Capítulo 8

Parte da série Tribulações

Algumas vezes nós estamos tão ocupados pensando em uma coisa específica, que não prestamos atenção em mais nada do que acontece ao redor. Deixamos passar detalhes que fazem diferença, alguns que podem até mesmo entregar segredos. E depois, quando toda a verdade vem à tona, você fica se perguntando: “Como eu não percebi antes? ”.

Ou então estamos tão desesperados procurando por uma coisa, ou esperando um acontecimento, que não percebemos quando essa coisa que procuramos aparece em na nossa frente.

Ficamos na piscina até sete horas da noite, ou mais! Estávamos na última (ou penúltima, não me lembro) semana do horário de verão, então ainda estava bem claro! A Angélica foi a primeira a sair, ela foi ao banheiro! A Bianca saiu depois e sentou-se em uma cadeira, eu fiquei sentado na borda da piscina e o Nicolas ficou dentro da água, ele demorou pra se soltar com a gente dentro da piscina.

Fiquei observando-o dentro da água, ele afundou e ficou um tempo embaixo d’água, quando voltou ficamos nos olhando, eu acabei viajando e quando recuperei a consciência tive aquela sensação de que eu estava olhando pra ele como um psicopata. Fiquei em pé quando vi a Angélica voltando e me sentei em uma cadeira ao lado dela. O Nicolas sentou-se na borda da piscina e nos olhou, eu estava ficando tenso com aqueles olhares dele, troquei um olhar com a Angélica, que estava se secando com a toalha.

Felipe: Vou me secar também...

Angélica: Aqui ó... - Ela disse enfiando a toalha na minha cara.

Felipe: Sem graça...

Joguei a toalha no colo dela e fui pegar a minha, o Nicolas logo veio atrás de mim, entramos na cozinha quase ao mesmo tempo.

Nicolas: Você quer tomar banho? - Parei e encarei-o, ele pareceu ficar sem graça - É que tipo, com todo o cloro da piscina, eu gosto de tomar banho... sei lá.

Felipe: Posso? - Falei sorrindo quando ele parou de tentar falar.

Nicolas: Claro! Sabe onde é o banheiro! Fica à vontade! – Ele sorriu também.

Felipe: Obrigado, Nick! – Deixei escapar o apelido! Fiquei extremamente envergonhado. Eu passei um tempo na piscina pensando nesse apelido, e agora deixei escapar sem querer, nem consegui olhá-lo nos olhos.

Nicolas: Por nada, Fe!

Ele me deixou e voltou lá pra fora, junto com as meninas. Eu peguei minha mochila e fui ao banheiro, os pais do Nicolas estavam sentados na sala, vendo TV... Eles me olharam e deram um sorrisinho, eu só ergui a mão e passei meio depressa, envergonhado.

Tranquei a porta do banheiro e tirei a roupa, abri o chuveiro e entrei debaixo, não demorei muito, até porque eu não estava na minha casa pra me dar esse luxo.

Quando finalmente saí do banho, encontrei os três na piscina ainda, quando a Angélica me viu, ela saiu e disse: "Estou indo então, Nicolas!".

Nicolas: Fica à vontade, Angélica.

Angélica: Obrigada!

Ele estava sentado na borda da piscina com a Bianca do lado, mas ela estava mais concentrada no celular do que em qualquer outra coisa. Me sentei ao lado do Nicolas, embora ainda envergonhado por conta do apelido.

Felipe: O que tá achando do seu aniversário?

Nicolas: Bem calmo e engraçado! - Ele riu - Do jeito que eu gosto!

Felipe: Que bom...

Nicolas: E você?

Felipe: Eu o que?

Nicolas: Tá gostando de estar aqui?

Achei estranha a pergunta dele... Mas o que eu poderia dizer?

Felipe: Claro! Por que não estaria?

Nicolas: Vai saber...

Felipe: Você é estranho... - soltei rindo.

Nicolas: Isso é bom?

Felipe: É sim... qual a graça de ser normal?

Nicolas: Nenhuma... - ele riu.

Felipe: Justamente!

Nicolas: Vocês são legais... achei que eu ia demorar pra achar um amigo por aqui... Mas aí vocês apareceram...

Felipe: Tem dificuldade pra fazer amizades?

Nicolas: Um pouco... sei lá...

Felipe: Sei...

Nicolas: Você não... pelo jeito...

Felipe: Não sei dizer... depende muito da outra pessoa...

Nicolas: Uhum...

Ficamos um minuto em silêncio, eu olhei pra Bianca, que estava vidrada no celular... E então o Nicolas voltou a falar: "Não sei você, mas eu to com vontade de tomar coca".

Felipe: Você é viciado em coca cola, né?

Nicolas: Aah, não sei direito... eu fico sem, mas se tiver em casa eu tomo bastante! Mas vai querer ou não? - Ele disse ficando em pé.

Felipe: Vou! - falei levantando também e indo pra dentro com ele. A Bianca ficou lá, acredito que nem percebeu quando saímos.

Seu cabelo já estava secando, retomando aquela aparência bonita, balançando mesmo com os pequenos movimentos que ele fazia com a cabeça, eu adorava seu cabelo, queria que o meu fosse igual, mas meu cabelo era um pouco grosso.

Nicolas: Acho que a Bianca nem sentiu nossa falta...

Felipe: Ela deve tá trocando mensagem com algum garoto...

Nicolas: Você acha?

Felipe: Tenho quase certeza... surpreso?

Nicolas: Um pouco!

Felipe: Eu também fico as vezes...

Nicolas: Maldade com ela... - Ele deu uma risadinha - Ela já namorou sério alguma vez?

Felipe: Não. Mas já ficou com alguns garotos...

Nicolas: Alguns?

Felipe: Com vários... - corrigi - Mas ela não é nenhuma pervertida nem nada do tipo...

Nicolas: E a Angélica, já namorou?

Respirei fundo, nos entreolhamos e ele ergueu as sobrancelhas quando comecei a demorar muito pra responder.

Felipe: Ela tentou! Mas o moleque foi muito retardado... Se ele não fosse duas vezes maior que eu, eu teria pego ele na porrada!

Nicolas: Nossa, mas o que aconteceu?

Felipe: Ah, uma hora, quando tivermos mais tempo, eu te conto! Mas ela ficou arrasada...

Nicolas: Eu imagino... vocês já eram amigos?

Felipe: Sim... - falei como se fosse óbvio (e era) - Fiquei sem saber o que fazer...

Nicolas: Vocês se gostam muito, né?

Fiz que sim com a cabeça.

Felipe: Uma das poucas pessoas pelas quais eu faço qualquer coisa...

Nicolas: Nossa... - ele disse um pouco sério.

Felipe: É... Ela é uma pessoa muito especial pra mim. - Falei tomando meu último gole de coca cola.

Nicolas: Eu entendo! - Ele sorriu. Mas então paramos de conversar sobre aquilo porque os pais do Nicolas entraram na cozinha silenciosos.

Eduardo: E aí, aniversariante, o que você preparou pra janta?

Nicolas: Ah, aguenta mais um pouco. Daqui a pouco os meus pais vão chegar e pagar uma pizza pra gente.

A Célia e o Eduardo deram risada. Eu sorri, achei fofa a brincadeira dele.

Célia: Pizza, boa ideia.

Eduardo: Topa, Felipe? Gosta de pizza?

Felipe: Claro! - Falei como se a ideia de pizza fosse surpresa pra mim.

Eduardo: As meninas também gostam?

Felipe: Sim! A Angélica, principalmente!

Eduardo: Ótimo! Querem escolher os sabores?

Nicolas: Tem que ter uma de frango com catupiry! – Ele riu.

Eduardo: Claro, o que mais eu podia esperar... - Ele sorriu - Mais alguma? Posso escolher?

Fizemos que sim com a cabeça, então ele pegou o telefone e voltou pra sala com a Célia.

Nicolas: Ele é uma figura...

Felipe: Ele é animado! É bom ser assim...

Nicolas: Você acha?

Felipe: Tenho certeza...

Nicolas: Meu paizão... - Ele riu - Gosto muito deles...

Felipe: Ainda bem... considerando que são seus pais...

Ele sorriu e guardou a garrafa de coca cola na geladeira. Pouco tempo depois a Angélica entrou na cozinha, cheirosa, com um shorts e camisa regata.

Angélica: Estou banhada!

Felipe: Depois de comer vai estar o que?

Angélica: Aí, besta! - Ela riu e foi pro quintal, acho que foi chamar a Bianca pra tomar banho ou sei lá... Porque logo ela voltou e sentou-se com a gente, seguida pela Bianca, mas esta passou reto e foi direto ao banheiro!

Angélica: E aí, Nicolas, costuma dormir cedo?

Nicolas: As vezes... Mas não me importo em dormir tarde... principalmente porque amanhã é sábado!

Eduardo: Moçada, as pizzas chegam daqui cinquenta ou sessenta minutos...

Angélica: Nossa, o que mais eu perdi enquanto estava no banho?

Felipe: A Skynet invadiu seu celular e divulgou seus vídeos obscenos!

Angélica: Até parece. Nem vídeo do meu cachorro eu tenho, menos ainda meu... - Ela riu - Mas então, sobre o que estavam falando?

Felipe: Aah, sobre coisas da vida... - Falei pra enrolar e ver se ela desistia do assunto.

Angélica: Que coisas da vida?

Felipe: Surgiu o assunto de namoro e eu tava comentando com o Nicolas sobre nossos dramas...

Angélica: Aí... nem me fala em drama!

Felipe: Eu tentei evitar, você insistiu!

Ficamos um pouco em silêncio, e então o Nicolas acabou dando a sugestão de irmos ver televisão! Sentamos na sala com os pais dele, na verdade acabamos não vendo tv, porque os dois começaram a puxar conversa com a Angélica e comigo! O que foi legal, até certo ponto! Os dois também acharam que a Angélica e eu éramos namorados, e depois que dissemos que só éramos amigos eles começaram a perguntar sobre namoro e essas coisas, o que me deixou um pouco desconfortável!

Por sorte a pizza chegou um pouco antes que o esperado, cerca de quarenta minutos depois do Eduardo ter feito o pedido! Claro que a Bianca já tinha saído do banho e estava na sala com a gente!

Sentamos todos na cozinha pra comer, o Nicolas sentou ao meu lado e ficou enchendo meu copo com coca cola sem eu pedir todas as vezes que ele ficava vazio. E então o pai do Nicolas, que parecia não se aguentar quando pensava numa brincadeira pra fazer, pegou o cortador de pizza e entregou ao Nicolas.

Eduardo: Vai lá, vamos fingir que é um bolo! Pra quem vai o primeiro pedaço?

O Nicolas riu, pareceu um pouco sem graça.

Célia: Vai, filho!

E então ele pegou um prato, colocou o primeiro pedaço de pizza e disse, antes de entregar: "Vai pro meu novo melhor amigo!", e então deu o prato pra mim. Eu fiquei um pouco surpreso, esperava que ele desse o primeiro pedaço ao pai ou a mãe, já que ele tinha dito mais cedo que gostava muito dos dois, agradeci e peguei o prato! Fiquei bastante envergonhado, ainda mais porque todos aplaudiram e a Bianca até assoviou.

Eduardo: O segundo pedaço é meu... - Ele disse rindo e colocando a pizza no seu próprio prato.

O terceiro pedaço o Nicolas entregou para a mãe, o seguinte, para a Angélica. E então ele guardou o cortador e fingiu que havia acabado de distribuir, só para irritar a Bianca.

Conversamos bastante sobre vários assuntos enquanto comemos. Ficou engraçado quando os pais dele começaram a contar coisas da infância dele. A que eu achei mais fofa foi uma das últimas que a Célia contou: "Nunca me esqueço de quando ele tinha uns seis ou sete anos. Fomos andando ao mercado, e ele era muito atento, percebia tudo o que acontecia em volta! Quando estávamos entrando, eu não percebi na hora, mas ele percebeu um senhor pedindo alguma coisa na entrada do mercado, já não lembro o que era...".

Nicolas: Ele tava pedindo ajuda pra comprar remédio pra alguma coisa, eu não lembro... Dizia que a mulher dele estava doente, queimando de febre e ele levou no hospital, o médico atendeu mas o posto de saúde não tinha os remédios que o médico receitou pra dar... Ele também não podia pagar e precisava de ajuda pra tratar a esposa. Até hoje não sei porque ele tava pedindo remédio na porta do supermercado, deveria estar na farmácia.

Célia: O fato é que o Nicolas percebeu, e chamou minha atenção pro homem... Perguntou se eu poderia ajudar o homem se deixasse de comprar o doce que ele me pediu... Eu fiquei sem palavras... - Olhei o Nicolas, ele parecia envergonhado, mas eu até me arrepiei por saber que ele fez aquilo quando era só uma criança. - Só sei que os remédios que o homem precisava eram baratos, e eu fiquei tão comovida que acabei comprando pro homem.

Ele ficou em silêncio.

Nicolas: É que sei lá. Ver o cara lá, pedindo ajuda aos outros pra tratar da esposa, ele mesmo não conseguia...

Ele parou de falar. Todos ficaram em silêncio por um momento.

Bianca: E agora tá fazendo mais um ato de caridade, sendo amigo do Felipe.

Ignorei ela, ela tinha ficado quieta por tanto tempo, por que não podia continuar assim?

Felipe: Qual foi a maior arte dele?

Nicolas: Como assim, cara? – Ele me olhou inconformado com a pergunta. Eu dei risada da expressão dele.

Célia: Nossa, agora me pegou! O Nicolas sempre foi tão comportado! Acho que a maior arte dele foi desmanchar meu tapete de tricô quando ele era bem pequeno! Eu estava quase acabando, um tapete bem grande! E ele pegou a pontinha do barbante e saiu correndo pela casa, puxando o barbante com ele! Quando eu vi, fiquei tão brava!

Eduardo: Foi o castigo mais longo dele... - Ele riu.

Nicolas: Não lembro disso, eu era muito pequeno!

Angélica: Desculpa a pergunta grosseira, mas nunca nem quebrou um osso?

Ele fez que não com a cabeça.

Nicolas: O máximo que fiz foi ralar o queixo caindo de bicicleta!

Eduardo: Isso é verdade, quando eu estava ensinando ele. Acho que soltei a bicicleta cedo demais, e ele foi pro chão. A Célia quase me matou.

Célia: Aquele dia quase que o Eduardo fica de castigo! - Todos na mesa deram risada, inclusive o Eduardo.

Não sobrou nada das pizzas! E depois de um pouco mais de conversa, o Nicolas se levantou e pediu um tempo pra tomar banho, o Eduardo e eu nos entreolhamos nesse momento, e quando o Nicolas saiu da cozinha, começamos a tirar os pratos sujos e por na pia, normalmente! Só quando ouvimos a porta do banheiro se fechando, o Eduardo pegou o bolo, a Célia colocou pratinhos e garfos, e duas velinhas formando um "16".

O bolo parecia muito bom, fiquei namorando ele por um bom tempo, com muita vontade de comer um grande pedaço. E depois de alguns minutos que pareciam não acabar mais, a porta do banheiro se abriu, a Célia acendeu as velas e quando o Nicolas apareceu na cozinha, nós começamos a cantar "parabéns pra você".

Ele começou a rir, passou a mão no cabelo e pareceu não saber o que fazer! Mas logo terminamos de cantar e ele apagou as velas, não teve "com quem será", e a Célia se aproximou, colocou a espátula na mão dele e disse: "tem que cortar debaixo pra cima, e fazer um pedido".

Nicolas: Ok, ok... - ele disse, ainda sorrindo.

Fiquei curioso sobre o pedido que ele fez, teria sido sobre a família, sobre a escola, sobre amigos, ou ele não tinha feito pedido algum? Quem sabe?

Eduardo: E o primeiro pedaço vai paaara? - Ele disse na expectativa.

O Nicolas olhou pra ele, com um pedaço de bolo já no prato, mas entregou o pedaço pra mim, de novo.

Eduardo: Vou cortar sua mesada! - Ele disse brincando, fez o Nicolas rir.

Nicolas: Continua sendo do Felipe! – Ele riu.

Eu fiquei sem saber o que fazer. Eu queria entender o que estava acontecendo ali. Eu queria entender o que era aquele calor que eu sentia sempre que o Nicolas fazia algo por mim, fosse algo simples como me servir Coca Cola, até me dar o primeiro pedaço de bolo. Eu queria entender por que ele estava agindo daquela forma. Mesmo que fosse apenas uma forte amizade, eu queria que ele dissesse claramente, com todas as palavras!

Dessa vez as meninas vieram depois, e então os pais!

Nicolas: Vocês sabiam? - Ele perguntou, olhando pra mim.

Fiz que sim com a cabeça, e contei sobre a hora que os pais dele me chamaram e falaram do bolo, e depois como eu contei pra Angélica, e a Angélica pra Bianca.

No final, acabamos ficando tanto tempo nisso tudo, que ficou tarde pra ainda ver filme e também ficamos cheios pra comer as coisas que as meninas compraram...

Angélica: Gente, acho que é hora de ir embora! - Ela disse por volta das dez da noite.

Eu entendo que o horário não estava tão avançado assim, mas nós não queríamos abusar muito por causa dos pais do Nicolas. Não seria legal ficarmos lá perturbando até tarde.

Eduardo: Não querem dormir aqui? Tem lugar pra todos!

Angélica: Obrigada, Eduardo! Mas fica pra próxima!

Eduardo: Tá certo, tudo bem então!

O Nicolas e eu nos entreolhamos, a Angélica e a Bianca arrumaram as coisas e a Angélica pois as mãos no meu ombro.

Nicolas: O Felipe vai dormir aqui, né? - Ele disse me olhando.

Felipe: Eu vou?

Nicolas: Não sei, você pode? – Ele perguntou sem graça.

Felipe: Ah, posso, mas não quero atrapalhar.

Célia: Ah, que isso? Até parece que você vai atrapalhar.

Nicolas: Ae! - Ele disse batendo no meu ombro.

Angélica: Então tá. - ela disse bagunçando meu cabelo e se despedindo do Nicolas e da Célia.

Eduardo: Eu levo vocês! Vamos lá!

Angélica: Aí, muito obrigada!

Eduardo: Não por isso! Eu já volto! - Ele disse saindo com elas.

Fiquei ali com a Célia e o Nicolas por mais um tempo, liguei pros meus pais avisando que ia dormir lá, e então guardamos o que sobrou do bolo, colocamos os pratos na pia e deixamos a mesa organizada. Eu escovei os dentes, e o Nicolas logo em seguida! Pegamos o colchão da cama do quarto que ninguém usava e colocamos no chão do quarto do Nicolas, virou bagunça mesmo, mas a própria Célia disse pra fazermos isso.

Quando deitamos, e apagamos a luz, ele disse: "Amanhã nós comemos as coisas que as meninas trouxeram, podemos chamar elas de volta se você quiser".

Felipe: É que amanhã de tarde eu tenho um compromisso... - Falei um pouco desanimado.

Nicolas: Aah, tudo bem... Fica pra domingo, então?

Felipe: É, domingo tá ótimo...

Nicolas: Então fechado!

Não conversamos muito, eu percebi que ele estava com sono, bocejava a cada minuto.

Felipe: Tá com sono, né? Vamos dormir, amanhã conversamos!

Nicolas: Eu diria que não, mas acho que tá na cara que to morrendo de sono...

Felipe: Tá um pouco... - dei risada.

Nicolas: Então vamos... Boa noite, cara. Obrigado por hoje!

Felipe: Eu que te agradeço... - falei sinceramente - Boa noite!

Nicolas: Boa noite, Fe!

Eu quis responder “Boa noite, Nick”, mas não consegui. Minha cabeça parecia estar flutuando. Eu não estava mais tão empolgado com a ideia do encontro. Eu queria ficar lá com o Nicolas, conversar, cantar, brincar. Eu não queria ir embora.