Capítulo 16 - Uma desagradável Surpresa

Parte da série Um amor nas estrelas

Eu estava sentado na varanda do meu quarto olhando as estrelas que estavam brilhando no céu. Meus pensamentos estavam em como o Miguel ficaria quando eu partisse, não queria que ele sofresse muito, queria que ele fosse feliz e que lembrasse do nosso relacionamento como um momento maravilhoso que tivemos antes de eu ir. Mas sei que se ele ficar pensando em mim o tempo todo ele nunca irá me esquecer.

Por isso eu tomei uma decisão, muitos dirão que eu estou fazendo uma coisa totalmente egoísta por não pensar nos sentimentos do Miguel, mas na verdade é isso que eu estou fazendo.

– Está pronto? – perguntou meu pai.

– Estou sim – eu disse limpando minhas lagrimas.

– Você estava chorando. O que houve?

– Nada que se preocupar, sou um adolescente, tenho uma vida amorosa conturbada. Normal chorar.

– Verdade, não diga isso para a sua mãe, mas eu sempre chorava quando discutíamos.

– E foi por isso que vocês estão juntos até hoje.

– Pois é.

– Vem, vamos. O irmão do Miguel volta hoje de viajem e os pais querem aproveitar para me apresentar.

Eu disse puxando meu pai.

Quando chegamos na sala eu vi Enzo sentado no sofá e assistindo um desenho que estava passando em um canal qualquer da TV acabo. Quando ele me viu soltou num enorme sorriso e veio correndo para o meu colo. Minha mãe apareceu e nós saímos de casa, entramos no carro do meu pai e seguimos para a casa do meu amor.

Quando chegamos eu saltei do carro e peguei Enzo no colo.

– Que bom que chegaram – disse Miguel me dando um beijo e pegando nosso anjinho no colo. Ele estava lindo naquela noite. Usando uma camisa social branca, uma calça jeans e um coturno de couro marrom. Seus cabelos loiros estavam presos em um coque alto lhe dando mais charme.

– Meu pai está quase chagando com o meu irmão – ele disse com uma carinha nada feliz.

– O que houve?

– Meu irmão tem 18 anos e ele é um idiota. Ele sempre desconfiou da minha sexualidade mesmo eu namorando com a Lola e sempre fazia piadinhas de mal gosto. Ele morava com a minha tia em outro estado, mas agora ele está voltando.

– Não quero que você se zangue atoa.

– Eu vou tentar.

– Eu convidei um amigo, tem problema?

– Claro que não amor, e quem é ele?

– Ele é o engenheiro da obra da ONG, um cara muito legal.

Ficamos conversando até a porta ser aberta e entrar um garoto que é um pouco mais alto que eu. Com a pele bem pálida e os cabelos pretos e seus olhos castanhos eram estranho, nada muito agradáveis. Ele era alto, não tão alto quanto o Miguel e tinha um corpo definido, mas não era musculoso que nem meu namorado.

– Voltei família – ele disse jogando a mochila no chão e seu pai entrou logo em seguida.

Ele viu Miguel sentado no sofá e ficou meio chocado olhando para o irmão.

– Caralho Miguel, o que aconteceu com você? Quando eu sai todos me confundiam com o mais velho, mas agora tu parece uma montanha de musculo.

Miguel se levantou e deu abraço apertado no irmão, mas tão apertado que pude ouvir um osso quebrando – tudo bem, eu estou exagerando.

– Porra, que cabelo é esse irmão? Parece um viado.

– Sabe como é né? Tenho que entrar no personagem.

– Como assim? Não entendi.

Seu pai entrou com mais uma mala e sua mãe pareceu na cozinha abraçando o filho e falando que ele estava lindo e tudo mais. Vi Miguel olhando feio para o irmão e ele então me olhou e fez uma cara estranha, e falou uma merda bem na hora que meu pai entrou na sala.

– Quem é o franguinho?

Quando eu ia falar um homem vermelho de raiva disse:

– Quem você chamou de franguinho seu retardado – sim, meu pai pirou.

Bruno arregalou os olhos e ficou vermelho, mas não foi de vergonha. Ele ficou com vontade de rir e isso só deixou meu velho mais revoltado.

– Bruno, mal chegou e já está falando besteira. Se não comportar você volta a morar com a sua tia.

Disse seu pai e Bruno calou a boca na hora e ficou me olhando com uma cara estranha. Não gostei dele e o mesmo não gostou de mim. Quando Laura viu o irmão ela ficou meio com vergonha e ficou se escondendo atrás do Miguel. Bruno ficou chocado e com o olhos arregalado por ver a irmã com a cabeça raspada e um pequeno tubo em seu nariz.

Laura veio correndo até mim e abraçou a minha perna olhando para Enzo que estava sentado no sofá observando toda a discussão.

– Quem é esse menino estranho?

– Laura, ele é o Enzo. Mora comigo agora.

– Oi.

– Ele não te entende muito bem, ele é italiano.

– Menino mal educado. Não entende as pessoas. E quem é você? – ela perguntou para o Bruno que ainda estava chocado com a irmã.

– Oi Laurinha, sou eu maninha.

– Hummmm. Bruno?

– Sim.

– Você está diferente, cresceu mais.

– Pois é.

Ele disse olhando para os pais e recriminando-os com os olhos por não terem contado a situação da sua irmã caçula. Ficamos um tempo em silencio até ver o Pablo olhando para todos do lado de fora, ele acenou para mim que fui até ele.

– Com licença.

– Oi Pablo, pode entrar. Gente esse é Pablo, ele é um amigo muito querido e é o engenheiro da obra da ONG.

Todos ficaram animados com em conhecer o Pablo, até meu pai esqueceu que eu tinha sido chamado de franguinho. Ele tinha voltado a ficar animado e conversava com as crianças em Italiano e português. Eu peguei na mão do Pablo e o levei até o Miguel que ainda estava meio bolado com o irmão.

– Mi, esse aqui é o Pablo.

Senti que Pablo ficou um pouco tenso e eu o empurrei e ele acabou esbarrando no Miguel, que deu um sorriso sem graça e estendeu a mão para o meu amigo.

– Prazer Pablo, muito bom conhecer amigos do Alex.

– Muito prazer. Ele fala muito de você.

Miguel deu um enorme sorriso e foi falar com o pai que estava o chamando. Pablo me agarrou pelo braço e me arrastou para uma parte afastada de todos, vi que ele estava meio estranho e disse:

– Isso não vai dar certo, ele nunca que vai ficar comigo. É só olhar para ele para perceber que ele te ama. Esse seu plano é a coisa mais besta que eu já vi em toda a minha vida...

– Primeiro respira. Segundo, ele vai te conhecendo melhor e quando vê que você é um ser humano incrível, ele vai se apaixonar.

– Fala como se isso fosse muito fácil. Você sabe que não é.

– Eu sei, mas cara... tenta por mim. Por favor.

– Eu ainda acho isso uma loucura, mas ele é seu namorado.

– Valeu.

Eu disse e puxei o Pablo pelo braço. Todos estavam indo para a sala de jantar, era onde nós iriamos... jantar – bem obvio isso né Alex. Eu me sentei ao lado do meu amor e Pablo se sentou do outro lado. Seu irmão ficava olhando estranho para nós dois, como se desconfiasse de alguma coisa, o que era meio obvio.

– Então quer dizer que esse tempo todo os dois estavam juntos? – perguntou a mão do Miguel.

– Pois é – ele diz pegando em minha mão. – Esse baixinho me fisgou no momento em que ele olhou nos meus olhos.

Eu dei um pequeno sorriso e apertei a sua mão.

– Pera ai. Vocês dois são mesmo viados? – perguntou o meu querido cunhadinho. Todos que estavam, na mesa conosco ficaram quietos quando ouviram aquelas palavras saindo da boca do Bruno.

– Como... – eu não deixei Miguel se levantar e disse:

– Bruno né? – eu perguntei olhando em seus olhos e ele concordou. – Bruno, por acaso você está vendo um chifre na minha cabeça?

– Não.

– Eu ando de quatro que nem um animal quadrúpede?

– Não.

– Tenho cascos?

– Não.

– Então não, eu não sou "viado". E a pronuncia certa é veado que é um animal muito lindo por sinal. Então antes de falar uma coisa sem sentido que nem me chamar de "viado", homossexual faz mais a minha praia. Só não vai sair por ai gritando que eu sou homossexual. E mudando de assunto esse frango está muito bom, foi você que fez?

– Não – disse a minha sogra um pouco sem graça. – A empregada.

– Vou falar para a Cristal fazer também, a comida dela está parecendo comida de doente.

Eu disse e calei a boca quando percebi o que tinha falado.

– Come Miguel – disse enfiando o garfo na boca do meu namorado.

A atenção deixou de ser redirecionada a mim e voltou para a comida, eu fiquei mais tranquilo, mas ainda sim vi que meu cunhadinho que eu tinha me esquecido que existia me olhava com uma cara nada simpática, mas se ele fosse meu inimigo eu nem ligaria, daqui três meses não estaria mais vivo.

***

Depois do jantar as pessoas se juntaram para conversar e eu fiquei sentado no sofá ao lado do Miguel e do Pablo, os dois tinham se dado super bem e conversavam sobre muitos assuntos. Confesso que meu coração apertou muitas vezes, mas entendi que foi uma decisão minha e que não ia voltar atrás.

Miguel ia gostar do Pablo e os dois ficariam juntos quando eu não estivesse mais aqui.

Só espero que o Miguel não descubra e venha cair de pau em cima de mim. Depois de um tempo os dois já tinham trocado numero de celular e estava na hora de irmos embora. Eu não vi mais o Bruno no resto da noite e Miguel infelizmente não foi para a casa comigo por que tinha que trabalhar no dia seguinte.

Me despedi dele com um abraço assim como o Pablo e fomos caminhando para o seu carro.

– Foi muito bem hoje, vocês dois já são amigos.

– Ai Alex, está me dando uma coisa estranha. Não acho certo fazermos isso com você e com ele. Os dois se amam de mais para acontecer isso.

– Pablo,. escuta uma coisa. Eu vou morrer em poucos meses, não posso deixar o Miguel sozinho nesse mundo e sofrendo por mim. Ele já tem o Enzo, mas sei que só ele não será capaz de tapar esse buraco que infelizmente eu deixarei em sua vida. Bom, assim seria comigo.

– E você acha que se eu ficar com o Miguel, ele vai esquecer de você? Isso não vai acontecer.

– Sei que não, mas ele vai superar mais rápido.

– Vi que discutir com você não irá me levar a lugar nenhum.

– Exatamente.

– Te ligo amanha?

– Sim...

Ele me deu um abraço apertado e entrou no seu carro, eu respirei fundo e voltai para o carro do meu pai. Enzo já estava dormindo no banco de trás, então eu coloquei sua cabeça sobre meu colo e fui cantando uma musica qualquer para ele não acordar.

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Continua.

Oi pessoal, desculpa a demora. Sei que não posto muito esse romance, mas agora eu passarei a portar todo domingo assim como os meus outros. Palavra de escoteiro. Espero que tenham gostado.

Beijão.

Comentários

Há 2 comentários.

Por hugo em 2015-03-31 23:59:25
Hum de for igual no culpa é das estrelas estamos enrolados valores chora mto continua ansioso
Por jpli em 2015-03-29 21:35:40
Eu espero do fundo do meu coração que ele encontre a cura por favor não suporto a ideia de ele morrer.