ele apenas repassava tudo que ouvia do irmão para mim.

A aula foi passando e eu não pude deixar de notar que o Arthur estava com os olhos grudados em mim. O Arthur nunca falou comigo, no máximo riu das minhas piadas e das do Yuri, mas nunca me dirigiu a palavra. Eu comecei a olhar para ele disfarçadamente, ele percebeu e desviou o olhar de uma forma não tão discreta. Aquele momento serviu para eu vê-lo de outro angulo, o seu cabelo parecia queimar junto com a luz do sol que saia da janela, seus olhos transmitiam inocência, seus lábios rosados me provocavam à cada movimento e as sardas já nem me importavam, até comecei a ver um charme nelas. Foi um momento minúsculo, pois foi interrompido pela minha consciência que me lembrou de que aquele era o Arthur, o menino que só tinha um amigo em toda a classe. Eu sempre me defini como alguém simpático, então resolvi falar com o Arthur na hora do intervalo.

- Oi, Arthur. Você sabe falar? - eu não pude deixar de falar aquela piada sem graça.

- Ele não vai falar com você. Leva muito tempo para ele se acostumar - o Yuri me alertou, como sempre.

- Não, pode deixar, eu consigo - ele respirou fundo. Parecia estar levando a sério – Oi, Rodrigo.

- Nossa! Ele falou – Essa era mais uma simples mistura de sarcasmo, simpatia e arrogância do Yuri.

- Não seja chato, Yuri.

- Tudo bem, eu tenho mais de um amigo - ele se dirigiu a uma menina que estava encostada na parede.

- Eu quero perguntar, porque não fala comigo? - eu estava sério.

- Eu não sei. Eu tenho medo de falar bobagem - ele disse de uma forma que me pareceu fresco, como um filhinho da mamãe. Era algo em sua voz.

- Eu não me importo, pode falar o que quiser.

- É que com você é mais difícil ainda.

- por quê? O que eu fiz?

- Nada, é que eu vi como todo mundo gostava de você e falava com você.

- Isso foi antes. Ninguém quer saber mais de mim.

- Eu quero - ele disse de maneira tímida e até ficou vermelho.

Com tudo isso, eu pude entender que o Arthur não sabia que eu não o considerava um amigo, ou melhor, ele me via como um dos seus poucos amigos e isso era injusto. Ele me prezava ao ponto de medir cada uma de suas ações para não errar comigo. O problema era que ele era péssimo nisso. Agora ele era oficialmente meu amigo.

O dia foi rápido, parecia que eu tinha pulado da tarde para noite em um milésimo de segundos. Eu quase me esqueci de que o ultimo dia de aula do ano seria o próximo. Eu passei a manhã toda pensando no Matheus e a tarde no Arthur (não como no Matheus), essa noite eu só pensava em mim mesmo.

Hoje era o dia em que eu me livraria de toda aquela tensão e peso psicológico deixados sobre minhas costas. Eu me diverti bastante com meus novos amigos, o Arthur estava completamente desinibido, nós não ligamos para a turma do Matheus e, de quebra, parecia que tínhamos ganhado novos aliados. Eu agradeci o Yuri, pois sem ele, eu não teria uma nova chance; era ele que tinha o espírito de liderança.

Nas férias eu não deixei de visitar os meus amigos e eles não deixaram de me visitar, quer dizer, exceto nas viagens de férias em que cada um foi pro seu lado, mas tivemos tempo de sobra para nos conhecermos melhor. A ultima vez que nos vimos foi em um lago que ficava perto daquele bairro não asfaltado que eu já havia mencionado, eu já tinha treze anos na época. Sim, foi um dia muito bom, mas eu senti um desconforto em um certo momento, era como se eu estivesse sendo observado.

Depois de marejar os olhos no lago, eu resolvi fazer uma visita à minha mãe. Eu toquei a campainha, ninguém atendeu então eu bati na porta, ela se abriu sozinha; é engraçado, ela não se abriu quando eu pressionei a campainha. As luzes estavam apagadas, a sala estava sendo iluminada por uma pequena vela sobre uma mesa de centro, era muito esquisito. Eu comecei a chamar por ela, foi quando eu ouvi um barulho, foi a porta trancando e, pra completar, a vela apagou. A situação só piorou quando eu comecei a ouvir passos, passos que foram se tornando cada vez mais rápidos até se tornarem corridas barulhentas pela casa. Algo me tocou, eu me virei e dei de cara com uma face iluminada por uma lanterna.

- Que susto, mãe! Por que fez isso? - a minha respiração estava ofegante.

- Haha... Não me diga que você se assustou com sua velha mãe?

- O que está tentando fazer?

- Ora, só me divertir um pouco com o meu filho.

- Você nunca fez isso, você não é disso.

- Você não entende. Sua voz está mudando e o seu corpo também, mas você ainda continua tão inocente.

- Do que você está falando? – eu me alterei um pouco.

- Não fale assim comigo! Hahaha... Não tem problema - ela mudou de humor muito rápido.

- Desculpe, mãe.

- Mãe? E pensar que eu vivi séculos para depois ser chamada de mãe pelo filho de uma vadia gulosa.

- Eu não sei do que você está falando.

- Você não precisa saber, apenas ouça, homenzinho estúpido. A única coisa que eu pedi foi um pouco mais de autoridade, mas não, eu era apenas uma mulher.

- Se você estiver falando da separação com meu pai, eu sinto muito e...

- Não estou falando de droga de separação nenhuma. Você não entende, eu não sou sua mãe.

CONTINUA...

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