Capítulo 53

Conto de SyncMaster como (Seguir)

Parte da série Tribulações

Era início da noite do sábado, a tia Izaura estava na casa dos meus pais também. Ela dormiria lá aquela noite e no domingo iríamos embora juntos. Os adultos estavam na cozinha, enquanto o Vinícius e eu estávamos no meu quarto.

O Vinícius tinha acabado de sair do banho, estava cheiroso e quente, eu tomei banho antes dele, então já estava com um pouco de frio.

Vinícius: Você tá bem? - ele perguntou sentando-se ao meu lado na cama.

Fiz que sim com a cabeça.

Felipe: Só tô pensando demais nas coisas.

Vinícius: Eu também. Tem certeza que quer fazer isso?

Felipe: Tenho. - falei com voz firme - Da outra vez que tentei esconder um relacionamento, as coisas não acabaram bem… Quem sabe a gente consegue um resultado diferente se fizermos as coisas diferentes.

Ele concordou, e então me levantei e vesti uma segunda blusa. Aquele frio só piorava a cada dia que passava. Fazia tempo que não fazia frio assim na região. Me aproximei de novo da cama e ele segurou minha cintura com as mãos, me olhou nos olhos e sorriu.

Vinícius: Eu te amo.

Felipe: Eu também te amo!

Ele então respirou fundo e se levantou. Saimos do quarto e entramos na cozinha, os adultos estavam sentados à mesa, conversando e bebendo algo que me pareceu vinho. Mas não tenho certeza até hoje do que era.

Nos sentamos lado a lado e ficamos ali em silêncio por alguns segundos, como se nem estivessem percebendo que estávamos ali.

Logo a minha tia parou de falar, riu um pouco do que havia acabado de dizer, e olhou para nós. Eu não desviei o olhar, ela então sorriu e eu me senti mais confortável.

Izaura: E aí, meninos?

Minha boca travou, eu não consegui dizer nada.

Vinícius: Ham, olha só… - ele parou por alguns instantes - A gente precisa conversar.

Meu olhar estava preso ao da minha tia, ficou mais do que óbvio na sua expressão que ela sabia o que vinha por aí, e que esperava por esse momento.

Edson: Ué, então falem.

Agradeci mentalmente por ele não ter feito nenhuma piada com tatuagens, aquilo já estava ficando chato.

O Vinícius ficou olhando meu pai, vi que ele ficou um pouco nervoso.

Izaura: Tudo bem, meninos, não precisam ficar nervosos. - ela disse quando eu estava prestes a começar a falar tudo.

Vinícius: Tio, tia, mãe…

Ele travou de novo, eu sabia que a parte mais difícil era dizer “nos apaixonamos e estamos namorando”, pois eu mesmo me sentia capaz de dizer qualquer coisa, menos isso.

Meu pai ficou sério, acho que não por desconfiar do que aquela conversa se tratava, mas porque ele começou a perceber que o assunto era realmente sério.

Depois de alguns instantes eu me cansei, porque travar daquele jeito? Aquela era a decisão que tomei pra minha vida e agora eu precisava ir em frente!

Felipe: Olha, eu sei que o que vamos falar agora pode ser complicado pra todos nós… Mas nós tomamos uma decisão e vamos em frente com isso. Não é vingança, raiva nem provocação…

Minha tia tinha um leve sorriso no rosto.

Felipe: Nesse tempo todo que eu fiquei fora… O Vinícius e eu acabamos… Nos gostando… - não consegui dizer “apaixonando” - Vocês todos sabem que eu sou homossexual, e agora a gente tá aqui pra contar que ele também é… e… apesar da nossa relação de primos, a gente se ama…

Parei de falar de repente, eu só conseguia olhar para minha tia, era difícil descrever o olhar dela. Só olhei meu pai quando ele fez um barulho estranho com a boca.

Edson: Esse mundo como ele é… - ele disse num tom estranho - Parece que todas as minhas tentativas de te afastar de algum garoto, só acabam te aproximando de outro.

O comentário dele foi um pouco indelicado, mas eu gostei de ouvir aquilo. Foi como se ele dissesse: “tudo o que eu fiz foi inútil”.

Felipe: Bom, pelo menos você me mandou pra perto de um bom garoto no final.

Meu pai encarou o Vinícius, ainda era difícil entender se aquele olhar era aprovação ou reprovação. Por fim, ele respirou fundo e olhou para minha tia.

Izaura: Você vai me desculpar, Edson, mas eu tô orgulhosa de vocês dois. - ela disse olhando para nós no final - Sabe, quando eu comecei a perceber que tava nascendo um sentimento entre vocês, eu fiquei com medo… Fiquei preocupada com onde isso poderia parar… - ela disse de um modo mais lento - Mas ver vocês dois juntos todos os dias, sei lá, cuidando um do outro com tanto carinho, eu me toquei que não tinha como acabar em algo ruim. Eu amo vocês, e eu não vou me opor à isso, eu sei que cuidam muito bem um do outro, são garotos lindos, responsáveis, inteligentes e companheiros. - ela terminou olhando para meu pai.

Edson: Eu ainda tenho dificuldade pra aceitar essas coisas. - ele disse coçando os olhos. - Me digam uma coisa, o que vocês pretendem? Continuar morando com a Izaura até quando?

Se ele tivesse feito essa pergunta dois dias antes, não teríamos ideia do que responder, mas nosso encontro no café nos fez pensar muito e nós tivemos uma longa conversa sobre todas essas coisas.

Vinícius: Não, nós vamos terminar o ensino médio, entrar na faculdade e logo que começarmos a trabalhar e pudermos nos sustentar, vamos arrumar nosso próprio apartamento e nos mudar.

Edson: Trabalhar, estudar e cuidar de um apartamento. Não é muita coisa?

Vinícius: Tenho certeza que vamos dar conta.

Edson: Ah, você tem certeza. E pagar as contas, pagar apartamento, condomínio… Primeiro emprego não costuma pagar muito bem.

Felipe: Mesmo que não pague bem, a gente pega um apartamento pequeno a princípio, nem que seja de aluguel, nem que um mês ou outro a gente se aperte pra pagar as contas, nem que a gente precise trabalhar de garçom no sábado de noite pra ganhar um troco a mais… A gente se vira, a gente vive, a gente erra, aprende, fica mais esperto pra próxima, e assim a vida segue. Não estamos achando que você vai estar de braços abertos pra gente caso as coisas não saiam tão bem.

Izaura: Mesmo que não esteja, eu vou estar, sabem disso. - ela disse encarando meu pai com uma expressão séria.

Apesar da posição dela ter sido bacana, fiquei um pouco bravo por ela ter quebrado toda a “defesa” que eu montei pra parar aqueles “ataques” do meu pai.

Edson: Já pensaram em como vão contar pra toda a família? Pros primos, avós, tios?

Felipe: Em primeiro lugar, pai, ninguém vai sair por aí anunciando que somos gays e estamos namorando, é nossa vida, não precisamos sair anunciando pra todo mundo. Se perguntarem, não vamos negar, nem mentir, se não perguntarem, é porque não estão interessados em saber, então não vou esfregar na cara deles. Nossa vida não é boletim informativo pra precisar ser anunciada. E se eles souberem e não gostarem, tô nem aí, não tô aqui pra agradar nenhum deles. E nós já falamos sobre isso, fica complicado se você começar a se preocupar mais com o que as pessoas vão falar do que com a felicidade da sua família.

Fiquei em dúvida se eu consegui passar o que queria com tudo o que falei… eu estava um pouco nervoso, e não estava pensando direito nas palavras.

Ele respirou fundo, por um momento senti raiva, ele ia mesmo ficar contra de novo? Depois de tudo o que passamos!?

Edson: Eu sei que já passamos por situação parecida com o Nícolas… Mas agora é um namoro com seu primo, pra mim é mais difícil ainda de aceitar… Vocês são garotos bonitos, vão à academia, tem um corpo de dar inveja em muito marmanjo por aí… - ele então fez uma pausa, e eu estava quase abrindo a boca para começar a discutir o assunto, mas ele voltou a falar - Mas eu tenho a impressão de que vocês não vão levar em conta a minha opinião, e se não puderem namorar perto de nós, vão namorar longe de nós.

Felipe: Tem toda razão. - falei num tom desafiador.

Edson: E você vai me dizer de novo que o principal não é o sexo? Vai afirmar que ainda não fizeram porque concordam que não é o principal?

Uma provocação em troca de outra, isso não podia acabar bem.

Felipe: Não vou dizer que não fizemos, mas te afirmo sem hesitar que não é o principal. Nunca vai ser.

Edson: Então o que é o principal pra vocês?

Felipe: Me deixa responder com outra pergunta. Qual é o ponto principal no relacionamento pra você?

Ele pareceu não entender.

Edson: Respeito, amor, carinho, compreensão… O relacionamento tem que ser altruísta.

Felipe: Pra nós é a mesma coisa, não é diferente só porque fugimos do tipo de casal convencional. - falei “convencional” com um certo desprezo na voz.

Minha tia e minha mãe sorriram, mas meu pai continuou me olhando com a mesma expressão séria. Eu não esperava uma reação visível, só queria que por dentro ele compreendesse bem o que eu queria dizer.

Vinícius: Só uma observação, tio. - fiquei surpreso por ele querer falar algo, na maior parte do tempo ele parecia ter muito medo do meu pai - Sobre o que você disse de sermos garotos bonitos, fazemos academia, temos corpos, segundo você, de dar inveja… Parece que você quis dizer que somos um desperdício.

Meu pai arregalou os olhos.

Edson: Não… não foi o que eu quis dizer… eu quis dizer que… vocês fariam sucesso com as meninas…

Vinícius: Talvez, não me importo se isso é verdade ou não. Eu aproveito bem a vida que eu tenho. Para mim, sair por aí ficando com garotas não é aproveitar. Do mesmo jeito que, se você fizesse sucesso com garotos, não ia concordar que é “aproveitar” sair por aí ficando com eles. Eu tô satisfeito com meu corpo, o Lipe também, pra mim é o suficiente.

Edson: Tá certo, tá certo… - meu pai disse levantando a mão - Já entendi o recado. Mas não vamos perder o foco, o problema pra mim é vocês serem primos. - ele respirou fundo e olhou para minha tia.

Izaura: Eu já disse e repito, não vejo mal nenhum nisso. Eles que sejam felizes.

Meu pai coçou a cabeça e começou a rir, o que me assustou.

Edson: Vocês ainda vão me matar… Vão, façam como quiserem!

Algum tempo depois….

Bati na porta do banheiro e apressei o Vinícius, ele estava demorando, assim íamos nos atrasar.

Vinícius: Pronto, pronto… Ô, homem apressado!

Dei risada.

Felipe: Se demorarmos, não vamos pegar uma mesa!

Ele abriu a porta do banheiro e saiu com uma toalha enrolada na cintura.

Vinícius: Droga, você tá me apressando tanto que esqueci a roupa no quarto.

Fiquei observando-o andar pelo corredor até entrar no quarto, eu adorava as “curvas” dos seus braços, do seu peito e da sua barriga. Sem falar do seu bumbum chamando atenção sob a toalha.

Parei na porta do quarto e observei-o deixar a toalha cair no chão, sua pele era perfeita, dava vontade de passar a mão e alisar sem parar mais.

Vinícius: Que foi? - ele perguntou quando percebeu meu olhar.

Felipe: Você é lindo.

Vinícius: Você acha?

Felipe: Tenho certeza.

Vinícius: Você também é lindão. - e então mordeu o lábio.

Me aproximei dele, segurei sua cintura nua e nos beijamos, há um bom tempo não ficávamos sozinhos em casa.

Senti sua mão segurando meu cabelo e a outra deslizando pelas minhas costas, e então seus dedos passaram por dentro da minha cueca.

Vinícius: Você não quer se atrasar?

Felipe: Agora tô pensando em nem ir.

Ele riu.

Vinícius: Bobo… Vamos fazer assim: nós vamos pra lá, ficamos um pouco e, quando voltarmos, a gente continua de onde paramos.

Concordei e me afastei, só então me dei conta do volume que seu pênis estava fazendo entre nós dois, meu corpo estremeceu, mas o Vinícius não queria perder aquela festa por nada, o que eu não entendia.

Fiquei esperando-o na cozinha, até que ele veio, bem vestido e cheiroso.

Vinícius: Vamos, gatinho?

Felipe: Vamos, gatão.

Saímos de casa, trancamos o portão e fomos andando devagar até a escola, conversamos sobre coisas muito aleatórias.

Quando chegamos, vimos a Letícia sentada sozinha em uma mesa no canto do ginásio de esportes.

Felipe: E aí, por que tá sozinha aqui?

Letícia: Ah, aparentemente os outros deram o cano.

Vinícius: Podemos ficar com você então?

Letícia: Claro.

Não posso negar que foi uma noite divertida, a Letícia não deixava nada passar, reparava em tudo nas mesas ao redor. Desde o garoto sofrendo para comer um espetinho de carne, até o senhor de mais idade dormindo sentado, com a boca aberta e a dentadura desencaixada, quase caindo (isso foi um pouco nojento).

Letícia: E lá está ele. - ela disse suspirando.

Tentei acompanhar seu olhar, mas não achei ninguém.

Felipe: Quem?

O Vinícius riu.

Vinícius: O Jefferson.

Felipe: Ah. - falei com pouca vontade. A Letícia era apaixonada pelo garoto, ele era bonito, mas eu nunca havia trocado uma palavra sequer com ele.

Letícia: Ai, ele é tão lindinho!

Vinícius: Não bolou mais nenhuma mega estratégia pra chamar a atenção dele?

Letícia: Nunca consigo. Até desisti.

Finalmente identifiquei o garoto no meio do movimento.

Felipe: O que ele tá fazendo?

Letícia: Vendendo rifa pra arrecadar dinheiro pra viagem de formatura.

Felipe: Legal, do que será a rifa?

Letícia: É uma bicicleta super bonita, dez reais o número.

Felipe: Legal.

Fiquei olhando o tal Jefferson até ele me perceber e olhar pra mim, então ergui a mão para chamá-lo até a mesa. Ele fez um sinal me pedindo um minuto.

Letícia: O que tá fazendo?

Felipe: Tem dez reais?

Letícia: Tenho.

Felipe: Então só observe.

Em poucos minutos o Jefferson parou na nossa mesa.

Jefferson: E aí, Felipe.

Felipe: Fala, Jefferson. A minha amiga aqui quer um número, quem sabe ela dá sorte e ganha a bicicleta.

Jefferson: Tá se sentindo com sorte hoje? - ele perguntou a ela.

Ela respondeu algo que o fez sorrir, mas eu não pude entender porque alguém começou a falar no microfone e o som estava um pouco alto.

Vinícius: Quem sabe a bicicleta vem com um namorado montado em cima. - ele disse em tom rabugento, mas na brincadeira.

Ela ficou vermelha, o Jefferson sorriu.

Letícia: Vocês estão pensando em que? - ela perguntou quando o rapaz se afastou, logo depois de puxar um bom papo.

Felipe: Ué, ele notou você, descobriu seu nome…

Vinícius: E tá sabendo que você tá solteira.

Letícia: Ai, o que ele vai pensar de mim?

Demos risada, olhei o Jefferson mais uma vez, ele estava observando nossa mesa de longe, senti que eu tinha dado o ponta pé inicial em um novo casal. Mesmo que meu método tenha sido ridículo.

Letícia: Aí, a declaração anônima!

Olhei para o palco, uma aluna do terceiro ano tomou o microfone e começou a falar: olha só, pessoal, vamos aos primeiros apaixonados da noite!

Vinícius: Quem é essa?

Letícia: A Carol, ela é um nojinho.

Carol: Boa noite, pessoal! Antes de começar, pra quem chegou agora, a declaração anônima é uma brincadeira feita pelo terceirão pra ajudar a arrecadar dinheiro pra formatura, você pode procurar um aluno do terceirão, todos estão uniformizados, e escrever uma declaração pra alguém que tá aqui na festa… e contribuir com algum valor, claro. Nós vamos ler a declaração aqui no palco de forma anônima, só vamos anunciar o destinatário! Quem quiser se identificar também, sem problema… - ela sorriu.

Felipe: Anonimato é uma coisa perigosa nessas coisas.

A Letícia riu.

Letícia: Por que?

Felipe: Justamente por ser anônimo.

Letícia: Ui. Essa ideia me pareceu meio bosta e clichê, mas quero ouvir essas declarações, eu me derreto, mesmo não sendo pra mim.

Felipe: Pros mais tímidos isso é legal. Fica mais fácil de se expressarem.

Carol: A primeira declaração tem até um presente. - ela disse animada pegando uma cesta que não dava pra ver o que tinha dentro, alguns garotos pelo ginásio assobiaram.

Carol: Felipe, - eu gelei quando ela disse o meu nome, era pra mim? Olhei direto para o Vinícius, que sorriu, tive vontade de matá-lo - você provavelmente está querendo me matar agora, mas antes que faça isso, queria dizer que a minha vida nunca mais foi a mesma depois que você chegou. Por sua causa eu não paro de sorrir nem por um minuto, por sua causa eu me pego fazendo planos malucos para o futuro, mas apesar de todos os planos ambiciosos e malucos, tem apenas uma coisa que eu faço questão para o resto da minha vida: você. Quero estar presente em todos os momentos mais importantes: seu ingresso na faculdade, sua formatura, seu primeiro emprego, e todas as conquistas incríveis que eu sei que você terá na vida. Assim como espero poder compartilhar cada momento meu com você, para que possamos sorrir, chorar e pular de alegria juntos. Resolver os problemas do dia a dia e enfrentar cada dificuldade juntos. E quando ficarmos velhinhos, espero estar lá pra segurar sua mão, tomar uma xícara de café na varanda e lembrar de tudo o que passamos juntos. Você é muito especial pra mim, prometo cuidar de você, te amar e respeitar por toda a vida. Eu te amo pra sempre. Assinado: Você sabe quem.

Fechei os olhos com força, todos na festa começaram a aplaudir e assobiar. O Vinícius era o cara mais incrível na face da terra.

Esfreguei os olhos e então a Letícia cutucou meu braço.

Letícia: Ow, Romeu, a Carol tá te esperando pra pegar o presente.

Me levantei, olhei o Vinícius e não pude segurar o sorriso. Ele era tão perfeito!

Subi no palco com um pouco de vergonha.

Carol: Olha, vou te contar, muita gente ficou com inveja agora, hein.

Dei risada, peguei a cesta recheada de chocolates dos que eu mais gostava e um perfume no meio, o mesmo que o Vinícius estava me dizendo há um tempo que eu deveria experimentar usar.

A Carol me entregou o microfone, eu fiquei perdido.

Felipe: O que?

Carol: Ué, diz alguma coisa.

Dei risada, muito tímido.

Felipe: Pra completar, essa cesta tá cheia dos chocolates que eu mais gosto, e um perfume que uma certa pessoa tá me dizendo há muito tempo que eu deveria usar. - sorri olhando direto para o Vinícius. não dei a mínima para a possibilidade de alguém perceber - Só digo pra você, que me mandou essa declaração, que eu te amo ainda mais, e que eu espero poder tomar essa xícara de café quando estivermos bem velhinhos, e lembrar da nossa vida, rir, chorar e pensar então que valeu a pena cada minuto juntos. Dane-se quem acha isso cafona, eu repito quantas vezes precisar.

Alguma garota gritou “romantismo não é cafona!”, e então todos voltaram a assobiar e bater palmas enquanto eu entreguei o microfone à Carol e deixei o palco.

Carol: Homens românticos ainda existem, garotas, não vamos perder as esperanças! - ela riu no palco, e eu me sentei muito tímido.

Vinícius: Declaração bonita, declaração bem feita, declaração formosa!

Felipe: Filho da mãe! - dei risada.

Letícia: Genteee, isso foi demais! - ela sorriu.

Chegamos em casa já era mais de uma da madrugada, eu estava cheio de espetinhos de carne e coca cola.

Vinícius: Se mata na academia e come tudo na quermesse.

Felipe: Ah, extravasar de vez em quando é bom, você também comeu um monte!

Ele riu e trancou a porta.

Eu coloquei a cesta que ganhei sobre a mesa da sala e fiquei sério por um momento.

Felipe: Você é incrível, Vini. Te amo muito.

Vinicius: Te amo muito, muito, também! E cada palavra daquela declaração é a mais pura verdade!

Sorri.

Felipe: Inspiramos o povo, depois da sua declaração, todo mundo começou a querer mandar uma também.

Ele sorriu.

Vinícius: Eu combinei com a Carol antes da festa. Na verdade, eu pedi pra Letícia falar com a Carol, entregar o bilhete e a cesta… Eu fiquei com medo de deixar a Carol saber sobre nós e acabar espalhando, e você não gostar… Acho que essas coisas a gente tem que decidir juntos, mas eu não podia perguntar o que você achava…

Dei risada.

Felipe: É, teria ficado estranho, no mínimo! Me perguntar se eu ia achar ruim se você assumisse nosso namoro pra uma garota que a gente nem conhece…

Ele concordou.

Vinícius: Sabe do que eu lembrei?

Felipe: Do que?

Vinícius: Minha mãe tá viajando de novo! Estamos sozinhos…

Felipe: E isso me lembra de outra coisa…

Vinícius: Do que?

Felipe: Nós deixamos uma coisa sem acabar antes de ir pra festa.

Ele sorriu, nos aproximamos e nos beijamos, soltei os botões da sua camisa e tirei-a, depois tirei a minha. Paramos no quarto, em pé ao lado da cama, soltei seu cinto e sua calça desceu alguns centímetros, seu pênis já estava ereto, empurrei-o para a cama, ele se sentou e eu puxei sua calça, tirei suas meias e me ajoelhei na sua frente, alisei seu peito e beijei sua barriga. Puxei sua cueca de uma vez e empurrei-o para que se deitasse, fiz um longo oral nele, depois deixei que ele fosse o ativo, mas eu nunca me contentei em ser uma coisa só com o Vinícius, ele me fazia querer tudo, então depois foi a minha vez de ativo.

Foi uma longa noite, que passou rápido demais, como todas as outras. O tempo voa quando se está com quem ama.

Felipe: Foi um ano e tanto. - falei depois que terminou, quando estávamos deitados juntos e nús no escuro.

Vinícius: Sem dúvida. - ele riu - Se arrepende de algo?

Felipe: Não.

Vinícius: Não mesmo? Por que?

Felipe: Porque se eu não tivesse feito tudo o que fiz, talvez eu não estivesse aqui agora. E isso seria horrível, eu faria tudo de novo só pra chegar até aqui.

Vinícius: Você mudou muito. Sabe né? Não só na aparência, por por dentro. Aquele cara quieto e que aceitava tudo de boca fechada já era.

Felipe: É… Foi-se…

O Vini riu e me abraçou mais forte. Eu não podia ver o futuro, mas eu tinha certeza que nossa vida juntos não traria nenhum arrependimento no final.

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Oi, como vai?

Bom, tô aqui hoje anunciando que esse é provavelmente o último capítulo desse romance. Eu disse na semana passada que minha avó não estava boa e agora ela, infelizmente, faleceu. Por enquanto eu perdi um pouco da vontade de escrever, eu li esse capítulo que acabei de postar e não acho que ficou bom, está sem sentimento nenhum, curto, pouco detalhado, então eu prefiro parar a continuar publicando algo de baixa qualidade.

Na próxima semana quero só tentar trazer um epílogo, para não encerrar de qualquer jeito.

Eu agradeço muito a todos vocês que acompanharam essa série. Foi muito bom pra mim publicar tudo isso, e espero que tenham gostado até aqui.

Se quiserem manter contato, peguem o e-mail no capítulo de apresentação dessa série (felipetracker0@gmail.com (é um zero antes do @, e não a letra O)), podemos trocar WhatsApp por e-mail ou algo assim, só não posto meu número aqui por motivos de privacidade e segurança. (Há também um telegram na apresentação, mas eu mudei meu nome lá, vocês não me encontrarão mais usando aquele nome).

É isso, até a próxima.

Comentários

Há 3 comentários.

Por Elizalva.c.s em 2017-07-08 15:17:51
Meus pêsames sinto muito por sua perda. Mais-le dou os parabéns pela série e também pela consideração pois muitos abandonam seus leitores por muito menos e você mesmo sofrendo foi até o fim. Parabéns mais uma vez sou sua fã sempre e pra sempre,fique bem beijos. A e propósito o capítulo estava lindo simples mais lindo e muito romântico foi maravilhoso acompanhá essa linda história de amor e superação em cima de um preconceito tão ultrapassado e retardatário. 😘😘😘😘
Por Prof em 2017-07-04 18:17:56
Pra vc, cara: A morte não é nada. Eu somente passei para o outro lado do Caminho. Eu sou eu, vocês são vocês. O que eu era para vocês, eu continuarei sendo. Me dêem o nome que vocês sempre me deram, falem comigo como vocês sempre fizeram. Vocês continuam vivendo no mundo das criaturas, eu estou vivendo no mundo do Criador. Não utilizem um tom solene ou triste, continuem a rir daquilo que nos fazia rir juntos. Rezem, sorriam, pensem em mim. Rezem por mim. Que meu nome seja pronunciado como sempre foi, sem ênfase de nenhum tipo. Sem nenhum traço de sombra ou tristeza. A vida significa tudo o que ela sempre significou, o fio não foi cortado. Porque eu estaria fora de seus pensamentos, agora que estou apenas fora de suas vistas? Eu não estou longe, apenas estou do outro lado do Caminho... Você que aí ficou, siga em frente, a vida continua, linda e bela como sempre foi. Santo Agostinho
Por Guerra21 em 2017-07-02 23:31:13
Cara infelizmente não há palavras que possam confortar seu coração durante este momento tão triste, o que eu posso te dizer é que todos devemos entender que a morte por mais que seja algo doloroso para quem perde servente querido ela é um rito de passagem ao qual todos nós seres humanos certamente seremos submetidos, pense que independentemente da circunstância tenha a plena certeza de quê sua avó neste momento está em um plano melhor, sem dor nem sofrimento, duro seria se ela continuasse a sofre em um leito de hospital, se apague na sua fé independente da sua religião creia que hoje o sofrimento não faz mais parte da vida dela. As dores nos fortalece. Sobate o capítulo em Si não há do que reclamar, literalmente eu desejei ter um namorado para declarar meu amor por ele da mesma forma que o Nicolas fez com o Felipe. você provavelmente está querendo me matar agora, mas antes que faça isso, queria dizer que a minha vida nunca mais foi a mesma depois que você chegou. Por sua causa eu não paro de sorrir nem por um minuto, por sua causa eu me pego fazendo planos malucos para o futuro, mas apesar de todos os planos ambiciosos e malucos, tem apenas uma coisa que eu faço questão para o resto da minha vida: você. Quero estar presente em todos os momentos mais importantes: seu ingresso na faculdade, sua formatura, seu primeiro emprego, e todas as conquistas incríveis que eu sei que você terá na vida. Assim como espero poder compartilhar cada momento meu com você, para que possamos sorrir, chorar e pular de alegria juntos. Resolver os problemas do dia a dia e enfrentar cada dificuldade juntos. E quando ficarmos velhinhos, espero estar lá pra segurar sua mão, tomar uma xícara de café na varanda e lembrar de tudo o que passamos juntos. Você é muito especial pra mim, prometo cuidar de você, te amar e respeitar por toda a vida. Eu te amo pra sempre." *Este talvez tenha sido uma das declarações de amor mais perfeita que eu já tenha visto. Até mais! Abraços e que haja descanso em seu coração.