Capítulo 04. Matar ou Morrer
Parte da série Vivendo com os Mortos
*Gabriel
Antes...
Luke: Amor eu sinto muito pelo que aconteceu mas o seu Isaac agora está morto e as ruas estão cheias de mortos andando por ai, precisamos sair daqui agora.
Gabriel: eu não sei se consigo continuar.
Luke: eu estou aqui com você, não vou te abandonar.
Por mim eu ficaria ali parado pra sempre, mas isso não significaria apenas a minha morte mas também a do Luke, pensei em mandar que fosse embora e ficar ali com a minha mãe, foi então que ouvi um barulho, alguém estava quebrando o vidro da porta da frente... então lembrei das palavras da minha mãe... Sobreviva.
Gabriel: vamos sair daqui.
Agora...
Saímos de onde antes era a minha casa e que agora não passa de um lugar onde está um corpo do que costumava ser minha mãe.
O caos predominava nas ruas, pessoas corriam de um lado pro outro uns tentando escapar outros sendo devorados vivos, a poucos metros de mim três mortos se alimentavam do que corpo de uma vizinha idosa, pessoas com quem eu cresci, agora estão como animais atacando e matando seus próprios familiares e amigos.
Luke: Gabriel temos que sair daqui.
Gabriel: precisamos procurar ajuda, vamos até o centro médico, fica a uns 9 quarteirões daqui.
Luke: como vamos passar por essas coisas? Onde estacionamos o carro de sua mãe está cheio de mortos não tem como passar por eles e chegar ao carro, é muito arriscado.
Gabriel: o carro do Dr. Isaac.
Luke: tá entra na casa e se tranca no banheiro, vou buscar o carro.
Gabriel: eu vou com vc.
Lucas: não vai não.
Gabriel: não vou te deixar ir sozinho.
Luke: amor eu não quero que...
Gabriel: Luke hoje eu já perdi quase tudo que tinha de importante nessa vida, não posso perder a única coisa que me resta.
Luke: sempre teimoso pra cacete...fica atrás de mim.
Gabriel: vou ficar.
Luke: precisamos entrar e sa...
Então ouvimos um grito vindo da casa ao lado.
Gabriel: essa é a casa da Sharon.
Luke: Sharon?
Gabriel: Ela acabou de se mudar, veio pra cá procurando emprego pra criar a filha de 1 ano.
Então ouvimos um grito de socorro.
Gabriel: É ela... Vamos.
Luke: Gabriel espera.
Corri até a porta da frente, girei a maçaneta mas estava fechado por dentro, pelo vidro da porta vi a Sharon encostada a uma parede com a filha nos braços chorando, um morto se aproximava das duas.
Gabriel: precisamos fazer algo, aquilo vai matá-las.
Luke: sai da frente da porta.
Luke pegou impulso e foi com tudo pra cima da porta, derrubando com um estrondo.
Corri até o morto e o puxei pela camisa jogando-o ao chão.
Gabriel: CORRAM, DEPRESSA..
Sharon levantou e correu até o Luke, então saímos da casa.
Ela chorava sem parar agarrada a filha que também chorrava, vi que os mortos ao redor viraram em nossa direção e começaram a andar.
Gabriel: pare de chorar está atraindo eles, vamos sair daqui.
Seguimos correndo até a casa do dr. Isaac, eram 6 casas depois da minha, e como a frente estava cheia de mortos demos a volta e fomos pelos fundos, era uma casa enorme e a garagem era ao lado, entramos na garagem e fechamos o portão, verificamos o carro mas estava trancado, procuramos as chaves na garagem mas não pareciam estar em lugar algum.
Gabriel: vem vamos olhar dentro da casa.
Lucas: o dr Isaac virou uma dessas coisas e tá lá dentro, quando vim aqui vi um rastro de sangue e ouvi uns gemidos estranhos.
Lembrei que ele era casado e tinha uma filha de 14 anos.
Gabriel: e a mulher e a filha dele?
Luke: não fiquei pra saber.
Gabriel: droga, precisamos das chaves.
Lucas: vamos arranjar algo pra lutar com ele.
Olhei ao redor na garagem e vi um facão de uns 30 centímetros encostado próximo a um balcão, Luke pegou um martelo em uma das prateleiras.
Luke: Gabriel eles não são mais seus vizinhos, não são nem mais humanos, se vier pra cima de você... mate.
Olhei pra Sharon que tentava não soluçar enquanto chorava agarrada a filha.
Gabriel: fique aqui, voltamos já.
Ela acenou concordando com a cabeça.
Luke: vamos entrar.
Entramos por uma porta que ligava a garagem a casa e saimos no meio da sala de estar, não tinha ninguém apenas um rastro de sangue que levava a escada e de lá para o primeiro andar, seguimos o sangue que levava até um quarto, então encontramos o senhor Isaac... nunca vou esquecer aquela cena, ele estava morto ao pé da cama e metade do seu corpo da barriga pra baixo havia sido arrancado ou comido, havia muito sangue no chão e várias marcas de pegadas o que significa que ele foi atacado por vários mortos, talvez tenha sido sua própria família, debruçada sobre seu corpo estava sua mulher, vestida com uma camisola e coberta de sangue, ela comia uma parte do estômago...aquilo tudo me deu ânsia de vomito e uma enorme vontade de sair correndo dali, mas eu sabia que não podíamos sair sem a chave.
Ela percebeu que estávamos ali e veio avançando pra cima de mim, fiquei meio paralisado e então o Luke a derrubou com um chute e enfiou o martelo em sua cabeça.
Luke: o que estava fazendo você podia ter morrido caralho!!
Gabriel: desculpa... quando ela veio pra cima de mim, lembrei da minha mãe e paralisei... não vai acontecer novamente.
Lucas: Gabriel eu não conseguirei continuar sem voc...
E então ouvimos um grito vindo lá de baixo, Luke correu pra ver o que era e eu fiquei no quarto, já ia sair quando vi algo brilhando no bolso da camiseta do dr Isaac, era a chave do carro, segurei firme o facão e me aproximei pra pegar a chave, quando cheguei perto ele despertou e puxou meu braço, tentei soltar mas estava escorregando no sangue, seu olhar era de um ser sem alma que ansiava por me devorar, e com minha maior força enfiei a lâmina do facão na cabeça da criatura entre o meio dos seus olhos, e então assim como voltou ele se foi rapidamente, peguei as chaves no bolso dele e corri até o Luke, o encontrei na porta da garagem olhando fixamente pro chão.
Gabriel: tá tudo bem?
Luke: vamos sair pela outra porta...
Gabriel: encontrei a chave, podemos pegar o carro...
Então vi uma enorme poça de sangue aos seus pés.
Luke: você não precisa ver isso.
Ele tentou me impedir mas consegui atravessar a porta e ver o que ele escondia... Sharon e a filha estavam sendo devoradas pela filha do Isaac.
Gabriel: droga... O que há de errado com essa merda de mundo?
Luke: vamos.
Gabriel: espera...
Peguei o facão e me aproximei da garota.
Luke: você não precisa fazer isso.
Gabriel: eu preciso.
Então enfiei o facão na cabeça dela por trás, e subitamente ela caiu pro lado.
Luke me abraçou e tirou o facão de minhas mãos que tremiam como nunca antes, e sem perceber desatei a chorar sem controle.
Ficamos uns minutos assim, até que ouvimos batidas na porta da frente.
Entramos no carro, e abri o portão usando o controle da chave, Luke acelerou e derrubou alguns mortos na frente do portão, pegamos a estrada e seguimos até o centro médico em silêncio.
Após alguns minutos chegamos até uma cerca grande, onde paramos o carro.
Luke: é vamos ter que abandonar o carro aqui, não dá pra seguir com ele e em breve isso aqui vai tá cheio de mortos.
Gabriel: vamos pular essa cerca, a guarda da cidade deve estar lá dentro.
Entramos mas o prédio estava tomado, nem havia necessidade de entrar, tudo estava manchado de sangue e destruído, só acabariamos morrendo tentando procurar alguém, continuamos seguindo em frente até que de longe vimos que próximo a rodoviária da cidade haviam luzes e barreiras, provavelmente havia muita gente reunida.
Atravessamos as ruas e corremos em direção aquelas pessoas, chegamos ao local e haviam grupos de pessoas entrando em alguns ônibus 3 no total, vi um garoto que parecia ter a nossa idade, ele estava apenas com uma mochila e parecia estar sozinho, então me aproximei juntando me a multidão que entrava e perguntei ao garoto:
Gabriel: com licença pra onde estão indo esses ônibus?
- Pra a cidade vizinha, receberam mensagens de que o governo organizou lá um local seguro, então o prefeito organizou esses ônibus pra levar os que conseguiram sair do centro da cidade.
Gabriel: Obrigado... vamos Luke.
Policiais organizavam a entrada da multidão entramos no último ônibus com vagas, estava lotado e fomos pra trás onde havia algum espaço, o ônibus saiu e em alguns minutos saímos dos limites da cidade, era difícil imaginar que de uma cidade inteira apenas as pessoas naqueles ônibus haviam conseguido sair da cidade, o semblante das pessoas ao redor era de medo, angústia, tristeza... alguns estavam mais calmos, já passávamos por uma estrada deserta agora, finalmente saímos daquele inferno, eu sobrevivi aquilo, agarrei a mão do meu namorado e ele se virou sorrindo pra mim, e então inesperadamente começou um barulho na frente do ônibus, e consegui distinguir o que falavam:
- Essa mulher está passando mal, pare o ônibus.
- O que houve?
- Uma mulher desmaiou.
- Estamos chegando em...
Foi tudo muito rápido, a mulher em um momento estava caída nos braços de um homem e no outro estava mordendo seu pescoço, se soltava e mordia outro homem ao lado, as pessoas ficaram desesperadas e começaram a gritar e empurrar umas as outras, tentavam correr quase passando por cima dos que estavam ao redor, e em questão de poucos minutos estávamos em um ônibus em movimento, lotado e com mortos dentro...
Continua...
Espero que tenham curtido o capítulo, dêem sugestões e criticas para os próximos, e continuem acompanhando... Vlw flw :)