A árvore - Parte 02
Parte da série A árvore (Conto gay)
Então ele veio perguntar para mim, se eu pudesse fazer a tarefa junto com ele.
- Pronto professora. Terminei a tarefa. – entreguei a tarefa e pedi para ir no banheiro.
Fui lá, e entrei no banheiro e tranquei a porta e sentei no vaso, e pus minhas duas mãos sobre os cabelos e fiquei pensando no que ia fazer para esquecer ele.
Mas, no fundo do meu coração sentia que eu não devia desprezar o que sinto, por outra pessoa.
Criei coragem, e voltei para a sala e ele estava lá. Sentado me esperando, não o encarei muito, cheguei e sentei ao seu lado sem falar nada e nem puxei assunto.
Esperei bater o sino para ir embora, mas parecia que a cada momento demorava mais e mais para aquele sino bater.
E ele estava lá, conversando animadamente com seus amigos e eu só de cabeça baixa, nem fazia questão de olhar seus amigos e meus colegas de sala também. Terminou a aula, e fui saindo o mais depressa possível da sala. Mas, ele me chamou e eu parei na hora.
- Ale. Fica preciso conversar com você.
- Não tenho nada para conversar com você. Tchau. – peguei minha mochila e pus nas costas e ele quando fui saindo, ele me segura pelos braços.
- Não vai agora. Quero falar com você.
- Não. Alguém vai ver a gente aqui. Deixa eu ir embora. – eu fiquei nervoso.
- Tô nem aí. Quero dizer que te amo, mesmo você acreditando ou não.
- Tá bom. Deixa eu ir embora agora.
- Não. Você fica comigo. Vamos ali debaixo das árvores da quadra de basquete velha, tenho que te falar algo importante.
- Tá, mas tenho que ir embora logo.
Então fomos para debaixo de uma grande e imponente árvore, que dava muita sombra e com os raios solares atravessa as folhas e destacava as fotos de quem ali tirava e dava efeito sem pôr efeito algum na edição.
E ele segurou em minhas mãos novamente, senti um meu rosto corar na hora, até certo ponto de queimar de tanto nervosismo.
- Fala logo, estou ficando nervoso já!
- Te amo Ale.
- Isso eu já sei. Mas, me fala logo o que você quer de mim.
- Me desculpe, mas esse sentimento meu, tenho que desprezar. Não posso me iludir e iludir você. Não sei o que sinto, não tenho certeza do que está aqui dentro de meu coração, mas sinto algo de diferente, quando estou ao seu lado. Mas, preciso me afastar de você. E você de mim.
- Você está certo. Não quero criar expectativas, e nem me iludir com você. Vai lá com a sua namorada e curte ela. E eu vivo minha vida solitária e sem graça. – dei as costas a ele e virei a cabeça – Até amanhã.
- Até Ale. Veadinho.
Deixe ele lá sozinho e fui correndo para casa, e passei a tarde e à noite toda chorando, por alguém que ama e essa pessoa não quer mais nada com você, sem ter começado um relacionamento sério com você. E no outro dia, recomecei minha vida de garoto solitário de novo, e ser o mesmo garoto desprezado e nerd da turma.
Levantei da cama e fui ao banheiro lavar o rosto, escovei os dentes e me arrumei para ir na escola. Tomei café, peguei minha bicicleta e parti para mais uma jornada de humilhação dos populares da escola.
Cheguei lá, tranquei a bicicleta e fui a sala e vi ele com sua peguete em seu colo e eles se beijavam de língua descaradamente, e olhou para mim ainda no beijo e piscou o olho.
- Idiota! Como posso amar esse cretino. – pensei comigo, joguei minha mochila e sai pra fora da sala.
Os outros olhavam para mim e perceberam que eu estava chorando.
- Você está bem Ale?
- Estou sim. Quero ficar sozinho.
Então saí da sala, e fui para debaixo das sombras daquela maldita árvore.
E fiquei lá, até me acalmar e voltei a sala e a professora havia entrado, e me sentei do outro lado da sala.
- Alessandro, está sentindo algo?
- Não professora. Estou bem. Não se preocupe.
E foi mais um dia de aula, e sofrimento para mim e meu coração partido.
E com o tempo fui esquecendo dele, que o amor que sentia por ele, não existia mais dentro de mim.
Nunca mais, olhei em seu rosto e vi ele jogando futebol na quadra, todas as aulas eu ficava longe dele, e deixava ele com sua namorada ou peguete.
Mas, um dia quando estava voltando a pé para casa em rua deserta, eu me deparo com ele me seguindo.
Não olhei muito ele, e fui direto para a minha casa, entrei e fiquei a tarde toda chorando trancado dentro do quarto, me arrependi de não ter dito a ele naquele momento: “EU TE AMO E NÃO CONSIGO PARAR DE PENSAR EM VOCÊ.” E fiquei sentado na cama tentando me distrair um pouco com a TV, mas nada fizera para eu parar de pensar naquele corpo e aqueles olhos azuis cintilantes, me sentia a cada momento um idiota.
Mas, eu estava redondamente enganado com isso tudo que sinto.
De repente, caio num sono profundo e vou ao fundo de meus sonhos e pesadelos, e vejo eu em meu quarto e ele em frente à minha cama seminu apenas tampando seu grande volume que havia ali ainda mole, e seu corpo todo malhado. E eu me sentei na cama sem entender nada e ele me olhando, e de repente vi ele todo pálido. Sua cor de pele bronzeada havia embranquecido, e seu corpo estava todo molhado.
E ele caiu no chão de madeira do meu quarto, e começou a gritar com sua voz fraca e sem oxigênio, e vi água saindo de sua boca. E ele começou a se arrastar para minha direção e eu fiquei para feito uma estátua. Perplexo com aquela cena e ainda por cima com muito medo.
- Ale..me ajuda...me ajuda... – eu ouvia sua voz se enfraquecer cada vez mais.
E seu corpo ficar mais branco, e ele pega em minha mão e me puxa ao chão que havia se transformado em uma espécie de represa ou lagoa, com árvores e mata ao redor. E eu caia numa altura e nunca atingia a água, e vi seu corpo boiando na água. Quando vi aquilo, soltei um urro de dor e tristeza, gritava entre as lágrimas.
Daí então, acordei daquele pesadelo gritando. Mas, meus pais tinham viajado, e só eu estava sozinho em casa. Naquela noite não dormi, esperei amanhecer e ir para escola e esquecer aquele pesadelo horrível que tive naquela noite.
Cheguei lá, não vi ele. Comecei a ficar nervoso e com medo de algo que tivesse acontecido com ele.
Então deixo minha bolsa e vou parar a árvore, e antes de chegar a uma curva que dá acesso a quadra, esbarro sem querer nele. Mais, do que depressa o abraço. E ele sem entender nada retribui.
- Pensei que tinha morrido.
- Nossa! Mas o que você ficou sabendo? – ele me olhou com aquela cara de menino inocente, que me encantou mais ainda por ele.
- Tive um pesadelo, onde você morria afogado, num rio ou lagoa.
- Tá. Agora vai para a árvore e se acalme. Não quero que ninguém veja nós abraçados aqui no meio do pátio da escola. – ele disse isso e me soltei de seus braços fortes e sai sem olhar para trás de novo.
Saí de lá com o coração mais partido ainda, e deixei ele quieto. Quando dei alguns passos, olhei para trás e vi ele me olhando com os olhos tristes e sua cara angelical caída numa tristeza de não poder e conseguir me amar. E rapidamente me viro e dou passos rápidos e me sento debaixo daquela árvore, coloco meus fones de ouvido e começa a tocar “I will Always love you” da cantora Whitney Houston. Confesso que, aquilo me deu vontade de ir nele e o beijar muito e declarar o amor que sentia por ele.
Escutando aquela música, via em minhas lembranças, ele me beijando, pegando em meu braço, seu sorriso encantador no refeitório, seu corpo suado depois de jogar futebol e quando ele me disse que me amava.
Naquele dia estava eu e ele, na escola junto com os funcionários. Todos os alunos não vieram, por causa de uma forte chuva que caiu por toda a cidade.
Quando a chuva começou a cair, rapidamente sai correndo debaixo das árvores e fui direto para a sala, e lá estava ele escutando músicas e nem percebeu minha presença. Os professores já tinham ido embora e só tinham ficado os zeladores e cozinheiras.
E eu fiquei com medo de puxar assunto com ele, deixei ele quieto ali sentado em sua carteira, com seus olhos fechados. Enquanto eu me secava da chuva.
Peguei novamente meus fones de ouvido e fui ouvir umas músicas para não ficar mais olhando aquele garoto, que fazia eu ficar todo arrepiado e ao mesmo tempo excitado com seu belo corpo, e ainda o amando intensamente.
O olhei de novo e ele se levantou e foi até mim e fiquei estatizado, quando vi ele em minha frente.
- Ale
- Sim. O que..que..que..quer? – eu gaguejei de ver ele sentado na cadeira da frente, e me olhando profundamente dentro de meus olhos.
- Posso te pedir uma coisa?
- Si..si..sim. Pode. – eu fiquei olhando seu lindo rosto e sua boca rosadinha, como eu queria beijá-lo tanto e expressar o amor que sinto por ele naquele momento.
- Quero que me encontre amanhã sábado. Debaixo da árvore da antiga quadra de basquete. Pode ir?
- Posso sim. Que horas tenho que estar?
- Ás cinco da tarde.
- Está bom vou ir sim. Não se preocupe. – me levantei e respondi secamente, peguei minhas mochilas, e ele me segurou pelo braço.
- Vai não. Fica Ale. – ouvi sua voz sair delicada e doce. Aquilo foi um pedido ou imploração para eu ficar.
- Tá bom. Eu fico. Mas o que você quer que eu venha no dia que a escola está fechada? – fiquei intrigado no que ele me pediu.
- Você vai saber no dia Ale. – ele se levantou e ficou em minha frente e vi sua respiração ofegante e seu rosto se aproximar do meu, cada vez mais perto de minha boca, meu coração estava a mil, quando a zeladora chega e interrompe tudo.
- Vão embora meninos. Estão liberados. – eu pego minha mochila e saio, mas ele me pega pelo braço.
- Amanhã a gente se vê Ale? – ele perguntou e me fez tremer na base.
- Sim. Meus pais estão viajando e tenho todo o tempo para sair. Vou sim, não se preocupe. – disse seco e sai dali quase chorando e com vontade de esporrar eu mesmo, de logo não ter dado aquele beijo nele e selado nosso amor e desejo.