Capítulo 15 - Uma Nova Amiga
Parte da série Um amor nas estrelas
Oi pessoal, desculpem a demora, mas minha vida está bem corrida e semana que vem eu vou fazer uma entrevista e se passar vai ficar mais complicado postar os contos. Espero que vocês gostem, beijão a todos.
Adriano.
-ooOoo-
Eu estava correndo um por um corredor escuro, não sabia bem onde estava, mas eu ouvia vozes chamando o meu nome e aquilo me assustava muito. Eu não sabia o que fazer, então a a única coisa que fiz foi continuar correndo. Vi uma luz forte no fim do corredor.
Quando cheguei vi que estava em uma sala espelhada e tinha meu reflexo para todos os lados, mas o pior de tudo é que eu estava muito acabado, com olheiras profundas e rochas, minhas pele pálida me assustada e meus lábios roxos eram horríveis. Então eu fui me aproximando do reflexo e vi que meu nariz estava sangrando, então eu passei a manga da minha camiseta, mas o sangue não parava de cair.
Então eu senti um gosto de sangue na minha boca e percebi que não parava de sangrar, então saiu sangue dos meus ouvidos e eu não sabia mais o que fazer a não ser gritar, eu estava desesperado e não sabia como parar.
Então minhas vistas foram ficando escuras, elas embasavam e voltavam ao normal, então eu me desesperei, o que mais tinha medo era de ficar cego e não poder aproveitar meus únicos meses restantes de vida. E minhas vistas foram ficando escuras, escuras e quando percebi não via mais nada.
Acordei num pulo e fiquei respirando fundo, olhei para os lados e percebi que Miguel acordava com preocupado me olhando, senti uma vontade enorme de vomitar, mas eu segurei.
– Está tudo bem meu amor?
– Tive um pesadelo ruim.
– Está tudo bem, foi apenas um pesadelo.
– Era tão real Miguel, amanha eu quero ir ao medico.
– Porque, você sonhou com o que?
– Eu estava sangrando pelo nariz, pela boca e pelo ouvido. Mas o pior de tudo foi quando eu fiquei cego.
– Cego? – ele perguntou com os olhos arregalados.
– Eu não quero ficar cego meu amor – eu disse já com a voz embargada.
– Ei, você não vai ficar cego. Eu comprei nossas passagens de avião para a próxima semana.
– Para onde nós vamos mesmo? Minha cabeça está uma loucura com a obra da ONG.
– Vamos para o Peru, sei que você sempre quis conhecer Machu Picchu, então acho que vai ser uma boa.
– Tudo bem.
– Agora tenta dormir, não quero que fique acordado.
Eu concordei com a cabeça.
Então me abraçou por trás e deu um beijo na minha nuca. Eu fiquei olhando pela janela do meu quarto pensando no jantar do dia seguinte onde eu iria apresentar Pablo para Miguel e minha família, ele não achou meu plano muito bom, mas mesmo assim eu estava decidido em seguir adiante e queria que ele estivesse junto comigo.
Mesmo não o conhecendo, eu sabia que ele era de bom coração e seria perfeito para ficar com Miguel quando eu morresse.
Depois de ficar um tempo pensando no que eu iria fazer eu acabei pegando no sono e dormi o resto da noite sem nenhum pesadelo.
***
No dia seguinte eu estava na frende do meu Dr. Eu queria saber se tinha algum perigo de eu perder a minha visão, ele estava olhando os exames que tinha acabado de fazer e meu pai estava ao meu lado segurando minha mão e ele estava tão nervoso quanto eu.
– E então Doutor, tem algum perigo de eu perder a minha visão?
– Olha Alex, isso é um pouco complicado. Nos seus exames não diz se é 100% comprovado que você perdera a visão, mas também não afirma que você pode não perder. O tumor na sua cabeça é muito forte, como sabem é mortal e você pode sim ficar cego, mas se Deus quiser isso não vai acontecer.
Nosso médico era muito religioso.
Aquela noticia não me deixou menos preocupado, então eu podia mesmo perder minha visão, podia não ver Miguel no meu ultimo dia de vida, simplesmente eu só iria lembrar de sua voz doce e linda voz. Aquilo me deu uma angustia e eu soube na hora onde ir.
– Pai, eu vou passar na oncologia infantil, você pode ir para a casa.
– Tudo bem, mas eu não vou para a casa, tenho que trabalhar filho. Você esqueceu?
Disse ele beijando minha cabeça e eu apenas soltei um pequeno sorriso.
Ele entrou no elevador e eu fui ver as crianças que eu tanto amo. Quando cheguei todos estavam sentados em círculos brincando de algum jogo e quando me viram se levantaram correndo e vieram me abraçar.
– Como vocês estão meu amores? – eu perguntei sorrindo.
– BEM! – eles gritaram todos juntos.
– E você senhorita Laura, soube que andou fazendo fofocas.
Ela me olhou meio tímida e mexeu na barra do seu vestido.
– Papai me prometeu doces, eu não pude recusar.
– Está tudo bem anjinho. Agora me diz, o que vocês estavam fazendo?
– Íamos cantar – disse Paulinha, uma garota de olhos claros muito lindos. – Quer cantar com a gente?
– Claro, eu ia adorar cantar com vocês.
Eu disse sorrindo.
Então a porta da sala se abriu chamando a atenção de todas as crianças, eu pensei que fosse Miguel, mas me lembrei que ele estava trabalhando, então não era ele. Uma menina entrou e as crianças se levantaram correndo e gritando assim como fizeram comigo, eu estava sorrindo da menina que estava tentando se equilibrar.
Ela tinha a pele parda com os cabelos escuros da altura da cintura com uma trancinhas que me pareciam indígena. Ela estava usando uma camiseta regata da cor amarela e uma bermuda da cor marrom, um coturno marrom e uma bolsa transversal. Em uma das suas orelhas tinha uma pena de pavão.
Seu ante braço tinha uma tatuagem de um amuleto dos sonhos.
– Calma meus Cupcakes, estou de volta.
Ela disse super gentil.
– Desculpa a demora Mari.
– Imagina, vem quero que conheça alguém – disse Mari puxando-a até mim. – Esse aqui é o Alex, ele é o amigo do Miguel que eu te falei.
Quando eu ia falar com ela, Laura entra na frente e fala.
– Na verdade, ele é namorado do meu irmão.
Quando Laura disse aquilo todas as crianças me olharam curiosas e eu fiquei super sem graças assim como a Mari que tentou responder as perguntas das crianças, a garota ficou me olhando e acabou soltando uma pequena risada.
– Prazer Alex, me chamo Lorena.
– Prazer em conhece-la Lorena.
– Então você é o garoto que roubou o coração do Miguel?
– Você o conhece?
– Se eu o conheço? Somos muitos íntimos na verdade.
Quando ela disse isso eu senti uma pontada de ciúmes e ela percebeu soltando mais uma risada.
– Fica tranquilo que quando eu digo íntimos, quer dizer que ele me odeia – ela disse soltando uma gargalhada e eu chocado. – Mas fica tranquilo, ele também não é minha pessoa favorita.
– Serio?
Mari chegou bem na hora.
– Eu nunca vi duas pessoas que adoram discutir. Lorena sempre acha que está certa e Miguel sempre acha que ela está errada – disse a mulher dando uma pequena risada sapeca. – Uma vez voou até uma cadeira para você ter uma noção.
– Ele me chamou de burra – ela disse desdenhando enquanto olhava suas unhas e eu acabei dando risada da situação. – Mas não estamos aqui para falar daquele estereotipo de surfistas fortão, não é mesmo? Estamos aqui para alegrar esses Cupcakes. Sabe cantar coração?
– Mais ou menos.
– Perfeito. Todo mundo fazendo uma rodinha no chão.
Ela chamou as crianças que voltaram correndo para os seus lugares.
– Eu começo e você me acompanha, pode ser? – ela perguntou para mim.
– Por mim tudo bem.
Eu disse sorrindo, então ela pegou seu violão e começou:
All About That Bass - Meghan Trainor
Because you know I'm all about that bass
'Bout that bass, no treble
I'm all 'bout that bass, 'bout that bass, no treble
I'm all 'bout that bass, 'bout that bass, no treble
I'm all 'bout that bass, 'bout that bass
Yeah it's pretty clear, I ain't no size two
But I can shake it, shake it like
I'm supposed to do
'Cause I got that boom boom that all
The boys chase
All the right junk in all the right places
I see the magazines working
That photoshop
We know that shit ain't real
C'mon now, make it stop
If you got beauty beauty just
Raise 'em up
'Cause every inch of you is perfect
From the bottom to the top
Yeah, my momma, she told me
"Don't worry about your size"
She says, "Boys like a little more booty
To hold at night" (booty,booty)
You know I won't be no stick figure
Silicone barbie doll
So, if that's what's you're into
Then go ahead and move along!
Because you know I'm all about that bass
'Bout that bass, no treble
I'm all 'bout that bass, 'bout that bass, no treble
I'm all 'bout that bass, 'bout that bass, no treble
I'm all 'bout that bass, 'bout that bass
I'm bringing booty back
Go ahead and tell them
Skinny bitches "hey"
No, I'm just playing I know you
Think you're fat
But I'm here to tell you
Every inch of you is perfect from
The bottom to the top!
Yeah, my momma she told me
Don't worry about your size
She says, "Boys like a little more
Booty to hold at night"
You know I won't be no stick figure
Silicone barbie doll
So, if that's what's you're into
Then go ahead and move along!
Because you know I'm all about that bass
'Bout that bass, no treble
I'm all 'bout that bass, 'bout that bass, no treble
I'm all 'bout that bass, 'bout that bass, no treble
I'm all 'bout that bass, 'bout that bass
Quando terminamos as crianças começaram a gritar e bater palmas.
Lorena canta muito bem, a garota conseguia alcançar notas altas que eu fiquei muito chocados. Quando eu olhei para ela, a mesma estava me olhando com um pequeno sorriso de lado.
– Mais ou menos?
– Você canta melhor que eu – eu disse sorrindo.
– Não discordo, e eu odeio falsa modéstia – ela disse piscando para mim que cai na risada.
Depois cantamos mais algumas musicas de alguns cds infantil e mais algumas que as crianças escolheram, quando eu olhei no relógio vi que estava quase na hora de Miguel vir me pegar, então me despedi do pessoal e quando estava saindo ouvi alguém gritando meu nome, quando eu me virei vi que era a Lorena vindo correndo com seu violão.
– Eai gatão, tem tempo para um sorvete?
Então eu olhei para o meu relógio de pulso que eu não tinha e disse sorrindo:
– É acho que eu tenho um tempinho sim.
– Perfeito, tem uma sorveteria aqui muito boa, acho que você conhece já que o carrapato do seu namorado conhece.
– Não chama ele de carrapato.
Eu disse sorrindo e ela nem ligou e foi me puxando.
Pedimos nosso sorvete e ficamos conversando por um tempo e eu sempre atento para ver se o Miguel não apareceria e entraria no hospital me procurando.
– Então Lorena, porque você ajuda as crianças?
– Eles são a minha vida – ela disse apoiando o seu rosto em sua mão. – Minha mãe morreu de câncer de mama quando eu era criança e a pouco eu descobri que tenho 95% de chances de contrair a doença, mas não resolvi me abalar, aquelas crianças estão passando por coisas piores e eu vejo eles sempre sorrindo... Acho que é por isso que eu não me abalo, mas e você Cupcake, porque está nessa? Por causa do seu namorado?
– Na verdade eu tenho tumor no cérebro, maligno e tenho apenas poucos meses de vida.
Eu disse olhando para ela esperando a mesma reação de todo mundo, Com uma cara de pena, dizendo que eu era um coitado e com dó de mim, mas ela foi diferente. Ela escutou tudo sem nenhuma expressão no rosto, contei sobre as minhas viagens, sobre o Lorenzo que estava na aula de português em uma hora dessas. Contei que já estava com a passagem marcada para o Peru e quando terminei de falar seus olhos estavam brilhando.
– Incrível, sua iniciativa de conhecer o mundo e ainda adotar uma criança órfã que acabou de perder a mãe mostra que você tem um bom coração, acho que o estorvo do seu namorado tem muito orgulho de você – ela disse e eu dei risada.
E também contei sobre a ONG que eu estava montando com o meu pai.
Nessa hora eu vi os olhos da Lorena encher de lagrimas.
– É a coisa mais bonita que eu já ouvi na minha vida. Espero um dia poder trabalhar lá.
– Se você quiser, a primeira vaga já é sua...
– Cara você é de mais. Não sei como pode namorar alguém como o Miguel.
– Acho que você não o conhece direito.
– Vamos ver... – ela disse batendo a ponta do dedo indicador do queixo e pensando em algo – ... Uma vez todos combinamos de levar as crianças em um sitio no interior no estado. Estava tudo beleza, ai eu dei uma ideia de lazer, mas Miguel fez a minha ideia parecer perigosa e assustadora.
– Qual era a atividade?
– Tirolesa. Então discordei disso e disse que ele estava com inveja por eu ter tido uma ideia tão boa e ele ficou com corrida de saco, então ele me chamou de mofada. MOFADA, então eu chamei ele de passiva, então ele tacou uma papa de um dos pacientes do hospital na minha cara.
Eu estava com os olhos arregalados e ela continuou.
– Então eu fui mais exagerada e comecei a arremessar pratos e ele cadeiras e quando fomos ver até as mesas do refeitório estavam viradas.
Eu estava rindo de mais com aquela historia totalmente sem noção do Miguel e de sua amiga. Quando estávamos conversando sobre filmes e musicas eu escuto alguém me chamar com uma voz nada simpática e quando eu olho, vejo Miguel vindo em nossa direção com uma cara nada boa.
– Posso saber o que você está fazendo com essa terrorista?
– Miguel! – eu disse o repreendendo.
– Ele está conversando, ao contrario de você que só saber roncar que nem um porco.
– Não me provoca mofada.
– Que brigar passiva?
– Gente! – eu chamei e os dois me olharam. – Podemos agir que nem pessoas educadas?
Vi que Miguel ia falar mais alguma coisa, mas eu o olhei feio e ele calou a boca.
– Bom temos que ir buscar o Lorenzo.
Ele disse me puxando sem deixar eu me despedir da menina, quando eu me virei, eu acenei com a mão e ela fez o mesmo, só que de cara feia e ainda mostrou o dedo para o Miguel que abaixou as calças e mostrou a bunda, sim, eu morri de vergonha.
– Porque estava falando com aquela menina? – perguntou ele quando já estávamos dentro do carro.
– Ela é muito simpática.
Eu disse e ele me olhou incrédulo.
– Porque eu namoro com você?
Eu gargalhei e fomos a caminho da escola de idiomas.
*
Continua.