Capítulo 4
Parte da série Eu Você e Ele
Eu sinto algo cutucar minha orelha, eu não quero acordar. Deixe-me mais alguns segundos, eu imploro...
Eu abro um lado do olho. Vejo a porta fechada. Sinto cócegas no meu pescoço. Uma mão gelada parece implorar que eu veja seu dono. Eu então apoio-me sobre as mãos, o lençol que cobre o coxão está amarrotado. Parece que eu dormi bastante.
- Até que enfim. Pensei que eu teria de jogar um balde d’água em você! – eu ouço a voz de Leroy atrás de mim.
Eu viro-me sobre a cama. Leroy me olha com um sorriso. No canto eu vejo uma mochila de viajem. Estou de viajem? Não lembro-me de ter marcado uma!
- De quem é? – eu aponto para a mochila azul no canto do quarto.
Leroy então olha para trás
- Minha. Onde está a sua? – ele se vira.
- Minha oque?
- Sua mochila?? – ele franze a testa.
- Minha mochila? Pra que? – eu pergunto. Eu sento-me a beira da cama. Estico os braços espreguiçando-me.
- Para a viajem... de amanhã!?
- Que viajem? – Fecho os olhos, então começo a exercitar os músculos que estão relaxados.
Minha barriga ainda dói, mas a dor amenizou-se. Apenas sinto como se tivesse feito umas mil abdominais em um dia.
- Vem cá... – Leroy levanta minha cabeça com um puxão em minha franja. Sorte a minha que Leroy não é tão bruto. Ele segura meu cabelo com leveza para não doer – Dormiu tanto que esqueceu de tudo. Ou é alzaimer?
Eu abro o olho esquerdo, ele aproveita para olhar em meus olhos – ou apenas meu olho esquerdo, se assim pode se dizer - Parece meio confuso.
- Não – eu mostro-lhe os dentes – Lembre-me... – eu digo.
- O acampamento... amanhã... Da escola... Willi’s... Eu e você... Fogueira... Floresta... – ele olha para o tento e põe a mão no queixo – Ok, talvez fogueira e floresta não seja uma boa combinação.
O acampamento da escola? SIM, O ACAMPAMENTO DA ESCOLA!
Como eu pude esquecer? Semana passada eu estava feliz, e agora eu estou aqui e nem me lembrei que amanhã é o acampamento do outono!
- LEROY! – eu digo em um berro.
Levanto-me às pressas, logo estou dentro do closet.
Essa não... Talvez essa... Também acho que não.... Essa talvez... EU NÃO SEI QUE ROUPA VOU LEVAR! Ok, não é para tanto. Tem várias aqui dentro do closet, pra que o alarme? E aliás, é só um acampamento qualquer.
Eu pego o banquinho de madeira que guardo no canto do quarto – Não sei para que eu tenho ele, é praticamente inútil. Só serve como apoio para meus CD’s velhos, e as minhas cuecas ocasionalmente – ponho-o ao pé da minha prateleira de tênis. Aqui está minha mochila de acampamento. Ainda encontra-se nova, comprei ela para o acampamento do ano passado.
Logo eu e Leroy adentramos o porão. Eu desço os degraus. A luz branca se acende a minha frente, eu pude ouvir o estalo do interruptor logo atrás, Leroy ligou-a. Algumas caixas de papelão empilhadas estão a nossa frente. Eu logo avisto a que possui minha lanterna e pilhas, pude ler a fita com “Objetos de Acampamento” escrito em pincel vermelho. Minha mãe gosta de guardar tudo em seu devido lugar.
Eu pego a lanterna, depois as pilhas. Talvez alguns fósforos. Faz frio á noite na mata, o fósforo me serviu bastante ano passado, Leroy acendeu uma fogueira perto a barraca deixando-nos quentinhos. Tampouco esqueço o canivete do papai. As frutas que brotam na mata são deliciosas, eu sempre procuro-as com Leroy. Um canivete nos é útil nessas horas!
Logo vejo o saco com a barraca no canto perto as caixas com umas tintas velhas – ainda me lembro das coisas se mexendo dentro ao pote de tinta amarela. Sei que não vi coisas! – Pego-a e deslizo para fora do porão com Leroy.
- Tudo pronto! – eu digo em piscadela.
- É... pelo menos não foi muita coisa – Leroy diz – Ano passado você levou um monte de coisas.
- E o que tem de mais? Você aproveitou!
- Aquelas barras de chocolate estavam deliciosas! – Leroy diz de olhos fechados passando a mão em sua barriga, e então sua língua contorna seus lábios.
- Sorte a sua que eu estou levando-as aqui dentro! – eu digo.
- Sim, vou aproveitar! – ele esfrega as mãos com um sorriso malicioso no rosto.
Agora é só esperar a noite passar...
Acordo de madrugada assustado, Leroy teve um pesadelo. Sei pelo grito que ele deu tirando-se severamente de meu sono. Eu apoio-me em meu cotovelo, olho para ele que respira ofegante.
- Desculpa – Ele diz com seus dedos cravados em minha perna.
- Tudo bem...
Eu ajeito-me para deitar ao seu lado. Deito minha cabeça no travesseiro perto ao dele. Ele me olha por um milésimo de segundo, e então se levanta. Logo Leroy some pela porta.
Eu balanço minhas pernas para fora da cama. O assoalho está frio, está chovendo lá fora. O vento forte balança os galhos da árvore em frente à casa, fazendo suas folhas colidirem com o vidro da minha janela. Talvez esteja na hora de apará-las.
O luar amedrontar-me com seus relampejos. Já estou bem grandinho, mas eu ainda tenho medo de relâmpagos. Tampouco me encorajo em meio a trovoadas!
Eu caminho até a janela. Com rapidez deslizo a persiana para baixo, ofuscando os flashes de luzes que me desencorajam.
Logo desço as escadas de minha casa, vejo a luz da cozinha acesa. Leroy deve ter ido tomar um copo d’água para se acalmar depois de seu pesadelo.
- Sua mãe? – eu digo escorado na porta da cozinha. De braços cruzados eu olho para que estar em pé perto a pia.
- Sim – ele responde quase que ríspido, mas ainda com ternura no seu tom de voz.
Já se faz tempo desde a última vez que Leroy teve pesadelos com sua mãe. Kyle despertou isso dentro dele. Ontem realmente não foi um bom dia para Leroy.
- Eu não estive lá. Mas eu ainda...
- Ainda sonha vendo o para-choque dando em frente a carreta – Eu digo junto a ele.
- E posso ver o brilho deixar os olhos dela – ele abaixa a cabeça e respira fundo – Está tudo aqui na minha cabeça – ele então cutuca sua testa com o indicador – Como se... Como se...
- Você não precisa se explicar Leroy – eu digo.
Descruzo os braços e me ponho ao seu lado. Ele olha para mim e então abaixa o olhar.
- Acidentes acontecem, pessoas morrem algum dia. Eu e você iremos morreremos algum dia. Podia ter sido nós dois, poderia ter sido qualquer pessoa Leroy! Eu sei o quanto é difícil para você... – eu digo com minha mão apoiada em seu ombro.
- Não, você são sabe – ele então se vira para mim – Você não sabe por quer você tem uma mãe Ricky!
- Leroy...
- Tudo bem. Desculpa... – ele respira fundo – Agora, agradeceria se não tocássemos nesse assunto!
- Tudo bem!
Novamente estou sobre a cama, deitado em pleno silêncio. Espero ouvir a respiração de Leroy acalmasse, para que então eu possa dormir sossegado. Sem que tenha de me preocupar em ele perder o sono. Eu estico o dedão do pé, cutuco a orelha de Leroy. Ele parece dormir, não recebo de volta nenhum chute ou qualquer resmungo. O que me resta agora é dormir em paz para acordar desposto para o acampamento de amanhã!
Acordo com o garganteio de minha mãe.
- ACORDEM. OU VÃO SE ATRAZAR! – ele diz na companhia de suas batidas a porta.
Eu logo sito a mão de Leroy em minha perna, ele levanta-se em meio a resmungos de quem queria alguns minutos a mais.
Logo a maçaneta da porta gira, então vejo minha mãe entrar no quarto.
- Ótimo – ela diz gentilmente – Pensei que teria de puxar o pé dos dois para fora da cama.
- Bom dia Sra. Foster – o sussurro de Leroy toma posse da atenção de minha mãe.
- Bom dia Leroy – minha mãe responde em um doce sorriso – Escutei um grito pela madrugada...
Eu estico os olhos o máximo que posso, até que minhas pálpebras não tenham onde se esconder e minhas íris tornem-se dois pequenos ponto verdes, como ervilhas em meio a um prato circular branco. Meu olhar penetra o de minha mãe. Sua fala torna-se um sussurro então. O recado teve êxito!
- Talvez tenha sido a Emily... – ela corrige-se gentilmente – Agora, o café da manhã está quase pronto. Não demorem! – ela diz e então some pela porta.
Leroy levanta-se a minha frente, ele logo boceja e então seus braços erguem-se em uma espreguiçada. Ele então começa a tirar sua camisa preta, e logo a calça de seu pijama listrado. Até que então fica só em sua cueca branca.
- Que lindo! – eu digo com sarcasmo – Não me lembro de você ser tão... – eu mordo os lábios e o olho dos pés à cabeça – Sexy!
- Sério!? – ele diz envergonhado ao passar a mão no pescoço.
- Não Leroy! – eu então lanço a uma gargalhada.
Meu amigo é realmente um cara bonito. Suas feições são perfeitas, nada a acrescentar e nada a tirar! Apesar disso, eu não sinto nada além de um bom e velho carinho por ele, jamais ficaria com ele.
Espera... por que eu estou falando disso? Eu não sou gay!
- Há... – ele dá um sorriso forçado – Idiota...
Eu me levanto, e então começo a tirar minha roupa, primeiro a camisa branca e depois a calça do pijama. Até que fico só com a roupa de baixo como Leroy.
- Isso sim é ser sexy! – eu lanço a ele um olhar igual a aqueles caras de comercial de shampoo masculino.
Vejo o olhar de Leroy encontrar a enorme marca roxa em meu abdome, ele olha espantado.
- Isso tá horrível! – ele diz e então se aproxima.
Ele olha para meu abdome curioso, como um gato ao ver um fio solto de uma almofada. Assim como o gato faz, Leroy não se contenta em só olhar, ele quer logo meter a mão, ou o dedo!
- AI! – eu resmungo quando ele pressiona o local.
- Desculpa – ele abaixa a mão – Está doendo?
- Mas é claro que tá doendo seu grandessíssimo idiota! – eu digo.
Ele se cala, mas então vejo um sorriso brotar no canto da boca.
- Você rir? – eu digo incomodado enquanto esfrego a palma de minha mão em minha barriga tentando amenizar a dor.
Ele responde com outro sorriso, mas desta vez está mais intenso.
- A é? O que acha disso então!? – eu estico o braço e dou-lhe um beliscão no seu cotovelo.
- AI!! – ele então resmunga.
Já tomei meu banho, troquei de roupa. Sentado eu estou sobre a cadeira da mesa da sala de jantar, ao lado de Leroy que degusta educadamente uma torrada integral coberta por geleia de uva.
Estico meu dedo por debaixo da mesa, subo o jeans da calça de Leroy, logo encontro-o o pano de sua jaqueta. Eu aproximo minha mão de seu cotovelo sóbrio, então bato-o. Leroy estava lançando a torrada aos dentes, até eu o interromper. Logo a geleia cobre o nariz de Leroy, como a boca e seu queixo. A geleia gosmenta e roxa desliza em seu rosto, sua expressão fechada. Ele está se segurando para não pular em meu pescoço.
Os risos sobre a mesa aumentam a cada piscada dos olhos de Leroy que me olha furioso. Ele então se vira, puxa o guardanapo e limpa seu rosto.
Tão cedo os risos sedem-se ao silêncio, mas eu ainda posso ouvir a risada abafada de Emily. Leroy então a ignora.
Ele então pega outra torrada. Com cuidado cobre-a sem poupar a geleia do pote. Eu sigo cada pincelada da faca com o olhar. Emily ainda rir loucamente, mas cobre os olhos tentando buscar folego para continuar seu café da manhã.
- Emily – Leroy cutuca o braço de minha irmã.
Ela então levanta a cabeça procurando saber o que ele queria.
Logo a preciosa torrada que Leroy preparou com tanto carinho cobre o rosto de Emily.
Nossos risos transformam-se em coro na mesa. Meus pais riem loucamente ao ouvir Emily berrando sobre o quanto é trabalhoso uma limpeza de pele. E que agora ela teria de repetir tudo de novo.
Depois de ouvir todo os resmungos de Emily, resolvemos ir logo para a escola.
Eu ponho minha mochila no porta-malas do carro de meu pai. Logo a de Leroy se encontra ao lado da minha, assim como a barraca. Então eu fecho e entro no carro. No banco de trás me sento ao lado de Leroy.
O caminho foi-se curto, o transito a essa hora encontra-se calmo. Logo eu vejo o brilho da fachada da escola, os alunos com suas mochilas sentados nos degraus de frente a escola, e outros sentados ao redor do chafariz.
- Até mais. Divirtam-se! – meu pai diz dando a ré no carro.
Eu levanto o gorro da minha jaqueta, o céu está nublado. A luz não consegue clarear meu rosto perfeitamente, perfeito para ocultar o machucado em minha boca!
Sento-me ao lado de Leroy no degrau da escada. Começo a conversar com ele sobre minha imensa ansiedade para o acampamento, e o quanto eu estou ansioso para ver qual será o local dessa vez. O diretor sempre mantem em segredo o local dos acampamentos, é quase que um tradição para ele. Nós não precisamos nos preocupar. É sempre um local ótimo! Ano passado foi perto as colinas. Nos divertimos escalando os imensos paredões de rocha em um rapel organizado pelo treinador Frank. Eu prefiro dizer que gostei muito mais das deliciosas frutas que encontrei na floresta. Mas e agora? Qual será o lugar desta vez!?
Penso talvez eu um resort em meio a floresta. Não... ou talvez em uma praia deserta. Pensando bem, diretor John não nos levaria para uma praia. Muito menos deserta! O que vale agora é esperar para ver.
Envolvo-me em minha jaqueta, abaixo a cabeça ao ver Gabriel sair de seu carro. Meus lábios tremem. Não por medo, mas por frio. Eu ranjo os dentes e cravo os dedos no pano de minha calça. Minha vontade agora é de pular em cima dele e o bater até sair de si, igual ao que ele fez comigo. Mas me acanho ao perceber Maxuell indo em sua direção.
Não que eu tenha medo de Gabriel, tampouco de Max. Mas os dois juntos são como dois enormes pés circulando uma formiga. E a formiga sou eu!
Meu olhar encontra um pequeno gato que me olha em cima ao muro da escola. Ele percebe que eu estou a dar-lhe atenção, e então se lança a minha direção.
Pequeno, com seus grandes olhos verdes ele me olha. Sua barriga quase arrasta ao chão.
- Gatinho curioso, está a cima do peso! – eu digo e não lhe nego um afago em suas orelhas rosadas.
Quase eu lhe cedo um afago em sua barriga quentinha. Mas um berro chama atenção do gato, e a minha.
- TOBIAS! – Kimberly Patterson aponta com seus olhos arregalados para o gato.
Ela então corre até o gato, o gato gira-se e coloca-se de quatro a espera da garota.
Kimberly envolve o gato em seus braços e logo o abraça.
- Te procurei por todos os cantos! – ela diz e recebe uma lambida na ponta do nariz.
- Ele é seu? – Leroy pergunta.
- Sim! Trouxe ele aqui para me despedir. Mas o perdi.
- Ele está sumido a quanto tempo? – eu pergunto.
- Faz uns 20 segundos! – ela responde boba enquanto afaga a barriga do gato.
Eu e Leroy então trocamos um olhar. “Essa ai é meio louca!” pensamos juntos.
- O QUE É ISSO? – Kimberly diz assustada com os olhos pregados no machucado em minha boca.
- XII!! Fala baixo – eu cochicho baixinho.
Ela então se abaixa e senta-se ao meu lado.
- Ok – ela diz em um cochicho – Mas o que é isso?
- Eu me machuquei! – eu cochicho.
- Como? – ela diz novamente em um cochicho.
- Tanto faz! - eu digo.
- Ok. Mas por que ainda estamos cochichando? – ela pergunta.
- Eu não sei! – respondo-lhe em um cochicho.
- Vocês são loucos! – Leroy diz com um olhar torto.
Logo estamos dentro do ônibus, sento-me aos fundos ao lado de Leroy e Bob Wood que come um sanduiche. Eu olho pela janela, os flashes da luz dos painéis deixam-me ansioso. Aqui estamos deixando nossa tão bela e querida Nova York. O ônibus de dois andares me traz uma bela visão dos outdoors ao fundo. A pouca luz do sol é tudo o que eles precisam para esplandecer seu brilho, chamando atenção para suas propagandas. Refrigerantes, sanduiches, apenas isso, apenas isso...
Eu logo sinto o cheiro de mato, o asfalto se desmancha aos poucos em barro, em chão cru, sinalizando que já estamos próximos do nosso destino. Posso ver os galhos das árvores ofuscar a pouca luz do sol ao chão. Tão logo o teto colide com as folhas húmidas por conta da chuva. Eu então ergo minha cabeça em busca do assento do diretor John logo a frente.
- Já estamos perto? – eu digo ansioso.
- Não! – ele responde eu um sussurro por conta de seu bocejo.
- Eu preciso ir no banheiro! – Gabriel diz do outro lado do ônibus.
As horas se passaram, Leroy resolveu sentar lá na frente para aproveitar a paisagem. Bob Wood teve a mesma ideia, então sobrou só eu sentado aos fundos do ônibus. Não, ainda me resta Gabriel que olha atrás do vidro os campos verdes.
Eu subo o feche de minha jaqueta, está frio. Vejo um brilho que julgo ser o sol em meio as nuvens, sumir em meio ao horizonte. A noite se aproxima, e ainda não chegamos ao nosso destino. Eu posso ver Leroy com a cabeça encostada no vidro da janela do ônibus.
E ai está a noite, o motorista resolveu parar o ônibus pois ele também merece seu descanso.
Eu então me ajeito para dormir. Enrosco minhas pernas uma na outra, e ponho minhas mãos dentro dos bolsos da jaqueta. Eu olho para o lado, e eu posso jurar que Gabriel estava olhando para mim. Como da última vez. Ele desviou o olhar para sua almofada de pescoço quando meus olhos encontraram os dele. Então eu penso novamente que ai vem coisa! Talvez esse acampamento não seja bem o melhor de todos, pôs já estou com certo receio dos seus acontecimentos futuros.
Enroscado no braço de Leroy eu estou, ele resolveu se sentar ao meu lado. Pois não conseguiu dormir sozinho no frio da poltrona do ônibus. Nossas cabeças encostadas uma na outra mantém-nos quentinhos. Aos poucos eu adormeço.
Continua...