O Meu Melhor Amigo
Parte da série Cronicas de alguém sem sentimentos.
Talvez começar essa série por esse cara seja um modo de dizer desde o começo "é sempre bom não sentir nada" ou talvez não. Meu nome é Heitor, mas todo mundo me chama de Thor desde sempre. Deve ser estranho você estar lendo uma serie que diz que o autor não sentimentos, mas isso será explicado meu caro leitor.
Eu vou contar a historia que envolve o meu melhor amigo, Victor, aquele que eu não trocaria por nada no mundo, aquele a quem podemos confiar o selo de "é você e mais ninguém". Acontece que na amizade, existem algumas regras e duas delas exemplificam muito essa historia toda:
- CONFIE EM SEUS AMIGOS PRA TUDO, MAS PRA TUDO MESMO;
- SE VOCÊ É GAY/BI E TEM UM AMIGO TAMBÉM GAY/BI, VOCÊ SAI COM ELE EM ALGUM MOMENTO DA SUA VIDA.
É isso explica muito e quase nada, por dedução já podemos dizer que esse humilde autor já saiu com seu melhor amigo e fim...mas não tão fim assim; explicarei.
Victor e eu nos conhecemos por meio de uma amiga-que em questão é a minha melhor amiga (entenda caro leitor que ha diferença de gênero para essa posição na hierarquia de relações humanas)-acontece que essa amiga sempre me comparava a ele, sempre dizia como eramos parecidos tanto em aparência quanto em atitudes e eu sempre tive curiosidade de conhece-lo, afinal o cara era igual a mim né.
NÃO, NÃO ERA.
Ele poderia parecer um pouco que seja comigo, mas era completamente diferente, ele era uma bixa e naquela época eu simplesmente expurgava de mim qualquer pensamento de gostar de outro cara e conviver com ele seria complicado afinal estudávamos juntos, íamos pra casa juntos e as pessoas perguntavam se eramos irmãos (confesso que tivemos uma época de irmãos, mas durou pouco). Algum tempo depois eu comecei a ver nele um amigo de verdade e podia confiar tudo a ele, até meus desejos.
Um dia ele me disse que era gay e tinha medo de me contar e eu me afastar dele, eu simplesmente o abracei e disse:
-Não importa, seremos sempre amigos não importa o que diabos você seja...e confesso q..que...que...sou meio confuso com o que eu gosto.
Naquele momento ele sorriu pra mim e começamos ali a ser melhores amigos mesmo; a partir daquele dia nossas conversas envolviam muitos outros assuntos e muitas coisas a serem faladas, até que:
Vick:> Sabe, eu queria saber como é beijar um cara
É seria legal experimentar isso kkk <:Thor
Vick:> Porque a gnt não tenta??
Tentar como? <:Thor
Vamo sair por ae perguntando qm qr sai
com a gente?
Vick:> Não né kkk
Eu e vc :$
Ja q a gente é amigo, a gente poderia fazer
isso juntos né? kkk
Pode ser kkk <:Thor
Amanha depois da escola a gente pode
ir na casa da Karol
Nunca tem ninguem nesse horario la
Vick:> É msmo *.*
Ela ja sabe de tudo msmo
Então...até amanha kkk <:Thor
Vick:> ATÉ :D
E assim foi marcado o nosso primeiro beijo gay, na verdade só o primeiro dele (eu acho), eu estava realmente nervoso, o dia seguinte seria o dia em que eu iria beijar meu melhor amigo, beijar alguém que eu realmente confiava e gostava de mais. No outro dia nós nos vimos, conversamos normalmente, não tocamos no assunto por mais que eu quisesse muito falar sobre aquilo, nenhuma palavra foi dita e assim foi até o fim da manhã quando saímos da escola e realmente fomos pra casa da Karol. Ela morava perto da escola então fomos a pé, num silencio desconcertante, até que:
-Então vocês vão se pegar né? -Karol falou pra gente no meio da rua.
-É! -Falei o mais baixo possível, olhando pra todo lado me assegurando que não havia ninguém pra ouvir aquilo.
-Sim, a gente combinou tudo certo ontem -Ele falou meio cabisbaixo também mas num tom muito empolgado, deu até um pouco de raiva de perceber que ele tava feliz por aquela situação.
Nós continuamos caminhando até chegar a casa dela e la aconteceu, eu estava tão nervoso e com tanta vergonha que parecia que o meu coração iria sair pela boca. Nós nos beijamos por 1 minuto no máximo e assim que nossa amiga ascendeu a luz nós paramos.
-Entããão? Foi bom? -Perguntou ela com um sorriso imenso no rosto- Isso foi realmente nojento sabiam? Se fossem duas mulheres seria beem melhor -sim caro leitor, sim.
-É, foi legal -eu realmente devia estar roxo de vergonha naquele momento.
-Foi ótimo, eu adorei -Ele falou aquilo com um sorriso na boca e com o topo das bochechas rosa.
Digamos que depois daquilo eu não consegui mas olhar pra cara dele, falar diretamente com ele ou simplesmente comentar sobre aquilo, por um dia inteiro eu fiquei com vergonha do que eu tinha feito e ele parecia tão...normal, tão ele, tão 'como se nada tivesse acontecido'.
Nossa relação de melhores amigos mudou muito a partir dali, nós tínhamos mais intimidade um com outro e mesmo não tendo mais vergonha daquilo, eu e ele não nos beijamos mais.
ATÉ QUE...
Fomos a uma festa de família da Karol e depois fomos dormir na casa dela, foi a noite mais incrível que passei, era a primeira vez que dormia na casa de um amigo e a primeira que passava com ele. Nós dormimos juntos no mesmo colchão e por estar frio, nós meio que nos abraçamos, nós dormimos agarrados, de conchinha, como um casal, foi estranho, mas pra mim tava de boa; ele então virou pra mim, olhou nos meus olhos, botou uma mão em meus cabelos e começou a acaricia-los e com a outra mão ele segurou a minha, eu então soltei a minha mão e agarrei sua cabeça e comecei a beija-lo, nós nos beijamos a noite toda, nos acariciamos, mas não fizemos nada mais que isso.
Sempre que ficávamos sozinhos ou com a Karol, nós nos beijávamos, ficávamos abraçados e juntos, mas pra mim sempre foi amizade, nunca tive por ele um sentimento diferente de amizade ou vontade de beijar, nunca reparei que eu sentia alguma coisa por ele; nossa relação nunca foi sexual, sempre que avançávamos um pouco eu freava, sempre tive receio do sexo, não sei porque, nunca quis nem inciar uma preliminar.
Nós ficávamos muito, sempre estávamos juntos e era sempre eu e ele até o ano novo, nós passamos juntos e bebemos muito, ele simplesmente virou pra mim com um rosto alcoolizado e sério ao mesmo tempo
-Eu preciso conversar com você
-Ok, pode falar
-Eu te amo
-...
-E sempre te amei, desde quando a gente se conheceu, e todo esse tempo que nós passamos juntos só fez isso aumentar dentro de mim
-... -eu não sabia o que falar, eu estava sem expressão alguma
-Eu acho que você ta bêbado Vick -Karol falou em tom de brincadeira
-É eu também acho isso -falei isso dando risada- ta na hora de dormir Vick, vamos la que você ta muito ruim e nem sabe o que ta faland...
-Mas é verdade eu sempre senti isso e quero ficar sério com você
Nada mais passa pela minha cabeça, apenas 'o que eu faço agora?', eu o levei pra dormir e eu continuava sem reação eu não sabia o que pensar, o que falar, como reagir; coisas como: "como alguém pode gostar de mim?", "ele deve ta confundindo muito as coisas, somos só amigos", não paravam de passar pela minha cabeça.
NUNCA MAIS FALAMOS SOBRE ISSO, NUNCA MAIS FICAMOS E ELE SE TORNOU UMA PESSOA TOTALMENTE DIFERENTE COMIGO.
Ele realmente me amava e eu falei um 'ta e dai?' bem grande na cara dele, como alguém poderia ser tão indiferente com os sentimentos alheios? Como alguém poderia não ter tido uma conversa decente e posto tudo na mesa? Então eu entendi o que eu fiz, eu preferi ter ele como meu melhor amigo pra sempre do que tentar um relacionamento, estragar tudo e nunca mais poder ter ele perto de mim, porque eu gosto dele, como amigo e como algo mais, não consigo saber se é amor, só sei que sinto falta dele, sinto falta de abraçar ele e de beija-lo, sinto falta de poder passar minha mão no cabelo macio dele no momento que eu quisesse e não se ele pedir.
Acontece que eu sempre passei uma imagem de pessoa que não liga pra nada, que não demonstra sentimento e que é indiferente pra tudo e depois desse ano novo, eu piorei, me fechei mais ainda e escondo o que sinto até de mim mesmo e assim começa a historia de alguém que não tem sentimentos, tendo tantos sentimentos escondidos que se torna um babaca até com que ama.