Como Tudo Começou - Parte 3
Parte da série Camuflagem
Rússia 2011
“Dante, não se entregue. Enfrente-o! Está na hora de jogar as cartas na mesa”. Encorajei-me mentalmente. Estacionei o carro numa vaga qualquer. Parei por um momento e pensei... Ele devia estar sabendo de tudo... O tom de voz dele na ligação era bem lógico. Ele não estava muito para conversa. Ninguém tinha segredos no nosso meio. Tudo era exposto. E essa era uma das muitas regras que seguíamos. Só que nem todo mundo era obrigado á cumpri-la. Sendo eu, uma delas. Peguei minha arma e verifiquei as munições. Recarreguei-a colocando no meu quadril, preparada para o que viesse á acontecer. Minhas facas já estavam presas por todo meu corpo. Olhei no retrovisor e avistei um carro parado bem atrás do meu. Os vidros escuros davam a impressão de estarem vazios. Mas eu sabia que tinha alguém ali. Sempre tinha.
Desci do carro sem qualquer resquício de apreensão ou desconfiança e caminhei em direção ao elevador do estacionamento. Dentro dele, digitei no monitor algumas senhas e o número do andar. Logo o elevador subiu direto para o trigésimo andar. Rápido e veloz. Nossa segurança era uma das prioridades mais importantes á serem asseguradas, portanto tudo deveria ser feito naturalmente. Não chamávamos atenção com frequência... As portas se abriram num rompante e dei de cara com três dos nossos me esperando. Acenei com a cabeça e entrei no poderoso e grandioso apartamento do meu líder. Enquanto caminhava pela sala, os três rapazes continuavam na minha cola. Isso já entregava o real motivo que eu já deduzia ser o que eu estava pensando desde que recebi a ligação.
Ele estava fumando um charuto sentado no seu formoso e estofado sofá, enquanto observava uma puta nua se esfregar e beijar outra vadia que massageava seu clitóris. As duas se beijavam e envolviam-se no meio da sala. Os gemidos suaves me deixaram com vontade de ficar excitado. Mas minha visão foi tomada pelo descontentamento, quando uma poça de sangue bem ao lado delas me fez ficar enojado. Um rapaz nu estava estendido de olhos abertos e vidrados, com um buraco bem no meio da testa de onde se formava uma bela poça de sangue.
– Dante! Na minha sala... Espere-me lá. – exclama meu líder bruscamente, assim que me vê.
– Sim, senhor. – digo. Saio da sala rapidamente e me direciono ao escritório logo á frente com meus novos guarda-costas na minha cola.
A sala ficava num corredor largo bem ao lado da sala. Entrei e me sentei num sofá confortável de veludo. Alguns minutos depois, ouvi gritos de prazer e uma agitação enlouquecedora. Alguém tinha morrido de novo. Ele sempre fazia isso quando estava zangado. Logo depois, os sons cessaram e a porta do escritório se abriu. Ele ainda enxugava as mãos ensanguentadas quando entrou e se sentou no seu gabinete bem na minha frente.
– Quanto? – perguntou.
– Muito... Diria que muito mais do que um de nós é pago numa missão normal. – falo esbanjando orgulho.
– As ordens de quem? – esbravejou ele.
– Não sei. Por que importa tanto pra você? Nossas regras ressaltam claramente a confidencialidade entre cliente e homicida. – rebato no mesmo tom.
– Não dessa vez... Dante! Esse não é um caso normal. Engana-se se acha que pode eliminar esse filho da puta e sair ileso. Elimine-o e será eliminado logo em seguida. – alertou-me.
– Estou disposto a correr esse risco. Sei tudo sobre ele e sua família. Farinha do mesmo saco. Vai ser como esmagar uma mosca. Estou excitado só de pensar. – sorrio com meus planos.
– Admiro sua coragem... Mas não estou disposto a iniciar uma guerra por uma vida. Conheço as peças desse tabuleiro, e muito bem por sinal. Alek não é uma peça insignificante. Vai ter volta se você o pegar. – disse ele.
– Não importa. Já enfrentei coisas piores e não vou recusar uma missão. – concluo me levantando.
– Você me obriga á tomar decisões drásticas... Se não cumpri minhas ordens eu serei obrigado á te banalizar desse círculo. É isso que você quer? Viver como uma folha seca no vento? – perguntou-me.
Nos escaramos por muitos segundos. Chega de ser induzido e controlado. Precisava exercer minhas ordens de agora em diante. Quando vinha para cá, pensava que ele ia jogar, mas agora vejo que minhas pesquisas se direcionam para a verdade. Ele tinha um medo e eu sabia por quê. Ótimo! Era desse gás que eu anisava.
– Cansei de seguir suas ordens. Tá na hora de seguir ás minhas próprias. – digo.
Ele tirou a arma da escrivaninha e apontou-a pra mim. Destravou e mirou. Ele era um ótimo atirador. Poderia me matar no mesmo segundo e seria certeiro. Mas ele era meu pai. E se restasse alguma coisa daquele sentimento nele, não atiraria sem antes pensar.
– Se eu perder você... Nunca vou me perdoar. É pelo dinheiro? Responda-me? – grita ele.
– Não! Você sabe que não. – quase cuspo a resposta pra ele.
– Claro que sei... Honra! Orgulho! Prazer! Você adora uma caçada. É por isso não é? – acertou ele.
– A cada missão, sinto que faço um favor á esse mundo cruel e manipulável. Essa é a minha forma de me satisfazer. Destruir o que se destrói. – rebato.
Ele abaixa a arma e me viro para sair daquele ambiente. No segundo passo escuto um som. Um tiro. A dor. Meus ombros começam a latejar. Saco á arma no mesmo instante e não espero nem um minuto. Disparo certeiro no coração dele. Percebo o colete. Sempre prevenido, claro. Miro na mão da arma dele e disparo de novo. Ele caiu no chão me encarou estupefato de surpresa.
– Oh Pai! Por que tão sentimental? Esperava que você fosse atirar na minha cabeça... Pouparia minha ira. Tudo bem! Eu faço do meu jeito. Se você me impedir... Eu vou cavar não uma cova, mas sim um cemitério inteiro... Isso mesmo... Eu vou acabar com um por um. – digo me abaixando e sussurrando no seu ouvido. – E você eu vou deixar por último... Pra saborear seu império desmoronando... Eu sei de tudo! Não se engane. Eu sei o que você é atrás de tudo isso...
Levanto-me e ao virar em direção á porta, vejo quatro armas apontadas pra mim. Levanto as mãos para o alto ainda com minha arma e sorrio na direção daqueles aprendizes inúteis. Eles apenas apontam e nada fazem. Meu pai grita ordens de extermínio. O ato é rápido e calculado. Arranco três facas da cintura e arremesso bem no coração de três deles, deixando um último tiro para o quarto rapaz.
– Você vai se arrepender... Eu mesmo vou te matar... Eu juro que vou. – grita ele.
Pisco para ele e saio pelo corredor determinado á matar qualquer um que atravesse meu caminho. Cinco homens correm na minha direção. Dou um mortal e escuto tiros. Desvio e atiro certeiro na cabeça de três deles. Um resolve lutar, quebro seu pescoço na mesma hora que ele me derruba no chão. O pobre coitado achou que ia coloca-lo pra dormir e acabei o devolvendo para o inferno. Mais homens me cercam e já estou preparado para mata-los quando escuto uma ordem.
– Deixem-no ir. Agora!
Passo por eles que me fuzilam com o olhar e entro no elevador. “Como é bom se sentir livre. Ele não me controlará nunca mais”. Penso relaxadamente. Desço no estacionamento e logo entro no meu carro. Ligo o motor e o carro preto que estava atrás de mim, acelera e me bloqueia na saída. A porta se abre e dois caras metralham o meu carro sem dó. As metralhadoras disparam ferozmente contra mim. Se meu carro não fosse á prova de balas, eu já estaria morto. Acelero na direção deles e o atropelo. Acelero de novo e saio em disparada pra fora daquele prédio, dirigindo velozmente por ruas desertas de uma noite gelada.
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Brasil - 2011
“Aí meu Deus era isso que eu queria evitar... Maldita hora em que eu inventei de vim aqui”. Pensei. Cíntia era impossível, e naquela tarde de domingo tinha resolvido de todo jeito, fazer uma visita á nossa Tia Lena. Suas previsões futurísticas sempre a deixavam com gás para prosseguir os tantos namoros que ela arrumava. Tia Lena é médium e especialista em assuntos espirituais. No começo achei que ela fosse macumbeira ou coisa do tipo. Após conhecê-la melhor, vi que não era bem assim. A mania de julgar um ser por suas atividades ocultas, muitas vezes pode distorcer seu real caráter. Pois é, estava em casa sem nada pra fazer, quando minha irmã maluca decidiu me convidar á vim junto com ela, pois não queria vim sozinha, já que nossa mãe estava de plantão de novo naquele domingo. Eu de bobo e meio cansado de ficar em casa resolvi aceitar o convite e nesse momento nunca estive tão arrependido dessa escolha repentina.
– O que a senhora tá vendo? – pergunto apreensivo.
Ela estava praticamente congelada na minha frente. Porém, seus olhos finalmente piscaram.
– Renascimento, camuflagem e fogo. Muito fogo... Um fogo que não cessa. De longe pouco luminoso, mas de perto, capaz de derreter só pelo olhar. – responde ela com um olhar distante.
– O quê? Como assim? O que isso significa? – insisto preocupado.
Ela apenas olhava divagante a borra de café na xícara que eu tinha acabado de beber. Seu olhar continuava distante, como se ela estivesse em outro mundo. O que será que ela viu ali?
– É complicado... A viagem é sem volta. Você não vai voltar... – diz ela, olhando pra mim. Avaliando cada traço da minha expressão. – Não tem fim... É como um ciclo de infinidade muito maior do que eu já tenha visto na vida... Começa e recomeça... Nunca se desfaz completamente... Eu nunca tinha visto isso antes. É incerto garoto... Nada garante... Tenho medo por você. Não gostaria de estar na sua pele... Suas escolhas se destinam ao incerto e isso não é bom... – ela contrai os lábios e coloca as mãos na cabeça. – Não consigo vê seu futuro... É como uma folha em branco.
Eu não entendi nada. Fico mudo e reflito. Viagem sem volta? Escolhas? Futuro incerto? Folha em branco? São tantas coisas para assimilar que eu apenas me perco nos meus próprios pensamentos. Precisava de respostas mais claras, como por exemplo, meu agora.
– A senhora tá querendo dizer que meu futuro é ruim? É isso? – pergunto.
– Incerto nem sempre pode ser ruim, Fred. Os caminhos que você irá trilhar são consequências das suas escolhas. Tudo depende de escolhas... Sabe o que eu vejo?... - pergunta ela pra mim. – Sacrifício. Muitos até. É difícil te encontrar no futuro por causa disso. São muitos sacrifícios numa só maré de camuflagens. Quantas vidas você tem afinal? É estranho ver várias metamorfoses numa só pessoa.
– Eu vou ser feliz? Do tipo como estou agora. Tudo tá dando certo pra mim. Eu tenho um emprego sólido, uma família que me ama e me apoia. E também estou caminhando bem no meu futuro profissional. Não me vejo num caminho incerto. Talvez a senhora não... Sei lá... Não esteja vendo direito. – deduzo confuso.
Esperei que ela fosse dizer que tudo ia caminhar bem e que eu ia ser feliz, como toda vidente sempre nos faz acreditar. Mas não, sua resposta foi macabra. Nunca esperei ouvir isso.
– Surpresas acontecem quando menos se espera. Você vai ser traído... – disse ela.
– Quanto clichê... Por quem? Pelo meu namorado imaginário? Isso tá viajado demais tia Lena. Desculpa mesmo, mas eu não vou ficar aqui ouvindo essas baboseiras. – falo estressado.
– Três passagens... Três destinos... O vendaval... O inferno... A tempestade... Todos os três... Só não sei o qual você escolherá. – disparou ela determinada.
– Isso é loucura... – digo.
– Estranho... Mas tem um redemoinho chegando... Ao mesmo tempo em que ele está longe, me parece tão perto de você. Como se... – ela diz e para chocada. – Oh Deus! Você o trouxe...
Ela começa a tremer violentamente. Estremeço de medo e fico sem reação. A xícara se solta de sua mão e se espatifa no chão do jardim. Ela para e olha pra mim com olhos cheios d’ agua.
– A senhora tá me assustando... É ruim não é? – pergunto.
– Ele será sua destruição. Traições te levaram á teu destino... Não tem como fugir... Já era pra ser. – fala.
– Tia eu acho que já entendi... – digo ríspido. – Eu vou indo agora. Obrigado mesmo assim. – levanto-me da grama apressado e limpo as calças com as mãos.
Mas antes que eu possa sair correndo, ela segura meu braço e me olha estranho como se estivesse com receio. Seus olhos castanhos escuros estão pretos e sombrios.
– Até o farelo mais despedaçado se transforma em alguma coisa. As tempestades não serão o problema dessa vez... – divaga ela.
– Algo ruim vai acontecer comigo né?
Seu olhar ainda transmitia mistério.
– Apenas se você quiser... Só vou te dizer uma coisa e lembre-se sempre disso: “Não viva de camuflagens. Quando se camufla demais... Você se torna o que se camuflou. Não há volta... Cuidado Fred. Muito Cuidado!” – finaliza ela e entra em casa apressada. Uma chaleira apita na cozinha e eu me assusto com o barulho.
Fico parado onde estou e reflito sobre suas últimas palavras. Recomponho-me e entro na casa da minha vidente da família á procura da minha irmã. Iria pra casa agora. Já chega de premonições por hoje. Minha vida seria regida apenas pelas minhas escolhas e não por suposições loucas da uma médium. Se eu deixo me levar por essas coisas... Fico louco. Já se foi o tempo em que eu acreditava em tudo que diziam.
***
O ônibus que nos levava de volta pra casa estava lotado e silencioso. Parecia que todo mundo estava pensativo no final daquela tarde. Eu e Cíntia estávamos nas últimas cadeiras lá do fundo. Desde que tínhamos saído da casa da minha Tia Lena, não tinha falado uma só palavra. O nada era tudo que eu conseguia absorver naquele momento. Estava mudo e perplexo com as últimas palavras da previsão louca que Tia Lena tinha me revelado. Minha cabeça dava replay naquela cena sucessivamente. Olhava pela janela e não via nada na minha frente, apenas fixando meus olhos sem destino. Um cutuque no braço me fez sair daquele transe.
– O que ela te disse Fred? Você tá estranho... – perguntou minha irmã desconfiada.
– Nada! Só o de sempre... Vida longa e próspera. – menti.
– A sua cara diz outra coisa. O que foi? Aí me conta Fred... Por favor! – implorou ela.
– Ela não conseguiu vê meu futuro claramente... Foi isso. – respondo.
– Tia Lena é certeira quando vê algo... Pode ser um mau sinal... Não gostei do jeito como ela nos olhou, quando fomos embora. Parecia temerosa... Fiquei com pena dela. – disse Cíntia.
“E ela com pena da gente”. Pensei.
– E o que ela te disse? – perguntei agora curioso com sua resposta.
– O Igor não vai ficar comigo se é que ela tem razão... Ela me disse que tudo que eu planejei será destruído, mas que vai ser por uma boa causa. Eu vou me sentir muito bem. A paz vai ser eterna. Não sei... Algo assim... – respondeu ela.
– Paz eterna... Como morte? Meu deus... Ela tá ficando louca. Juro que nunca mais piso meus pés naquele mausoléu. E você também não. – exijo.
– No começo eu acreditava... Mas acho que a idade deve ter feito algo com a cabeça dela... Não fala mais coisa com coisa. Parece até desequilibrada... E nem pensa em contar pra mamãe de hoje pra ela não vim com os sermões chatos. Pelo amor de deus hein... – finalizou ela.
O resto do caminho foi silencioso, pois o namorado de Cíntia não parava de ligar pra saber onde a namorada estava. Cíntia dava satisfações como se fosse casada com o idiota. Foquei na janela e quando dei por mim já estava descendo do ônibus. A vizinha logo que nos viu e veio trazendo nosso irmão todo lambuzado de chocolate. Peguei-o no braço enquanto ele gritava de alegria aos nos ver. Rafa era alegre, e até mesmo palhaço. Deduzi que quando crescesse seria o animado da família. Mamãe devia tá uma pilha no hospital, ela ligava á todo minuto perguntando como ele estava e se já tinha comido, tomado banho e tudo que uma criança de sete anos tinha que fazer no dia a dia. Nossa mãe vivia para o trabalho e seus pacientes, mas seu amor por nós ultrapassava tudo e todos. Meu pai era um assunto guardado numa pasta lá no fundo do baú e não nos atrevíamos á procura-lo. Nunca.
***
Anoiteceu rapidamente. A cozinha estava uma bagunça. Eu estava lavando os pratos, enquanto Cíntia fazia as unhas na mesa da sala e Rafa pintava eufórico um desenho escolar, quando a campainha tocou duas vezes seguida. Cíntia correu para atender e se demorou. Um silêncio predominou por alguns minutos. Achei estranho. Quando já me dirigia à sala, para ver o que tinha acontecido, ela chega correndo e trazendo um caixa nas mãos. Paro sem entender nada.
– Entrega no domingo? De quem? – pergunto.
– Mas antes fosse pra mim... É PRA VOCÊ! Por incrível que pareça... – disse ela chateada.
– O que? Pra mim? Sério? Mas... Como? Eu não me lembro de ter comprado nada na internet.
Chocado peguei a caixa e comecei a abri-la. Parecia até pegadinha. Era surreal e inacreditável. O remetente era inexistente, só que meu nome e endereço estavam certos. Não entendia. Por um momento fiquei com certo medo de abrir. Mas após tirar todo aquele embrulho e sentir o peso da caixa vi que não poderia ser nada tão ameaçador que não pudesse ser descoberto. Ao abrir finalmente a caixa, me deparo com a coisa mais absurda que eu poderia sonhar ter contato com meus vinte anos.
Um urso de pelúcia amarronzado e pequeno olhava pra mim, como se eu fosse uma criança pedindo colo. Aquela era demais. Um urso? Sério? Eu só conseguia rir. Peguei-o e o mostrei a Cíntia.
– Seu namorado deve ser das antigas pra te dá isso né não? Quem é sã consciência dá de presente ursinho de pelúcia hoje me dia? É meio brega não? – ironizou ela.
– Que namorado? Eu nem tenho namorado. Não sei quem me mandou isso. – digo rindo.
– Tem alguma coisa debaixo do braço do urso... Parece um pedaço de papel... – observou ela.
Olhei mais atentamente e peguei um pequenino pedaço de papel todo enroladinho como se fosse um pergaminho. Abri-o e vi uma letra caprichada em uma só frase que dizia:
“Para você ficar mais perto de mim e eu mais perto de você. Estarei sempre te vendo... – Do seu admirador mais que secreto”.
Era patético á alguns segundos atrás, só que agora tinha ficado um pouco estranho demais. Mesmo assim, foi suficiente para eu criar uma paixonite em quem quer que tenha mandado aquilo. Quem era aquele admirador secreto? Será que eu o conhecia? Naquela noite eu não dormiria, era certeza. Só de pensar que existe alguém que pensa em mim, meu coração acelera. Peguei o ursinho e dormir com ele, criando um carinho que eu já não sentia há muito tempo. Onde ele estava agora? Quando nos encontraríamos? Esperava que logo.
***
Do outro lado da rua... Ele via tudo pelo notebook. A câmera já estava conectada e preparada. O ursinho era apenas um meio de conhecer mais o lado de seu próximo objeto de consumo. Dimitri tinha colocado uma câmera nos olhos do ursinho, para que possibilitasse observar melhor seu amado. O jogo dele tinha apenas começado e ele já esperava dar o próximo passo ansiosamente. Ele conquistaria a confiança da sua presa e só depois, bem depois começaria seu jogo. O carregamento tinha acabado de concluir. Olhando pelos olhos do ursinho, viu Fred dormindo e se imaginou o abraçando por trás. Ele logo seria seu. Suas mãos tremiam de prazer. A excitação o deixou tão excitado que ele gozou dentro da própria calça sem nem precisar usar as mãos.
***
Rússia – 2011
Dante observava dentro de seu carro Alek conversar com seus capangas. Todos os seus movimentos, suas estratégias e seus comparsas eram peças que se moviam tão previsivelmente que Dante só os imaginava morrendo um por um. Alek parecia furioso com algo e caminhava de um lado á outro num beco deserto de uma rua estreita. Um de seus homens de repente chegou com um pacote e o entregou. Ele pareceu se animar. Entrou no carro dele e foi embora. Dante que não perdia uma só movimentação decidiu segui-lo. As estradas de uma manhã de terça-feira pareciam rotineiras como qualquer outro dia, mas não para Dante. Ele sabia que nenhum dia seria mais rotineiro. Não mais.
Os dias estavam mais escuros e sombrios desde que ele deixou a casa do seu pai. A discussão e os assassinatos foram mais uma demonstração de que Dante não viveria sobre os pés do pai nunca mais. A verdade tinha sido descoberta e ele jamais deixaria ele se safar dessa... Nem que pra isso ele tivesse que mata-lo... Dante via o aeroporto á sua frente... Foi já no meio de uma ponte que ligava ao aeroporto, ele foi atingido por dois carros furiosamente. O carro de Dante acelerou demais e capotou mais de três vezes no acostamento da ponte. Ele estava preso ao cinto de segurança e segurava seu corpo á cada girada do carro. O vidro se quebrava e batia no seu rosto. Violentamente o carro saiu da estrada e caiu logo abaixo do viaduto. Ficando de cabeça pra baixo totalmente destruído por fora. O trânsito parou e a fumaça que saia dos motores, já dava sinais de que o carro logo explodiria. Dante já se encontrava inconsciente. Quase morto. Ele sabia que desafiar seu pai teria um preço absurdo e não tinha medo disso e nem do que viria depois.
Nota do autor: Agora sim posso começar de verdade essa história. Queria que nessas três partes vocês tivessem uma visão mais ampla do que realmente se trata essa história. Não é um romance certinho e bonitinho. Não mesmo! Se você leu o capítulo (Contagem Regressiva) já deve entender bem como as coisas vão se interligar e se completar. Quando chegarmos naquela parte muita coisa já vai ter acontecido e podem acreditar que ali é que realmente as coisas vão se desenrolar de verdade. Espero que gostem! Comentem aí se estiverem DISPOSTOS. Rsrs! O jogo começou e a camuflagem só aumenta... Bjs!