Capítulo 2

Conto de Tyler Langdon como (Seguir)

Parte da série (Don't) Like You

Entrei em casa sorrindo, estar com ele realmente me fazia bem. Não só com ele, mas com a Amélia também. Só que com o Enzo era diferente, era como se ele fosse um irmão mais velho, sempre estava perto para me livrar de qualquer situação, inclusive nas brigas da escola. Outro dia um garoto mais velho me insultou muito e chegou até a me empurrar só pelo fato de ter derramado seu suco sem querer no intervalo, o Enzo viu e, por ser maior que eu, foi tirar satisfação. Não é que eu não possa me defender só, é pelo fato de não querer arrumar confusão mesmo. Prefiro tratar das coisas na paz.

Depois que entrei em casa fui direto para meu quarto tomar um banho e vestir uma roupa confortável. Quando desci notei que minha irmã já havia feito o almoço e deixado à louça suja, que sempre é minha responsabilidade lavar. Odiava essa parte. Fui ao seu quarto e bati na porta.

- Mel? - disse após bater

- Pode entrar! - gritou ela lá de dentro.

- Você já almoçou? - disse sentando na cama, ela estava deitada fazendo algo no celular.

- Ainda não. Estava esperando você chegar, não gosto do fato de comer só e como a mamãe sempre almoça no centro... - falou ela virando os olhos. - enfim, você já sabe.

- Mel, você sabe que ela é bem ocupada lá, se ela pudesse viria sempre, mas as coisas não são tão simples assim. Agora vamos comer que estou com fome. - ao terminar de falar, peguei o celular de sua mão e sai correndo.

- ADAM! - gritou ela saindo correndo atrás de mim. - me devolve seu filho da... - antes de terminar a interrompi.

- OPA! Olha lá o que vai dizer. - ambos rimos e então devolvi seu celular.

Sempre fomos muito unidos, assim como também sempre tiramos brincadeiras um com o outro. Lembro que quando criança, ela me fez tomar perfume alegando que era bom e parecia refrigerante. E claro, eu acreditei. Ela foi a descobrir sobre minha condição sexual. Descobriu isso há uns dois anos quando eu estava conversando com um garoto, de uma forma mais "íntima" e, como ela sempre foi curiosa, logo me questionou muito até eu confessar. Eu chorei muito pedindo para não falar pra ninguém que eu iria parar e ela riu de meu desespero. "Como é ingênuo. Você acha que eu não sei que você só assistia a ginástica artística por causa das calças apertadas dos atletas" dizia ela rindo, enquanto eu chorava muito. No início achava estranho falar a respeito, mas hoje já conversamos normalmente sobre isso. Conversamos com a mãe logo em seguida, ela achou que conselhos de uma mãe nesse momento de minha vida seriam importantes. Agradeço a ela por isso, minha mãe foi muito gentil e me encaminhou pra não tomar decisões erradas. E como dito, não contei pro Enzo e Amélia porque ainda não achei necessário.

- O que fará hoje à tarde? - me perguntou colocando o prato com sua comida na mesa americana e sentando em seguida. Eu já havia sentado.

- Irei estudar com o Enzo, ou melhor, irei dar uma aula de reforço. Porque convenhamos, ele sabe menos que nada. - eu sorri ao acabar de falar.

- Huum, não sabia que estava dando aulas privadas. - falou em tom irônico.

- Eu entendi o que quis dizer. - lhe dei um empurrãozinho.

- O que eu quis dizer? Como assim? - ela ironizou novamente e riu. - O Enzo é tão... Gato! Com certeza eu o pegaria se não fosse seu amigo e morasse praticamente aqui... - ela parou de falar e me olhou. - Você nunca deus uns amasso nele Adam?

- Que? - falei me engasgando com a comida, a essa altura já deveria está vermelho. - Você é louca? Óbvio que não. - falei me recompondo.

- Mas... - tentou falar, interrompi.

- Mas nada Mel, não cria novela onde não existe. - falei sério.

- Tá, desculpa. Não falo mais nada. - falou levantando as mãos de rendida.

Depois de comermos, ela subiu para seu quarto enquanto fiquei na cozinha lavando a louça. Subi para meu quarto em seguida e coloquei na Netflix pra ver séries. O sono começou a bater antes de terminar de ver o episódio. Mas continuei lutando contra ele, pelo menos até o episódio acabar. Obviamente eu falhei.

Abro os olhos devagar, o computador está com a tela baixa e o quarto um pouco escuro. Não me lembro de ter desligado o notebook. Devo ter feito isso enquanto dormia.

- Já estava na hora. – alguém diz isso me fazendo dar um pulo da cama. Era o Enzo, sentado do outro lado da minha cama. – Achei que iria ter que começar sozinho. – ele fala sorrindo, sabe que me assustou e ainda faz graça.

- Você é louco? Quase tive um ataque aqui. – falo colocando a mão no coração. Certo, talvez eu estivesse sendo um pouco dramático.

- Por acaso pareço um fantasma? – ele sorri enquanto fala.

- Deveria ter me acordado e não ficado parado aí.

- É que você parecia cansado, e eu não quis atrapalhar seu sono. Você sabe que você ronca né?

- Ridículo, sou quase uma donzela. Como poderia roncar? – jogo um travesseiro nele que agarra sem dificuldade. Tão atento. – Vou tomar um banho, não começa a estudar sem mim.

- Como se eu fosse conseguir.

Peguei um short e uma camisa regata no guarda roupas e fui para o banheiro. Como havia dito, sou inseguro quanto a minha aparência, não troco de roupa na frente de ninguém, às vezes só a camisa. A Amy costuma dizer que não entende essa minha frustração desnecessária e que me acha um "magro charmoso". Diz até que namoraria comigo se não fossemos amigos.

Quando voltei pro quarto, o Enzo estava deitado na cama com os olhos fechados e escutando música com os fones no ouvido. Ele era realmente muito lindo. Seu cabelo estava bagunçado e sua respiração calma. Deitei-me na cama e tirei um dos fones e coloquei no meu ouvido. Estava tocando New Rules da Dua Lipa.

- Você tem mesmo um ótimo gosto musical.

- Graças a quem? – ele abriu os olhos e me olhou sorrindo de leve. Sim, isso me deixou um pouco tímido. Eu já havia lhe feito algumas playlists, já que ele não era ligado nesse mundo.

- Vamos adiantar nos estudos, tenho muito trabalho a ser feito. – digo e me levanto até a mesinha que tinha próximo a janela do meu quarto.

Passamos quase quatro horas estudando. Expliquei toda a noção inicial do assunto e enquanto entendia o restante do assunto ele revisava o que já havia passado. A única matéria que ele tinha dificuldade era matemática, de resto ele tirava de letra. Até melhor que eu em algumas.

- Preciso de descanso. – falei esticando os braços para cima.

- Se você precisa imagina eu.

Deitei na cama e comecei a mexer no celular. O Enzo ficou sentado guardando algumas coisas na sua bola. O seu celular toca e ele atende.

- Oi mãe? - disse após atender. - Sim, chegou?... Certo... Chegou a ver?... Ok... Vai precisar que eu vá agora?... Está bem, tchau. - ao desligar, sua feição mudou completamente, parecia preocupado.

- O que houve? - perguntei

- Eu tenho que ir, depois a gente continua. – ele parecia muito nervoso.

- Pode ser, mas você vai me contar o que houve depois né?

- Falo sim. - falou ele se levantando.

- Certo! Qualquer coisa manda mensagem - disse dando um abraço. Ele me abraçou e agradeceu, saindo em seguida.

Enzo era o tipo de amigo brincalhão, seguro de si, e divertido. Pra ele não havia tempo ruim. Também era bem protetor e com uma personalidade muito forte. Dificilmente algo o deixava abalado. Fiquei muito intrigado com essa ligação que ele recebeu. Não agiu na sua forma mais normal.

Comentários

Há 1 comentários.

Por luka em 2017-10-03 02:31:40
Esse conto esta mt incrível! 😀