Capítulo 14
Parte da série VOCÊ É SÓ MEU...
Acordei, já bem descansado. Por mais que eu houvesse dormido bem ao lado de Gabriel, eu ainda estava com sono. Eu sou assim mesmo, durmo muito.
- Acordou? – disse Gabriel, passando a mão em meus cabelos.
- Já chegamos?
- Não. Ainda estamos longe. Você só dormiu uns vinte minutos.
- Nossa... Pensei que essa seria uma boa forma de evitar uma viajem longa.
- Engano seu – ele riu.
Olhei para a janela e a paisagem branca tomava conta do que antes era verde. Até que mato não é tão ruim assim. Combinado com a brisa suave e fria é melhor ainda. Encostei minha cabeça no ombro de Gabriel, e fiquei pensando em quanto esse acampamento foi bom, e meio que louco. Quebrei minha perna, me perdi no mato com o cara mais gato da escola, ele me pediu em namoro, meu melhor amigo é afim de mim. Só faltou eu achar um bilhete de loteria premiado, só isso nada mais...
- Rick... – disse Gabriel se afastando de mim.
- O que foi?
- Os cara estão começando a olhar estranho para nós dois. – murmurou enquanto acionava com a cabeça, indicando as cadeiras mais a frente onde alguns amigos dele estavam sentados. Max estava no meio deles. Eles de vez em quando desviavam o olhar para nós. Sei que Gabriel ainda não está pronto para se assumir, assim como eu. Então me desencostei dele, e peguei meu celular dentro do bolço da minha calça.
- Um iPhone? – Perguntou Gabriel olhando para a tela do meu celular.
- Há... Sim, era do meu pai. Ele me deu já que eu estava precisando. – Gabriel, fez uma cara estranha.
- Mas, e ele?
- Ele ficou sem. – digo rindo.
Ele deu um sorriso falso e abaixou a cabeça. Minha família não tem muito dinheiro, somos humildes com já avia dito antes. Já Gabriel, é filho de um dos sócios da empresa mais rica da região. Gabriel sempre zombava de mim, além de me taxar de bixinha, viado, etc; ele também tinha o péssimo costume de se gabar, me chamando de pobre, e tudo mais. Espero que ele tenha mudado esse jeito dele.
- É igual ao meu. – disse ele tirando-o do bolço de sua jaqueta preta. Ele me mostrou e era realmente igual, a diferença era que o meu era branco e o dele era preto.
- Há... deixa eu ver? – digo estendendo a mão.
Ele me deu, e a primeira coisa que eu fui fazer foi olhar a galerinha de suas fotos. Gabriel sempre estiloso, com suas roupas de marcas cara, tênis que aparentemente tinham um preço bem salgado. Mas o que mais me chamou a atenção foi uma foto em que ele estava sem camisa ao lado de Max e Rafael. Eu já havia reparado antes no físico dele, mas não tinha dado tanta atenção. Mas o que eu via naquela foto era realmente um cara muito lindo. Sua barriga marcada, seus braços fortes e um peitoral digno de um deus grego. Eu não sou afeminado nem nada, mas não dá para se referir a ele com outras palavras. O cara é realmente um gato.
Sorri de uma forma maliciosa, enquanto olhava aquela foto. Ele percebeu e deu uma leve beliscada em meu braço. Eu rir e passei para a próxima foto. E pro meu desanimo, era ele beijando Katy, a líder de torcida "gostosa" da escola. Eu sei que eles namoravam a algum tempo, o que me fazia odiá-la sempre. Não dei muita importância e passei para a próxima foto, mas Gabriel pegou o celular da minha mão.
- Espera...
Ele apagou todas as fotos que havia dela no celular.
- Não precisava! – digo sorrindo. ( olha a mentira )
- Sei... Quero te mostrar uma coisa.
- O que?
Ele revirou a galeria e me mostrou uma foto. Era eu dormindo, parecia um monstro.
- Gabriel apaga isso cara, tá ridículo! – digo tentando pegar o celular da sua mão, mas ele esticou o braço para o lado pondo-o longe de mim.
- Não! – disse ele rindo.
- Me dá!
- Não!
- Há... Seu chato. – cruzei os braços fazendo cara de brabo e ele sorriu.
- Vai chorar? – ele riu.
Eu tentei não rir mas era impossível. Ficamos nos olhando, enquanto riamos. Motivo bastante para os nossos "vigias" se intrometerem.
- Hum... – disseram eles em um coro machista ridículo.
- Qual foi? Tão me estranhando é? – disse Gabriel, meio desconfiado com um sorriso falso no rosto.
Eles riram junto com Gabriel e se viraram. Somos homens nos entendemos, mesmo que dois de nós goste de outra fruta haha...
A viajem foi certamente longa. Cantamos dentro do ônibus e tudo mais. Apenas nós, pos haviam poucos ali, somente o Grupinho do Max, eu, Biel, Lucas e Rafa. O resto do pessoal foi no outro ônibus.
Chegamos a cidade e eu já fui descendo do ônibus, queria em fim pisar no asfalto. "Prédios seus lindos. Carros, buzinas, barulhos... Eu amo Nova York".
- Vamos lá, nem foi tão ruim assim! – Disse Gabriel pondo a mão em meu ombro.
- Eu sei, mas, odeio mato! – digo rindo.
Gabriel pegou minha mochila, e me deu. Pus as alças na minha costa, e me virei para ir até o portão de saída da escola.
- Onde você vai? – disse ele segurando a alça da minha bolça.
- Há... pra casa? Pra onde mais eu iria?
- Sozinho?
- Eu sempre vou sozinho Gabriel!
- Não mais a partir de hoje!
- Por que não?
- Por que, eu te dei essa perna quebrada. E é de minha obrigação te levar todos os dias em casa em segurança.
- Você acaba de dizer que quebrou minha perna. E depois me diz que vai me deixar em segurança em casa? Haha... cara doido. – digo rindo.
- Você entendeu. – disse ele rindo, enquanto coçava a nunca.
- Ok, mas, com uma condição.
- Qual?
- Você vai me levar pra comer antes porque essa viajem me deu uma fome. – digo pondo a mão na barriga.
- Bem, também estou com fome.
Entramos no carro do pai de Gabriel. Um Audi R8 Spyder (uma verdadeira realeza), ele deixou-o dentro do estacionamento da escola. A moto dele estava no conserto, então ele teve que usar o carro do pai dele esses dias. Gabriel me levou ao Mac, comemos e fomos para casa.
Chegamos, ele estacionou em frente à minha casa. Peguei a minha mochila e dei um beijo nele, não dava para ver pôs o capu (não sei o nome daquele troço haha) do carro estava fechado. Abri a porta, e sai. Gabriel saiu do carro, eu não entendi muito bem.
- O que foi? – perguntei.
- Nada, só quero conhecer meus sogros. – disse ele acionando o alarme do carro. E caminhando até a mim.
- Você está brincando não é?
- Não, por que? – disse ele sério.
- Gabriel, meus pais não sabem que sou gay!
- Eles não precisam saber.
- Gabriel...
- Se estou com você é por que eu quero algo sério. E se você acha que vai se livrar de mim tão cedo, tá muito enganado! – disse ele sorrindo.
- Falando assim parece até fácil.
- Eu sei que não é. – ele se aproximou, pôs a mão em meu ombro e olhou em meus olhos. – Não precisa ter medo de nada Rick, eu vou estar com você o tempo todo. Até nos piores momentos. (Bonitas palavras, ele acha que eu esqueci da cena de hoje de manhã no banheiro do acampamento)
- Tudo bem. Só não faz besteira.
- E desde quando eu faço besteiras? – disse ele rindo.
Ele se virou e caminhou até a porta da minha casa.
- Desde sempre... – murmurei baixinho.
Gabriel tocou a campainha, e sorriu para mim. Ouvimos passos vindo em direção a porta. Era Rafael meu irmão, ele me olhou com um sorriso, e para Gabriel deu uma olhada estranha.
- Mano, você voltou. – disse ele me abraçando. – E quem é esse ai?
- Há... prazer eu me chamo Gabriel. – ele estendeu a mão para cumprimenta-lo.
- Nossa, pra que essa voz grosa cara? - disse meu irmão, rindo. A voz de Gabriel é realmente grosa mesmo, grosa de mais para um garoto de 17 anos. Bem, fazia jus a aparência de líder que ele tinha. Mas, as vezes assustava. Quando eu o "odiava", ele vivia me dando sustos com a sua voz. As vezes até me causava medo quando brigávamos na escola, pôs parecia que ele ia me encher de soco.
- Você se acostuma com o tempo – digo rindo. – Agora sai da frente que eu quero entrar.
Empurrei meu irmão de leve, e enfim estou de volta a minha humilde residência.
- Mãe! Pai! Vem ver quem tá aqui. – gritou meu irmão.
Não demorou muito meus pais viam descendo os degraus da escada. Eles me olharam sorridente, e vieram me abraçar.
- Nossa... eu fiz tanta falta assim foi?
- Ah, meu filho... – minha mãe ia me respondeu. Mas parou no mesmo momento e viu minha perna quebrada.
- O que foi isso? Meu Deus, você está bem?
Olhei para Gabriel, e ele me olhava com um olhar de desespero. Eu achei graça e aproveitei o momento.
- Um garoto quebrou minha perna!
- Quem? Como assim? Quem é esse garoto que eu vou agora mesmo atrás dele. – disse meu pai.
- Um delinquente da escola pai. – digo sério. Eu estava me segurando para não rir, Gabriel parecia que iria explodir ali mesmo. Ele nem se mexia.
- É mentira pai, eu quebrei jogando futebol. – digo enquanto olho disfarçadamente para Gabriel.
- Há... Eu já falei que isso é jogo para animais. – disse minha mãe toda preocupada.
- Não precisa se preocupar mãe, aliás o Gabriel me ajudou bastante.
- Quem?
- Ele – digo apontando para Gabriel. Ele estava todo vermelho ao lado de Rafael.
- Oh, nem tinha reparado em você antes. – disse meu pai – Eu me chamo George. – Disse meu pai estendendo a mão a ele.
- É um prazer. Como o senhor já sabe eu me chamo Gabriel. – disse ele cumprimentando meu pai.
- Voz grosa rapaz, já pensou em trabalhar em uma rádio? – disse meu pai rindo.
- Não senhor, meu pai quer que eu siga com os negócios dele.
- E é o que você quer?
- Bem, não sei...
- Ora, não seja mal educado George. Bem, eu me chamo Bianca rapaz.
Todos se cumprimentaram, e eu estava rezando pra não acontecer nada de errado ali.
- Você não quer ficar para o almoço rapaz? – perguntou minha mãe.
Me intrometi no meio deles.
- Há... Não mãe, o Gabriel já está de saída não é mesmo? – olho pra ele com um sorriso forçado - Além do mais nos já comemos antes de vir.
- Está me expulsando Gustavo? – disse ele com cara de cínico.
- Não...
- Ora, não seja mal educado Gustavo, cadê os bons modos com as visitas? Além do mais ele é seu amigo, seja gentil. – disse minha mãe.
- Concordo senhora Miller. Ainda mais... eu estou com uma fome!
Olhei pra ele, um sorriso pregado em seu rosto. Tudo bem, mas quero ver ele se virar, já que comemos antes de vir. Sentamos a mesa, minha mãe fez torta de maçã, e lasanha. Eu não entendi muito bem, pôs ela raramente fazia comida boa assim do nada. Gabriel tem uma sorte.
- Esta torta está uma delícia senhor Miller. – disse Gabriel.
- Obrigada rapaz.
- Então... Gabriel, me conte sobre você. – disse meu pai, olhando para Gabriel.
- É... sobre mim?
- Sim...
"Xiii... Lascou-se".
- Bem, eu me chamo Gabriel, sou calmo... – quando ele falou isso, tirei rapidamente os olhos do meu prato e olhei pra ele com aquele olhar tipo: "É sério mesmo?". Ele continuou - Gosto de futebol americano... só isso, eu acho.
- Há... você gosta de futebol?
- Sim, eu sou Quarterback do time.
- É mesmo? – meu pai sorriu – Eu também fui Quarterback quando mais novo! – Há não... vai começar....
Pronto, os dois começaram a falar sobre futebol na mesa. Eu estava achando tudo entediante. Eu não sabia nada de futebol americano, tanto que eu ganhei uma perna quebrada tentando jogar um. Mas, se bem que foi proposital da parte do "delinquente" haha...
Os dois já estavam íntimos o bastante, minha mãe sorria. Acho que é por que eles nunca me viram com amigos. Resultou nisso...
- Nossa... aquele carro parado ali na frente é seu? – Disse meu irmão, vindo até a mesa, com um enorme sorriso no rosto.
- Mas ou menos, é do meu pai, mas pode se dizer que é meu sim. – respondeu Gabriel.
- Nossa... É muito irado cara!
- Você sabe dirigir? – perguntou meu pai.
- Sim, sei desde meus 10 anos de idade. – respondeu ele.
- Nossa, e o Gustavo não sabe nem o que é um raio de bicicleta.
- Sei sim! – digo sarcasticamente.
- E o que é então? – perguntou Gabriel.
- É aquela coisa em que nós seguramos pra guiar a bicicleta. – digo com orgulho.
Gabriel caiu na risada com meu pai e meu irmão.
- O que foi?
Meu pai olhou pra Gabriel ainda rindo.
- Eu falei que ele não sabia!
Ah que saco... pensei que avia acertado. Vai né gente, foi engraçado. Eu ri também. Depois de se recompormos do meu mico, Gabriel resolve tomar a palavra.
- Então... tá afim de dar uma volta no carro? – perguntou ele ao meu irmão.
- “Demoro”! - disse ele.
Os dois foram lá pra fora. E entraram no carro, saíram de vagar. Pôs o Rafael estava com medo de bater o carro do Gabriel, mesmo sabendo dirigir muito bem.
- Parabéns filhão. Arranjou um amigo. Sabia que esse acampamento ia te servir de algo.
- É pai. Eu já tenho amigos.
- Qual? Só vi esse ai até agora.
- Tem a Bianca, o Eric, Pablo... o Lucas. – Já tinha até esquecido dele, e daquela cena no acampamento. Nós precisamos conversar sobre isso.
- Bom. Você não chegou a apresentar eles a nós filhão. Como eu iria saber?
- Tanto faz.
- Bom, pôs fique sabendo que esse Gabriel é um bom exemplo pra você. – disse meu pai enquanto olhava o Rafael estacionar o carro em nossa frente.
Olhei o brilho nos olhos do meu pai, acho que ele realmente gostou do Gabriel. Bom saber que pelo menos ele gostou dele.
- Wow... Esse carro é de mais! – disse Rafael.
- É mesmo não é? – perguntou Gabriel enquanto olhava com um enorme sorriso no rosto para mim, querendo dizer “feito, consegui fazer sua família me adorar”.
- Sim...
Gabriel, olhou para mim com um sorriso no rosto meio desconfiado. Já sabia que ai vinha mais um de seus truques...
- Então senhor Miller. O Gustavo pode passar essa noite lá em casa? Nós temos um trabalho para entregar amanhã e não temos muito temo. Não é mesmo Gustavo?
- Que trabalho?
- O trabalho... de álgebra super difícil para amanhã.
- Ah, o trabalho... Mas, eu posso fazer aqui em casa sozinho, amanhã eu levo feito.
- Acho melhor você ir, não quero filho com nota baixa. Além do mais vai precisar da ajuda dele, você é péssimo em matemática. – disse meu pai sério.
Olhei para Gabriel com aquele olhar... "filho da..."
- Tudo bem.
Subi até meu quarto, peguei minhas coisas e entrei no carro com ele.
- Que ideia maluca foi essa?
- Que foi, não está contente? – disse ele com a mão na chave do carro.
- Não, eu queria estar em casa. Na minha cama, dormindo, com o meu travesseiro...
- Olha pelo lado bom. Você vai dormir com seu amor. – disse ele me dando um beijo e dando a partida no carro.
Fomos para sua, que ficava em um condomínio fechado, na área rica da cidade. Pelo fato de seus pais serem famosos na cidade, eles precisam de segurança. Por mim, bem que um cara doidão pegasse o Gabriel e desce umas boas lições nele só por não ter me defendido hoje de seu amigo homofóbico. Mesmo que minha experiência com caras seja curta, eu sinto sim certa raiva de pessoas preconceituosas. Quem é quer ser julgado e apedrejado por simplesmente amar perdidamente a pessoa mais linda e perfeita desse mundo?
- continua...
Pessoal, obrigado por lerem minha série. Está rendendo bons lugares no ranking. Sinal de que vocês estão realmente gostando. E me desculpem pelos erros ortográficos, é que o corretor automático do World é meio doido. Forte abraço a todos vocês.