Apenas eu - 4. Eu me chamo Beth

Conto de Soturno como (Seguir)

Parte da série Apenas eu

Olá, vou ser breve.

Agradeço desde já os comentários no capítulo anterior. Fiquei muito feliz.

Mais um capítulo da Primeira parte - Meu destino.

4. Eu me chamo Beth

Torcia para isso não passar de um simples delírio, porque eu posso ter participado de uma orgia com o barman. É muito bizarro até para mim. Enquanto mais me mexia eu percebi que a gente estava nu por isso voltei a chamá-lo.

– Ei acorda! Por favor – disse num tom apelativo.

Dei algumas tapinhas de leve em seu rosto, contudo ele nem se mexeu. Decidir me levantar e ir embora, só que certo ruído veio do banheiro e me deteve, então voltei às cobertas. Chacoalhei o braço dele com força o fazendo dar sinal de vida. Ele abriu os olhos sonolentos e falou:

– O que aconteceu?

– Tem alguém no banheiro.

Assim que falei isso, percebi que aquilo meio que confirmava a minha suspeita: eu participei de uma suruba.

– Pode ser difícil para você ouvir isso, mas aqui todo mundo usa esse banheiro, o de lá de baixo está com encanamento quebrado. Pelo que vi está acostumado com alto conforto.

Depois disso um cara charmoso sai do banheiro, estava vestido pelo menos e aparentava ser mais novo que Ravi, devia ter uns 19 anos. Não era musculoso, também não era de se jogar fora. Ele saiu do quarto com um sorrisinho maldoso e fez comentários sobre a gente na cama.

– O que você fez comigo ontem à noite? – interroguei.

– Eu? Nada. Por quê?

– Bom estou aqui nu com você na cama, e ainda tinha um cara no banheiro. Então só posso pensar que... Aconteceu algo por aqui.

– Ata, não aconteceu nada eu só não gosto de dormi de roupas. – esclareceu Ravi.

– Você não gosta. Quanto a mim? Você tirou minhas roupas. – ele assentiu – a troco de que?

– Eu não queria suas roupas estragando meu lençol e minha noite de sono com calor delas. Para com isso, eu te vi naquela noite você saindo com um cara que só viu a poucas horas.

– Ah é diferente. – falei tentando convencer a mim mesmo. – Você me dopou com aquele chazinho – e logo em seguida começou a rir.

– Com o que você sonhou? Que estava sem roupas na escola?... – Ele zombou em meio á gargalhadas.

Levantei da cama e vi minhas roupas na cadeira ao lado fiquei de costas para ele e vestir minha cueca e notei que ele me observava de modo estranho.

– O que tá olhando? Vira pra lá agora.

– Esta bem. Eu não olho mais.

Ele se levantou e foi para o banheiro. Apenas eu fiquei ali terminando de me vestir. No bolso da minha calça estava meu celular. Olhei e não tinha ligação perdida nem uma da minha mãe, era muito estranho. Eu disse que iria à casa de um amigo e não que dormiria lá.

– Só estava fazendo meu trabalho. Se quiser saber. – Disse ele sério dessa vez.

– Como ficar me olhando pelado é um trabalho?

– Te proteger é meu trabalho. Sou enviado para isso.

– Quem te enviou?

– Isso eu não posso contar. Não fique ansioso vai conhecê-lo em breve.

E quando eu achei que já estava entendo a minha vida, algo surge e traz mais preocupações. Quem será esse tal chefe dele?

– Me proteger de que?

– Monstros na espreita. – Disse ele com um sorrisinho.

– Droga! Já estou atrasadíssimo para a escola. – Eu pronunciei alto.

– Não se preocupe, eu te levo num segundo.

Com isso ele quis dizer que me daria outra daquela porção de tele transporte. Achei isso um máximo, obviamente eu não demonstrei isso a ele. Deu tudo certo e conseguir ir para o colégio.

Uma semana depois vindo para casa eu encontrei Léo, nós estávamos muito distantes. Eu fui o cumprimentar na frente da sua casa.

– Oi. Quanto tempo. – eu falei.

– É mesmo. O que tem feito?

– Nada de especial, só em casa ajudando minha mãe. E você?

– Surgiu um lance ai. – cochichou ele.

– Hum... sabia seu grande pegador. Conta ai.

– Eu conheci um cara: Nathan. Acho que você já deve ter visto ele na escola. Nada demais por enquanto.

Eu não sei por que aquilo me deu uma pontada no coração, sei que gosto dele como um amigo e nunca passou disso. Ele era engraçado e gostoso, embora nada romântico havia entre a gente. Talvez por que ele falou e parecia ser sério.

– Que ótimo espero que dê tudo...

Antes de terminar essa frase uma menina, que passava com uma caixa enorme de papelão, tropeçou e por pouco não caí no chão. Eu a segurei e o Léo não deixou que caísse tudo de dentro da caixa.

– Ou mais cuidado garota. – aconselhou Leonardo

Ela era branca e tinha olhos azuis, era do meu tamanho (médio) e mais baixa que Léo. Seus cabelos eram longos e lisos. Vestia uma blusa decotada e uma calca Jeans.

– Ah me desculpem eu sou tão desastrada. Meu irmão sempre diz que isso ainda vai me meter em bastante encrenca. – disse a garota risonha.

– Escuta ele, porque ele tá certo. – disse Leonardo com sorriso de lado.

Em uma quase perfeita sincronia a garota e eu nos abaixamos para recolher seus pertences caídos. Ela sorria tímida apanhando com pressa antes que eu visse algo que eu não devesse. Ali tinha batons, um porta retrato, mini bonecas, chaveiros de cupcake e até um box de DVD.

– Sério? Você gosta de glee? – Inquiri sem expectativas.

– Sim, você não? Se não, você devia. – ela articulava enquanto jogava tudo dentro que via ali, mesmo acho que ela pegou até uma pedra.

– Musicais não são a minha praia. Nunca gostei.

– Lamento informar, mas não sabe o que tá perdendo. Vocês estudam no Antônio Braga? – Confirmamos que sim – Então a gente se vê por ai pela vizinhança.

– Você mora nesse bairro? – falou Léo curioso

– Sim, minha família está se mudando para a próxima rua.

– Você precisa ajuda na mudança? – perguntou Léo prestativo pegando caixa das mãos da garota e me dando.

– Eu sou o Léo e esse é o Antony.

– Eu me chamo Beth.

E fomos para a sua casa, eu carregando a pesada caixa enquanto os dois riam e jogavam conversa fora. Na sua casa estava um clima de mudança, um clima que tive a sorte de não viver. Seu quarto era muito grande maior que o meu já tinha as prateleiras cheias de itens e móveis também. Só estavam mesmo faltando tirar as roupas e sapatos das caixas. E adivinha quem fez a maior parte do trabalho? O servo aqui.

– Não. Eu não gostei. Acho que esse vaso devia ser um pouco mais pra lá. – sugeriu o meu amigo. – O que acha Beth?

– Eu concordo.

Eu estava em cima de uma cadeira ajeitando cada detalhe já sem paciência. Afastava para lá e cá e nada de agradar meus patrões.

– Ah! decidam logo isso é só um vaso. – eu falei olhando para o teto desanimado.

– Ele pode não ser caro nem bonito, mas tem um valor sentimental enorme. – disse ela sobre o tal vaso.

Era transparente e com flores estampas no objeto, dentro tinha alguma coisa preta e deixava aquilo mais horroroso ainda. O que a gente não faz pelo primeiro carrinho de plástico com uma roda quebrada.

– Sai! Deixa que eu mesmo faço. – disse Leonardo autoritário.

Ele me tirou de lá em segundos e começou a ajeitar de seus modos. Eu estava debaixo e de repente o vaso se quebra e começar a cair os cacos de vidro, contudo eles começaram a subir lentamente. Léo e eu estávamos admirados com aquilo depois concentramos na garota que com seus movimentos das mãos parecia como uma dança e todos os cacos, sem faltar nenhum se quer, voltaram à posição original.

– Como você fez isso? – Questionou Léo.

– Fez o que gente? Ah! vocês querem um suco, uma água? – falou Beth.

– Nem tenta disfarçar, o que você é?

Eu não acredito que disse aquilo. É mentira eu não disse. (Disse sim).

– Vocês prometem que não contar pra ninguém?

Concordamos e ela desabafou com medo que era uma bruxa. Não fiquei surpreso depois do que já vi isso era até um pouco mais natural. O estranho foi o pouco tempo que ficamos ali. Agíamos como se fossemos amigos de longa data.

– Já tá na nossa hora não é Léo? E ainda nem tiramos os nossos uniformes da escola.

– Sim com certeza. Foi um prazer conhecer você e te vemos na escola.

Peguei minha mochila e visualize a janela e percebi que o céu de meio dia estava escuro, não havia estrelas. Será que ficamos tanto tempo assim, sem nos dar conta do tempo?

– O que está acontecendo com clima hoje. Por acaso é algum eclipse? – Léo disse confuso.

– Não pode ser. Está acontecendo de novo. Nós vamos morrer. Vamos morrer. – alertava a garota, agora de cócoras no chão.

– Do que você está falando Beth? – Indaguei.

– Os parasitas foram libertos e agora vamos morrer. Eles estão sugando nosso sangue nesse exato momento. – explicou Beth.

– Não tô vendo nada. – sussurrou Léo para mim, para a garota não ouvir.

– Porque não estamos acordados isso não passa de uma alucinação feita por eles. – disse Beth respondendo a nossa desconfiança.

Agora sim eu preferiria uma orgia em vez disso.

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