Capitulo 2 - Elfos

Conto de SamMitchell como (Seguir)

Parte da série Torneio de Campeões

O rosto daquele velho (ou nem tanto) homem me deixou um pouco assustado. Sua barba negra e seus olhos espantados com a minha figura me deixaram um pouco encabulado.

- Calma senhor. Eles não fizeram nada comigo. – respondo.

- Fala a verdade garoto. O que eles queriam com você?

- Nada. Eles só me levaram até o tal do presidente Klaus, para ele me fazer umas perguntas. Bem... uma na verdade!

- Foi só isso?

- Sim. – respondo tentando acalma-lo.

- Mas que pergunta foi essa?

- Sei lá. Algo como, se eu havia presenciado coisas voando e desaparecendo sem explicação...

- E por que você acha que ele te perguntou isso garoto?

- Bem. Não sei senhor... mas também fiquei curioso.

- Sim. Isso é algo ligeiramente curioso mesmo. No entanto, não devemos mais nos preocupar com isso. Aliás, venha garoto...

Disse ele esticando o braço até o meu ombro e me conduzindo para fora. Todos praticamente do distrito estavam ali. Curioso para me ver, e saber o por quer eu havia voltado da capital. Talvez eles achassem aquilo interessante, ou relevante demais para ser algo comum.

- Ele está bem pessoal. – disse ele com o braço em volta do meu ombro.

- Conte-nos que eles queriam com você. – gritou um garotinho lá no fundo.

- SEM CONVERSAS. VOLTEM AOS SEUS DEVERES SEUS SERES REPUGNATES. – disse um guarda bem alto em um megafone.

Todos olharam para ele assustado e começaram a se dirigirem as suas residências e locais de trabalho. O homem que havia antes vindo perguntar por mim. Se pôs a minha frente e estendeu a mão.

- Me chamo Thomas garoto. Mas pode me chamar de Tom. Sei que é tarde para se dizer isso... mas seja bem-vindo ao distrito 12. – disse ele com um aperto firme e um sorriso no rosto.

- Obrigado senhor. Espero me dar bem com os habitantes locais.

- Você irá garoto. Podemos ter essa cara de durões mas somos cordeais e acolhedores. Afinal, a humildade no coração de quem pouco tem. – um olhar triste tomou conta do rosto daquele pobre homem.

Realmente as coisas aqui no distrito 12 são precárias. Não só a higiene com seus alimentos como também o cuidado com os habitantes. Os guardas só se preocupam em cuidar dos portões para que ninguém fuja... Nada mais para eles importa. A não ser a sua querida capital.

***

A noite se passou e Tom me chamou para ir até a cabana onde ele morava. Não muito grande e com a aparência nada muito agradável. A casa de Tom era peculiar e aconchegantes para aqueles que de pouco precisam. Uma mesa de madeira ao canto da sala. Em seu quarto haviam uma cama velha de casal. Tom fez questão de me mostrar cada canto de sua casa. Não sei se pode descrever muita coisa pôs ela não era tão grande assim. Não sei ao certo o por quer de tom preferir morar em uma cabana. Já que as outras casas são idênticas e não muito grandes, (também não muito pequenas) apresar da aparência ruim, (e vários outros fatores ruins) as casas do distrito 12 são um bom lugar para se viver. Não sei por que ele escolheu esse lugar.

- Está gostando da comida querido? – perguntou Tália. Uma senhora, assim como Tom, um pouco gordinha. Ela possui um cabelo ruivo muito bonito, mas como havia me dito, prefere amarra-lo. Perguntei a ela o por quer de ela prender aqueles lindos cabelos. E no que ela me disse... “Não vejo motivos para solta-los. Apesar da boa aparência, soltá-lo significaria liberdade. E liberdade eu mesma não tenho”.

- Não senhora. Obrigado, estou farto! – digo passando a mão em minha barriga.

- Tem certeza? Essas costeletas de cervo estão ótimas. – ela pegou uma e atirou-a em seus dentes.

- Sim, tenho. E também não comeria a carne de um pobre cervo.

- Acredite meu querido rapaz... nós um dia tínhamos o mesmo pensamento que você. Mas com fome... você comeria tudo!

- Sim... eu sei. – sorri para ela.

Tom bebeu um copo de seu suco, naquela caneca de alumino amassada e velha. Ele retornou-a sobre a mesa e olhou para mim.

- Então rapaz. O que você sabe sobre viver aqui? – ele cruzou os dedos sobre a mesa, e me olhou atenciosamente.

- Bem. Na verdade pouco sei. Graças a Lily.

- Aquela garotinha... é a mais encrenqueira de Costura.

- Cos.. o que? – pergunto confuso. Nome estranho.

- É como chamamos o local. A costura... nome peculiar não acha? – disse Tália.

- Sim. Mas... por que encrenqueira Tom?

- Lily vive roubando as uvas que Carlinhos traz para nós. Já não temos e ela rouba... – ele abaixou a cabeça meio triste.

Espera... então aquelas uvas eram roubadas? Meu deus... se eu soubesse jamais teria aceitado. Mas eu estava com tanta fome...

- É... Tom. Em relação as uvas... Lily chegou com um cacho hoje de manhã em minha porta. Ela disse que os garotos deram para ela.

- Está vendo? Aquela pestinha...

- Tom... me desculpe. Eu não...

- Não se preocupe garoto. Creio que elas lhe serviram. Sei que os pacificadores só estavam dando migalhas de pães a você.

- Pacificadores?

- Sim. Os guardas dos distritos e de Panem.

- Panem o que?

- Você realmente não sabe de nada sobre onde está?

- Não senhor. Fui trazido do Brasil.... não sei ao certo onde é este local. Mas... sei que é Chicago!

- Chicago é o que agora é Capital garoto. – disse Tom.

- Espera... então essa região toda não é Chicago?

- Não. O que antes era o Estados Unidos... agora é Panem!

- Então... o Estado Uni... Panem, está inteira tomada pela Capital?

- Sim.

- Mas por que eles tratam vocês dessa forma? Como se fossem animais...

- Foram Dias Escuros... – Tom abaixou a cabeça e segurou na mão de Tália. – Nós não aceitamos o que eles estavam fazendo com eles...

- Eles quem?

Tom deu uma engasgada e olhou para Tália.

- É.... eu acho que esse jantar já acabou. É melhor você ir para casa garoto...

Me levantei meio envergonhado. Tom me levou para a porta e deu um tchau, rápido e seco...

Olhei ao redor... Tudo escuro, os pacificadores não estavam monitorando o local. O toque de recolher já havia sido tocado, e eu ainda permanecia fora de casa. Caminhei em passos curtos e silenciosos, com medo de algum deles me acharem e me espancarem novamente. O silêncio predominava o local, apenas os sons dos grilos e as corujas que habitavam o local, quebrava o silêncio monótono do distrito 12.

Cheguei em minha casa e abri a porta. Retirei minha jaqueta que Tom havia me dado e pus no chão ao lado de onde eu durmo. Aliás Tom foi muito legal comigo, ele me deu algumas roupas que antes era de seu filho Carlinhos. Eu não cheguei a conhece-lo, pôs quando cheguei ele já havia ido dormir. Mas Tom falou coisas boas do garoto, e garantiu que iriamos nos dar bem. Espero que assim seja!

Deitei sobre e assoalho fiquei olhando para o teto. Pensando em tudo que estava acontecendo, eu estava bem no brasil. Desde de que minha família morreu na grande guerra, eu fiquei sozinho na mata. Aprendi a me cuidar, a buscar alimento, água, etc.... durante o tempo que eu passei na Amazônia, o lugar que meus pais escolheram para se esconder dos soldados que estavam a nossa procura. Não sei ao certo o porquê estavam atrás de nós, mas que é curioso é.

Virei de lado sobre o chão, e vi o livro que eu havia trazido da capital. As crônicas de Louise Bulson, o livro possuí uma linda capa verde que agora encontrasse envelhecida, com seu título escrito em alto relevo. Peguei o livro e me ajeitei para ler. Abri a primeira página e tudo que eu encontrei foi... nada! Sim, nada! Não havia nada escrito naquele livro. Todas as folhas do começo ao fim estavam em branco. Deve ser por isso que o presidente Klaus queria joga-lo fora, o livro não possuía nada para se ler!

Joguei o livro no canto da parede e me deitei.

***

“Salve-os... Sal...ve...os;

- VOCÊ! Eu o... MATAREI!”

- NÃO!

- Avatar... eu o matarei. Você e ela.

- O que? Do que você está falando?

- Não se finja de desentendido... a morte lhe aguarda.

- NÃO!”

Acordei assustado, estava soando frio. Olhei ao redor e já estava claro quando Tom aparece na porta.

- Dylan... você está bem? – disse ele me ajudando a levantar.

- Sim... sim... eu estou bem.

- Mas o que aconteceu? Escutei você gritar...

Tom me olhava assustado e preocupado.

- Não foi nada Tom. Foi um... – dei uma pequena pausa e respirei – Foi só um pesadelo.

- Pesadelo todos nós temos, você se acostuma. Afinal, vivendo em lugar como esse, até eu teria.

Tom olhou para cada canto de minha vazia casa enquanto disse aquilo;

- Você precisa sabe do que garoto? – ele ajeitou as alças de seu macacão velho e sorriu – de móveis, você precisa de móveis! Dormir nesse chão velho e empoeirado não lhe farar bem.

- Bem... eu não tenho dinheiro para isso.

- Não se preocupe rapaz. Nada que eu e Carlinhos não possamos resolver. – disse ele batendo em meu peito.

- Ah... Tom, não quero lhe fazer perder tempo.

- Que isso rapaz. Nós do distrito doze somos todos bem gentis. Você precisa se acostumar com isso.

- Mas...

- Sem mas garoto. Vem... vou te apresentar a meu filho Carlinhos, um bom rapaz. Creio que serão bons amigos.

Tom e eu caminhamos até sua cabana. Entrei e me sentei no banquinho de madeira perto da mesa da cozinha/sala de Tom.

- Carlinhos meu filho, venha aqui... – Gritou Tom, alto o suficiente para se ouvir do outro cômodo de sua minúscula casa.

- O que foi pai? – ouviu-se a voz do garoto.

Passos poderão ser ouvidos atrás de mim.

- O que foi dessa vez?

- Carlinhos meu filho, este é Dylan. O rapaz que eu havia dito a você. – Tom sorriu olhando para o garoto atrás de mim.

Me virei e olhei para o garoto. Garoto não, rapaz! Aquele curioso rapaz era bem mais alto que seu pai. Alto, forte de cabelos ruivos e olhos azuis bem claros e enormes. Ele segurava em sua mão esquerda um pedaço groso de graveto e na outra uma pequena faca feita de ferro. Ele livrou-se dos objetos colocando o na mesa e estendeu a mão.

- E ai cara, eu me chamo Carlos. Mas pode me chamar de Carlinhos... – disse ele.

- Carlinhos... de onde vem o diminuitivo? – digo assustado.

- Oque?

- Há, há, há... não liga para ele meu filho. Grande piadista ele... – disse Tom penteando sua barba com as mãos enquanto dava uma enorme gargalhada.

Carlinhos sorriu mesmo sem entender muito bem, e soltei sua mão.

- Eu me chamo Dylan... só Dylan mesmo. – digo envergonhado.

- É um prazer conhecer você “Só Dylan”!

- Oque? Não... Me chame apenas de Dylan.

- Eu entendi cara... – disse ele dando um tapinha no meu ombro.

Ele puxou uma cadeira e se sentou.

- Então Dylan. Me conte um pouco da sua história. Meu pai disse que veio do Brasil, é legal lá? – ele começou a amolar a ponta do graveto que antes segurara, com a faca.

- Sim. É legal...

- Só isso? Legal? – ele franziu as sobrancelhas com cara de quem esperava mais.

- Bem... é quente comparado ao frio que faz aqui.

- Com essa roupa colada até eu sentiria. – disse ele fazendo pouco das roupas que eu estava vestido.

- Ah... esse traje eu ganhei na capital. Bem... eles não queriam me apresentar ao tal do Klaus com minhas roupas velhas, então me deram esse traje aqui. Apesar de parecer meio desconfortável, ele é quentinho e aconchegante!

Ele deu uma risada sarcástica e continuou a amolar seu graveto.

- Pra que está amolando isso? – pergunto olhando para aquilo curioso.

- Estou preparando umas flechas, as minhas outras eu perdi quando tentei acertar um esquilo, que conseguiu fugir bem antes de eu acertá-lo.

- Você perdeu todas suas flechas tentando acertar um esquilo?

- Oque? Não... eu perdi umas duas, só estou repondo. – disse ele rindo.

- Sei...

- É bom com arco? – perguntei.

- Bom? Ele é ótimo! Não erra uma flechada. No coração... Sim, no coração! Ele sempre acerta no coração de todos os cervos que ele consegue apanhar. – disse Tom todo orgulhoso.

- Aprendi com o melhor. – ele sorriu para Tom.

Comecei a rir. Tom e Carlinhos me olharam curiosos.

- Por que o riso? – perguntou Carlinhos.

- Você sabe usar um arco Tom? – respondo olhando para Tom.

- Sim. É claro! Bem... eu sabia, mas já estou velho demais para sair caçando cervos pela floresta.

- Mas e você Dylan, você é bom em que? – disse Carlinhos.

- Bem, eu não sei. Sempre que eu queria algo ele simplesmente caia de bandeja em minhas mãos.

- O que? Sério? Tipo... mágica? – Carlinhos perguntou com um tom de sarcasmo em sua voz.

- Sim. Tipo mágica...

Ele e Tom olharam-se curiosos e ficaram calados.

- Então... – Carlinhos quebrou o silêncio – O que acha de vir caçar comigo hoje Dylan?

- Demoro... agora? – respondo ansioso.

- Bem, poderia ser depois. Mas já que sugeriu... vem, vamos sair pela cerca.

Carlinhos se levantou e pôs a flecha que ele estava fazendo dentro de seu sapato. Saímos da cabana de Tom e seguimos até cerca aos fundos de Costura.

Chegamos ao local e a nossa frente estava uma enorme certa de arames que rodeava todo o distrito. Em uma pequena placa estava escrito: “PERIGO. ALTA TENÃO, NÃO ULTRAPASSE!”.

- Perigo... há, há... – Carlinhos deu uma risada sarcástica.

Ele caminhou até a cerca, e levantou o arame para mim passar.

- Carlinhos... você está doido? – olho assustado para ele.

- Não precisa ter medo cara, ela só é ligada de noite. De dia, fica desligada para economizar energia.

- Nossa... eles não pensam mesmo não é? – digo rindo.

Grande burrice dos pacificadores desligarem a cerca as tardes e manhãs, e só ligarem a noite. Talvez eles pensem que se alguém fosse fugir, fugiria a noite. Podendo assim não se pegos no escuro.

Caminhamos para dentro da mata, e Carlinhos parou em frente a uma enorme árvore.

- Espera...

- O que você vai fazer?

Ele pôs a mão dentro de um buraco e puxou um arco de madeira para fora, junto com algumas flechas.

- Então esse é seu arco? – pergunto olhando para aquilo.

- Sim!

- Achei que era mais bonito, e elaborado...

- O meu arco foi tomado pelos pacificadores quando eu guardava debaixo do meu coxão. Eles foram fazer a revista semanal, e como o burro que eu era naquele tempo, não tomei conhecimento de que eles poderiam olhar debaixo do meu coxão. Meu pai havia me alertado sobre isso. E foi dito e feito... eles acharam, e três chibatadas nas minhas costas foram a minha punição! – disse ele rindo.

- Você ainda rir? – dei uma risada de leve.

- Sim. Foi engraçado! Bem, na hora não. Mas toda vez que me lembro me causa uma certa crise de risos da minha burrice.

Começamos a rir juntos.

- E você sente falta? – pergunto.

- Do quê?

- Do seu antigo arco?

- Ah... mais ou menos. Era um pouco maior que esse. De diamante e ouro, bem firme.

- De diamante? Um arco feito de diamante? Sério? – um tom de sarcasmo tomou conta da minha voz.

- Sim, eu ganhei da minha tribo durante a grande guerra.

- Tribo? Você não tem cara de índio...

- O que? Não... não é só índio que tem tribo! A tribo dos Elfos de luz!

- Oque?

Olhei assustado para ele, dei um passo para traz. Tropecei em uma pedra e cai no chão.

- Espera... você... você não sabia que eu sou um elfo? – perguntou ele assustado.

- Não... – respondo.

Ele estendeu a mão para me ajudar a levantar.

- Espera... meu pai não te contou sobre nós?

- Não... espera... elfos realmente existem?

- Sim! Olha...

Ele deu um passo para traz e fechou os olhos. De repente seus cabelos aos poucos começaram a ficar bem banquinhos, sua pele ficou um pouco mais clara que o normal e suas orelhas foram ficando pontudinhas.

- Mas o que é....

Nem terminei de falar quando ele abriu os olhos.

Os seus olhos totalmente brancos fizeram eu me engasgar de medo.

- Por favor não fica com medo. – disse ele sorrindo.

- Mas o que você é?

- Como já disse... sou um elfo!

- Espera... é isso! Só pode ser. Eu estou dormindo!

Fecho os olhos e cruzo os dedos.

- Eu vou abrir os olhos e vou acordar no chão deitado.

Abri os olhos lentamente e Carlinhos me olhava assustado.

- Você é louco! – disse ele.

- E você é um... elfo!

- Há... Sim... – disse ele sarcasticamente.

- Precisamos voltar. – digo caminhando rápido para fora da floresta.

- Não Dylan. Precisamos ficar, temos que caçar e voltar com algo para o jantar. Se não morreremos de fome.

- Eu não vou ficar aqui com um... elfo.

- Então é isso? Humanos e seu preconceito contra as outras raças. Sinceramente, deveríamos ter ganhado essa guerra, assim daríamos um fim na sua raça, e viveríamos em paz na terra. – disse ele irritado.

- Do que você tá falando?

- Você não sabe não é? O motivo dessa guerra?

- Não, não sei!

- Pôs bem... eu vou te falar. Vocês!

- Como assim, nós?

- Sim! Vocês humanos tomaram conhecimento das outras raças. E como os egoístas que são, não aceitaram viver entre nós. E então decidiram matar todos.

- Mas... todos?

- Sim! Todos! Os elfos, as fadas, os bruxos principalmente, e todos os outros seres. Se amenos o avatar estivesse aqui para acabar com tudo isso... mas não! Ele sempre some quando mais precisamos dele. E agora veja Dylan... você humanos acabaram com tudo! Até com vocês mesmo. Veja só... o seu próprio povo escravizado para manter os outros na luxuria. Sinceramente... se amenos o avatar estivesse lá para ajudar...

Carlinhos se virou com raiva, guardou seu arco e as flechas de volta no tronco da árvore e saiu correndo para fora da floresta.

Ótimo! Ele me deixou sozinho... Agora nem sei como voltar. Sinceramente depois dessa conversa nem sei se quero voltar para lá. Talvez eu fique aqui na floresta, vivendo sozinho apenas com os animais, como eu vivia na Amazônia. Posso cuidar tão bem de mim como eu cuidei antes, ainda tenho a ajuda do Sid.... sim. O Sid! Como eu pude esquecer dele?

- Sid... – digo ligando-o.

- Olá de novo Dylan. Como tem passado? E por que me desligou?

- Bem... eu não precisava de você.

- Bom saber que sou inútil. Talvez meu criador tenha errado em minha criação... pobre Sid.... – dizia ele com aquela voz robótica que parecia triste.

- Deixa de drama Sid. Preciso que você ache algo para mim comer.

- Verei se acho algo próximo. Mapeando área...

Ele me mostrava várias imagens bem rápido enquanto carrega uma pequena barra.

- Me desculpe senhor. Mas não acho nada que se possa comer. Nem um rosbife, nenhuma lasanha... nem se quer um filé de peixe-prego!

- Oque? Não é isso Sid. Você consegue achar algum esquilo por aqui?

- Ah, sim. Mas acho que o esquilo não vai querer lhe dar suas nozes emprestado para você comer.

- Não é bem as nozes que vou comer. É o esquilo mesmo! – digo seco.

- Pobre esquilo... – disse Sid.

- Tem um esquilo bem acima da árvore em que você está encostado. – disse ele. – Mas como você vai conseguir apanha-lo?

- Deixa comigo.

Peguei o arco dentro do trono e preparei uma flecha.

- Um arco? Como conseguiu um? E como acha que vai conseguir acerta aquele esquilo com esse arco? Você sabe usar um arco?

- Menos perguntas, e mais ajudas por favor. – digo seco.

- Ok.

Posicionei bem a flecha no arco e mirei.

- Isso... acertei! – digo feliz.

- Odeio estragar seu ânimo, mas você errou... e o esquilo fugiu! – disse Sid.

- O que? Como assim? Eu acertei!

- Não, você acertou em um galho.

- O que? MAS QUE DROGA!

Gritei alto, e alguns pássaros saíram voando pelas árvores.

- Isso... agora que você não consegue nada mesmo!

- Bem, acho que vou voltar. Você consegue achar um caminho de volta para mim?

- Sim. Mas por que você saiu do distrito?

- Não interessa Sid. Só ache...

- Ok. Mapeando a área...

- Há... perfeito. Só a uns dez metros atrás de você! – disse ele me mostrando o caminho em forma de holograma.

- Ok.

Caminhei pelos arbustos em direção a cerca. No caminho colhi algumas uvas nas videiras para levar a Tom, e para mim pôs eu estava com fome.

Cheguei a cerca e ultrapassei. Caminhei rápido até a cabana de Tom e bati na porta.

Pude ouvir passos vindo até porta. A maçaneta velha e enferrujada girou e Tália pareceu na porta.

- Dylan, entre! – disse ela sorrindo.

Entrei e Tália deu uma espiada para ver se ninguém havia visto.

- Eu trouxe algumas uvas. – digo me sentando no banquinho de madeira – Tentei pegar um esquilo, mas errei a flecha e ele fugiu.

- Ótimo! Menos uma flecha, agora terei de fazer outra... – disse Carlinhos.

- Carlinhos olha os modos. – Tália deu uma tapa no braço de Carlinhos e ele fez cara de irritado. – Me dê aqui essas uvas querido, farei a melhor torta possível para recompensá-lo.

- Oba! Torta de uvas-trevo, que delicia mãe! – disse Carlinhos empolgado.

- Se continuar dessa forma não terá um pedaço. Lembre-se...

Tália ergueu o dedo e olhou para ele com um sorriso.

- Cordialidade acima de tudo! – disseram os dois juntos.

Tália se virou e Carlinhos revirou os olhos. Dei um leve sorriso e olhei para ele. Ele me olhou e fez cara de irritado.

Ainda não consigo acreditar que ele seja um elfo. Nem que elfos existem, e bruxos, fadas...

- Me desculpa!

Carlinhos se levantou e estendeu a mão a mim.

- Tudo bem.

Apertei sua mão com um sorriso. E ele se aproximou de meu ouvido.

- Não conta isso pra minha mãe e nem para meu pai. Eles não sabem que eu te contei.

- Tudo bem. – murmurei.

***

Estávamos sentados olhando para a curiosa televisão da casa de Tom. Eles não podiam assistir TV. Apenas durante alguma transmissão da Capital, ou durante os jogos.

- O que virá dessa vez? – Carlinhos olhava de braços cruzados para a TV.

- É bem sobre a colheita... – Tália dizia apreensiva.

“Boa noite, cidadãos e cidadãs de Panem. Eu, presidente Klaus venho lhes dar as breves saudações a oitava edição dos Jogos Vorazes. A todas as lindas moças e aos bravos rapazes, lhes desejo sorte. Sei que estão ansiosos para os jogos, e se seu nome estiver na lista, lhes dou os cordiais parabéns. Você terá a grande chance de trazer... orgulho para o seu distrito, e também para nós cidadãos da Capital, que torceremos até o final para a sua gloriosa vitória nos jogos! E a aquele distrito que perder seu tributo, não se acanhe... fica ai o exemplo do que se ganha em virar as costas para aqueles que tantos os amou e os acolheu. Boa noite a todos, e não se esqueçam... Que a sorte esteja sempre ao seu favor!”

Ver aquele homem novamente me causava náuseas, mesmo que não fosse pessoalmente.

- Isso é um absurdo! Por que ainda continuam com esses jogos ridículos? – Carlinhos irritado desligou a TV.

- Não se estresse meu filho. – disse Tália pondo a mão no ombro de Carlinhos.

- O que é exatamente os Jogos Vorazes?

- Você não sabe? – perguntou Tália.

- Não. Bem... Lily me disse algumas coisas a respeito! É verdade que eles mandam todos os jovens do distrito para lutar até a morte?

- Não... ela é só uma criança, não sabe muito a respeito tanto quanto você. Apenas jovens de doze a dezoito anos são enviados para os jogos! Um garoto e uma garota, para lutarem em um tornei até a morte.

- Isso é um absurdo. E totalmente cruel...

- Sim. Eles não sabem o que fazem... – Carlinhos disse tirando o cabelo de seu rosto.

- Pior que sabem meu filho... – Tália suspirou – Até onde nós iremos...

- Talvez devêssemos pedir aos deuses minha mãe. Ravah não negaria ajuda ao seu povo! – disse Carlinhos.

- Ravah quem? – pergunto curioso.

- Ravah, o espirito de luz. A deusa dos elfos de luz! – disse Carlinhos.

Tália olhou para ele assustada. Ela não sabe que Carlinhos havia me dito a respeito deles.

- Carlinhos... – disse ela enfurecida.

- Está tudo bem Tália. Carlinhos me disse sobre você.

- A, é mesmo? – disse ela sarcasticamente.

Ele olhou para nós dois e cruzou os braços.

- O que mais vocês estão escondendo?

- Bem... nada! Foi apenas isso que ele me disse, sobre os elfos de luz. E que também existiam fadas... bruxos...lobisomens...

- Eu não falei sobre os lobisomens! – ele me olhou com raiva.

- Pôs não devia ter abrido essa sua enorme boca! Nem metido esse seu enorme nariz onde não é chamado. Francamente Carlinhos... eu e seu pai já lhe havia dito para manter essa sua boca calada. Agora o garoto sabe de tudo! – disse ela dando um puxão de orelha nele.

Carlinhos fez cara de choro, tamanho velho e estava chorando! Sua aparecia mudou quando ele começou a chorar. Sua forma humana sumiu naqueles cabelos brancos e orelhas pontudas. Seus olhos que antes eram brancos, agora estavam azuis escuro!

- Os olhos dos elfos mudam de cor? – digo olhando para os olhos de Carlinhos que estavam lagrimando.

- Sim... de acordo com nosso humor!

- CARLINHOS! – Tália deu outro puxão de orelha nele.

- Ai, ai mãe... desculpa, ele só queria saber sobre nós.

- Eu sei seu elfo bocudo! – disse ela irritada. – Vai pro seu quarto!

- Mas mãe...

- AGORA!

Carlinhos se levantou e caminhou de cabeça baixa para seu quarto.

- Quantos anos ele tem? – pergunto para Tália meio sem entender...

- Dezessete! Por que? – ela respondeu com a cara fechada.

- Nada... – tentei disfarçar.

Dezessete? Como aquele cara pode ter dezessete anos? Ele tem cara de vinte e poucos! Talvez os elfos envelheçam cedo...

***

Estávamos ajeitando os lençóis na cama eu Carlinhos enquanto ele cantava uma música que ele traduziu da língua dos elfos para poder cantar para mim ouvir. Ele queria que eu, conhece-se um pouco mais sobre seu povo. Até desenhou com carvão em uma folha de papel velho uma curiosa gravura, que ele disse que era Ravah, a deusa-mãe de seu povo.

- “Das correntes do destino ela os separou. Com a sua coragem o fogo dobrou. Avatar, aquela que destino do mundo mudou. Com um simples balançar de seu braço ela o destino traçou. Avatar... sem muito escolher, sem opções, ele teve de abrigar a luz dentro de si. Avatar... Avatar... Avatar...” – dizia a letra da música que Carlinhos cantava.

Eu sorria enquanto escutava Carlinhos cantar a música para mim.

- Então... ela fica meio sem graça traduzida. Em dawmer faz mais sentido. – dizia ele enquanto ajeitava os lençóis.

- O que é Dawmer?

- É o dialeto dos elfos! – respondeu ele de cabeça baixa.

- O que realmente quer dizer isso?

- Isso o que?

- Isso... Dawmer!?

- Quer dizer “Destino”!

Tom resolveu vir morar na minha casa. Ele me disse que eu já fazia parte da família, mas sua casa era pequena demais para cinco viverem dentro. Então veio morar comigo, pôs tinha bastante espaço para nós em minha casa. Dois quarto, uma sala, cozinha e um banheiro pequeno. As casas do distrito doze tinham dois minúsculos andares, onde dava para se morar tranquilamente (nem tanto é claro). Nós trouxemos os poucos móveis da casa de Tom, e conseguimos alguns no Mercado de Trocas, um local onde os moradores trocavam objetos variados uns com os outros. Um velho homem barbudo viu Sid em meu braço e perguntou se eu não queria troca-lo por umas botas de couro que parecia estar em um bom estado, mas eu neguei, pôs Sid foi quem ajudou eu e Carlinhos a caçar os cervos e esquilos que conseguimos para trocar com alguns moradores.

- Aqui... – disse Carlinhos dando algo em minha mão.

- O que é isso?

Uma pulseira de couro, presa em uma medalha em forma de círculo, dentro dela estava uma gravura de um pássaro de asas abertas que parecia estar em chamas.

- É a Gumer. – disse ele amarrando a pulseira em meu braço.

- O que é Gumer?

- É como meu povo chama esse espirito.

- Espirito?

- Sim. A Fênix! A forma animal de Ravah. Os sábios antigos diziam que todo aquele que encontrasse uma Fênix em seu caminho, teria sorte em tudo aquilo que fizesse. Diz a lenda que um dia um preguiçoso elfo da floresta viu a gloriosa Fênix enquanto passeava livremente pelas florestas de sua terra natal. Ele estendeu a mão para ofuscar o brilho daquele glamoroso pássaro que estava quase segando-o. A fênix bateu suas asas em direção ao pequenino elfo e sobrevoou sobre sua cabeça. Mais tarde, ele cresceu um enorme e bravo elfo, e todo aquele que se opusera a sua frente, era destroçado com um simples balançar de sua espada. – Carlinhos contou tudo aquilo com um enorme ar de suspense.

- Não dê ouvidos a tudo o que esse elfo louco conta para você Dylan.

Tália surpreendeu-nos entrando no quarto.

- Mãe...

- São apenas lendas Carlinhos. Aliás, você não pode sair por ai contando bobagem que ler em livros de histórias infantis.

- Não são bobagens mãe, são histórias! Elas possuem bastante importância em nossas vidas.

- Histórias que eu lhe contava de livros que eu lia para você quando tinha cinco anos.

- Mas eu ainda lembro, e me importo com elas mãe.

- Que livro? – lanço-me a conversa.

- Você gosta de ler? – indagou Tália.

- As Crônicas de Louise Bulson! – Carlinhos disse sorridente.

O mesmo livro que eu havia trazido na capital. Curioso...

- Eu tenho uma cópia desse livro!

- Você tem? Como? – Carlinhos me olhou ansioso e curioso ao mesmo tempo.

- O tal do Klaus iria joga-lo fora, então pedi para mim ler. Mas ele está em branco...

Carlinhos deu um leve sorriso e ajeitou a fivela de seu cinto.

- Você não conseguiu lê-lo?

- Não. Não tem nada escrito! Espera um momento...

Me lancei naquela enorme pilha de objetos no canto do quarto, e puxei o livro que estava debaixo de uma meia velha e furada de Carlinhos.

- Aqui! – ergui meu braço segurando o livro, enquanto tentava tirar minha cabeça do meio do monte de roupa e objetos velhos.

- As Crônicas de Louise Bulson! – digo me recuperando da briga que tive com as meias e camisas velhas de Carlinhos.

Carlinhos caminhou até a mim de braços cruzados com um sorriso no rosto.

- A... Dylan... minha cueca! – disse ele puxando uma cueca vermelha com bolinhas brancas de minha cabeça.

Ele lançou a cueca na parede e pegou o livro da minha mão.

- Vejamos... – ele começou a paginar o livro – A, é claro! “Revele todos os seus segredos” – disse ele passando o dedo sobre o livro.

Como mágica as letras começaram a surgir nas folhas do livro. Os parágrafos e versos foram se formando dentre o emaranhado de letras na página em que ele abrira.

- O conto de Wong. – um brilho tomou conta de seus olhos – Os primórdios de uma lenda.

Ele sorriu, e estendeu o livro a mim.

- Você poderia ler para mim? – disse ele com um olhar de pidão.

- É claro, eu aprecio uma boa leitura! – digo ansiosos para ler de novo, fazia bastante tempo que eu não pegava um bom livro e lia página por página.

Sentamos na cama e Tália saiu do quarto, pôs ela disse que não gostava de ouvir as baboseiras das historinhas de crianças.

“A muito tempo, quando os espíritos habitavam o mundo humano, existia sobre a imensa aldeia dos cordiais amigos do espirito de fogo, uma linda e corajosa garota, ela se chamava Wong. Dotada de bravura, Wong enchia seu vilarejo todas as manhãs de alegria, pulando os telhados das casas de seus vizinhos, deixando-os furiosos com as suas loucuras. Um certo dia, Wong se via apreensiva, seu pai estava morrendo, ela precisava buscar alimento para ele. Ela pulou pela janela de sua casa e correu até o castelo onde vivia o espirito de fogo.

- Ó grandioso espirito de fogo, conceda-me o dom de dominar as chamas, para que eu possa buscar alimento na floresta sombria e alimentar meu pai que está morrendo. – pedia ela ao espirito.

- Eu lhe concederei – respondeu ele – Contudo, você terá de devolve-lo a mim quando voltar de sua jornada.

- Eu prometo! – disse a garota com firmeza na voz.

- Que assim seja!

O espirito concedeu-lhe o poder de dominar as chamas como de acordo. Wong lançou-se a floresta sombria, onde acreditava-se que vivia os espíritos negros, que buscavam enlouquecer a mente daqueles que se perdiam. Ela caminhou sobre a grama verde e húmida e adentrou os arbustos.

- Um cervo! – murmurou a garota ao ver o cervo comendo a grama verde do local.

Ela estendeu o braço em direção ao seu alvo e girou a mão, fazendo-a ser coberta pelas chamas. Ela mirou bem, e quando se preparou para lançar uma bola de fogo, foi interrompida por um Guaxinim-macaco de 1 metro a sua frente.

- Vá embora humana! – Dizia ele enfurecido – A floresta não é o seu lugar!

Wong olhou assustada para aquela figura e abaixou o braço.

- Quem é você?

- Eu sou o espirito guardião da floresta. E eu ordeno que sai daqui!

Wong assustada saiu correndo de volta a seu vilarejo.

Cansada de sua corrida, Wong ajoelhou-se no chão e lembrou que seu pai estará esperando por alimento. Tomada pela coragem, a garota adentrou a floresta sombria novamente e avistou o mesmo cervo que havia visto antes.

- Eu avisei humana! – disse o espirito guaxinim-macaco atrás da garota.

Os dois começaram a duelar em meio a floresta. Como mais experiente, o espirito guardião conseguiu derrotar a pobre garota.

- Por favor... Meu pai está morrendo de fome, e eu vim até a sua floresta em busca de alimento para salvá-lo! – dizia a garota em pranto.

O espirito guardião olhou para a garota apreensiva aos seus pés, e viu que ela estava arrependida. Tomado pela compaixão, o espirito guardião apanhou umas frutas da árvore de seu abrigo, e pôs dentro da bolça que a pobre garota carregava. Ele guiou-a até a saída da floresta e disse que se ela precisasse de mais, poderia voltar até lá que ele daria sem hesitar seu alimento a ela.

Wong voltou para a cabana de seu pai com as frutas que havia ganhado do espirito guardião com um enorme sorriso no rosto, que logo se desmanchara ao ver que seu pai não havia resistido, e partido para a morte.

Tomada pelo ódio e fúria, Wong enlouquecidamente começou a atacar seu vilarejo. Visto o que a garota fizera, o espirito de fogo saiu de seu exilio e se opusera a sua frente.

- Devolva-me as chamas humana! – ordenou o espirito.

- Não! Como pode deixar ele morrer? – disse ela furiosa ao espirito.

- Eu não podia ajuda-lo, apenas você!

Visto os olhos lacrimejados da garota. O espirito concedeu a ordem de ela possuir o domínio das chamas. Mas como recompensa pelos seus atos, ele a baniu-a do vilarejo.

Sozinha na floresta sombria a garota recorreu ao espirito guardião, que aceitou sua morada junto a ele.

Mas tarde, visto que já estava boa o bastante com as chamas. Wong resolveu partir em busca de um novo vilarejo, que o espirito guardião havia dito a ela. Nas costas do espirito cervo partiu Wong rumou ao desconhecido da floresta sombria.

Durante sua jornada Wong viu os espíritos correndo em sua direção assustados.

- Os espíritos de luz e sombra estão brigando novamente! – gritou o espirito coelho-libélula.

Wong desceu das costas do cervo correu para ver o que estava acontecendo.

Ele avistou dois enormes espíritos lutando brutalmente entre as árvores. Diferentes dos demais espíritos, eles se assemelhavam a humanos, uma moça de cabelos azuis que segurava uma espada de ouro puro que brilhava um lindo azul celeste a sua volta, e o outro um rapaz, de cabelos avermelhados que segurava uma espada semelhante a de sua adversária, mas está era de prata e seu brilho era como fumaça. Eles lutavam ferozmente presos a uma enorme corrente de ouro.

- Parem! Não veem que estão destruindo tudo? – gritou a garota.

- NÃO INTERROMPA GAROTA! – disse a moça de luz.

- ME AJUDE, ELA ESTÁ ME MACHUCANDO! – disse o outro espirito.

- Solte ele! – ordenou a garota.

- NÃO SE META HUMANA!

- ME AJUDE!

Tomada pela compaixão pelo outro espirito, Wong lançou uma bola de fogo na imensa corrente que os prendia. A corrente se partiu e o rapaz contemplou Wong.

- Obrigado humana. Você fez um enorme favor aos espíritos, espero encontrar você novamente em minha jornada.

Logo depois o espirito sobrevoou aos céus e sumiu em meio as montanhas.

- Você! – disse o outro espirito se levantando – Não vê o que fez?

- Sim, eu vi o que você estava fazendo a ele, estava machucando ele!

- Eu estava contendo ele. Ele é Vatuh, o espirito das trevas. Eu Ravah, o espirito de luz, venho lutando com ele desde os primórdios do mundo para evitar que ele fuja, e você não vê o que fez? Você deixou-o livre para espalhar as trevas ao mundo!

- Eu não sabia...

Tomada pelo arrependimento, Wong ajoelhou-se ao espirito de luz e pediu perdão.

- Me perdoe. Como prova de meu arrependimento, ajudárei-la a destruir Vatuh e trazer de volta a esperança ao mundo.

- Não podemos destruí-lo pobre menina. A luz não pode viver sem as trevas, assim como as trevas não pode viver sem a luz! Contudo, aceitarei sua ajuda.

Dali em diante as duas seguiram sua busca pelo espirito das trevas, para trazer de volta a luz ao mundo.

Em sua jornada, Wong deparou-se com Ravah sobre o chão, fraca, sem forças para lutar.

- Quanto mais as trevas crescem, mas a luz diminui! Eu estou fraca garota, fraca demais para continuar. Não sei se posso mantar a minha promessa de conter Vatuh... o mundo cairá em trevas durante 10.000 anos.

- Não, você não pode desistir. Não agora... – Wong se via apreensiva ao tentar levantar Ravah. – Deve haver algum jeito.

- Há um jeito!

Ravah guiou Wong a vilarejos iguais ao de onde ela veio. Ela explicou aos espíritos dos elementos sobre sua futura batalha. Tomados pela piedade e medo, os espíritos concederam o poder de dominar os três elementos restantes a Ravah. Água, terra e ar...

Com o poder dos elementos restantes, as duas seguiram até o portal do mundo espiritual.

Naquele mesmo dia, aconteceria a convergência planetária, o que faria os dois portais ao mundo espiritual se fundirem, e abrissem uma prisão dentro de um tronco de uma árvore ancestral, onde Ravah prenderia Vatuh durante 10.000 anos.

Com seu plano em mente, as duas lutaram contra o espirito das trevas para trazer a luz de volta ao mundo.

Mas Vatuh estava mais forte do que esperaram. Mesmo com o poder dos elementos, Ravah perdeu sua luta contra com o espirito das trevas.

Visto que estavam perdendo, Wong lançou-se em uma luta com Vatuh que surpreendeu-se com a coragem e bravura da garota.

- Eu subestimei você. Pensei que pudéssemos ser aliados, mas você me traiu humana! – gritou o espirito maligno tomado pelo ódio.

Ravah viu que a garota iria perder, e então se lançou a ela. Seus corpos e espíritos se fundiram, tornando assim Wong a portadora da luz dentro de si.

Com o poder de Ravah, e o poder dos quarto elementos, Wong prendeu o malvado espirito maligno na prisão do destino, e garantiu 10.000 anos de luz ao mundo.

- A partir de hoje humana, você será o Avatar. – Wong pode ouvir a voz de Ravah em sua mente – Aquela em que eu, o espirito de luz, escolheu para ser sua morada. Nunca um humano conseguira isso, fundir seu corpo ao de um espirito, muito menos dominar os quatro elementos. Você é diferente dos demais garota, você é a esperança que o mundo precisa!

- Obrigado Ravah – a garota gentilmente mostrou um gesto de gratidão ao espirito da luz.

- O seu dever agora é manter o equilíbrio do mundo espiritual e o mundo humano, mantendo a paz para que o seu, e o futuro de todos seja próspero de paz e harmonia.

- Eu prometo que manterei a paz entre os dois mundos!

Com o poder de Ravah, e a sua imensa bravura, Wong lutou ao lado dos espíritos e dos humanos. Durante toda a sua vida, todos os seus feitos foram cordiais e repletos de compaixão.

Mas um dia, quando estava fraca demais para continuar, Wong encostou-se no pé de uma árvore de sabugueiro, e esperou pela sua morte.

- Perdoe-me Ravah, eu falhei em minha promessa. – a pobre moça dizia fracamente.

- Você não falhou em sua promessa...

O espirito de Luz apareceu em pé a frente Wong.

- Você a cumpriu!

- Não, eu falhei. Agora morrerei, e o mundo cairá em trevas.

- Você morrerá, mas hoje se inicia o ciclo do Avatar! O ciclo da brava Avatar Wong!”

Terminei de ler aquela maravilhosa história e olhei para Carlinhos ao meu lado.

- Pare de chorar seu elfo bobão! – digo ao perceber seu rosto molhado.

Os olhos de Carlinhos estavam roxos bem clarinhos, o que me fez rir mais ainda dele.

- Nem tem como, eu sempre me emociono com a morte da Avatar Wong!

- Continua...

Comentários

Há 3 comentários.

Por Ryan Benson em 2014-11-01 20:33:19
Sam, me arrependo de não ter lido essa historia antes... cara, foi a MELHOR serie que vc já escreveu. Pooooorr favoooorrr, please, continue logo que eu amei essa historia. Ah e o Carlinhos é um fofo, adorei ele.
Por auauau em 2014-10-18 18:51:27
Volte a postar esta serie pf bjsss esta historia é magnifica
Por Mic em 2014-08-07 22:32:06
ISSO É A LENDA DE KORRA '3' n ia ser apenas as sagas? Carlinhos e tao fofo *0*