Prefácio

Conto de Sonhador Viajante como (Seguir)

Parte da série Camuflagem

Um coração como o meu suportava as sacanagens mais filhas da mãe que uma pessoa podia suportar, mas aquela já era considerada á pior em todos os aspectos possíveis. A revelação, a mentira e a verdade me corrompiam completamente naqueles breves minutos. Por mais que eu tentasse eliminar a tensão arrasadora no meu inconsciente, meu coração reagia selvagem como um louco amarrado numa camisa de força, clamando por ajuda. Se um dia eu superar tudo isso, provavelmente estarei morto, pois nada disso é superável do meu ponto de vista. Nada.

– Quem é você? O que você é? - pergunto.

– Você não vai querer saber... – responde ele.

– Por quê?

– Você tá sempre querendo saber demais... – repreende-me ele num tom ríspido.

– Eu podia ter seguido com a minha vida... Podia estar fora disso. – começo a ficar nervoso e exclamo descontrolado de raiva. – Por que você deixou isso acontecer se sabia dos riscos? – indago infeliz.

Sentia - me perdido num mundo de frustração e desespero. Era como se eu tivesse escalado uma grande montanha e já no topo, despencasse morro abaixo, rolando e me arrebentando pela descida insana.

– Eu tentei... Juro que tentei te afastar... Quando tentei já era tarde demais... Eu me apaixonei por você... Isso me destruiu por dentro, mas também me reconstruiu por fora de uma maneira que você não tem noção. – rebate ele com um olhar trêmulo e assustador ao mesmo tempo. Desvio o olhar em pânico e me afasto dele, que na mesma hora segura meu braço e ergue minha cabeça para encara-lo á força.

– Não toca em mim... – exclamo exasperado tentando me soltar de suas mãos ardilosas e tentadoras. Ele não me solta e me encara. Meu choro já ameaçando desabar.

– Olha pra mim... Olha bem nos meus olhos e diz exatamente o que você sente por mim... Vai... Fala agora... – ordena ele me sacudindo com uma força bruta e indignada.

Dessa vez, as lágrimas desabam por meu rosto e um frio intenso toma conta do meu corpo. Meus olhos assustados e perdidos encontram os deles e é aí que vejo a sua fúria dilatando suas pupilas escuras. Ele de repente se suaviza e num rompante, me beija forçadamente. Pressionando seus lábios nos meus com uma força indistinta e esfomeada. Sua barba roçando e machucando levemente meu queixo e boca. No começo tento empurrá-lo para longe, mas seus braços já estão presos á mim como uma corrente pesada e inquebrável. Desisto de tentar reagir e deixo que meus sentimentos por ele falem por si só. Nossas línguas se encontram e minha boca encaixa perfeitamente na dele sem resistência ou medo. O beijo se torna avassalador e a temperatura aumenta para uns cinquenta graus. Respirando novamente, nossas testas se unem e respiramos ainda sem fôlego. Ele beija delicadamente meu queixo e dessa vez me solta e segura minha cabeça entre as mãos me olhando ternamente.

– Eu te amo... A porra toda já está feita e eu ainda te amo sabia?... Por isso eu deixei você ficar. Você agora faz parte da minha vida, entendeu? Meu mundo agora é o seu também. – rebate ele.

Minha ferida só se abriu mais com aquela afirmação dele. Mas o que eu podia fazer? Estar com ele era como ser ferido e se acostumar á nunca cicatrizar. Eu podia conviver com aquilo, mesmo que isso me matasse. Eu o queria, mais do que a mim.

– O que a gente faz agora? Que passo tomar nessa situação? O que fazer? – falo e dessa vez me desmancho no calor do meu amor por ele.

– Confia em mim? – pergunta ele. Seus dedos acariciam levemente minhas bochechas.

Semicerro os olhos sem saber o que responder.

– Não sei... Eu posso mesmo confiar? Depois de tudo que aconteceu? Eu nem sei mais em que acreditar... – falo temendo o rumo daquele diálogo.

– Eu vou te contar como tudo aconteceu... E depois que eu contar... Promete tentar confiar em mim só uma vez? – pede ele.

– Apenas desembucha logo de uma vez... – digo mais calmo.

– Tá disposto a tudo? Mesmo que isso vá contra tudo que você acredite? – pergunta ele.

– Como assim? – pergunto sem entender.

– Acho melhor você se preparar... Pode ser meio perturbador e improvável o que eu vou dizer pra você agora. Mas acredite... Isso é real. – diz ele.

Minha cabeça divaga e eu tento me manter controlado enquanto ele me conta tudo. E aí que sinto falta da minha antiga vida antes de tudo isso acontecer. Lembro-me de me entediar e achar que a monotonia era um verdadeiro purgatório. Vendo agora, eu nunca desejei tanto que o purgatório voltasse. E que toda essa enxurrada de revelações e acontecimentos fosse apenas um pesadelo.

Antes de tudo isso acontecer, eu recebi um aviso. Um aviso muito claro e ao mesmo tempo incompreensível.

Comentários

Há 3 comentários.

Por Sonhador Viajante em 2015-04-03 18:14:34
Espero que gostem! Em breve postarei aqui no RG. Vai ser louco, mas é uma história de amor bacana! Aguardem!
Por Ryan Benson em 2015-03-28 08:41:12
👏👏👏 OAO cara, primeiro capítulo perfeito, já estou ansioso pelo próximo!! Gostei da escrita, do enredo, dos personagens (que eu não conheço) rsrs parabéns! Continua, preciso de maisss...
Por Fagner em 2015-03-26 14:49:10
Nossa... Isso sim me fez suar frio... Caraca garoto, que tensão .. Suspenso, adoro isso e espero ansioso por essas dolorosas revelações... Um abraço do seu primeiro leitor (comentarista)..😉😊