Capítulo 26
Parte da série VOCÊ É SÓ MEU...
No outro dia...
Acordei de manhã assustado, olhei de baixo do coberto e... não só eu como também o Lucas estávamos sem roupa.
- Haaa... – grito.
- O que? – Lucas acordou assustado.
- A gente transou? – cochicho baixinho.
- Há... sim. Você não se lembra? – perguntou ele bocejando.
- Sim. Mas, queria não lembrar.
- Nossa... eu transo tão mal assim?
- Não... Lucas, nós somos amigos.
- Quando é que você vai parar de resistir a mim? – perguntou ele me olhando sério.
- Lucas... Argh.
Me levantei e fui pro banheiro. Quando sai Lucas entrou com um sorriso enorme no rosto.
Eu me arrumava enquanto escutava ele cantando no chuveiro bem alto alegre.
- Cala a boca Lucas. – grito ponto meu tênis.
Ele cantou mais alto ainda.
***
Depois dó café eu e Lucas fomos andando para escola, como eu sempre vou.
- Então é por aqui que você passa todos os dias? – disse ele olhando a rua.
- Sim. Você se acostuma com o tempo...
- Então não será a única vez? – perguntou ele com um sorriso malicioso.
- Não foi isso que eu qu... Olha Lucas para. Ontem a noite foi um erro que nós dois cometemos, somos amigos. E você sabe que eu gosto do Gabriel. Você pode me beijar e ir pra cama comigo quantas vezes quiser. Mas isso não vai mudar o fato de eu gostar dele.
- Eu sei que você gostou Guto. Assim como eu...
- Não Lucas, ontem a noite a única coisa que passava na minha cabeça era o Gabriel. Não tem nada que você possa fazer pra mudar o que eu sinto por ele.
- Que saco... – disse ele com raiva.
Continuamos andando. Chegamos a escola e estava bem frio aquela manhã, pus minha jaqueta e me sentei com Lucas em um banco perto de uma árvore.
- Você não gostou nem um pouco assim de ontem a noite? – Perguntou ele me olhando.
- Vamos parar de tocar nesse assunto Lucas. Por favor...
- Ok. – ele abaixou a cabeça.
Os portões se abrirão e nós entramos. Me sentei em minha mesa e Lucas na dele.
Gabriel entrou pela porta, e como seu lugar era ao meu lado, se sentou e nós ficamos calados. Ele parecia estar incomodado então peguei meus fones e deitei minha cabeça sobre a mesa. Como ele estava ali ao meu lado, nada melhor que escutar The Scientist e pensar em nós dois.
A sala já estava cheia quando o professor de Artes entrou pela porta.
- Bom dia alunos...
- Bom dia professor. – dissemos.
***
- Bom alunos, então vamos lá? Forme seus pares... Não espera, pra ser mais fácil. Você faram com a pessoa de sua mesa, já que vocês são amigos facilitará o trabalho para vocês não é mesmo? – disse o professor sorrindo.
- Demoro professor... – disse Max.
Realmente foi uma boa ideia, pôs geralmente quem senta ao nosso lado é nossos amigos... exceto por mim.
- Então... vamos ter de fazer juntos. – digo olhando para a mão de Gabriel em cima a mesa, ele estava sem a aliança.
Ele ficou calado, e eu não queria olhar nos olhos dele. Eu sinto sua falta, mas, depois das coisas que ele me disse, eu tenho vergonha de olhar em seus olhos.
- Você não vai falar nada? – digo olhando para sua boca.
- O que quer que eu fale?
- Não sei... sobre o trabalho.
- Infelizmente vou ter que te aturar de novo. – disse ele com raiva.
- Nossa, me desculpa... – digo olhando para baixo e deitando sobre a mesa.
O professor não falou mais quase nada, só ficou sentado lendo. Todo mundo aproveitou pra conversar. E eu é claro ficar escutando música enquanto fico me segurando pra não pular em cima do Gabriel ali mesmo. Sentir o seu perfume é tão relaxante...
- Ei... – disse David me cutucando.
- Oi?
- Vai rolar uma festa lá em casa hoje a noite, tá afim de ir? – perguntou ele.
- Não sei Davi, não estou muito com ânimo para festas.
- A qual é cara, vai ser legal... Todo mundo vai!
- Tudo bem, vou pensar.
- Ok. Pega o endereço. – ele me deu um papel.
- Valeu. – digo pondo o papel no bolço.
Me deitei sobre a mesa de novo e continuei pesando no Gabriel. Virei meu rosto para o outro lado e fiquei olhando para
ele. Ele fingia não notar que eu estava o olhando, e olhava sério para frente.
Desci minha mão por debaixo da mesa e pus em cima da sua. Ele me olhou com raiva e tirou sua mão. Fiz sinal de que entendi com a cabeça e virei meu rosto.
***
Acabei vindo para a festa do Davi, Lucas me trouxe de carro então nem reclamei. Até que estava legal, fora o fato de eu estar na casa do idiota do Max.
Peguei uma coca e fui até a piscina.
Ryan estava sentando na beira da piscina no os pés dentro da água e me sentei ao seu lado.
- E ai Ryan?
- Oi Gustavo.
- O que está fazendo?
- Nada, só pensando e... mais nada mesmo. – disse ele olhando para baixo.
- E em quê exatamente você está pensando?
- Sei lá... na vida. – ele deu de ombros.
- E por acaso essa “vida” é alguém especial? – digo dando um empurrãozinho nele de leve.
Ele deu um sorriso tímido e olhou para cima.
- Bem que eu queria...
- Hum... e quem é essa pessoa?
- Há...
- Há, me desculpa... estou sendo intrometido? – digo rindo.
- Não, não. É em um cara ai...
Olhei pra ele assustado.
- Ham? Você é gay?
- Sim, sou. Por que? – perguntou ele meio irritado.
- Relaxa, eu só não sabia...
- Argh, vai me criticar que nem os outros? – ele me olhou sério.
- Não. Eu também sou gay cara. – digo rindo.
- Espera... você também é gay?
- Sim...
- Nossa, não dá de perceber... – disse ele assustado.
- Te digo o mesmo!
Ele começou a rir.
- Sabe Ryan, parece que naquela sala só tem gay! – digo tomando um gole do meu refri.
- O que? O que você quer dizer com isso... tem mais além de nós dois?
- Rum... nem imagina! – digo rindo.
- Espera... o Max. Ele também é? – perguntou ele tímido.
Olhei para ele e abaixei a cabeça.
- É melhor parar por ai cara. Vou logo te dizendo, vai ser a pior coisa que você vai fazer!
- Como assim?
- Há você sabe Ryan... tipo, Max é o valentão da escola, ele te humilha. Depois vai pedir desculpas de você. Você diz que está apaixonado por ele, e ele diz: “Nossa que coincidência, eu também estou gostando de você”. Então ele te pede em namoro, e vocês ficam juntos por um bom tempo...
- E o que tem de errado? – perguntou ele rindo.
- O que tem de errado é que vai ser um inferno. "Heteros" não tem coragem de se assumir!
- Eu também teria...
- Não é isso cara. Tipo, ele não vai querer se assumir, vai continuar sendo o idiota de sempre. E quando você menos espera ele te humilha, te xinga dizendo que não é “um viador ridículo igual a você”.
- Nossa... – Ryan abaixou a cabeça. – Isso aconteceu com você?
Respirei fundo e respondi.
- Está acontecendo!
- E com quem exatamente? – perguntou ele.
- Acho melhor deixarmos isso pra lá...
- Tudo bem, mas... me responde uma coisa.
- O que?
- Ele está nessa festa?
Dei um sorriso forçado e respondi.
- Sim, ele está!
Ryan não disse nada, e respondeu com um gole na sua bebida.
- É bom conversar sobre isso. – digo rindo. – Acho que você arranjou um amigo Ryan.
- Sério?
- Sim... Só espero que você não tente transar comigo!
- Ham? – perguntou ele confuso.
- Esquece. – digo rindo.
- Ok.
- Vou pegar mais refrigerante. Você quer alguma coisa? – digo me levantando.
- Sim, serve coca também.
- Ok.
Fui até a cozinha, passando por aquele monte de pessoal dançando bêbados feito loucos na sala. Avistei Lucas dançando com Rafa iguais a uns retardados, até o Sam e Davi estavam no meio.
Caminho até a cozinha e me deparo com uma cena chocante. Fiquei parado olhando assustado e já com os olhos marejados. Era Gabriel e Megan aos beijos, que pareciam bem quentes... nem quando Gabriel estava comigo ele beijava tão loucamente dessa forma.
Andei de vagar até a geladeira, olhei para minhas mãos tremendo. Abri a porta da geladeira e Gabriel e Megan perceberão minha presença.
- O que você faz aqui? Não está vendo que tem gente? – disse Megan com as mãos no pescoço de Gabriel.
- Há... desculpa. Eu só vim pegar mais refrigerante. – pela primeira vez Megan conseguiu me calar.
Gabriel me olhou envergonhado. Olhei nos seus olhos, e ele percebeu que eu estava quase chorando. A única coisa que ele fez foi abaixar a cabeça.
- Vaza daqui garoto. – disse Megan.
- Ok. Desculpa.
Peguei os refrigerantes e sai. Fui até a piscina com Rayn. Dei o refrigerante para ele e me virei.
- Onde você vai? – perguntou ele.
- Ah, vou ficar lá dentro.
- Ok.
Fui até Davi que estava conversando com Sam na escada.
- Davi, onde fica o banheiro?
- Você pode usar o do meu quarto se quiser. Tá mais limpo que o da cozinha. – disse ele rindo.
- Onde fica o seu quarto?
- Vem... eu te levo.
Ele se levantou e eu o segui. Subimos pelo corredor e entramos no quarto dele. Muito bonito, tinha uns skats pendurados na parede e alguns posters de bandas... bem irado!
- O banheiro é nessa porta ai! – disse ele apontando para a porta.
- Ok.
Davi olhou pra mim e ficou meio preocupado.
- Você está bem cara? Parece estar chorando... o que aconteceu?
- Nada, eu estou bem!
- Tem certeza?
- Sim!
- Tudo bem. Você pode deitar na minha cama se quiser!
- Tudo bem.
- Ok, tem certeza de que está tudo bem? – disse ele segurando o meu ombro.
- Sim, está. Não precisa se preocupar...
- Espero que sim. Eu vou descer... fica a vontade. – disse ele saindo pela porta.
Quando Davi saiu eu não aguentei e comecei a chorar. Sentei em sua cama e comecei a pensar no Gabriel, em que eu havia visto agora pouco.
Me deitei na cama de Davi e virei de lado, olhando pra parede pensando no desgraçado do Gabriel. Por que eu amo tanto aquele cara?
- Rick... – alguém abriu a porta. E as únicas pessoas que me chama de Rick é o Gabriel e o Rafa, pelo que notei a voz era o Gabriel.
- O que você quer? – digo ainda olhando para a parede. Segurei o choro pra que ele percebesse que eu não estava chorando.
- Davi disse que você estava aqui, então eu vim atrás de você.
- Pra que?
- Nós precisamos conversar...
- Você mesmo disse que não tem nada pra falar comigo!
- Rick, por favor... – ele fechou a porta e se sentou na beira da cama. – Você está chorando?
- Não. Por que eu estaria? (olha a mentira)
- Me desculpa... – disse ele com aquela voz grossa que agora parecia roca.
- Por o que?
- Por ter dito aquelas coisas. E ter te tratado mal. – disse ele pondo a mão no meu cabelo e fazendo carinho.
- Você sempre me tratou mal Gabriel. Esqueceu dos murros? Dos xingamentos? Dar perna quebrada... – digo ironicamente.
- Rick... Isso foi a muito tempo, e eu já te pedi desculpa.
- Relaxa, não me importo mais com isso.
- Eu sei que eu sou um idiota. Pode falar...
Me virei e olhei pra ele, ele me olhava com um olhar triste de quem tinha feito besteira.
- Você é um idiota!
- Eu te amo! – disse ele passando os dedos de leve nos meus lábios.
- Eu te odeio!
Ele abaixou a cabeça.
- Me perdoa Rick. Eu sei que... – ele respirou fundo – Eu te chamei de vaido, ridículo... eu me sinto mal por ter te falado aquelas coisas.
- Você não é o único – digo com um tom de sarcasmo.
- Me perdoa Rick. Eu... eu... eu te amo. Eu me sinto um covarde por não dizer a todos que te amo. E sim... eu sou gay, um viado... e não muito diferente dos outros. Já que sou apaixonado pelo cara mais lindo da escola. – disse ele com um olhar triste.
- Também não exagera...
- Eu te amo Rick. Você tem que me perdoar... eu não posso viver sem você. Dois dias sem você ao meu lado já é uma eternidade.
Me levantei e aproximei meu rosto do dele.
- Por que?
- Por que o que? – perguntou ele.
- Por que você estava beijando a idiota da Megan?
- Por que ela estava insistindo. Eu estava resistindo, mas os garotos começaram a desconfiar então eu comecei a beijar ela lá na cozinha. E você acabou chegando no momento errado.
- Bem... também preciso te contar uma coisa! – digo olhando pra baixo. Ele vai me matar...
- O que? – disse ele segurando minha mão.
- Eu... Eu... Bem, isso é difícil de dizer.
- Fala logo, pode falar amor.
- Bem... eu transei com o Lucas!
Gabriel me olhou irritado e se levantou.
- O que?
- Olha eu sei tá... mas, não foi por que eu quis.
- Nós ficamos separados por dois dias e você já transou com seu melhor amigo?
- Sim... mas Gabriel. Não foi por que eu quis tá?
- E pior de tudo isso é que a culpa é minha! – disse ele se sentando na cama novamente e pondo a mão na cabeça.
- Me perdoa. Eu não queria, até fiquei com raiva dele por isso.
- Como assim você não queria Rick? – disse ele fazendo uma cara de... “Conta outra”
- Sério Gabriel. Ele é meu melhor amigo, digo pra ele umas mil vezes mas parece que ele não entende.
- Pensei que vocês já haviam acertado tudo isso.
- Te digo o mesmo. Mas o Lucas é impossível...
- O que?
- Você entendeu.
- Legal. Você... – ele me olhou irritado – Você sabe a vontade que eu estou de descer lá agora e encher ele de murro cara?
- Se fizer isso teria de me bater também.
- Ah legal, agora vai ficar defendendo ele?
- Não Gabriel. E como você mesmo disse a culpa é realmente sua!
- Eu sei.
Ele segurou minha mão e me beijou.
- Que falta que eu estava sentindo disso! – disse ele rindo de olhos fechados.
- Então é dois.
Sorri para ele e me levantei.
- Ah, Rick só uma coisa...
- O que?
- Isso...
Ele se levantou e mordeu meu lábio.
- Eu estava com vontade de fazer isso! – disse ele sorrindo.
- Te amo!
- Eu também te amo cabeção!
- Continua...