A Beira do Esquecimento 01
Parte da série À Beira do Esquecimento.
Ja imaginou se do nada, sua antiga vida não mais existisse. Se todos os bons momentos fossem descartados por um simples esquecimento eterno, se a única esperança de amar, tivesse sido descartada também?
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-Hey...
Ela me olha perplexa.
- Doutor?? Ele acordou. -Diz ela a procura de alguém-.
-O que está havendo? -pergunto-. Quem é você? O que estou fazendo aqui?
-Calma Jean.-diz ela me acariciando a cabeça.
-Você me chamou de quê?
-Uai, seu nome menino.-Diz ela sorrindo.
-Mas meu nome não é Jean.
- Para de besteira Jean. -Diz ela sorrindo novamente.
Então o esperado médico chega.
-Olha quem resolveu despertar. -Ele diz sorridente-.
-Porquê eu estou em um hospital?
-Porque você sofreu um acidente meu jovem. Não se lembra?
-Não me lembro de nada.
-Qual seu nome rapaz? -Pergunta ele desconfiado.
-Eu não sei.
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Já se passavam das doze. Ana e eu comemorávamos o Aniversário de noivado.
Ana: Nossa amor, como eu amo te amar. -Diz ela acariciando minha perna, enquanto eu dirigia-.
-Para com isso amor. Se eu bater o carro você vai ver.
Ela sorri.
Ana: Ai credo Jean. Você é tão negativo.-ela puxa minha orelha-.
Faço uma curva brusca, para assustá-la.
Ana: Nossa seu idiota, eu não brinco mais.
- Oh meu amor.-Digo sorrindo - Fica assim não. Me dá um beijo vai.
Ela me olha querendo sorrir.
Ana: Você é muito bobo. E coloca o cinto.
-Um bobo que vai se casar com você. E eu não gosto de cinto.
Ana: Não acredito que vou realizar meu sonho de ser feliz ao seu lado.
-É o que nós mais queremos.
Ana: É sim. Sabe porque?
-Diga?
Ana: Porque eu te amo meu lindo.
Esboço um sorriso.
-Eu tambem te...
Sinto um impacto forte nos arremessando para fora da pista, rumo a ribanceira. Minha visão se escurece e sinto meu corpo ser arremessado pelo interior do carro. Olho para o lado e só vejo a cena da minha noiva gritando meu nome. Perco os sentidos.
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Ana: Como assim, você não se lembra de nada Jean? -Diz ela aos prantos-.
Doutor: Calma minha senhora, ele não está em condições de falar muito.
-Me falem o que houve, por favor.
Ana: Jean meu amor, você não se lembra de ter me dado essa aliança de noivado? -Ela se aproxima-.
- Me desculpe moça, eu não sei quem é você .-Sinto minha cabeça latejar de dor, e meu nariz começa a sangrar.
Doutor: Eu falei que ele ainda não estava bem. -Diz ele injetando algo em meu braço-.
Rapidamente adormeço, perdendo de novo os sentidos.
Acordo novamente. Dessa vez em um quarto diferente, havia outra cama, e eu ouvia o som baixo de uma bela música.
-Ah você acordou. -Diz um rapaz com uma faixa na cabeça e o braço engessado.
-Parece que sim.- Digo sorrindo.
-Prazer, meu nome é Anderson. Qual seu nome?
-Nao sei, me falaram que meu nome é Jean.
Ele sorri.
Anderson: Então... É um prazer conhecê-lo senhor Jean.
-Idem. Agora me diga, que quarto é esse?
Anderson: É apenas para repouso. Daqui a pouco eles nos liberam.
- Ah sim. E o que você tem?
Pergunto meio sem jeito.
Anderson: Eu caí de moto.
Esboço um sorriso.
-Tambem ja caí de moto.
Anderson: Mas e você, pelo que vejo não foi uma simples queda.
-Nao sei o que aconteceu comigo. Só me lembro de acordar aqui.
Anderson: Sorte sua.
-Porque? -pergunto sorrindo -.
Anderson: Por não lembrar do acidente.
-Por um lado é bom, porem eu nao me lembro de nada mesmo. Nao sei quem eu sou, se eu trabalho, se eu sou casado.
Anderson: Na verdade, você é noivo.
-como?
Anderson: É uai, ouvi aquela mulher falar para o médico que era sua noiva. Você vai se casar não é?
-Não sei, eu nem me lembro dessa mulher.
Anderson: Uma pena, porque ela é linda. -Diz ele sorrindo-.
Passamos a noite inteira conversando, enquanto devíamos estar dormindo. Nesse meio tempo, descubro que Anderson tem 19 anos, cursa Arquitetura, faz estágio, é solteiro, mora com os pais, tem uma moto e é muito festeiro, além de ser um belo rapaz. Também descubro que eu tenho 26 anos, meu nome é Jean e só, pois são as únicas informações que um documento possui.
Anderson: Ah seu celular está aqui, falaram que você ja podia usar, porem nao vai ter nada aí, já que aquela moça comprou outro celular para você, o seu antigo se estraçalhou.
Eu fiquei besta como aquele menino sabia de tantas coisas. Pego o celular e dou uma olhada nas fotos, nenhum arquivo, olho as musicas, nada, olho meus contatos, poucas pessoas, acho que eram parentes, pois estavam salvos com a palavra família na frente do nome.
-Nossa, nada aqui que possa me ajudar.
De repente meu celular toca, olho na tela e vejo "Anderson chamando".
Anderson: Salvei meu numero aí.
-Nossa...
Ele sorri.
Anderson: O que foi?
-Nada, é que eu ia te pedir, afinal a única pessoa que eu vou lembrar daqui pra frente, vai ser você...
Ele sorri...
Anderson: Vamos dormir, que é melhor.
-Você quem manda senhor "Caí sem moto".
Ele sorri.
Anderson: Não é bom rir da desgraça dos outros, senhor "não me lembro de nada"...
Esboço um sorriso.
-Se você disser isso, você que vai ficar a beira do esquecimento.
Anderson: Eita, melhor eu parar. Não quero que você me esqueça. Boa noite Jean.
-Boa noite rapaz.