Capítulo 20

Parte da série Tribulações

MENSAGEM DO AUTOR:

Oooi, pessoal que tá acompanhando a história! Tudo bem com vocês?

Eu estou aqui atrasando a sua leitura só pra agradecer o pessoal que está acompanhando e comentando os capítulos, vocês são demais! É muito bom ler os comentários e saber que tem pessoas lendo e gostando tanto. ;)

Eu resolvi postar essa história porque imagino que tem muitos garotos por aí que estão passando pela mesma situação que eu passei em casa. Se é seu caso, eu espero que ler a minha história, de alguma forma, te dê um pouco de força pra superar esse momento, que eu sei como é difícil e doloroso.

Eu queria também pedir desculpas por demorar tanto para postar novos capítulos, mas a minha rotina é bem corrida entre trabalho, casa e estudos... Mas eu me esforço pra postar o mais rápido possível!

Recado dado, boa leitura!

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Ainda era um pouco difícil de acreditar que aquilo estava realmente acontecendo! Eu tinha nos meus braços o garoto mais lindo do mundo, e eu estava nos braços dele! Mas o principal por trás desse parágrafo redundante é que ambos estavam exatamente onde mais queriam estar!

Nicolas: Achei que eu nunca ia receber um abraço desses de você.

Felipe: E eu acho que nunca vou te soltar.

Nicolas: Então não solta!

Ele beijou meu pescoço, me arrepiei, depois beijou minha bochecha e finalmente deu um selinho na minha boca, e então eu respondi, beijei-o de volta, pra valer. Suas mãos estavam firmes nas minhas costas, nossos corpos só não estavam mais próximos porque há uma lei na física que diz "dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço", ou algo parecido.

Seu beijo era doce, calmo, carinhoso, e quando eu consegui parar de beijá-lo, encostei minha testa na dele, quando olhei com atenção eu vi uma lágrima escorrendo pelo seu rosto.

Felipe: O que foi? - Sussurrei - Eu beijo tão mal assim? - Brinquei.

Ele deu risada.

Nicolas: Não... - Ele se atrapalhou - É que... eu...

Ele parou de falar, eu afastei meu rosto por um momento e encarei seus olhos azuis.

Nicolas: É que eu sempre me sinto tão insignificante. Como se ninguém me quisesse, como se ninguém se importasse comigo...

Felipe: Para de pensar assim! Eu te quero, eu me importo com você! Você é muito importante pra mim! Seu “bom dia”, seu “boa noite” quando me manda… muda meu dia! E eu te quero pra sempre na minha vida como o namorado mais perfeito que alguém poderia ter.

Nicolas: Namorado? - Ele sorriu um pouco tímido.

Felipe: É!

Ele me apertou mais.

Felipe: Vai recusar?

Nicolas: Não, eu não vou recusar! - Ele disse me abraçando mais forte e encostando o rosto no meu.

Felipe: Então você quer ser meu namorado pra sempre? - Eu falei com uma risadinha.

Nicolas: Bobo! - Ele sorriu - Claro que eu quero!

Ele afastou o rosto e me olhou nos olhos, seus olhos brilhavam contra a claridade que vinha da janela atrás de mim. Seu cabelo balançava com a brisa.

Felipe: Eu amo seu cabelo, sabia? - Falei sem pensar.

Nicolas: Aham... - Ele disse me beijando na mesma calma e tranquilidade de antes.

Pode me chamar de sensacionalista ou exagerado, mas eu me senti como se não existisse um mundo fora daquela casa! Porque tudo o que importava pra mim naquele momento já estava ali comigo!

Eu desci minhas mãos pelas suas costas devagar até bem perto do "cós" da sua bermuda e parei ali, não tive intenção de descer mais.

Nicolas: Não quero que seja rápido demais... - Ele disse parando de me beijar por um momento.

Felipe: Eu também não! - Disse lhe dando um selinho - Eu já tenho tudo o que eu quero!

Nicolas: E o que é? - Ele sorriu.

Felipe: Você! Seu sorriso, seu abraço… seu beijo!

Ele deu uma risadinha.

Felipe: Desculpa se sou muito bobo as vezes.

Nicolas: Não, não é! E se é, eu devo ser também! Te amo por ser assim! E por todo o resto também! - Ele riu.

Felipe: Posso perguntar uma coisa?

Nicolas: Claro...

Felipe: Foi seu primeiro beijo?

Nicolas: Foi ruim?

Felipe: Não sei... Não tenho experiência com beijos... - Dei risada.

Nicolas: Foi meu primeiro beijo. E eu sei que não foi o seu.

Felipe: Não. Não foi… - Me senti mal por aquilo. Eu queria muito que tivesse sido o primeiro - Mas foi o primeiro que teve sentimento.

Ele se afastou de mim.

Nicolas: Fe...

Felipe: O que foi?

Nicolas: A Angélica vai acabar percebendo que nós estamos juntos agora! Ela sabe de nós dois.

Só então me dei conta de que ele acreditava que meu primeiro beijo havia sido aquele com a Angélica no aniversário da Bia. Ele não sabia do Túlio! E agradeci por não ter perguntando sobre meus braços machucados ou sobre aquele domingo que ele me visitou e eu estava muito mal.

Felipe: Isso é um problema pra você?

Nicolas: Não. Mas não é pra você?

Felipe: Não, não é nem um pouco...

Ele respirou fundo.

Nicolas: E seus pais?

É, isso era um problema pra mim. Mas eu não queria desanima-lo com problemas.

Felipe: Bom, você sabe o que eles pensam... eu já te contei...

Nicolas: E aí? - Ele perguntou parecendo preocupado.

Felipe: E aí que eu não vou desistir de você agora. Mas por enquanto talvez seja melhor não assumir esse namoro.

Nicolas: Sim, claro! É melhor por enquanto!

Felipe: Eu lido com meus pais na hora certa!

Nicolas: Quero estar contigo! Vamos encarar essa juntos! Tá?

Felipe: Você é tão fofo! - Sorri, e ele pareceu um pouco envergonhado.

Nicolas: Fe?

Felipe: Oi...

Nicolas: Alguém além da Angélica e da Bianca sabe de você?

Felipe: Meus pais, mas eles acham que eu virei hetero... - Disse num tom esnobe - E sobre você?

Nicolas: Eu tinha uma amiga que sabia! Ela era como a Angélica e você. Digo, antes que vocês tivessem esses problemas.

Felipe: Entendi!

Nicolas: Já teve um grande amor não correspondido?

Fiquei um pouco sem jeito. Acredito que ele tenha percebido, pois logo se adiantou: "Desculpa se não quer falar sobre isso. Eu só quero saber mais sobre você!".

Felipe: Não, não. Tudo bem! - Fiz uma pausa de alguns segundos antes de começar a falar - Eu gostei de um garoto no ano passado. Acho que eu nunca tinha gostado tanto de alguém até então. E no começo ele parecia... bom... como vou dizer?

Nicolas: Parecia gostar de você da mesma maneira que você dele?

Felipe: É... só que depois eu fui me aproximando mais, dando umas indiretas... e aí, de repente, ele se afastou de mim e começou a me tratar muito friamente. E no final do ano ele se mudou! Não sei direito pra onde, mas sei que foi pra bem longe!

Nicolas: Entendi... - Ele disse fazendo biquinho. No lugar dele, neste momento, eu estaria incomodado com uma coisa! E meu palpite é que ele realmente estava.

Felipe: Só que aí veio você... - Fiz uma pausa, e no mesmo instante ele abriu um sorriso estonteante - E eu vi que não sabia o que era gostar de alguém!

Ele pulou na cama, me abraçou dizendo: "Não aguento, você é muito lindo!", e se jogou pro lado. Ficamos deitados, ele me abraçando com o rosto bem próximo ao meu, ficamos nos olhando.

Felipe: E você? Teve algum?

Nicolas: Ah, tive minhas quedas. Nunca fui correspondido, e também nunca gostei de alguém como gosto de você!

Sorri, e fiquei em silêncio, olhando em seus olhos.

Nicolas: E você pretende contar pra Bianca?

Felipe: Na hora certa! - Suspirei - A Angélica já sabe que cedo ou tarde nós vamos ficar juntos.

Nicolas: Como? Ainda nem colocamos o pé na rua... - Ele riu.

Felipe: Ela deve ter nos observado bastante hoje. Ela sabe de mim assim como sabe de você, então ela vai imaginar que cedo ou tarde vamos nos descobrir.

Nicolas: Foi a melhor manhã da minha vida... - Ele chegou mais perto.

Felipe: A minha também! E sabe qual é a segunda melhor na minha lista?

Nicolas: Qual?

Felipe: A do dia que você chegou na escola! Todo perdido, sem saber onde era sua sala...

Nicolas: Nossa! - Ele riu - No segundo dia de aula, porque perdi o primeiro!

Felipe: Eu lembro... - Sorri.

Nicolas: Qual foi sua primeira impressão sobre mim?

Felipe: Um garoto meio tímido, muito bonito e educado...

Nicolas: Exagerou na parte do bonito.

Felipe: Não exagerei, não! Você é lindo!

Ele sorriu.

Nicolas: Assim vou ficar convencido. - Ele brincou.

Dei risada.

Nicolas: E qual foi sua impressão sobre mim?

Nicolas: Sinceramente?

Felipe: Como assim? Não foi boa?

Nicolas: Você pareceu ser muito depressivo, e tinha cara de mau. Na verdade, ainda tem!

Felipe: Como alguém parece depressivo e mau ao mesmo tempo?

Nicolas: É só se olhar no espelho, que você vai descobrir!

Felipe: Como é que é? - Perguntei apertando a cintura dele, pra fazer cócegas.

Ele se contorceu um pouco.

Nicolas: Cócegas não! Pára!

Felipe: Cócegas sim! - Falei continuando. Ele começou a rir feito um louco, percebi que ele era muito sensível a cócegas.

Ele acabou se contorcendo tanto, que encostou o rosto no meu peito... E então eu parei, ele ficou onde estava e eu acariciei seu cabelo. Beijei sua cabeça e sussurrei: "Não quero nunca perder você".

Nicolas: Não vai! E nem eu vou perder você!

A campainha tocou, ele resmungou e eu dei risada do resmungo dele.

Felipe: Deixo tocar?

Nicolas: Melhor atender...

Levantei da cama e fui atender o portão, percebi o Nicolas vindo atrás de mim. Quando abri o portão, me assustei com a Bianca, a beira do choro.

Felipe: O que foi?

Claro, como sempre, essa pergunta era a última gota! A gota que fazia o copo transbordar. Ela começou a chorar muito, suspeitei que nçao conseguia falar nem se quisesse! Entrou e me abraçou. Eu olhei pra trás, o Nicolas parecia assustado, ergueu os ombros e se aproximou.

Felipe: Calma, Bianca! Fecha o portão, por favor? - Pedi ao Nicolas.

Ela me soltou e deu um passo pra trás, quase trombando com ele.

Bianca: Ai, desculpa. Achei que era pra eu fechar, não tinha visto o Nicolas aqui...

Felipe: Tudo bem, agora conta o que aconteceu.

Bianca: O Giovani... - Ela engoliu o choro.

Troquei um olhar com o Nicolas, que fez uma cara de quem queria dizer "Eu sabia".

Felipe: O que ele fez?

Bianca: Me traiu... com uma menina da sala dele!

Felipe: Calma, calma... como você descobriu? - Perguntei puxando-a pra dentro.

Bianca: Eu vi os dois na praça! Estavam ficando no banco!

Nicolas: Que otário!

Tive vontade de dar risada. A Bianca diria a mesma coisa ela estivesse no lugar do Nicolas.

Felipe: Eles te viram?

Bianca: Claro que viram, eu quase bati na menina!

Nicolas: Como assim? - Ele pareceu espantado - Você fez escândalo na praça por causa de um moleque?

Bianca: Eu fiz o maior escândalo que aquela praça já teve! - Ela pareceu orgulhosa - Vi os dois de longe e já fui pra cima, cheguei gritando, mas o Giovani entrou na frente e não me deixou chegar na menina... aí meti um tapa na cara dele! Era o único ao alcance.

Felipe: E aí?

Bianca: Falei que ele não tem vergonha na cara, que é só mais um moleque sem noção, sem responsabilidade e sem caráter! Falei que não sabe dar valor pro que tem, e só vai entender isso quando ninguém mais quiser ele.

Dei risada. Mas aí ela voltou a chorar e eu parei de rir.

Bianca: Aí ele disse que é culpa minha! Que eu sou chata, pego demais no pé dele...

Nicolas: Ei, para por aí. Ele é o sem vergonha que fica com outra menina e a culpa é sua? Se o seu jeito não agrada ele, ele tinha que chegar e conversar, talvez terminar... mas não fazer uma palhaçada dessa! Você não tem culpa de nada. Ele só é extremamente imaturo, mesmo!

Gostei de ouvir o Nicolas dizer aquilo, me fazia confiar ainda mais nele.

Felipe: Concordo com o Nicolas, Bianca! Para de chorar, você não tem culpa de nada!

Bianca: Mas eu gosto tanto dele!

Felipe: Mas ele não merece alguém como você! Eu sei que dói gostar de alguém assim, e não ser correspondido direito! Você sabe que sei! Mas logo você vai se sentir melhor, e vai agradecer por ter se livrado desse moleque estúpido!

Ela já tinha parado de chorar, agora só esfregava os olhos e enchugava uma ou outra lágrima que insistia em escorrer.

Nicolas: Quando isso aconteceu?

Bianca: Agora pouco! Da praça eu vim direto pra cá!

Felipe: Que honra. Ter vindo aqui comigo...

Bianca: Você é o único que tentaria me acalmar...

Nicolas: Como assim? - Ele riu.

Bianca: Se eu fosse na Angélica, ou em alguma outra amiga, com certeza ela ia querer ir tirar satisfações com o Giovani e a outra garota. A Angélica provavelmente diria: “Eu te avisei”.

Nicolas: Ai ai ai...

Felipe: E você já conhecia a garota?

Ela fez que sim com a cabeça.

Bianca: É uma piriguete, já deu pra metade da escola.

Felipe: Agora já deu pra metade e mais um. - Eu ri. Mas ela não gostou do comentário.

Bianca: Muda de assunto, por favor! O que há entre a Angélica e você?

Respirei fundo e troquei um olhar com o Nicolas. A Bianca entendeu e disse: "Ah, tudo bem. Falamos sobre isso depois!".

Felipe: Não, tudo bem! A Angélica assumiu gostar de mim, de verdade, entende? E acho que aquele beijo no aniversário da Beatriz não ajudou muito com o sentimento dela.

Bianca: Ai que menina sem noção. Ela sabe que você... - Essa última parte ela disse num volume quase inaudível, eu ainda estava com um pouco de medo de contar pra ela sobre o Nicolas.

Nicolas: Que o Fê é gay… - Ele completou. olhei-o rapidamente, e ele acenou com a cabeça.

Felipe: E quando fui falar com ela, domingo, ela disse algumas coisas estúpidas sobre os gays e tal. - Completei.

Ela arregalou os olhos, e fez um gesto com a cabeça, apontando pro Nicolas, mas eu ignorei.

Felipe: Desde então nós não conversamos mais, hoje na escola demos o maior gelo...

Bianca: Você sempre tratou a Angélica como uma princesa, talvez por isso ela tenha se apaixonado de verdade por você... - Ela disse olhando rapidamente pro Nicolas. Parecia preocupada por ele estar ouvindo toda a conversa.

Felipe: É, mas a gente se desentendeu. E agora eu to preocupado com o que dizer pros meus pais...

Bianca: Calma aí… PARA TUDO! - Ela ergueu a mão - O que tá acontecendo aqui? - Ela perguntou olhando o Nicolas, que começou a rir.

Ele estava sentado ao meu lado no sofá, e ao invés de explicarmos, demonstramos! Ele segurou minha mão e entrelaçamos nossos dedos.

Bianca: Não acreditoooooo! - Ela disse pondo a mão na boca.

Felipe: Acredite!

Ela soltou gritinhos histéricos de felicidade e se levantou.

Bianca: Ainda não acredito! Vocês dois? Desde quando?

Nicolas: Desde uns 30 minutos atrás...

Bianca: Aí meu Deus! Eu atrapalhei vocês!?

Nicolas: Não, imagina...

Felipe: Só estávamos conversando...

Bianca: Ai, mas me conta mais! Como isso começou?

Felipe: Bom, um outro dia alguém deixou um bilhete no meu estojo... e achei que tinha sido a Angélica, mas não falei sobre isso com ela. E hoje de novo, no de hoje a pessoa disse explicitamente que me ama. Aí hoje o Nicolas veio aqui em casa, e eu fui mexer no meu estojo quando achei outro bilhete. Eu li em silêncio, não mostrei o que estava escrito e nem nada. Aí fiquei bravo, disse que eu não entendia a Angélica e esses bilhetes dela...

O Nicolas e eu nos entreolhamos, ele estava sorrindo, e assumiu a história.

Nicolas: Aí eu perguntei como ele sabia que era da Angélica. E ele disse que só podia ser dela, por causa da parte do "Te amo". Aí eu comentei que gostava de poemas do Shakespeare, que era o que estava escrito no papel. E ele entendeu tudo!

Bianca: Ai que fofo! - Ela soltou mais um gritinho histérico e se sentou novamente - Ai, que tudo dê certo pra vocês! De verdade! Sabem que pode contar comigo pra tudo!

Felipe: Obrigado, Bianca!

Bianca: Gente, to sem palavras! - Ela riu. Parecia até se esquecer do Giovani.

Felipe: Olha, ninguém pode saber por enquanto, ok?

Bianca: Claro! Podem confiar em mim, sabem disso!

Felipe: Obrigado.

Quase não tivemos tempo de falar mais, ouvimos barulho do portão abrindo e um carro entrando na garagem. O Nicolas se afastou um pouco de mim, e a Bianca esfregou o rosto. Mas ainda ficou nos olhando com um sorriso bobo no rosto. Ainda bem que ela estava ali, não seria muito bom meus pais chegarem e me encontrarem sozinho com o Nicolas.