Capítulo 52

Conto de SyncMaster como (Seguir)

Parte da série Tribulações

O Vinícius e eu entramos na cozinha e nos sentamos, o clima estava um pouco tenso, mas ninguém perguntou nada. A Bianca foi a primeira a falar, quebrando aquele clima.

Bianca: E então, vão ficar até quando?

Felipe: Haam… Até domingo de tarde! Segunda de manhã já temos aula.

Bianca: Ah sei, entendi.

Angélica: Querem dar uma volta?

Bianca: Aí, aí, abriu um café aqui perto que é tudo de bom!

Angélica: Você já foi lá? Obrigada por chamar a amiga aqui!

Bianca: Eu fui com meu namorado, querida, ia querer ficar lá segurando vela?

A Angélica deu risada, eu troquei um olhar com o Vinícius, ele deu um sorriso descontraído e concordou com a cabeça.

Vinícius: Vamos lá, vai ser bom pra conhecer um pouco aqui.

Bianca: Então vamos! - ela disse se levantando da cadeira - Senhor Edson, dona Laura, sinto muito, mas já vou tirar o Felipe de perto.

Meus pais levaram na brincadeira, sorriram e concordaram.

Laura: Claro, com certeza vocês precisam de um tempo pra colocar os assuntos em dia, matar a saudade… enfim… Vão lá, aproveitem!

Edson: Querem que eu leve vocês?

Bianca: Não se preocupa, Edson! Obrigada!

Ele sorriu e acenou com a cabeça, e então pegou seu celular e começou a mexer em algo que exigia muitos movimentos com os dedos.

Felipe: O que te deu pra trazer o Nícolas? - perguntei logo que saímos na calçada.

Bianca: Ele chegou de surpresa em casa, aí quando falei que eu vinha pra cá com a Angélica, ele quis vir junto… Desculpa, Fê, mas eu não consegui falar “Não”.

Vinícius: Quem diria “não” pra uma simpatia assim como ele?

A Bianca segurou uma risada.

Felipe: Ele parece tão estranho.

Bianca: Os pais dele estão ameaçando se divorciarem… Ele tá arrasado. Perdeu você, e agora tá pra perder o casamento dos pais.

Torci os lábios.

Felipe: Ele não consegue recuperar os pais dele, então quer compensar recuperando nosso namoro?

Vinícius: Isso foi frio… - ele me olhou com uma expressão estranha.

Bianca: É, um pouco.

Respirei fundo, mas não respondi.

Felipe: Sinto muito pelos pais dele, de verdade.É difícil acreditar que estão quase se separando.

Bianca: É… o Nícolas não fala o motivo das brigas e do divórcio… Mas eles sempre pareceram tão bem juntos.

Felipe: É… eles são pessoas incríveis.

Onde antes havia um sobrado abandonado caindo aos pedaços agora havia um atraente café, bem ao estilo norte americano que todos vemos em filmes.

Felipe: Essas coisas só abrem quando eu me mudo de cidade!

Bianca: Então obrigada por ir embora. - ela riu.

Felipe: Nossa, doeu.

Olhei o Vinícius nos olhos e ele deu um sorriso que eu soube exatamente o que queria dizer, mas eu fiquei quieto, não queria chamar atenção para nosso relacionamento ainda.

Entramos e nos sentamos em uma mesa afastada.

Bianca: Tá, agora fala a verdade… - ela parou de falar quando viu uma funcionária se aproximando para pegar nossos pedidos. Tive que escolher às pressas, pois a moça não parecia disposta a nos esperar. - Essa mudança toda de visual foi pra provocar o Nícolas?

Dei risada.

Felipe: Definitivamente não! Fui à cabeleireira hoje de manhã só pra cortar o cabelo, e aí ela me propôs essa mudança, e eu acabei aceitando. Foi por puro acaso.

Bianca: Tá, mas você disse que talvez tenha sido pra agradar alguém.

Ficou bem claro que ela estava forçando pra saber o que havia entre o Vinícius e eu.

Felipe: É, não foi só pra agradar essa pessoa… Mas eu fiquei preocupado com o que ela pensaria, se ia gostar ou não… essas coisas.

Bianca: Huuuuum. “Essa pessoa”, “essa pessoa”... Pra que tanto mistério? O Vinícius não pode saber quem é?

Felipe: Mas ele sabe quem é. - falei sorrindo.

Angélica: Então conta, pra que esse mistério?

Felipe: Quem é essa pessoa, Vini?

Ele olhou para elas, deu aquele sorriso incrível, ergueu a mão e disse: “Sou eu”.

Bianca: AHA! Eu te disse, Angélica! - ela riu.

Fiquei um pouco assustado com a reação dela. E o Vinícius mais ainda.

Angélica: Na verdade, nós duas concordamos.

Felipe: Em que?

Angélica: Dissemos que da próxima vez que víssemos vocês, já estariam… sabe… Namorando?

Fiz que sim com a cabeça, sorrindo, um pouco tímido.

Bianca: Parabéns pra vocês, espero que dê tudo muito certo! E que sejam sempre muito felizes!

Angélica: É isso aí, e que não falte amor, amizade e respeito.

Vinícius: Obrigado, gente. - ele disse me olhando brevemente.

Bianca: Aí, vocês não param de trocar olhares, é tão fofo. - ela disse ainda sorrindo. Mas, de repente, ela ficou séria, olhou o Vinícius e disse - Nossa, meu Deus! Desculpa!

Vinícius: O que? - ele se assustou.

Bianca: Você vai achar que eu levei o Nícolas lá porque quero fazer ele e o Fê se entenderem, mas não é isso! Eu torço por vocês dois desde que vi vocês trocando esses olhares pela primeira vez.

Vinícius: Pode ficar tranquila, eu sei que não fez por mal! Você até já explicou o que aconteceu.

Bianca: Mesmo? Olha, eu torço muito por vocês, não quero que pense o contrário.

Dei uma risada discreta enquanto ela se explicava.

Vinícius: Bianca, pode ficar tranquila! - ele sorriu.

Ela pareceu convencida de que estava tudo bem mesmo, e então encostou na cadeira e olhou em volta da forma mais natural possível.

Vinícius: Eu vou ao banheiro enquanto não trazem o que pedimos.

Felipe: Beleza.

Bianca: Aí, Fê! Detalhes, detalhes!

Dei risada.

Felipe: Detalhes de quê?

Bianca: Ele é tão lindinho, essa carinha de bebê-homem.

Felipe: Carinha de bebê-homem? Quê é isso?

Ela riu.

Bianca: Ao mesmo tempo que ele tem essa cara de novinho, de bebê, ele também tem uns traços de homem feito, entende?

Achei engraçado, mas eu não soube direito como responder à timidez.

Felipe: Ele é incrível em tudo.

Bianca: Em tudo mesmo? - Ela perguntou com uma voz diferente.

Angélica: Ai, não! Isso não é da nossa conta, Bianca!

Devo ter ficado muito vermelho quando entendi a que ela se referia.

Bianca: Aí, gente, só curiosidade… Coisa normal de contar pra amigos… Tipo, quem é o ativo e o passivo? - ela fez uma pausa - Pra você se sentir mais confortável, eu conto sobre mim também: com o Giovanni, eu sou a passiva.

Não consegui segurar a risada.

Felipe: Ainda bem, né. Imagina se você diz ser a ativa.

A Angélica estava se segurando muito para não rir.

Bianca: Ou ainda não rolou?

Felipe: Ah, se rolou. - falei vencendo a timidez.

Bianca: Ui! - ela riu - Eu chuto que você é o ativo.

Felipe: Na verdade… Versátil… Entende?

Bianca: Ah é? Pega pega geral?

Senti meu rosto queimar.

Felipe: É, versátil… os dois… enfim.

Angélica: Enfim mesmo, não é da nossa conta, Bianca!

A Angélica estava tão tímida com a conversa quanto eu.

Bianca: Aí, eu perguntaria como aconteceu, onde, quantas vezes e até o tamanho.

Franzi a testa, não respondi.

Angélica: Mas não é da nossa conta, então você não vai perguntar.

Sorri para a Angélica, desviei o olhar e vi o Vinícius voltando do banheiro. Agora que a Bianca me fez pensar em tudo aquilo, era difícil não lembrar dos dias que a tia Izaura viajou. Nossa primeira vez foi naquela primeira noite, foi lento, carinhoso, romântico ao máximo. Acho que eu não poderia querer uma primeira vez melhor que aquela, e nem uma segunda vez no dia seguinte… Sem falar na última noite que passamos sozinhos, é difícil de descrever tudo o que aconteceu até altas horas da madrugada.

Eu gostaria de responder tudo o que a Bianca perguntou, gostaria de mostrar o homem incrível que o Vinícius era. Não só no sexo, óbvio, mas no dia a dia também… O quanto ele era carinhoso, atencioso, e dizendo isso, a palavra “gostoso” aparece na minha cabeça, é um adjetivo que eu não poderia deixar de fora sobre ele. Quanto ao tamanho… eu não sabia dizer ao certo, claro que eu não tinha pego uma régua para medir o órgão dele… Mas eu poderia dizer que estava de ótimo tamanho.

Comecei a pensar demais no assunto, me perdi com tanta coisa aparecendo na cabeça ao mesmo tempo. O Vinícius sentou-se ao meu lado ao mesmo tempo em que nossos pedidos chegaram. Tentei esvaziar a cabeça.

Bianca: E vocês já contaram pros seus pais?

Felipe: Ainda não.

Vinícius: É, mas minha mãe deve desconfiar.

Felipe: Talvez.

Fiquei um pouco sério, eu tinha medo só de pensar na reação de todos quando soubessem.

Angélica: Mas ela demonstra aprovação ou rejeição?

Vinícius: Não dá pra notar, ela só parece preocupada com o que tá acontecendo entre a gente!

Fiquei observando-o enquanto falava, tive a impressão de que tinha algo que ele não havia me contato ainda.

Bianca: Ah, ela pode estar preocupada com os pais do Felipe… Medo de brigas, sei lá… De repente não é nada com vocês dois em específico.

Vinícius: Pode ser, mas também pode não ser. - ele sorriu.

Angélica: Ah, você conhece sua mãe, vai… Deve saber a opinião dela sobre o assunto.

Vinícius: É, eu sei que ela não tem nada contra homossexualidade, isso é óbvio pra mim. Mas eu não sei como ela vai reagir à um namoro entre primos.

Bianca: É… Não me levem a mal, mas namoro entre primos já é uma coisa complicada pra algumas famílias, homossexualidade é outra coisa complicada pra maioria das famílias, infelizmente… E aqui nós temos as duas coisas juntas!

Felipe: Olha que injeção de positividade, sentiu? - perguntei olhando para o Vinícius, que forçou um sorriso e concordou com a cabeça.

Bianca: Não é pra desanimar vocês… Vocês já passaram por uma situação bem difícil com os pais do Felipe… Com certeza vão vencer mais essa.

Angélica: E mesmo que seus pais não concordem com isso, vocês logo terminam o ensino médio, podem ir morar juntos, trabalhar e fazer faculdade, ganhar a própria vida.

Bianca: Verdade, já pensaram no futuro? Tipo, nessas coisas que a Angélica falou agora…

Felipe: Ainda não paramos pra falar sobre isso, né? - perguntei ao Vini.

Vinícius: É, não. - ele disse num tom curioso - Mas você não vai fugir de morar comigo.

Felipe: Eu já moro, bobo. - sorri.

Vinícius: Verdade! - ele riu - Mas eu quis dizer em uma casa que seja só nossa, sabe? Nossa casa, nossa vida, ganhando nossa própria vida.

Não segurei o sorriso.

Felipe: Não sei porque eu tentaria fugir disso…

Bianca: Gente, ainda estamos aqui, tá?

Demos risada e cortamos o assunto.

Angélica: Já sabem sobre faculdade?

Felipe: É… Andamos fazendo umas inscrições pra vestibulares… Eu vou tentar ciência da computação ou sistemas de informação… tenho muito interesse sobre a área.

Vinícius: É… Eu tô pensando nos mesmos cursos…

Angélica: Vão fazer a mesma faculdade? Noooossa.

Sorri e olhei minha caneca de chocolate quente.

Vinícius: A gente fala do mesmo curso desde que a gente se conheceu… Não é grude de namorado, é que temos o mesmo interesse.

As duas sorriram e demonstraram compreender o que ele quis dizer.

Bianca: Sabe, faz pouco tempo que eu conheço o casal Vinícius e Felipe, mas já vi que é verdadeiro.

Angélica: É de dar inveja. - ela sorriu - Uma inveja boa, claro. Tipo… admiração.

Concordei com a cabeça, eu sabia que ela queria falar comigo a sós. Eu ainda sabia olhar em seus olhos e ver o que ela estava pensando.

Bianca: Com certeza, uma grande admiração… - ela disse, também sorrindo.

Vinícius: Obrigado.

A Bianca riu.

Bianca: Promete que vai cuidar bem do nosso amigo?

Vinícius: Já cuido. E prometo continuar cuidando pra sempre.

Ele terminou a frase e segurou minha mão sobre a mesa. Eu olhei em seus olhos e sorri, era incrível como ele me fazia querer abraçá-lo e não soltar mais.

Bianca: Gente, que fofura!

Percebi que na mesa atrás da Bianca havia um garoto nos observando atentamente. Ele estava sozinho na mesa, tinha uma expressão de choro. Ele olhava para o Vinícius e para mim, tentei ignorá-lo no começo, o Vinícius não o notou, mas, aos poucos, a presença dele ficou difícil de ignorar e passei a encará-lo com mais frequência, até que o Vinícius percebeu.

Vinícius: O que foi?

Felipe: Tá tudo bem, cara? - perguntei ao garoto, que a cada minuto parecia mais próximo do choro.

A Angélica e a Bianca afastaram-se um pouco uma da outra, abrindo a visão para o garoto, e se viraram para ele também.

Bianca: E que foi, amiguinho?

Ele balançou a cabeça e esfregou os olhos.

Vinícius: O que foi, cara?

A Bianca olhou para nós, ergueu as sobrancelhas e foi sentar-se ao lado dele. Ela falava baixo ao seu lado, tão baixo que não podíamos ouvir. Mas ele não respondia.

Em poucos segundos ela levou o garoto para sentar-se com a gente, ele sentou entre as meninas, mas parecia recusar-se a erguer os olhos para nós.

Felipe: Hey, por que tá chorando? - perguntei já com pouca paciência.

Ele enfim ergueu os olhos, eram azuis como o céu, mas estavam cheios de lágrimas.

Angélica: Qual seu nome, amigo?

O garoto respondeu com apenas uma palavra: “Thiago”.

Bianca: Fala pra gente, Thiago. Por que você tá chorando?

Ele olhou pra cima, pareceu tentar engolir o choro, literalmente.

Thiago: Desculpa, mas eu não consegui ignorar a conversa de vocês.

Felipe: E a nossa conversa foi motivo pra choro? - dei risada.

Thiago: Não, não é isso, desculpa. - ele pareceu ficar chateado.

Felipe: Fica tranquilo, foi só brincadeira.

Thiago: É que vocês são um casal, né? - ele se referiu ao Vinícius e eu.

Felipe: Sim, por que? - admiti sem medo.

Thiago: É que eu sou gay também, e agora pouco meus pais descobriram.

Fiquei apenas olhando, achei que sabia exatamente o que ele estava sentindo.

Vinícius: E eles te rejeitaram?

Ele confirmou com a cabeça.

Thiago: Começaram uma discussão muito feia comigo… Meu pai foi agressivo, e eu saí de casa.

Felipe: Foi agressivo? Ele bateu em você?

Thiago: Ele começou a me empurrar e me pegar com força pelo braço… Eu saí de casa logo depois. Fiquei com medo de piorar.

Angélica: Você saiu por conta própria?

Mais uma vez ele apenas confirmou balançando a cabeça.

Thiago: Na verdade, eu que tentei contar pra eles que sou gay. Achei que eles aceitariam… só que foi bem diferente. - ele estava firme segurando o choro.

Felipe: Não segura o choro, não, Thiago. Deixa sair.

Ele pareceu não me ouvir e apenas olhou pro outro lado.

Felipe: Meus pais me rejeitaram também… Me mandaram embora de casa, me mandaram morar com minha tia numa cidade longe daqui. Me separaram do meu namorado na época, me levaram embora sem ninguém saber. Mas foi lá que eu conheci o Vinícius e é com ele que eu tô hoje.

Thiago: E o seu outro namorado?

Felipe: Haam… Vamos dizer que o relacionamento não sobreviveu à tudo o que aconteceu.

Ele olhou o Vinícius por um instante.

Thiago: E seus pais te aceitaram depois?

Felipe: Bom… Sim. Mas eles ainda não sabem que eu tô com o Vinícius agora, e o Vinícius é meu primo… eu não sei como eles vão reagir à isso.

Ele ficou apenas nos olhando, parecia estar com a cabeça em outro mundo, até que resolveu falar.

Thiago: Eu comecei a namorar há algumas semanas, queria contar aos meus pais, queria que eles soubessem… Meu sonho era que a gente pudesse conviver… Sabe? - ele fez uma pausa e seus olhos voltaram a lacrimejar - A minha irmã leva o namorado pra almoçar em casa todos os domingos, é uma convivência tão boa, por que não pode ser igual pra mim? Por causa de um maldito preconceito, acham que não merecemos respeito sem nem mesmo nos conhecer direito. Ou melhor, meus pais me conhecem muito bem, mas mesmo assim…

Me senti mal por ele, eu sabia exatamente como era. Meus pais também pareceram esquecer de tudo a meu respeito quando descobriram minha homossexualidade.

Felipe: Eu passei pelas mesmas coisas, Thiago. Eu sei como dói.

Ele não respondeu.

Bianca: E seu namorado, ele sabe o que tá acontecendo?

Thiago: É… eu liguei pra ele, combinamos de nos encontrar aqui. Ele ficou preocupado…

Bianca: Qual a idade dele?

Thiago: Ele tem 22, eu tenho 15.

Ergui as sobrancelhas sem querer. Ele percebeu, mas não falou nada.

Bianca: E tem problema você estar aqui com a gente quando ele chegar?

O garoto negou, balançando a cabeça, mas percebi que seria tarde demais caso ele fosse um problema estarmos com ele, pois enquanto eles falavam, um rapaz fortinho com um pequeno alargador parou ao lado da nossa mesa, parecia muito preocupado, o Thiago então pulou e abraçou o rapaz. Os dois sussurraram muitas coisas naquele abraço, mas não pude entender nenhuma delas.

Thiago: Gente, esse é o Jefferson.

Jefferson: São seus amigos?

Thiago: É complicado, na verdade… Acabamos de nos conhecer.

O rapaz pareceu confuso, então o Thiago explicou melhor como começamos a conversar, contou o que eu contei a meu respeito, e quando terminou tudo, ambos já estavam sentados conosco.

Jefferson: Obrigado por terem feito companhia a ele. - Ele agradeceu com muita simpatia.

Bianca: Foi um prazer. - ela sorriu. Pensou por alguns instantes e continuou - Não é da minha conta, mas, o que vocês vão fazer agora?

Jefferson: Eu não vou deixar o Thiago voltar pra lá, o pai dele vai acabar matando ele. Ele vai morar comigo. - ele completou olhando o Thiago.

Bianca: E você mora com seus pais ou sozinho?

Jefferson: Sozinho. Moro aqui, trabalho e faço faculdade aqui, mas meus pais moram um pouco longe. Eles me aceitam sem problema, só moro aqui porque foi onde consegui começar uma vida mais independente.

Felipe: Bom, acho que isso facilita um pouco.

Eles concordaram, mas eu sabia que nada ia compensar a dor e dificuldade que seria conviver com a rejeição dos próprios pais. A menos que ele não se importasse muito com os próprios pais, o que era difícil acreditar.

O Thiago abaixou a cabeça, estava na cara que ele ainda estava tentando segurar o choro.

Felipe: Já falei pra não segurar o choro, Thiago. Só faz doer mais…

Jefferson: Ele tá certo, Thiago.

Vi uma lágrima cair sobre a mesa, ele segurou com força seu café.

Thiago: Meus pais sempre foram tudo pra mim, eu sempre fiz tudo por eles… por que inferno fizeram isso comigo? O que eu vou fazer agora?

Felipe: Dá um tempo pra eles. Eles precisam pensar e refletir sobre isso tudo. Meus pais só me aceitaram depois de muito tempo longe de mim.

Thiago: Ninguém merece passar por isso. O que é que a gente faz de tão errado??? Amamos alguém do mesmo sexo? Isso é só amor, não é ódio, não é guerra, não é crime!

Felipe: Quem me dera saber responder com exatidão essa pergunta. Todos aqui nessa mesa podem falar alguns motivos pra esse ódio todo, mas a coisa sempre vai ser mais profunda do que qualquer um pode chegar. Mas não esquece, Thiago, a vida é como andar de bicicleta, você só consegue se se manter em movimento.

A Bianca me olhou e sorriu.

Thiago: Obrigado…

Vinícius: Foi legal o que você disse pro garoto lá no café. - Ele disse sentando-se na cama.

Felipe: Ele pode chorar, espernear ou o que quiser… Ele só não pode parar de seguir em frente. Quando ele começou a falar que não sabia o que fazer de agora em diante, eu achei que era bom dar uns toques nele.

Vinícius: Afinal de contas, o mundo não espera.

Felipe: É isso aí. - ficamos em silêncio por alguns instantes - Já escovou os dentes?

Vinícius: Já, logo depois do banho.

Felipe: Bom. - falei enxugando o cabelo com a toalha e depois vestindo uma camisa.

Ele ficou me olhando o tempo todo. Já estava vestido e bem agasalhado por conta do frio, mas seu olhar entregava todos os seus pensamentos.

Felipe: O que foi?

Vinícius: Queria que estivéssemos sozinhos na casa agora. - ele sussurrou.

Felipe: Ah é? Pra que? - sussurrei de volta.

Vinícius: Aaah, pra gente brincar um pouco.

Sorri e me sentei ao lado dele.

Felipe: Danadinho.

Ele riu e desviou um pouco o olhar.

Vinícius: Seus pais tem sono pesado?

Felipe: Tá doido? Não vamos transar com meus pais dormindo no quarto no final do corredor!

Ele então se inclinou e beijou meu pescoço devagar. Enfiou a mão por baixo da minha blusa e alisou minha barriga, e então enfiou a mão por dentro da minha cueca.

Felipe: Melhor não. - falei sem firmeza na voz. Eu já estava retribuindo seus toques.

Vinícius: Só oral então, vai? Eu começo…

Não respondi mais, apenas tirei minha blusa e deixei ele descer com a boca pelo meu corpo. Então ele me deitou na cama e puxou minha calça, tirou a própria roupa também e se colocou “de quatro” na cama, invertido, em cima de mim, formando aquele 69 danado. O resto é difícil de descrever, eu não conseguiria, nem se quisesse.

-------------------------

Thiago e Jefferson são dois caras reais e super legais que eu tive o prazer de conhecer, infelizmente em uma situação complicada... Não mantivemos contato, mas onde quer que estejam, espero que estejam bem... e muito felizes. Um grande abraço!

Comentários

Há 3 comentários.

Por Elizalva.c.s em 2017-07-01 16:21:12
Muito bom amei muito...😘😘😘
Por Guerra21 em 2017-06-11 10:48:29
Capítulo maravilhoso.
Por edward em 2017-06-11 07:07:00
Muito bom