Capítulo 41

Conto de SyncMaster como (Seguir)

Parte da série Tribulações

Minha tia telefonou e pediu as pizzas na mesma hora que meus pais concordaram em comer com a gente. Segundo o atendente, em cerca de uma hora elas seriam entregues. O Vinícius se surpreendeu dizendo que, normalmente, eles demoravam mais que isso, mas minha tia o lembrou de que ainda era muito cedo, então, provavelmente, eles estavam com pouquíssimos pedidos.

Ficamos ali na sala, sentados juntos e conversando. Na verdade, quem mais conversou foram meus pais e minha tia, o Vinícius e eu ficamos quietos, apenas escutando, o que foi um pouco chato, eu admito.

Depois de alguns minutos, que mais pareceram horas, o Vinícius cutucou minha perna com o joelho. Olhei para ele, que fez um gesto com a cabeça para sairmos dali. Sem esperar por uma confirmação minha, ele se levantou, por impulso eu me levantei logo em seguida e o segui até o quarto.

Felipe: Que foi?

Vinícius: Nada, ué. Só quis sair de lá, nem estavam falando com a gente.

Felipe: Ah… - Sorri.

Vinícius: Quer começar a desfazer as malas?

Felipe: Ué, tá com medo de que eu me arrependa e vá embora com meus pais?

Vinícius: Droga, deu pra perceber? - Ele brincou.

Felipe: Besta, eu vim pra ficar… - Sorri - Mas vamos arrumar isso, então.

Vinícius: Vamos nessa… - Ele sorriu.

E então o Vinícius abriu seu guarda-roupas, o espaço que eu liberei ainda estava livre. Claro que suas coisas ficavam um pouco apertadas quando só havia metade do espaço para elas, mas as minhas também ficariam apertadas na outra metade, e o Vinícius não demonstrava se importar com isso (nem eu).

Felipe: Tava com esperança de que eu voltasse? Nem arrumou seu guarda-roupas.

Ele sorriu, pareceu um pouco envergonhado.

Vinícius: Nunca se sabe… E eu tava errado? Você voltou mesmo.

Apenas sorri.

Vinícius: Posso perguntar uma coisa? - Ele perguntou quando abri a primeira mala.

Felipe: Claro.

Vinícius: Alguém tentou te impedir?

Nos entreolhamos, eu respirei fundo.

Felipe: Olha… - Pensei muito bem antes de responder. - Não. Minhas amigas pareceram um pouco chateadas, mas não tentaram me impedir, até me incentivaram.

Vinícius: Nem seus pais tentaram te convencer a ficar lá? - Ele perguntou como se aquilo fosse muito estranho.

Felipe: É a mesma situação, por dentro eles não gostaram muito de me ver querendo ir embora de novo, mas eles aceitaram sem muitos problemas… Ficaram chateados, choraram por causa da situação, mas não tentaram me impedir.

Vinícius: Nossa…

Felipe: Surpreso?

Vinícius: Um pouco, pensei que seus pais teriam dificuldade pra aceitar...

Dei risada e fiz que não com a cabeça enquanto continuei guardando minhas roupas.

Felipe: Eu acho que depois de tudo o que fizeram, eles acabaram tomando uma posição mais liberal pra tentar compensar os erros, sei lá…

Vinícius: É, algo assim… Faz sentido.

Felipe: Posso perguntar uma coisa?

Vinícius: Claro.

Felipe: Você acreditava mesmo que eu ia voltar?

Vinícius: Bom, no fundo eu achava que não. Eu achei que você nunca mais voltaria depois que de se reencontrar com o Nicolas… - Ele parou de falar, como se tivesse dito uma palavra proibida.

Fiquei observando-o.

Vinícius: Tô errado?

Desviei o olhar, eu não sabia responder. Percebi que os adultos na sala ficaram mais quietos, talvez tivessem abaixado o volume da voz para prestar atenção em nós, ou talvez estivessem apenas falando sobre assuntos particulares. Afinal, além de estarmos falando num tom de voz muito controlado, a sala não ficava tão próxima do quarto, então imaginei que seria difícil ouvir nossa conversa. Nós só ouvíamos as conversas deles, pois não tinham nenhum controle sobre o tom de voz, muito menos a minha tia.

Tivemos tempo de desfazer a primeira mala! Quase no mesmo instante que terminamos, a minha tia entrou no quarto e nos chamou para comer, pareceu até sincronizado! O Vinícius e eu queríamos ir ao banheiro antes de ir comer, eu disse a ele para ir primeiro, e fiquei no quarto. Quando o Vinícius me deixou sozinho ali, eu respirei fundo, pude sentir o perfume dele, olhei sua cama e fiquei feliz por estar ali.

Vinícius: Fê, vai lá! - Eu estava tão distraído, que saí andando sem falar e sem olhar para ele. - Quer que eu espere aqui? - Ele perguntou como se estivesse apenas tentando ver se estava tudo bem comigo.

Felipe: Ah… - Falei recuperando a consciência. - Espera, por favor?

Ele sorriu e concordou com a cabeça, no mesmo instante eu agradeci e saí do quarto. Apenas lavei as mãos no banheiro e voltei, ele estava sentado na minha cama, olhando para o chão, quando entrei no quarto e chamei-o.

Todos estavam na cozinha, sentados à mesa com as pizzas e uma Coca Cola. Meus pais estavam comendo, e minha tia estava com um pedaço de pizza no prato, pela metade, mas ela estava muito empolgada falando, inclusive fazia gestos com as mãos e os braços. Entrei atrás do Vinícius e me sentei ao lado dele, minha tia ficou nos observando com um olhar desconfiado, mas sem parar de falar.

Fiquei olhando-a, fingindo que estava ouvindo o que ela falava, mas minha mente estava longe. Tão longe que o Vinícius precisou cutucar meu braço para chamar minha atenção.

Vinícius: Qual você quer? - Ele disse com o cortador de pizza na mão.

Felipe: Pode ser essa mesma. - Falei indicando a mesma que ele pegou.

E então o próprio Vinícius cortou o pedaço, e colocou-o no meu prato.

Vinícius: Bom apetite. - Ele brincou.

Felipe: Obrigado, Vini.

Dei uma rápida olhada para minha tia, ela estava me olhando com uma expressão estranha, eu fiquei sem graça. Mas nem assim ela parou de falar. Desviei o olhar e encarei meu prato novamente, o Vinícius se enturmou na conversa, mas eu não consegui, nem sabia do que estavam falando, apenas fingi estar por dentro do assunto da maneira que pude.

Quando minha tia finalmente parou de falar, talvez para respirar um pouco, meu pai olhou para o Vinícius e começou a puxar assuntos.

Edson: E aí, vocês vão continuar a academia?

Meu primo apenas confirmou com a cabeça, estava com a boca cheia demais para falar.

Edson: Você vai continuar, filho? - Ele disse me olhando. - Eu continuo pagando, não tem problema nenhum.

Demorei um pouco para pensar, eu não sabia direito se era melhor voltar, ou deixar a academia pra trás. Mas o Vinícius engoliu sua pizza e falou antes de mim.

Vinícius: Ele vai, sim!

Meu pai deu risada, e eu não contrariei, eu não me importaria em fazer, assim como também não me importaria em não fazer.

Edson: Izaura, aquele mesmo esquema, então? Eu deposito na sua conta e você repassa pra ele pagar?

Izaura: Claro. Nem precisa se preocupar, o filho é meu agora, eu pago.

Meu pai deu risada.

Izaura: Acha engraçado? Perdeu, maninho! Ele é meu filho agora! - Ela disse de um jeito engraçado.

Minha mãe estava quieta, ela apenas observava com um sorriso fraco no rosto, sem falar nada.

Edson: Imagina, eu pago.

Laura: Bom, nem vamos ter que correr com transferência de escola, nem deu tempo de transferir o Fê pra lá. - Ela tentou brincar.

Felipe: É, foi bem rápido… - Dei risada.

Ela sorriu, mas não disse nada.

Eu já havia terminado meu pedaço de pizza quando o Vinícius terminou o dele. Então peguei o cortador e peguei meu próprio pedaço, depois perguntei a ele qual ele queria, e o servi também. Eu não me sentiria bem se deixasse ele fazer tudo por mim o tempo todo, eu poderia me cuidar muito bem! Evitei encarar minha tia ou meus pais depois de fazer isso, os olhares da Izaura me incomodavam um pouco.

Depois de comerem um pouco mais e conversarem muito com minha tia enquanto lavavam os pratos, meus pais finalmente decidiram que já era hora de ir embora. Senti meu peito apertar um pouco depois que eles concordaram que já era hora. Meu olhar encontrou o olhar da minha mãe no mesmo instante!

Ambos levantaram, meu pai pegou a carteira e as chaves do carro em cima do armário enquanto minha mãe se aproximou de mim e me abraçou por um bom tempo.

Laura: Se cuida, qualquer coisa é só ligar pra gente.

Felipe: Pode deixar, mãe. Se cuidem também.

Laura: Pode deixar, filho. Eu te amo!

Felipe: Também te amo, mãe! - Falei segurando-a bem firme.

Ela me deu um último beijo na bochecha, me apertou mais forte, e se afastou, então se aproximou do Vinícius, mas eu não prestei atenção nos dois, pois meu pai me abraçou logo em seguida.

Edson: Garotão, juízo, e se cuida!

Felipe: Pode deixar, pai. Se cuidem também.

Edson: Ok. - Ele respondeu com um sorriso.

E então ele me soltou e apertou a mão do Vinícius.

Edson: Não esquece, nada de tatuagens! - Meu pai insistiu na brincadeira.

Vinícius: Pode deixar, tio! Ninguém vai fazer tatuagem. - Ele riu.

Edson: E cuida do meu filho! - Ele disse sério, dessa vez.

Vinícius: Sempre cuidei.

Me senti envergonhado com essa resposta dele. Desviei o olhar quando ele me olhou logo depois de dizer isso ao meu pai.

Por último eles se despediram da minha tia, ela os acompanhou até o carro, mas eu fiquei na cozinha com o Vinícius. Nos entreolhamos assim que ficamos sozinhos, ele abriu um grande sorriso em seu rosto, e eu retribuí.

Felipe: Agora ferrou!

Vinícius: Por que? - Ele caiu na risada.

Felipe: Porque vai ter que me aguentar o tempo todo. - Dei risada.

Vinícius: Até parece que isso é um problema pra mim. - Ele disse rindo.

Fiquei apenas olhando seu sorriso.

Vinícius: Por que você fica quieto nessas horas?

Me atrapalhei, eu levei um tempo para pensar numa resposta.

Felipe: É que eu não sei como reagir… quando você fala essas coisas.

Ele pareceu ficar sem graça.

Vinícius: Tudo bem. - Ficamos alguns segundos em silêncio. - Quer terminar aquelas malas?

Fiz que sim com a cabeça e saímos juntos da cozinha.

Fiquei um pouco constrangido quando o Vinícius abriu a segunda mala. Nela estavam minhas cuecas, e fiquei com um pouco de vergonha do Vinícius vê-las. Tirei-as da mala tão rápido quanto pude, sem chamar a atenção do Vinícius quando ele se afastou para pegar alguns cabides, guardei todas em uma gaveta.

Um tempo depois a Izaura entrou no quarto, estava sorrindo.

Izaura: Fê, não preciso dizer, né? Fica a vontade, a casa é sua! Se o Vinícius encher o saco, pode dar uns tapas nele… - Ela riu ao final.

Vinícius: Nada disso. - Ele brincou. - Eu sou mais velho.

Felipe: Só alguns meses.

Vinícius: Ainda assim, sou mais velho, conforme-se!

Dei risada.

Felipe: Obrigado, tia.

Izaura: Ah, não agradeça. É um prazer ter você aqui. Prazer muito maior sabendo que você está aqui por vontade própria agora!

Felipe: É… - Fiquei sem graça. - Quem diria?

Ela riu.

Izaura: Quem diria!? - Ela nos encarou com aquele olhar estranho. - Bom, eu vou deixar vocês se organizarem com as malas. Se precisarem de mim, estarei na sala.

Felipe: Tá ok, tia!

E então ficamos sozinhos de novo, o Vinícius começou a desfazer a última mala, e eu levei alguns segundos para pensar e começar a ajudá-lo.

Me deitei na cama e fiquei olhando o teto enquanto o Vinícius foi tomar banho. Era tão bom estar ali, eu me sentia aliviado. Por um instante me perguntei qual seria a reação do Nícolas quando soubesse que fui embora novamente.

Comecei a ficar com sono antes mesmo do Vinícius voltar do banho. Achei que ia acabar dormindo, mas não demorou muito para ele entrar no quarto, já vestido, trazendo aquele “cheiro de banho” muito gostoso. Seu cabelo ficava estranho molhado, mas, ao mesmo tempo, fofo.

Vinícius: Que cara de sono! - Ele disse quando me sentei na cama.

Felipe: E estou!

Vinícius: Então acho que não vai rolar filmes e altos papos essa madrugada. - Ele riu.

Felipe: Acho um pouco difícil, mas podemos tentar.

Vinícius: Se esse sono seu passar, a gente fica.

Felipe: Tá. - Falei pegando minha toalha e uma roupa pra me vestir no banheiro.

Não enrolei no banho, tentei terminar o mais rápido possível para voltar logo ao quarto. Essa pressa me fez escorregar e quase levar um belo tombo quando fui sair do chuveiro.

O Vinícius estava deitado na sua cama quando entrei no quarto. Não mexia no celular, nem lia nada, estava apenas deitado olhando para o nada.

Vinícius: Já?

Felipe: Já, ué.

Vinícius: Então tá… minha mãe já foi dormir, passou daqui dar boa noite enquanto você estava no banho.

Felipe: Ah, tá… ela deve estar com sono também.

Vinícius: Provavelmente! Minha mãe não consegue dormir tarde. Ela fica caindo de sono!

Felipe: Me identifico um pouco. - Dei risada.

Vinícius: Ah, sábado passado você ficou até bem tarde!

Felipe: Isso é verdade… foi uma rara exceção. - Brinquei.

Vinícius: Bobo. - Ele riu. - Pode apagar a luz quando quiser, tá?

Felipe: Tá. Só vou arrumar minha cama antes.

Vinícius: Tá bom.

Ficamos em silêncio, eu procurei desesperadamente um assunto, mas, como sempre, foi ele quem encontrou um assunto.

Vinícius: Fê?

Felipe: Oi, Vini.

Vinícius: Por que seu pai te trouxe pra cá aquela vez? Você sabe? Tipo… Por que exatamente pra cá? Não pra outro lugar?

Fiz que não com a cabeça.

Felipe: Nunca tinha pensado nisso. Você sabe?

Vinícius: Não. Porque nós não nos víamos desde quando éramos crianças, nunca fomos os melhores amigos do mundo...

Felipe: Talvez seja por causa da sua mãe… sabe? Por ela ser mãe solteira, talvez se tivesse um marido, seria mais difícil ele me aceitar.

Vinícius: Por que?

Felipe: Por eu ser… sabe? Homossexual…

Vinícius: Huum, verdade. Será que eu não tive influência nessa escolha dele?

Felipe: Acho que não, Vini. Meu pai nem teria me mandado pra cá se dependesse de você. - Falei apagando a luz do quarto e voltando para a cama me deitar. - Ele ia preferir me deixar o mais longe possível de qualquer garoto.

Vinícius: Faz sentido. - Ele disse um pouco sério. - Ou talvez seja porque ele só tinha coragem de pedir isso pra minha mãe.

Felipe: Pode ser. - Dei risada. - Talvez seja a mais provável.

Vinícius: Fê? - Ele chamou depois de alguns segundos de silêncio.

Felipe: Oi, Vini.

Vinícius: Me fala a verdade, por que você escolheu voltar pra cá?

Essa pergunta me pegou, eu não queria responder, mas também não queria mentir.

Felipe: Bom… - Respirei fundo. - Eu vou te falar a verdade, mas não ri, tá?

Vinícius: Claro que não, pode dizer.

Felipe: Pra ser sincero, quando minha mãe veio me buscar, eu já não tinha certeza absoluta de que queria voltar pra lá.

Vinícius: Ué, por que? Não queria mais encontrar o Nícolas?

Respirei fundo.

Felipe: O Nícolas…

Ele se sentou e disse como se estivesse entendendo as coisas.

Vinícius: Você não ama mais ele… por isso terminaram!?

Felipe: Eu saí daqui com dúvida sobre o que eu tava sentindo… E quando eu cheguei lá… E recepção dele foi tão fria, e depois ele me disse que o que tinha entre nós era algo passageiro, que depois de tanto tempo, deixou de existir… Acho que ele ficou chateado também por eu não ter mais entrado em contato, e tal… - Não quis prolongar o assunto.

Vinícius: Nossa…

Felipe: Pois é… Eu criei um carinho muito grande pela sua mãe, por você… Eu me sinto mais em casa aqui do que lá… E depois daquela conversa com o Nícolas, eu percebi que tô muito melhor aqui.

Vinícius: Melhor aqui? - Ele pareceu feliz.

Felipe: Você me faz bem. Não sei se você sabe que faz isso, ou se faz sem perceber…

Vinícius: Nossa, eu não sabia que você se sente assim.

Felipe: Agora sabe.

Vinícius: Então você tá aqui por minha causa?

Felipe: Eu tô aqui porque gosto muito de você e da sua mãe. Vocês me fazem bem. - Expliquei de uma forma muito mais simples e genérica.

Vinícius: Entendi. - Apesar do escuro no quarto, eu diria que ele estava sorrindo. - Nós também gostamos muito de você.

Eu apenas sorri, esquecendo que ele não podia me ver.

Vinícius: Dormiu? - Ele perguntou depois de alguns segundos de silêncio.

Felipe: Não, desculpa. Eu só estava viajando aqui…

Vinícius: Viajando pra onde?

Não consegui falar nada, apenas dei risada.

Felipe: Só pensando no que vai ser daqui pra frente. Pra onde eu vou, o que eu vou fazer, com quem…

Vinícius: Tenta começar fazendo o que tem que fazer agora! Se estabiliza, cuida desse coração… aí você pensa no amanhã.

Felipe: É um bom plano.

Ele riu e disse: “Se você diz, então deve ser mesmo”.

Vinícius: Posso fazer uma pergunta?

Felipe: Claro.

Vinícius: O que seu pai quis dizer aquela hora da sala quando ele disse que é difícil mesmo de descrever, mas que é bonita?

Dei risada, tive vontade de enfiar a cara em um buraco no chão.

Felipe: Aí, pai, você me coloca em cada uma.

Vinícius: O que foi? Pode me dizer. - Ele riu.

Felipe: Hoje mais cedo meu pai perguntou de você, porque ele só lembrava de você criança, né? Aí eu descrevi um pouco você e falei que você tem um tom de pele moreno bem claro.

Vinícius: Tá, e aí? - Ele riu.

Felipe: Aí ele me pediu um exemplo, algum conhecido dele que tivesse o mesmo tom de pele. Mas eu não consegui pensar em ninguém… Falei que era difícil descrever ou dar um exemplo. É isso.

Vinícius: Tá, mas e a parte de ser bonita?

Meu rosto pegou fogo, agradeci por estar escuro, pois eu devia estar muito vermelho.

Felipe: Eu disse que seu tom de pele é bonito. - Falei envergonhado.

Vinícius: Meu tom de pele é bonito? Huum.

Felipe: Tá, eu falei que você é bonito. Contente?

Ele riu, mas não insistiu no assunto. Me perguntei se ele não teria gostado, ou se apenas estava tímido.

Ficamos um pouco em silêncio, eu não sabia direito o que falar. Ouvi o Vinícius respirando fundo e bocejando várias vezes.

Felipe: Parece que tem alguém como sono. - Brinquei.

Vinícius: Parece que tem alguém com um ouvido bom. - Ele brincou, e eu dei uma risada fraca. - Fê?

Felipe: Oi.

Vinícius: Aquele nosso acordo sobre eu de dar uns tapas quando você começar a ficar depressivo… ele ainda é válido?

Felipe: Sim, é. - Respondi sem precisar pensar muito. - Por favor.

Estranhei o silêncio dele, mas levei um belo de um susto quando ele acertou meu rosto com o travesseiro e começou a rir.

Felipe: Tá doido? Quer me matar?

Vinícius: Você tava estranho, ué. Eu só cumpri o acordo. - Justificou. - Agora devolve meu travesseiro.

Me levantei da minha cama e ele começou a falar quase no mesmo momento.

Vinícius: Oh, vai acordar minha mãe! Para! - Ele disse rindo.

Felipe: Serei silencioso.

Me aproximei dele e enfiei o travesseiro em seu rosto, depois larguei-o rindo e deitei novamente.

Vinícius: Chato. Respeita os mais velhos!

Felipe: São só alguns meses de diferença. Dá pra tolerar um travesseiro na cara.

Ele deu risada, mas as brincadeiras pararam por aí. Ficamos em silêncio, o sono foi aumentando.

Vinícius: Fê?

Felipe: Oi, Vini.

Ele não disse mais nada.

Felipe: Que foi, Vini?

Vinícius: Nada, deixa pra lá.

Felipe: Fala, por favor…

Vinícius: Não, deixa… Não é hora pra isso.

Felipe: Para o quê?

Vinícius: Nada! - Ele riu - Deixa de ser curioso!

Felipe: Eu quero saber o que é… Pode falar!

Ele respirou fundo.

Vinícius: Eu gostaria de ir um dia pra sua cidade, conhecer suas amigas… Sua casa… O que você acha?

Felipe: Precisava daquele drama todo pra falar isso? Fala a verdade, você ia dizer outra coisa.

Ele riu.

Vinícius: Que droga, Felipe! Pelo menos responde isso.

Felipe: Acho uma boa ideia, elas também querem te conhecer um dia. - Imaginei como seria um encontro entre Vinícius e Nícolas.

Vinícius: Falou de mim pra elas?

Felipe: É, comentei. - Falei envergonhado - Mas e aí, o que você ia dizer de verdade?

Vinícius: Não era nada, deixa pra lá, por favor!

Felipe: Ah, tá bom… não insisto mais.

Vinícius: Outra hora falamos sobre isso, eu prometo.

Concordei, e então ficamos em silêncio, o sono foi aumentando, antes de dormir eu me lembrei de quando o Vinícius me perguntou: “O que é que esse Nícolas tem que tudo o que eu faço fica tão insignificante pra você?”. Aquela pergunta sempre aparecia na minha cabeça hora ou outra, e me fazia pensar muito em muitas coisas.

Comentários

Há 3 comentários.

Por Guerra21 em 2017-04-22 21:58:20
Acho que realmente vai rolar um romance entre os dois no entanto será passageiro, eu ainda acho que o Nicolas vai correr atrás do Felipe, e obviamente eles voltarão ou não, kkkkk, Tia Isaura tá sentindo medo do Vini entrar no meio dessa relação do Dê com o Nicolas, claro que ela sabe que vai rolar um romance entre os dois. Cara muito bom mesmo, até o proximo capítulo.
Por Elizalva.c.s em 2017-04-22 15:46:36
Muito fofo esses dois serão um belo casal,o Nicolas ainda vai se arrepender muito ter terminado com o Fê.😍😍😍😘😘😘
Por luan silva em 2017-04-22 00:14:52
Ai que amor _❤️ quero um encontro das meninas com o vini