Capítulo "final'.
Parte da série VOCÊ É SÓ MEU...
Aqui está o "último" episódio que eu prometi. Está sem fundamentos, erros e algumas coisas meio loucas por que eu não revisei e deixei-o de lado para recriar a série. Espero que gostem.
- O que achou desse?
- Não sei... está muito simples.
- Argh, Max é um casamento. Eu nem se quer quero ir... Será que dá pra maneirar?
É um saco ter de estar aqui com o Max, ele veio comigo a loja de roupas para casamentos e aniversários da Sra. Figgh, uma velhinha que resolveu abrir um atelier para vender suas roupas encomendadas, faz muito sucesso aqui no bairro onde eu moro. Estava tudo bem, escolhi um terno a meu ponto de vista perfeito, mas o Max resolveu se queixar de que me deixa gordo.
- Está esquisito Rick, desculpa...
- Argh, para de me chamar de Rick seu branquelo sem graça...
- Ei, você também é branco! – Max queixou-se.
- Nem sei porque eu resolvi te trazer cara!
Na verdade eu sei. Resolvi chamar o idiota do Max porque o Lucas e o Ryan andam de mau comigo. Lucas pelo fato de eu já nem dar muita bola para ele (ninguém mandou ele dar em cima de mim 24 horas por dia), e o Ryan está com raiva de mim em relação ao Max, ele acha que eu roubei ele dele.
Saímos da loja com as sacolas na mão, bem... o Max carrega a minha porque eu não sou besta! Paramos em frente ao carro de Max e eu abri a porta do banco de traz.
- O que tá fazendo? – Ele me olhou sem intender enquanto botava as sacolas no porta-malas.
- Abrindo a porta para mim entrar...
- No banco de traz? – Lançou ele um olhar cínico enquanto cruzava os braços.
- Sim, porque? Tá te incomodando? Se tiver eu pego um ônibus, o ponto de ônibus é logo ali. – Apontei para uma coberta do outro lado da rua.
- Não, mas você não vai no banco de traz. Vai no banco da frente, do meu lado!
Ele caminhou até a porta e abriu para mim.
- Idiota! – Lembrei-me de xingá-lo mais uma vez, para não perder o costume.
Max entrou no carro e deu um enorme sorriso enquanto girava a chave para liga-lo.
- Vou te levar no Brad Stick’s, o que acha?
- Odeio a comida daquele lugar!
- Nisso eu discordo – Ele ergueu o indicador direito enquanto fazia a maior cara de sabichão – Eles têm a melhor porção de batatas frita de Nova York.
- Odeio batata frita, me dá espinhas.
- Vem cá. Qual é o seu problema? – Ele desligou o carro irritado – Eu estou aqui fazendo de tudo para ter uma tarde agradável com você, e você fica ai procurando uma resposta idiota para tudo que eu digo ou sugiro.
- O problema é você Max!
- Então pra que me chamou para vir aqui com você?
- Por que eu não tive outra opção.
- Então é isso o que eu significo pra você? Sua última e desagradável opção!?
- Sim, é isso! – Calei-o com meu olhar seco e frio.
- Sai...do...meu...carro!
Max me olhou irritado.
- Sai! – repetiu ele mais uma vez enquanto estendia o braço para abrir a porta do carro.
Obedeci e sai do carro dele. Peguei minha jaqueta azul no banco onde eu estava sentado e caminhei até o ponto de ônibus.
O barulho da buzina do carro de Max chamou a atenção de todos ali. “Idiota” - pensei comigo mesmo ao ver que ele tinha dado com o rosto no volante.
Cheguei em casa e subi para meu quarto. Sento a beira da cama e estico meus pés que já estavam cansados de andar devido ao fato de o ponto de ônibus ser longe de onde eu moro.
- Devia ter pego um táxi – murmurei baixinho enquanto tirava o tênis do pé.
Deito-me a cama e puxo meu celular do bolço. Logo de papel de parede estava eu e Bia, uma foto em que tiramos em uma festa que ela me levou a alguns dias atrás. Abro a galerinha e várias fotos começam a carregar, uma em que estávamos eu e Gabriel abraçados me chamou a atenção. “Ai, ai... como eu sinto falta de você!” – pensei ao olhar o enorme sorriso estampado no rosto de Gabriel.
Abri o facebook e olho meus amigos, queria dar uma espiada no perfil do Gabriel, só pra ver como ele anda...
- Ele me excluiu!? – Uma grande decepção veio à tona no mesmo momento.
Comecei a digitar uma mensagem no celular;
- O que eu significo exatamente para você? – escrevi na mensagem, que tinha como remetente, Gabriel.
Jogo o celular na cama e caminho até a mesa em que está meu computador novo que ganhei a dois dias do meu pai. Abri todos os locais onde eu tinha Gabriel como amigo, e para minha decepção, em todos ele havia me excluído. Tudo que eu quero e pegar o teclado e dar bem forte na minha cabeça até estraçalhar tudo de uma vez.
O barulho do toque de mensagens do meu celular quebrou o silêncio monótono do meu quarto.
- Nada. Você nunca significou nada para mim, e nunca significará!
Com força lanço meu celular na parede do meu quarto, fazendo-o quebrar em pedaços. Minha raiva e tristeza está tão grande que nem mesmo meu celular espatifado no chão do quarto surtiu algum efeito em mim.
***
“Não, não é um belo dia para conversas com aquele garoto” – Penso ao ver Max sentando no banco coberto pela sombra da árvore que até então era de espécie desconhecida para mim e para todos que apreciam sua beleza. Enormes galhos com folhas caídas, que mais pareciam o cabelo de nossa professora de Inglês. Suaves como o vento, as folhas balançavam graciosamente enquanto o garoto de queixo partido estavam logo abaixo delas.
Entro pelos portões do colégio e me direciono até a cantina da escola. As Cat’s exibiam seus cabelos e corpos formosos cheios de belas curvas, aos fundos da cantina. Os roqueiros com seus fones de ouvido dançavam com as pontas dos pés para lá e para cá logo a frente. E é claro, os populares como mais rebeldes sentavam em cima das mesas e exibiam suas roupas de grifes e seus celulares caros. Ambos com belos sorrisos no rosto, e apenas eu com o olhar caído. Sento-me sozinho perto do local onde a merendeira, Sra. Hummel, fica sentada todas as manhãs observando os alunos passarem para suas salas.
- O que foi garoto, o que te afligi? – Alguém com o vocabulário muito formal senta-se a minha frente.
Ergo minha cabeça para ver quem é, e era a Sra. Hummel que havia vindo falar comigo.
- Não é nada, apenas comecei o dia com o pé esquerdo.
- Todos nós temos dias ruins. Acordar com o pé direito nem sempre é a solução para seus males.
Ela sorriu para mim;
- O que você tem. Ó... – Sra. Hummel pôs a mão sobre o peito envergonhada – Perdoe-me pela falta de educação. Eu me chamo Alice – ela ergueu a mão a mim.
- Eu sei, está escrito em seu crachá – aponto para o crachá azul em seu pescoço – Eu me chamo Gustavo Henrique.
Estávamos conversando sobre o quanto é legal o Willi’s (Williams High School), quando alguém põe a mão em meu ombro.
- Licença... – Grunhiu Max atrás de mim, reconheci ele pela voz.
- O que foi Max?
- Nós poderíamos ter uma conversa. – Ele me olhou com um olhar caído, mesmo mantendo a pose de durão que ele tem, eu percebi.
- É claro Max. – suspirei fundo esperando o que virá dessa vez.
Max guiou-me até a sala do clube de geografia e sentamos em uma mesa ao fundo.
- Então... eu queria me desculpar por ontem, Sei que fui grosseiro, Gustavo me desculpa, mas é que eu... – ele engoliu as palavras.
- Eu o que? – olho para seus olhos curioso.
- Eu, eu...
- Oque Max?
- Eu, eu... – ele cambaleava nas palavras, o que me deixa mais curioso ainda.
- Eu o que Max? Fala logo de uma vez.
- Eu... eu acho que eu estou gostando de alguém!
- Você? – um sorriso cínico tomou conta do meu rosto – Desde quando você sabe o que é gosta de alguém Max?
- Desde que me aproximei de você! – ele pôs a mão em meu ombro.
- Não, obrigado por gostar de mim, mas não! Não gosto de você Max. Não da forma como você pensa. Eu gosto de você como um amigo.
Ele abaixou a cabeça e pôs as mãos nos bolsos deu sua calça preta.
- Tudo bem. Pelo menos já me considera como um amigo... – ele sorriu com um certo desanimo.
Subimos até a sala de aula e sentamos sozinhos ao fundo. Max puxou conversa:
- Então... eu estou afim de algumas músicas novas, cansei de ouvir as mesmas toda a vez que vou caminhar no parque, ou antes de dormir. Você poderia me passar algumas de seu celular? – ele sorriu.
- Bem, eu estou sem celular Max. – desanimei ao lembrar da cena do meu pobre celular espatifado no canto do meu quarto.
- Mas... o que aconteceu com o seu celular?
- Eu...
Eu iria responder a Max, mas fui interrompido por alguém entrando na sala. Gabriel e Megan de mãos dadas sorrindo um para o outro sem perceber nossa presença.
- Eu... o que? – Max tentou buscar o fim de minha resposta.
Gabriel virou o rosto e percebeu que nós estávamos sentados logo aos fundos. Ele desmanchou o sorriso ao perceber que eu o olhava. Olhei em seus lindos olhos cor de mel e abaixei minha cabeça.
Ele sentou-se junto a Megan na mesa a frente e começaram a conversar.
- Então... ansioso para o dia amorzão? – Megan com sua voz irritante e enjoativa, puxou conversa ao perceber que ele olhava para trás a cada dez segundos.
- A.. oque? – Ele perdeu-se na conversa.
- Eu perguntei se você estava ansioso para o nosso casamento!? – disse ela ajeitando seu cabelo para o lado.
- Há... mas é claro!
Olho para eles dois conversando e desvio o olhar para Max, que estava fitando cada movimento que eu fazia com os olhos.
- Agora eu sei o porquê... – disse ele baixinho para Megan e Gabriel não ouvirem. – Você gosta dele!
Apesar da não tão boa inteligência, Max acertou em cheio.
Acenei com a cabeça confirmando sua suposição.
***
As aulas estão enjoativas ultimamente. Olhar sempre para os mesmos rostos se tornou monólogo demais. Cansei de me sentar ao lado de Rafael que pergunta como eu estou a cada dez segundos, devido ao rompimento que eu tive com Gabriel. Ele me disse que Gabriel contou a ele logo depois que terminamos sobre o ocorrido. Me disse também que Gabriel anda bebendo aos montes, e que sem querer, ele também viu Gabriel fumando maconha atrás das arquibancadas do campo de futebol com alguns integrantes do time. Fiquei surpreso ao saber disso. Eu já sabia que Gabriel costumava beber antes de terminarmos, mas ele usar drogas foi algo novo para mim.
Sentei-me ao lado de David que estava comendo um sanduiche, que pelo cheiro seria de atum (odeio atum). O intervalo havia chegando e eu animei-me ao saber que enfim me livraria da voz irritante e berrante da Megan repetindo a cada cinco minutos que se casaria com o quarterback dos Falcons.
- Confesso que gamei nessa sua barra de chocolate – Lucas surpreendeu me ao se sentar ao meu lado.
- Você quer? – estendo a mão a ele com a barra de chocolate.
- Gustavo Henrique me dando uma barra de chocolate, que pelo visto possui deliciosos e crocantes pedaços de nozes!? – ele fez cara de espantado.
- Affz... mas que coisa. Vocês são gamados nesse chocolate. Daqui a pouco vai aparece dois dentes de roedores na cara de vocês dois! – Bia queixou-se ao ver o pidão do Lucas morder praticamente meu dedo tentando arrancar o maior pedaço possível da minha barra de chocolate.
- Bianca... Esquilos não gostam de chocolate! – Lucas retrucou percebendo sua comparação aos pobres esquilos.
- Mas gostam de nozes!
Sorrimos a mesa juntos.
Resolvi dar logo a barra de chocolate ao Lucas, pôs ele não tirava o olho. A cada mordida que eu dava no chocolate, Lucas olhava atentamente.
Sam aproximou-se de nós com um sorriso no rosto enquanto segurava alguns papeis na mão.
- Tenho uma notícia pessoal!
- Hum? – dissemos juntos.
- Consegui as passagens, estou embarcando amanhã mesmo para a o Canadá! – ele sorriu enquanto mostrava suas pesagens para nós.
- Parabéns cara! – David levantou para abraçar Sam.
Todos abraçamos Sam, “Abraço coletivo” – gritou Lucas.
***
Entrei no vestiário para trocar de roupa. As aulas de educação física começariam logo, e eu estava um pouco atrasado. Abro meu armário e puxo meu uniforme vermelho. Alguém entrou no vestiário no momento exato em que eu estava vestindo minha camisa.
Gabriel espantou-se ao me ver sozinho ali. Ele abaixou o rosto envergonhado e abriu seu armário.
Caminhei até a saída e passei em seu lado. Dei dois passos para trás e resolvo falar com ele.
- Gabriel...
Gabriel estava de costas tirando sua camisa. Ele virou se para mim, e eu me recordei de o quanto seu corpo era definido e belo.
- Oi? – Sua voz grave me lembrou de quando ele falava ao meu ouvido baixinho que me amava toda a vez que eu dormia ao seu lado.
- Eu... eu só queria saber se aquilo que você me disse ontem por mensagem era verdade!? Eu... – dou uma pausa – Eu realmente não signifiquei nada pra você?
Ele olhou para o lado e disse com firmeza na voz:
- Sim. Porque?
- Por nada. Eu só queria saber mesmo... – digo me segurando para não deixar uma lágrima cair.
Virei de costa e sai do vestiário.
Desviei o caminho e entrei na sala do clube de álgebra. Espiei pela porta, esperando ele sair do vestiário. Pouco minutos depois ele saiu e caminhou até a saída do corredor que dava ao campo de futebol.
Entrei de volta no vestiário e troquei de roupa.
***
Cheguei em casa e nem expliquei o por quer de eu ter chegado cedo aos meus pais. Subi ao meu quarto e me tranquei. Enrolei-me em meu cobertor e comecei a chorar baixinho. Não sou muito de chorar, todos me conhecem por isso. Mas é inevitável segurar a mágoa que está dentro de mim.
Adormeci e acordei com meu irmão batendo na porta do meu quarto.
- Já vai! – grito pondo meus pés para fora da cama.
- O que faz aqui estrupício? Não tinha se casado com a noiva do pastor!? – digo abrindo a porta e olhando meu irmão que estava segurando um pratinho com alguns biscoitos.
- É bom ver você também Henrique! Eu trouxe esses biscoitos que eu fiz junto com minha querida e bela esposa para você. Mas acredito que você não vai quere-los! – ele disse cínico ao perceber minha arrogância.
- Fazendo biscoitos irmão? Não me diga que você gosta de maquiar sua esposa também!?
- Henrique! – ele sorriu e me abraçou com seu braço livre.
- Sou grato pelos biscoitos. Mas esqueceu que sou alérgico a baunilha? – percebo o aroma pungente dos seus biscoitos.
- Bem... essa parte eu realmente havia esquecido. Que burrice a minha. Bem... sobra mais! – ele lançou o biscoito inteiro em sua enorme boca.
- Você é nojento!
- É bom te ver também irmãozinho! – ele quase que não conseguiu dizer, devido ao biscoito em sua boca.
- E esse outro? – aponto para o outro biscoito no pratinho em sua mão.
- É de nozes com gotas de chocolate. Esse eu sei que acertei em cheio! – ele enfim conseguiu mastigar o biscoito.
- Passa pra cá!
Tomei um banho e desci para a sala. Meu irmão sentado na maior pose de cara maduro chamou minha atenção.
- E esse suéter cafona? Foi a crente que fez você usar? – tiro sarro daquele suéter verde ridículo.
- GUSTAVO!? – disse minha mãe irritada.
Rafael sorriu e ajeitou-se ao sofá.
- Bem... acho ele aconchegante! – ele passou a mão na manga do suéter.
- Pode até ser... Ei! – olhou para todos os cantos da sala – Cadê sua noiva?
- Ela ficou em casa. Está com muita tosse...
- E você não ficou lá com ela?
- A mãe dela resolveu passar alguns dias lá para cuidar dela. E como a bruxa que a velha é, resolvi dar uma passada aqui para ver como vocês estavam.
Começamos a rir juntos.
Minha mãe preparou o jantar. Lasanha com muito queijo (Eu chamo de “Lasonqueijo”), o prato preferido de Rafael!
Sentamos a mesa e eu me deliciei naquele delicioso pedaço da Lasonqueijo.
- Como está a comida meu filho? – Minha mãe sorridente, questionou-se sobre sua comida a meu irmão.
- Está deliciosa mãe. Senti falta de sua lasanha! – Rafael respondeu.
O barulho da campainha tirou minha atenção do meu prato.
- Atende por favor Gustavo? – disse minha mãe.
- Tudo bem.
Levantei e caminhei até a porta. Abri, e para minha surpresa, Gabriel estava a porta com a mão nos bolsos de seu moletom do time dos Falcon’s.
- Gabriel?
- Oi, Gustavo. Eu vim aqui porque eu... Eu esqueci minha camisa azul no seu quarto!
- Que camisa?
- A minha camisa azul...
Sem permissão ele entrou e parou em frente ao abajur da mesa de canto que ficava ao lado da poltrona do meu pai.
- QUEM É FILHÃO?
Meu pai veio até a sala.
- Gabriel meu rapaz! Quanto tempo... – Meu pai sorriu ao ver Gabriel.
- É muito bom ver o senhor também! – ele apertou a mão de meu pai.
- Soube que vai se casar. É verdade mesmo?
Quanto meu pai disse aquilo eu abaixei a cabeça.
- Pai, o Gabriel não vai ficar por muito tempo. Ele só está de passagem! – digo tentando livrar-me dele.
- Mas como assim? Por que não fica para o jantar? – disse meu pai.
- Bem, é um prazer Sr. Miller!
Ótimo! Eu sentado à mesa com minha família, e o ultimo cara que eu queria ver no mundo. Minha alegria toda devido a “lasonqueijo” se foi toda.
Com desanimo separo o queijo do macarrão com a ponta garfo, enquanto escutava a conversa de Gabriel e meu pai.
***
- Não está aqui Gabriel. Tem certeza de que você esqueceu aqui? – digo olhando para minha gaveta de camisas.
- Gustavo... – sua voz grossa chamou minha atenção, pôs ele disse calmo a ponto de eu perceber que ele queria algo.
- O que foi?
- Será que poderíamos...
Ele sentou-se a beira da minha cama e fez sinal para mim sentar ao seu lado. Obedeço, mas sento um pouco longe dele.
- O que foi?
- Eu queria me desculpar por não ter dito antes.
- Tudo bem, você já se desculpou! – já sabia do que ele falava.
- Eu só... – ele abaixou a cabeça.
- Tudo bem... Eu não significo nada pra você mesmo não é? – digo sem malicias o compreendendo pelo seu erro – Você só estava querendo se descobrir!
- Mas...
- Mas nada Gabriel. Eu te entendo!
- Mas Rick... eu gosto de você.
- Não Gabriel, você não gosta. Como você mesmo disse, eu não signifiquei nada pra você, nem irei! Não tem de se preocupar.
- Dizer isso foi o maior erro que eu fiz em toda minha vida.
- Mas...
- Você não vê Rick... mas eu sempre me preocupei com você! Sempre! Desde que terminamos, eu não consigo te tirar da minha cabeça. Eu passo noites inteiras sem dormir... apenas pensando em você. Eu estico meu braço sobre os lençóis da minha cama, todas as manhãs, na espera de que tudo fosse apenas um pesadelo, e que você estaria ali do meu lado sorrindo para mim esperando eu acordar, como você costumava fazer sempre que dormia lá em casa! – ele abaixo a cabeça e tirou algo do bolço de sua jaqueta.
O óculos escuro que ele havia me dado.
- Você esqueceu isso no banco de trás do meu carro! – ele deu o óculos na minha mão – Eu iria ficar com eles, para me lembrar de você. Mas eu te dei, e agora te pertence.
Levanto-me e cruzo os braços de costas para ele. Ponho o óculos em cima da cômoda e retomo o olhar a ele.
- Estava pensando no porque de você ter dito naquele dia na sala, que o anel era penas de compromisso. Por que você mentiu?
- Eu não menti. – levantou-se ele – Eu disse a verdade, mas ela pôs na cabeça que era de casamento. Ela tocou no assunto com meus pais, e eles ficaram feliz e... – ele suspirou – Eu não consegui!
- Tudo bem Gabriel...
Sento-me a cama e cruzo os dedos. Levemente entrelaço os dedos, tímido por estar novamente na presença do cara que eu amo. Fazia frio no quarto, Gabriel em sua jaqueta vermelha se aquecia do frio, e eu esquecera de vestir a minha logo cedo. Puxo minha almofada que estupidamente tem a cor azul e dourado, que recordava minhas manhãs lendo os livros de J.K Rowling.
- Você poderia te me dar outra chance de te fazer feliz?
Levanto a cabeça e olho em seus olhos. Fiz sinal de não com a cabeça.
- Por que? – sua voz grave agora tornou-se rouca ao dizer.
- Eu gosto de você Gabriel, de verdade! Mas não...
Gabriel abaixou a cabeça e como um vulto saio do meu quarto.
Lanço minha almofada sobre a cama e deito-me tentando dormir, para esquecer o que passou a pouco instantes.
***
Acordo com o som berrante de minha mãe a porta.
- GUSTAVO ACORDA! – ela batia na porta.
- JÁ VAI!
Levanto-me estressado e abro a porta.
- Telefone pra você! Cadê seu celular?
- Está no silencioso. – minto ao lembrar do que eu fizera.
Minha mãe virou-se de costas e eu caminhei até a mesa do meu quarto, onde ficava o telefone. Tiro o telefone do gancho e ponho ao ouvido.
- Alô.
- Gustavo! – a voz de Bia ao telefone parecia apreensiva.
- O que foi mulher?
- O Gabriel, ele.... ele sofreu um acidente de carro Gustavo!
- O QUE? – espanto-me ao ouvir o que Bia dissera.
- Ele bateu na traseira de uma caminhote e está em coma.
- Mas... mas Bia? Como assim?
- É isso mesmo amigo. Rafael ligou para mim logo cedo pedindo para mim avisar a você. Mas eu não conseguia falar com você...
- Mas... em que hospital ele tá?
- No Dalton!
***
Cheguei a poucos instantes no hospital particular Dalton. Pedi para Max me trazer até a aqui, ele aceitou, pôs também era amigo de Gabriel.
Chego a recepção e chamo a atenção da moça que estava ao telefone.
- Licença, eu...
- GUSTAVO! – alguém chamou meu nome atrás de mim.
Rafa estava em pé ao lado de Bia.
- Gustavo, ainda bem que você veio. – disse Rafa.
- Sim... graças ao Max. Onde ele está? – pergunto logo de cara.
Rafael me levou até o quarto onde estava Gabriel. Abri a porta, e pude ver Gabriel com o braço enfaixado. Ele parecia dormir profundamente sobre a cama que tinha uma aparência não muito confortável.
- Como ele está? – pergunto a Rafael.
- Vivo! – respondeu ele velozmente.
Sento-me na poltrona branca ao lado de sua cama e olho para o seu rosto. Seus olhos treminhão dando sinal de vida. O bipe daquele aparelho que eu só havia visto até em tão em filmes, penetrava meus ouvidos confortando-me, pôs eu saberia que eu ainda teria chances de ver o brilho dos lindos olhos de Gabriel novamente.
- Não havia percebido antes...
Alguém assusta eu e Rafael ao falar a porta.
- Mas ele parece um anjo quando está dormindo!
Uma mulher de cabelo loiro estava em pé a porta.
- Quando criança ele dormia assim. Eu sempre brigava com ele por dormir demais, Gabriel nunca aprendeu que se tem coisas melhores a fazer do que dormir. Mas... – ela abaixa a cabeça – Ele aprendeu.... Ele aprendeu que se tem coisas a mais a se fazer fora de casa, mas ele não fez coisas boas. Gabriel envolveu-se com más companhias quando chegou a sua adolescência. E aos 15 anos, fui chamada na escola dele pôs acharam bebida em sua bolça.
- E a senhora brigou com ele. – Rafa pergunta. Ele permanece com os olhos presos no rosto da mulher que agora eu percebo que é a mãe de Gabriel.
- Se eu briguei? – ela sorri sarcasticamente – Um puxão de orelha aqui... um castigo ali. Gabriel não aprendeu que quando eu disse para ele sair de sua cama, não era para ele envolver-se com álcool. Meu filho cresceu... e tornou-se uma pessoa presa a bebida alcoólica.
Os olhos marejados dela olhavam atentamente para o seu filho deitado na cama. Ela sorri enquanto passava a mão no rosto de Gabriel.
- Olha onde você veio parar meu filho... – suspirou ela.
***
A noite chegou, eu não sai do hospital até então. Anabeth, a mãe de Gabriel agradeceu por eu decidir passar a noite com ele no hospital. Ele não acordou até então. Quisera eu que ele acordasse, pudesse ver seus olhos, seu sorriso. Eu preciso ouvir ouvir sua voz grave, é como um vício para mim, como se eu estivesse com cede, e a única água no mundo seria Gabriel. Sinto-me mal por ter dito não a ele, talvez estivéssemos nesse exato momento em minha cama, dormindo agarradinhos. Talvez ele estivesse respirando sobre minha nuca, sua respiração quente aconchega-me nas noites frias. Mas não, ele está aqui. Em uma cama, dormindo imóvel e silencioso, imóvel como uma pedra ao chão.
Envolto minhas mãos em seus cabelos, estão grandes, talvez ele esqueceu de cortá-los. O amarelado dos fios fundia-se ao branco da palma de minha mão. Meus dedos escorregam vagarosamente sobre seu rosto, sua barba áspera e pontiaguda causa leves cócegas em meus dedos.
Sobre o conforto da poltrona branca eu adormeço, sem me esquecer de segurar firme a mão de Gabriel, pôs se ele acordar durante a madrugada, quero ser o primeiro a ver o brilho de seus olhos.
***
Acordo de manhã bem cedo com o som dos passos do médico que chega a porta com sua prancheta na mão.
- Bom dia. – ele diz com um sorriso cortês.
- Bom dia. – digo.
Sobre a poltrona espreguiço-me. Estico meus braços, e meus dedos que estão formigando. Gabriel deve ter apertado minha mão enquanto eu dormia. – devia não, ele de fato apertou. Posso ver a marca vermelha em minha mão, causada pelo aperto de seus dedos – Levanto-me esticando minhas pernas. O médico alto sorria para mim.
- Seu irmão? – ele perguntou ao perceber que eu estava de mãos dadas com ele.
- Não. Meu namorado! – respondo com firmeza na voz.
Eu estou certo disso, sei que ele está quase a se casar com a idiota da Megan, mas eu não me importo. Sei que quando ele acordar eu beijarei ele, lembrando-o de quanto eu o amo, e que eu perdoo ele por tudo. Não posso viver sem ele, como eu poderia?
Um sorriso tímido brotou nos lábios do médico. Doutor Bryan, eu puder ler seu nome bordado em azul no seu jaleco branco.
- Seu namorado deve ser um cara de sorte. Quisera eu ter alguém assim como você! – diz ele pondo as mãos nos bolsos de seu jaleco.
- Assim como eu?
- Sim. Se alguém passasse o dia inteiro sentado em uma poltrona a minha espera, e de quebra, dormindo a madruga inteira ao meu lado, esperando eu acordar... eu agradeceria! – ele sorri.
- Bem, o que eu posso fazer? Eu o amo! – olho para ele dormindo sobre a cama.
- Eu admiro sua coragem garoto! – Dr. Bryan indagou.
- Por que?
- Meu namorado! – ele me imita – Tanta firmeza no seu tom de voz. Nem se preocupou em eu pensar contra seu estilo de vida.
Não me importo, nem me importarei se ele pensar contra.
Lembro de uma vez. Eu estava sozinho como o habitual naquele tempo no Willi’s, sentado no canto de uma mesa aos fundos do refeitório da escola. Meu lanche, um sanduiche de presunto com queijo. Eu comia ele calmamente enquanto olhava os outros alunos com seus amigos a mesa. Enquanto eu mirava os jogadores do time de futebol, eu vi um garoto que logo de cara chamou minha atenção. Cabelos loiros, alto, forte... ele era lindo. Ele lançava uma bola de futebol no ar, e então a apanhava, de novo joga, e depois apanhava-a, e assim sucessivamente ele exibia-se aos seus colegas a mesa. Eu estava quase babando com sua figura. E de repente nossos olhares se encontram, seu olhar feroz se desvia para o colega ao seu lado. Baixinho eles cochicham ao ouvido um do outro.
Caminhando em minha direção estavam eles. Minhas pernas tremiam com ranceio de que ai vinha algo. Eles pararam a frente da minha mesa e o garoto loiro abriu sua boca.
- Você. Vem com nós! – dizia ele com um sorriso no rosto.
Sem hesitar eu me levanto e os sigo. Eu estava feliz, finalmente eu faria amizade com aquele garoto. Eu não tirava meus olhos dele desde o primeiro dia em que cheguei na escola.
Eles me levaram para atrás das arquibancadas do Willi’s, era isolado ali. Não dava para ver nada, apenas as árvores atrás de nós e o muro da escola. A minha frente se opusera o garoto loiro, ele sorriu para mim e aproximou do meu rosto. Nossos lábios estavam tão próximos, podia sentir sua respiração quente sobre minha boca. Ele olhou nos meus olhos e então sorriu.
- Bixa! – disse ele desferindo um tapa na minha cabeça.
Eu viro meu rosto, que foi um alvo fácil para o murro que ele preparou. Pude sentir algo escorrer sobre meu queixo, poderia ser meu sangue... mas é claro que era meu sangue!
Ele desferiu outro soco em minha barriga, e logo um chute em minha perna. Cai sobre o chão e pus a mão na barriga.
- Sua bixinha! – disse ele dando outro chute em mim, que logo acertou meu estomago. Parecia que algo iria pular para fora de minha garganta.
Eu olhei para o garoto rindo com seu amigo. Eles dois pareciam sentir graça da minha situação, como se eu fosse o divertimento dele.
Eles viram-se e sairão andando para fora das arquibancadas.
Eu chorei naquele dia. Não por que eu minha boca estava sangrando, tampouco pela imensa dor meu estomago. Mas pela minha imensa estupides, por que eu fiz aquilo? Esquecer todo meu preconceito comigo mesmo, e me entregar de bandeja para aquele garoto!? Eu me sentia um lixo, pôs saberia que ele sairia exibindo minha causa para todos da escola. Eu era como um troféu para ele, como um imenso e desprezível obstáculo que ele se livrara.
E hoje, depois de um ano, aquele garoto encontrasse atualmente deitado sobre o leito de um hospital. Dormindo depois de um acidente que ocorreu por minha conta.
- Já me preocupei um dia. – respondo ao Dr. Bryan. – mas hoje já nem ligo mais. Quer dizer... – dou um sorriso envergonhado – Creio que você não vai espalhar para ninguém.
- Pode deixar. – Bryan tira a mão de seus bolsos. – Agora, vamos ver como ele está...
Bryan caminhou até Gabriel e começa a fazer alguns exames nele.
Sentado eu estou sobre a poltrona olhando Gabriel novamente. Enquanto eu estalo os dedos, um barulho veio de algum lugar no quarto.
O celular de Gabriel estava sobre a mesa ao lado de sua cama. Estranho eles deixarem o paciente que está em coma, com seu celular. Mais estranho mesmo, é o fato de o celular ter sobrevivido ao acidente. E como esse celular veio parar aqui? Todos esses questionamentos passaram-se pela minha cabeça. Mas afinal... é só um celular. Por que o drama?
Eu estico braço alcançando o celular que está ao lado de um jarro de planta em cima da mesa.
- Tem senha... – Penso comigo mesmo.
Tento uma: “Megan vadia”, não funcionou... Tentei outra: “Megan vaca” Que saco, pensei que Gabriel era esperto em por senhas legais...
Penso um pouco e digito.
- R-I-C-K – Funcionou! Mas é claro que ele não esquece de mim.
Uma mensagem aparecia no visor. É da vaca... ops... da Megan! – Onde você está? – Desde quando aquela cria de gambá sabe se preocupar com as pessoas?
Eu esqueço a mensagem e começo a revirar a galeria do celular de Gabriel.
Apenas uma é da Megan, e as outras 56 são minhas com ele. E aqui está, a foto que ele tirou de mim enquanto eu dormia, ele não apagou mesmo...
Embora eu me preocupe em mexer no celular de Gabriel enquanto ele está em coma. Não me sinto mal, pôs ele mesmo um dia disse para mim não se preocupar em mexer nas coisas dele, pôs eu fazia parte dele. E que ele não tinha nada a esconder de mim. Me deixando livre para futricar suas coisas.
Agora aqui percebo uma coisa, Gabriel certamente não tem amigos. Não amigos de verdade... Enquanto ele está aqui em coma, apenas eu e Rafa se preocupamos com ele. Gabriel não recebeu nenhuma visita até agora. Entendo que Rafa esteja na escola, por isso não pode vir ainda. Enquanto aos outros Falcon’s. Nenhum veio ver se o capitão do seu time está vivo.
Quisera eu que ele tivesse amigos, amigos de verdade. Mas não, o tempo que ele passou maltratando e caçoando as pessoas, foi tempo suficiente para ele não ter mais ninguém. Talvez aqui esteja o motivo de ele se envolver com álcool. Talvez a bebida seja seu “refugio”, o lugar para onde ele foge toda vez que se sente sozinho. E não posso me esquecer também do uso das drogas... em relação a isso, Gabriel vai ouvir bastante de mim quando acordar. Se ele acordar...
***
Mais um dia se passou, e Gabriel ainda não acordou. Já estou preocupado com isso.
Agradeço a mãe de Gabriel por trazer comida para mim. Em relação a minha, ela não se preocupou em eu passar dois dias direto no hospital, ela disse que admira minha bondade em relação a Gabriel, e que se eu for amigo dele, é o máximo que eu posso fazer para tentar ajuda-lo.
Aqui estou com um cobertor macio que minha mãe trouxe para mim, já está de noite. Eu estou morrendo de sono, passei o dia inteiro no hospital. Rafa veio aqui comigo de tarde, disse que não se preocupava em passar a noite no hospital em meu lugar, e que eu podia ir pra minha casa descansar. Mas eu neguei sua ajuda. Eu quero estar aqui com Gabriel, não quero deixa-lo aqui sozinho. Com Rafa ele não estaria, mas eu quero ter esse privilégio.
Eu deito minha cabeça na poltrona e fecho os olhos. Penso no Gabriel, no nosso primeiro beijo no acampamento de primavera. E quando ele me pediu em namoro ajoelhando-se a minha frente. Recordo-me também de quanto estávamos sozinhos no meio do mato, perdidos, graças a Gabriel que queria me ajudar com minha perna quebrada, a qual ele mesmo havia quebrado.
Pensamentos esses passam em minha cabeça nesse exato momento. Foi quando eu adormeci...
***
- Rick... – uma voz em minha cabeça me chama.
- Rick... – repetiu ela.
- Rick... – Se assemelha muito a voz de Gabriel.
- Rick....
Talvez seja um sonho.
- Rick...
Abro meus olhos lentamente.
- Rick.
Não pode ser... não pode ser... Ele acordou!
- Rick... – sua voz rouca me chama.
Posso ver seu olhar caído. – Rick – diz ele me chamando.
Levanto-me e seguro sua mão.
- Você acordou... – eu digo enquanto ajeito minha camisa amarrotada.
- O que aconteceu? - ele diz enquanto me olha fraco.
- Você sofreu um acidente. Bateu em uma caminhote... e veio parar aqui.
- A quanto tempo eu estou aqui?
- A dois dias!
- A dois dias? – ele fez cara de espantado e então virou sua cabeça olhando o local. – E você está aqui comigo esse tempo todo?
- Sim. Eu não te deixaria aqui sozinho.
- Eu te amo! – disse ele olhando em meus olhos.
- Eu também te amo.
Abaixo minha cabeça e dou um beijo nele.
- Ai... – ele queixou-se – Doeu! – diz ele dando uma risada.
- O monstro está dodói! – começo a bagunçar com ele.
- Seu monstro está carente. Deita aqui com ele vai? – O monstro... quer dizer... Gabriel afastou um pouco para mim deitar.
- Não tem espaço para eu e o monstro nessa cama.
- Tem sim, olha aqui – ele montra um espacinho ao seu lado – vem deita aqui comigo Rick!?
- Então tá bom.
Subo na cama com ele, espremo-me naquele minúsculo espaço para ficar agarradinho com Gabriel.
- Pronto. Tá vendo como cabe eu e você? – ele diz com a voz rouca.
- Sim. – digo sorrindo.
- Eu te amo! – repete ele. – Agora olha só, eu tenho um braço quebrado – ele ergue o braço engessado – Sua vez de cuidar de mim!
- Cuidarei com todo prazer. – lanço um sorriso para ele.
Aqui estou no calor do corpo de Gabriel. Poder abraçar ele novamente, isso é maravilhoso.
- Eu quero te prometer uma coisa – Gabriel diz esfregando a sua mão em meu braço.
- O que?
- Nunca mais eu vou beber! Nunca mais te darei o trabalho de me esperar acordar de um coma em um hospital. Isso é uma promessa! – Gabriel diz sério.
- Você tem certeza disso?
- Sim, eu tenho! Mas também quero que você me prometa uma coisa. – ele diz olhando em meus olhos.
- O que?
- Nunca mais vai me deixar! – ele falou com a cara fechada. – Nunca mais... Você não tem ideia de como eu me senti sem você comigo.
Eu dou um sorriso tímido a ele.
- Se é assim. Então acho que temos um acordo! – digo.
- Não é um acordo! São promessas de vida que nós iremos cumprir!
- Então esse é seu triplo padrão? – digo rindo.
- Como assim?
- Romântico, cortês e estressado!?
- Eu não sou estressado amor... – ele diz ríspido.
- Sim, tá vendo? Você é! – solto um riso abafado em seu peito.
- Você também é assim Rick!
- Assim como?
- Assim... bipolar! – ele sorri.
- Amor... por que bipolar? – pergunto confuso.
- Uma hora você está de bem com a vida, outra hora está triste, depois quer matar todo mundo ao seu redor. Você é meio doidinho da cabeça! – ele ri.
- Não tenho culpa Biel, eu sou doidinho mesmo!
- Meu doidinho! – ele me dá um beijo.
Ainda está de madrugada. O relógio sobre a parede marca três e meia. Estou com sono, dormi pouco, graças a Gabriel que acordou. Não fez mal, foi bom acordar e a primeira pessoa que eu ver foi ele. Ainda bem que ele acordou, eu já estava com minhas esperanças nas últimas. Ficaria louco se ele não resistisse...
- Eu estou com sono. – eu bocejo.
- Você pode dormir em meus braços se quiser! – Gabriel diz.
- Mas é claro que eu quero! Mas e você? Não vai dormir?
- Não. Acabei de acordar de um coma. Quero ficar acordado um pouco. E também não seria nada mal ver você dormindo! – ele sorri.
- Estão se é assim tudo bem.
Dei um beijo nele e dormir em seu peito, escutando as batidas do seu coração, enquanto ele acariciava meus cabelos.
***
Acordei de manhã com o Dr. Bryan me cutucando.
- O que você faz na cama com ele? – pergunta ele confuso.
- Ele acordou de madrugada e pediu pra mim deitar do lado dele. – digo me levantando com o máximo de cuidado para não acordar Gabriel que dormia como um anjo.
- Ele acordou? – Bryan fez cara de surpreso.
- Sim!
- Engraçado, de acordo com os diagnósticos... ele não passaria dessa noite. – Dr. Bryan me olhou curioso.
- Nossa... sério? – digo espantado.
- Sim! Mas... parece que o amor é algo bem mais forte do que pensamos! – Bryan deu uma risada.
Eu estico o dedo e começo a cutucar Gabriel.
- Acorda! – digo.
Gabriel abriu os olhos lentamente.
- Bom dia. Tá na ora de acorda! – digo sério.
- Nossa que foi Rick? Não recebo nem meu beijo de bom dia? – ele não percebe Bryan no quarto.
- Mas é claro!
Aproximo-me, e dou um beijo demorado nele.
- Mas o que está acontecendo aqui? – alguém nos interrompe.
Nós viramos o rosto junto para ver quem é. Max está a porta segurando uma sacola marro de papel, e um copo de capuchino.
- Max!? – digo surpreso – O que faz aqui?
- Eu vim trazer seu café da manhã – ele mostra o copo para mim. Max olha para nós ainda assustado.
- Você não foi a escola? – digo.
Eu caminho até ele e pego o capuchino e a sacola de papel que dento parece ter alguns salgados.
- Não, resolvi te fazer companhia. E... você é gay Gabriel? – ele olha espantado para Gabriel na cama.
Eu olho para ele, e depois para Gabriel. Por um momento deixo escapar uma risada.
- Sim Max, eu sou! – Gabriel diz meio envergonhado.
- Como assim? Eu... eu... eu tomava banho nu no banheiro da escola! – Max diz espantado.
- Ah, fala sério Max. Como se tu também não fosse! – digo sério enquanto mastigo o delicioso salgado de queijo que Max trouxe pra mim.
- Eu vou deixar vocês três a sós. – Dr. Bryan sai envergonhado.
Eu começo a rir da cara dos dois. Tomo meu capuchino quase que me afogando em risos.
- Seus idiotas! – digo em risadas.
- Você também é gay Max? – Gabriel parecia meio receoso em relação a Max.
- Bem... não sei. Só sei que eu gosto do... – ele engole as palavras – Do... deixa pra lá.
- Ok. – Gabriel diz envergonhado.
O tempo se passou e já se é quase meio dia. Estou sentado ao lado da cama de Gabriel, que não diz nada além de se queixar de querer ir embora. Mas eu o acalmo, dizendo que ele precisa ficar mais um pouco por bem dele. Max foi embora, talvez tenha se sentido meio deslocado em meio as caricias que Gabriel não para de me dar, e resolveu ir para sua casa.
- Rick... – Gabriel tira minha atenção do livro que eu estava lendo.
- O que foi amor?
- Eu te amo! – ele diz com a voz rouca e manhosa.
- Eu sei Gabriel. Você diz isso a cada 5 minutos deis de que acordou. – dou um sorriso pra ele e olho de novo para página do livro.
- Mas é por que eu te amo mesmo!
Eu dou um sorriso, faço um carinho na mão dele que está sobre meu ombro e volto minha atenção ao livro.
- Será que dá pra me dar atenção? – Ele pega o livro e fecha, e então põe sobre a mesa.
Eu olho para ele meio sem intender e cruzo os dedos.
- Então está bem...
Fico olhando para ele, ele me olha nos olhos sério. Eu então dou um sorriso pois não aguento olhar para ele que fica fazendo palhaçada o tempo todo.
- Para! – digo ríspido.
- Não!
- Então tá! – viro meu rosto e olho para o quadro na parede.
Ele estica a mão sobre o meu pescoço e começa a subir devagarinho até minha orelha, e então desce fazendo cócegas em mim.
- Vem aqui! – diz ele.
Eu obedeço e aproximo-me dele.
- Deixa eu te dar um beijo? – ele faz cara de pidão.
- Deixo não!
- Poxa... Rick mau!
- Rick não é mau não! Rick é legal! – digo rindo.
Eu dou um beijo nele e olho em seus olhos.
- Tá vendo como Rick é legal?
Ele começa a rir e então eu pego o livro, e começo a ler novamente. “- Hey Catnip - dizia Gale.” Eu adoro Jogos Vorazes.
Eu estou lendo um dos primeiros capítulos, mas logo sou interrompido por uma senhora vindo entregar o almoço de Gabriel.
- Boa tarde. – diz ela pondo uma quentinha em uma embalagem de isopor sobre a mesinha de ferro perto a cama de Gabriel.
- Eca, sopa! – Gabriel queixou-se ao abrir a quentinha.
Ele da uma cheirada em faz cara feia.
- Odeio quiabo!
- Eca, somos dois! – fiz cara feia também.
- Você poderia me dar alguns de seus salgados que sobrou, não é mesmo? – Gabriel pôs a sopa sobre a mesinha.
- Nem pensar... você já está ruim, e ainda quer comer besteira?
- Sim! – ele diz com cara de orgulhoso.
- Não, vai comer sopa! – digo sério.
- Poxa Rick, é só um salgado seu miserável!
- Não estou miserando o salgado a você. Eu apenas me preocupo com você.
Ele dá um sorriso.
- Se você se preocupa comigo, então me dá um salgado vai...
- Tá, mas se você morrer, não diga que eu não avisei!
- Como eu vou dizer algo se eu vou tá morto!? – ele diz com sarcasmo em seu tom de voz.
- Você entendeu Gabriel.
Pego o salgado em minha mochila e dou a ele.
- Divirta-se! – eu digo.
***
São três da tarde. Dr. Bryan nos deu uma ótima notícia, Gabriel terá alta hoje mesmo. De acordo com os exames ele pode descansar em casa sem problema algum.
Fico feliz que ele esteja bem, mas o carro dele ficou estraçalhado. E com certeza ele terá de pagar alguma multa por dirigir bêbado. Sem falar nos pontos na carteira...
Estou na casa de Gabriel. Rafa nos trouxe aqui, porque o pai e a mãe de Gabriel tiveram um viajem urgente, e não podiam trazer o filho para casa. Uma grande irresponsabilidade da parte deles, deixar o filho que acabou de sofrer um acidente sozinho em casa.
Apoio-me sobre o cotovelo sobre a cama. Gabriel me olha atentamente. Ele não para de falar que estava sentindo minha falta, isso me irrita, mas também me conforta. Seu braço esquerdo engessado, tratei logo de escrever nossas iniciais nele. G.H, está escrito em pincel azul sobre o gesso.
- Como você se sente? – eu digo.
- Bem... com um pouco de dor ainda. Mas bem... – ele responde velozmente.
- Você me deixou louco!
- Mas do que você é? – ele ri.
- Gabriel... é sério! Não faz mais isso. – eu digo calmo mas ainda rindo de sua piada.
- Eu já disse que não farei mais!
- Eu sei mas... só não faz! – olho para sua boca.
Sua mão percorre meu pescoço, e então ele me puxa para perto dele, dando-me um beijo suave e feroz a lá o jeito Gabriel de ser.
- Eu senti falta de suas chatices! – ele diz.
- E eu senti falta da sua voz de monstro! – eu sorrio.
- Eu te amo! – ele diz.
- Eu também te amo Gabriel.
Ele levanta-se devagar e pega o seu celular sobre a mesa do seu quarto.
- Onze chamadas não atendidas. – ele diz – É da Megan!
Eu viro minha cabeça para o outro lado. Não quero saber dessa garota.
- Liga pra ela, pra saber o que ela quer... – digo ríspido.
- Eu não, pra que? – ele diz confuso.
- Ué, ela é a sua noiva. Vai ver ela quer alguma coisa, ou sei lá... saber como você está. – eu cruzo os braços.
- Você... você tá com ciúmes Henrique? – Gabriel diz rindo.
- Não...
- Pera ai... Gustavo Henrique com ciúmes de mim?
- Sempre tive ciúmes de você! – digo sério.
- Mas, pensei que você soubesse que eu te amo, só você! Você sabe disso não é mesmo? – ele diz confuso.
- Não sei... – reviro os olhos.
- É claro que sabe, eu te amo Rick. Vem... – ele estica o outro braço -