Capítulo 36

Conto de SyncMaster como (Seguir)

Parte da série Tribulações

Izaura: Aí meu Deus! - ela disse com a mão na boca quando o Vinícius falou da tatuagem - Não achei que você teria coragem de fazer!

Vinícius: Eu tive! - Ele riu.

Izaura: E arrastou o Felipe nessa loucura!

Vinícius: Arrastei nada, ele também tinha vontade de fazer uma...

Ela me olhou como quem queria confirmar se era verdade.

Felipe: É verdade, eu só tava com medo de fazer… - falei sem graça.

Izaura: Ai ai ai, vocês dois! - Ela coçou a cabeça, mas depois ergueu as mãos e continuou - É o seguinte, não quero ouvir reclamações do tipo: "Aaai eu não deveria ter feito essa tatuagem". Porque se alguém disser isso pra mim, vai apanhar!

Ficamos em silêncio, ela estava brava de verdade.

Izaura: Entenderam?

Concordamos, mas também não falamos nada além disso.

Izaura: Deixa eu ver a sua, Felipe... - Ela se aproximou, e eu ergui a manga da camisa - Ah, até que é comportada... - Ela disse olhando bem. Depois olhou pro Vinícius - Eu não quero neem ver a sua! Deve ser o homem de ferro nas costas!

Vinícius: Claro que não! - Ele disse tirando a camisa pra que ela visse. Eu tentei não olhar.

Vinícius: Já faz três meses... - Ele disse de noite quando deitamos pra dormir.

Felipe: Faz. E fim de semana que vem é aniversário do Nicolas.

Vinícius: Sério?

Felipe: Uhum...

Vinícius: Fê?

Felipe: O que?

Vinícius: Você ainda pensa nele? Tipo, você ainda gosta dele?

Respirei fundo.

Felipe: Sim. - respondi com um nó na garganta.

Vinícius: E ainda quer voltar pra ele?

Felipe: Quero.

Vinícius: Se seus pais não te aceitarem, o que você vai fazer?

Felipe: Não sei, Vini...

Vinícius: Volta pra cá?

Nos entreolhamos.

Vinícius: Você tem uma família aqui também. As portas vão estar sempre abertas pra você! Se os seus pais te botarem pra fora de uma vez, volta morar com a gente!

Felipe: Obrigado, Vini...

Vinícius: Por nada, Fê.

Ficamos em silêncio por um tempo. Eu estava apenas deixando a correnteza me levar, e ainda não tinha feito nada pra mudar isso.

Felipe: Vini?

Vinícius: O que?

Felipe: Acho que vou forçar as coisas...

Vinícius: Como assim? - Ele disse assustado.

Felipe: Vou pra casa. Vou falar com meus pais! Vou ver o Nicolas! - E conforme fui falando, meu coração foi acelerando, o nervosismo foi tomando conta - As coisas já não estão dando certo, porque ter medo dessa conversa não der certo? Eu realmente não tenho nada a perder.

Vinícius: Vai fundo. To contigo!

Felipe: Só preciso arrumar um jeito de ir pra lá.

Vinícius: Vamos falar com minha mãe! Ela já disse que pode contar com ela!

Fiquei com um pé atrás.

Felipe: Mas e se ela avisar meus pais e eles darem um jeito de me segurar?

Vinicius: Não vão te segurar, e talvez seja melhor que seus pais saibam... Vai ficar mais tenso se você chegar lá de repente...

Felipe: Seja como for, Vini... Chega de fugir. Isso vai acontecer cedo ou tarde.

Izaura: Tem certeza? - ela perguntou quando contei pra ela na manhã seguinte.

Felipe: Por que? Acha que eu não consigo?

Izaura: Não é isso! Não vai adiantar nada você chegar lá e só ouvir tudo o que eles quiserem falar! Você tem que expor seus pensamentos, tentar mostrar seu lado pra eles, mostrar o que você acha que está errado! Se não, eles vão fazer o que quiserem de novo. Você precisa se impor, e não aceitar tudo tão fácil! Por isso eu perguntei se tem certeza...

Felipe: Eu tenho certeza!

O Vinicius apenas ouvia a conversa. Ele não se intrometeu dessa vez.

Izaura: Querido, espera no fim de semana que vem! Eu vou conversar com seus pais, tentar preparar as coisas.

Felipe: Não quero esperar, tia! Chega disso!

Izaura: Calma! Fazer tudo com pressa também não funciona! Não se preocupe, não vou entregar sua cabeça pros seus pais, vou só conversar! E se você quiser, no sábado que vem eu te levo pessoalmente pra lá.

Fiquei em silêncio, apenas encarando-a.

Izaura: Negócio fechado? - Ela estendeu a mão.

Olhei pro Vinicius, ele fez que sim com a cabeça, e no fundo os dois tinham razão.

Felipe: Fechado... - Falei apertando a mão dela.

Foi a semana mais demorada da minha vida. O Vinícius não tocou mais no assunto, não falou absolutamente nada sobre eu ir embora, ou sobre meus pais. Até mesmo quando falávamos das tatuagens, ele não fazia mais aquele comentário: "quero ver o que seus pais vão falar".

Na sexta feira eu acordei me sentindo estranho, eu não estava tão entusiasmado como pensei que ficaria, pensar em voltar pra casa me causava a mesma sensação de quando me levaram pra lá contra minha vontade, não era exatamente tristeza, talvez uma mistura maluca de sentimentos.

Não comentei com ninguém na escola sobre eu ir embora, pois ainda havia a chance de eu estar lá novamente na segunda. Apesar de não querer isso! Também pedi ao Vinícius pra não contar nada pra ninguém.

A tarde eu ajudei o Vini a arrumar seu quarto, como toda sexta feira, depois nos vestimos um pouco apressados, pois já tínhamos perdido hora, e fomos pra academia.

A Suse não pegou tão pesado naquele dia. Ela pareceu mais falante do que antes, animada, brincalhona! Judiando de mim ou não, eu sentiria saudade dela, e da academia também. Com certeza não seria igual na minha cidade, se é que eu voltaria pra academia lá.

Vinícius: E aí, ansioso?

Foi a primeira vez que ele falou sobre o assunto desde a conversa que tive com a Izaura no domingo. Estávamos quase chegando em casa.

Felipe: Um pouco.

Vinícius: Um pouco? - Ele perguntou de um jeito estranho. - Que que é, tá em dúvida logo agora?

Felipe: Não sei direito o que é. Mas e se o Nicolas não me quiser mais? E se ele não gostar mais de mim? E se aquilo tudo não era tudo o que parecia?

Vinícius: Aí você volta pra cá... - Ele disse sério.

Eu fiquei chateado! Mesmo depois de três meses, o Vinícius ainda conseguia me atordoar de vez em quando, ora eu tinha certeza que ele era gay, ora eu tinha certeza de que não era.

Quando viramos a esquina, eu achei que teria um ataque, meu corpo gelou e de repente. Eu parei de andar e segurei o Vinícius pelo braço.

Vinícius: Que foi? - Ele disse assustado.

Eu apontei na direção da casa dele. Ele olhou sem saber do que eu estava falando, é claro, ele não conhecia!

Felipe: É o carro dos meus pais! - Falei seco.

Vinícius: Ops...

Disparei andando com pressa até a casa, olhei pelo vidro do carro, não havia nada dentro. Nem malas, nem ninguém. O Vinícius ainda estava pegando a chave no bolso quando passei por ele e tentei abrir o portão, não estava trancado!

Vinícius: Felipe, espera!

Só que eu ignorei. Quem sabe meus pais tinham vindo me buscar, quem sabe minha tia tinha convencido eles a acabarem com isso. Quem sabe até mesmo o Nicolas estivesse com eles.

Abri a porta da sala e minhas expectativas morreram. Minha tia estava num sofá, sentada, com as pernas cruzadas e tomando café. No outro sofá, estava minha mãe. E ninguém mais.

Comentários

Há 5 comentários.

Por Elizalva.c.s em 2017-04-16 11:57:14
Essa situação tá cada vez mais pesada probre Felipe😘😘😘😘😘
Por luan silva em 2017-04-15 19:43:33
São várias hipóteses q me vem a cabeça... Tipo a hipótese do Edward foi a primeira q me veio a cabeça, mas também ela pode ter vindo só pra conversar tipo aconselhar a tentar ir do modo q o pai dele deseja ou sei la... Enfim muito ansioso pelo próximo.
Por Tyler Langdon em 2017-04-15 13:00:44
Aniversário do Nicolas de novo? Um ano não passou tão rápido ou passou? Kkkk
Por edward em 2017-04-15 07:26:19
Acho que a mãe veio buscar ele ! Ela deve ter se separado do Edson kkk só uma hipótese 😘😘😘
Por Guerra21 em 2017-04-15 05:36:32
Ninguém mais....menos que?? O Nicolas? Seu Pai? Grande suspense! Na moral eu posso tá errado, mais eu acho que o Vini tá caidinho pelo Dê! Veremos osso nos próximos capítulos. Bjs😘😘😘