Capítulo 12
Parte da série Eu Você e Ele
OI? huahuahuahua Quanta saudade que eu estava de vocês!
Mas não vou enrolar não... ai vai um capítulo de anos....!
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Esta manhã o armário humano está submetido a fungados e roncos, na cronometragem certa do monômetro arquejante na minha cabeça. Como uma galinha que foge da panela de pressão, ou como um porco temendo o abate, eu desvencilho-me de seu braço envolvendo a minha cintura. Sussurro pretensiosamente “Idiota” enquanto me ponho de pé – tecnicamente eu estaria agachado, já que a altura da barraca é mediana.
Do lado de fora, a escassez de calor é notável. No céu, o sol se esconde por nuvens escuras e esparsas, que estas, de acordo com a lógica da natureza, são incapazes de suprimir minha necessidade de calor. Envolto em uma regata miserável – como se os alfaiates-que-já-não-existem-mais-no-caso costureiras tiveram pena de gastar tecido – e uma cueca samba-canção, eu me submeto a tremeliques desenfreados. Justo hoje, no penúltimo dia das nossas férias de outono, a temperatura resolve baixar. Questiono-me talvez, se em algum lugar no Alabama, um casal de caipiras centenários esteja tomando cerveja na varanda de sua casa, apreciando o calor penetrando as suas peles enrugadas e confortando-os.
No banheiro, eu entro como quem acabara de chegar a uma festa do arromba; Uma garrafa de vodca na mão, um anão bêbado usando uma tanguinha verde, que nas partes traseiras – as nádegas se por assim dizer – esteja escrito “VAI FALCONS”. Acompanhados de um asiático drogado, fatigado de tanto fumar narguilé.
; Mas isso consiste em algo inútil – Obviamente. É uma pena! Imagine o anão chupando os mamilos bebericados de vodca e limão do Asiático drogado – apenas encontro o som de uma torneira enferrujada gotejando no chão, formando uma poça salobra. Deus do Céu, o zelador desse lugar tem de reparar essas encanações com máximo possível de urgência.
Debaixo do chuveiro, eu entro exatamente como fui concedido – nu. E me esquivo das gotas geladas como-as-águas-do-hemisfério-sul, como um ninja. Imaginei talvez uma ducha de água quente. Almejei tanto isso. Almejei tanto, mesmo tento em mente que esse lugar não possua aquecedor, mas ainda sim almejei. E literalmente me lasquei!
Volto para barraca novamente trajado na regata e minha cueca samba-canção. O cheiro do meu sabonete manando pelos meus poros entupidos de essência de baunilha. Eu dou uma fungada rápida, inalando o cheiro, encolhendo-me atenciosamente de olhares curiosos – “Olha aquele louco cheirando o próprio corpo!”. Casualmente você veria alguém andando só de cueca e regata gasta por ai, muito menos arqueando o próprio nariz para cheirar o corpo indiscretamente-visível, mas dane-se. Opinião alheia para mim é que nem as Meninas Solares batendo na sua porta aos domingos – “Arreda daqui com esse biscoito ou eu juro que daqui pra frente você terá tolerância a lactose!”
Maxwell dorme como um cordeiro inocente na barraca. Os braços entre as pernas, as pernas encolhidas pressionando os braços. Seu rosto corado de sono, os olhos semicerrados circundam a orbita ocular. Muitos dizem que permanecemos quietos durante o sono, mas apenas seria suposição. Na teoria seria bem provável que nos permanecesses imóveis, mas particularmente eu me mecho feito um bebê com cólica durante um boa noite de sono, e Max gira os olhos imaculadamente – não devo deixar de ressaltar os sonâmbulos. Tia Zélia costuma preparar ovos mexidos enquanto sonha com a minha prima magricela-ossuda-e-indesejavelmente-horrorosa se casando; Não tente se questionar o fato de eu saber o que ela sonha. Vai por mim... já é bastante assustador!
- Max! – eu cutuco a sua perna.
Sem resposta audível, apenas um suspiro.
- Max...!
Sem resposta audível, duas vezes, apenas sobrancelhas franzidas.
- Max....!
Sem resposta audível, três vezes, apenas os músculos do bíceps enrijecendo.
- MAX ACORDA!
- OS TROLLS ESTÃO ATACANDO O ACAMPAMENTO! – ele se levanta com um impulso carregado de espanto e aparentemente medo – “Os trolls adentraram o acampamento, se opuseram à frente da manada de soldados. E como um raio partindo o tronco de uma árvore, quebraram a linha de defesa.” Os Contos de Dorain, O Bardo Mudo: Capítulo 32 – Acampamento Resistente.
Dou-lhe um tapa no meio da cara. “Pach” O som de seu maxilar assente-a para mim, e minha mão comicha, como se formigas bêbadas estivessem rondando-a.
- Mantenha-se sano seu armário humano! – agarro-lhe pela gola da camisa. O tecido estica, a ponto de se rasgar, em consequência do peso do corpo de Max. Os nossos rostos perto, seu nariz dando um beijo de esquimó no meu. Nosso olhar penetrando a íris de ambos. Afundo-me no lago esverdeado, como uma isca presa no anzol.
Ele sorri, exibindo o mostruário da obra arquitetônica artística que é a fileira esbranquiçada de seus dentes.
- Faltou o beijo! – ele ponderou.
- Acho melhor pedir beijo dos troll. Eles apreciariam a criatura morta dentro da sua boca!
Solto-lhe. Max leva a mãos até a boca em forma de concha, e dá uma rajada de gás mortífero que bate em retirada ao tocar os dedos quentes dele.
- Preciso urgentemente de um creme dental! – ele diz.
- Acho que a seria melhor ligar para o controle de animais. Para que eles possam averiguar o seu caso de bocuspodrifirius com toda atenção redobrada ao qual você merece!
Por fim, consigo fazer Max ir tomar banho, consistindo em eu poder pegar a minha mochila ao qual ele fizera de travesseiro, e ao qual possui todas minhas roupas dobradas/agora amassadas. Minutos depois, eu saio para fora novamente. Miro o pequeno campo de futebol cheio de babacas sendo babacas – Literalmente: Jason Scott dando uma gravata em Kyle Henderson, ao cujo tenta se desvencilhar bruscamente dos braços do antigamente-odiado-e-então-agora amigo.
Embora eu goste de estar rodeado de pessoas, seja falando ou aquele blá-blá-blá que as pessoas gostam de fazer – conversar, sorrir, respirar -, estou farto o suficiente para não me juntar a eles. Então me prontifico a qualquer sugestão possível que vage momentaneamente pela minha cabeça, e que não envolva eu ter de suportar o blá-blá-blá de algum chato qualquer.
Reviro os olhos pela quinta vez ao ver Jason e Kyle, então me viro, meus olhos repousam num espaço entreaberto nos arbustos desnudos. Parece como uma trilha pequena, seguindo rumo a floresta.
Bem, quem tem boca vai a Roma!
Serpenteio a trilhar arbustos-a-dentro, pisando com atenção nas folhas secas – Certa vez li em um livro escolar sobre Aranhas-Armadeiras: Pequenos insetos gerados nos confins do inferno, que tem aptidão em se esconder entre as folhas secas no chão. Ao qual “arma” suas presas para cima, esperando qualquer idiota desprevenido que pise em cima delas. Questiono-me talvez se elas têm noção do fato de que: 1) É difícil encontrar idiotas que gostam de andar sozinhos numa trilha no meio do mato, 2) Seu veneno pelo que parece nem é tão mortal assim e 3) Por que se submeter a uma morte na certa só para envenenar alguém? É como a bruxa malvada – ao-qual-passara-dias-sem-nenhum-trapo-que-lhe-encha-as-entranhas - envenenar a única maçã que tem para comer e dar para a garota inocente só para matá-la, tendo em mente que sua morte por entranhas vazias seria seu destino exato! - Certamente o idiota pisaria nela para que tal façanha tenha êxito. Ou seja: Ela morreria no ato!
Continuo a caminhar arbustos-a-dentro, tomando cuidado onde eu piso, mesmo estando calçado em botas de couro cujo a sola tem a espessura do meu polegar na vertical. Por intervalos curtos eu me assusto com nada mais, nada menos que galhos secos.
...
No final da trilha, há outra cabana perfeitamente escondida. Pequena, construída por troncos de pinheiros a anos apodrecidos, como um Peru gordo e suculento à espreita de Cupins festejando o dia de Ação de Graças. A janela estreita com os vidros quebrados, e no lugar destes, folhas robustas de compensado vedando o seu interior de olhares imaculadamente curiosos.
Você já deve ter assistido ou ouvido por ai histórias sobre cabanas perdidas no meio da mata:
“Ela gemeu como a cria de uma cadela desidratada. Levou a mão até a boca, tentando diminuir o fluxo ao qual o os gemidos saiam com voracidade. Os olhos ruborizados de medo, os lábios mordiscados pressionados friamente contra os dentes. Na fresta ela olhou por uma fração de segundos para que pusera ver algo, mas seu campo de visão era limitado pela grade do guarda-roupa. Imaginou talvez que por fim estivera sozinha, então concluiu que poderá sair sem que sofresse pela sua astucia nada altruísta.
Resolvera então sair, na Teoria de que a sorte estivera a seu favor se saísse com o pé direito. Mas ela estava amplamente enganada. Ele puxou-a severamente contra o seu corpo, apalpando sua cintura, levando a outra contra a sua boca, ao qual ela pudera sentir o cheiro pungente de carne apodrecida. Os grunhidos nojentos saindo pela boca dele aumentava o fluxo dos feromonios do medo manando pelos poros dela. Era como cocaína para um dependente químico. Ele aspirava o cheiro de sua presa com as narinas, nutrindo sua necessidade opressiva pelo desespero alheio. Ele ergueu a mão sobre o busto dela. A garota trajada no vestido do time de torcida da escola ao qual cursava. “Socorro” a mente dela arquejava as sete letras como Mozart compusera uma música. Ele pressionou os seios dela com severidade, ela latiu um urrado abafado no ato.
“Sua vadia!” ele balbuciou no ouvido dela, carregando-a até a mesa ao qual cortara friamente os dedos de seu namorado.
Na mesa em questão continuou a assedia-la impiedosamente. Cortou o vestido dela com a faca de açougueiro que carregava consigo para realizar seus malfeitos.
“Britany!” Seu namorado sussurrou prostrado na cadeira ao lado na mesa, fraquejado com a hemorragia sanguinária nitidamente visível no que era antes os seus dedos.
“Colin!” Ela retrucou de volta, sutilmente abalada em consequência de estar presenciando um estrupo al qual ela era a vítima.
“Calada sua vadia!” O seu predador vociferou borrifando saliva por toda a extremidade de sua costa desnuda.
Colin olhara a sua namorada sendo estuprada violentamente. Sentiu-se um trapo por não poder socorre-la, tentou com todas as forças mexer se quer um músculo, mas a hemorragia havia se transformado em uma anemia. O seu corpo precisava a todo custo de sangue, mas seu organismo estava sem forças para produzir mais, então ele lembrou-se da piada sobre os postos de gasolinas vazios ao qual seu amigo fizera dois dias atrás. Quando por fim voltou em si, averiguo momentaneamente que pensar em piadas de postos de gasolinas não seria algo plausível naquele momento. O garoto era tão ingênuo a ponto de se perder em devaneio sobre piadas, que esquecera sua namorada ali. Mas o fato era que ele não tinha coragem para encarar o semblante do desespero talhado no rosto dela, ao qual não pudera fazer nada para ajudá-la.
Por fim, no que mais parecia uma infinidade, Britany se viu livre daquele momento inquietante. Então o seu predador a virou de frete para ele. Penetrou a faca de açougueiro em seu estomago, e expôs todas suas vísceras para fora. Deliciando-se com o seu sangue escorrendo pela abertura de suas veias.
“BRITANY” Colin berrou com a garganta seca, olhando a namorada desfeita completamente sobre a mesa.
Entranhas. Sem vaias. Era tudo o que aquele assassino carniceiro desejava ter em seu prato aquela noite.”
Embora eu perca a maioria do meu tempo assistindo ou lendo algo do gênero. Sempre tenho em mente o final. Cara, qual a necessidade de fazer um filme assim? A gostosa sempre morre por ser tapada e desprovida de inteligência. Ou seja, é sempre aquela coisa continua de adolescentes fanfarrões embriagados, em meio a suas férias, que resolvem ir a uma aventura instigante e insana no meio do mato, ao qual mais à frente encontrariam um assassino carniceiro que comerá suas vísceras cozidas.
Um dia talvez, daria tudo para escrever a droga de um roteiro ao qual esses jovens não se dariam mal no final. Mesmo que isso me submeta a mídia opressiva caindo como chuva ácida sobre mim com suas críticas. O fato é que eles não gostam que mudem o roteiro estagnado. “Aqui está o seu clichê cinematográfico, cumpra com o que está no roteiro ou a calçada da rua será o seu lugar!”
Resolvo entrar na cabana. Esgueiro-me pelo enorme buraco quebrado na porta. Do lado dentro, apenas um quadrado vazio de apenas um cômodo, sem nem se quer um banheiro ou quarto visível. Um manto de preservativos velhos, garrafas de cerveja das mais sofisticadas possíveis e cotocos de cigarros, cobrem o assoalho.
“Parece que os canibais gostam de dar festas do arromba” eu balbucio baixinho.
No canto, um colchão de espuma alaranjado, uma proliferação de fungos esverdeados e asquerosos cobre suas pequenas extremidades. Pondero momentaneamente se este não seja o local onde os canibais satisfazem seus fetiches sexuais canibalescos.
Assento meu traseiro no canto do quadrado asqueroso. O cheiro de mofo e madeira apodrecida sobressaindo o aroma do meu sabonete. Meu pulmão negando a entrada do odor com um suspiro quase inerente submetido a tal provação repugnante.
Uma chuva de pensamentos começa a brotar na minha cabeça, como um furacão imprevisível em Manhatam.
Não sei ao certo se cabanas são feitas pra isso – trazer recordações -, mas veio do nada quando me sentei no canto. Talvez seja como beber um gole de café: Sentir-se membro da mais alta sociedade. Talvez seja pelo fato de apenas pessoas sofisticadas tomem café, ou apenas aqueles que gostam de se esconder em uma máscara de mentiras tomando uma boa golada da bebida energética. Pois bem, voltando ao presente do meu acontecimento: A cabana mofenta, caindo aos pedaços, ao qual me traz boas recordações.
Azul e Quente (COMEÇO)
Na manhã em questão, eu acordara um pouco cedo. Minha casa não possuía ar-condicionado, eu suava desvairadamente como quem acara de percorrer quinhentas milhas numa corrida pedestre – para loucos; Como se já não bastasse o calor que fazia no verão, ainda tive de suportar o fato de ter de comer brócolis no café da manhã – odeio aquela miniatura de arvore de gosto nada suportável.
- Coma tudo querido! – Minha mãe disse para mim, sorrindo como todas as mães fazem quando estão servindo um prato de comida insurportavelmente ruim – ainda que saudável – para o filho.
Eu mastiguei a miniatura de árvore com o triturador, negando degustar o gosto, negando degustar o gosto, negando degustar aquela droga de gosto. Mas o meu paladar era astuto, ele utilizava das mais variadas facetas para me submeter a provações nada indulgentes. Engoli aquela bola gosmenta de saliva e brócolis com a melhor cara de paisagem possível.
- Pronto, terminei! – eu pigarreei e sorri com os dentes trincados vendo-me livre daquele holocausto impiedoso ao qual minha mãe me submetera.
- Terminou não. Falta um! – ela sorriu imaculadamente apontando para meu prato.
- Caralho! – eu disse.
Minha mãe arregalou os olhos.
- Gabriel Bille Hudson – Inacreditável a capacidade das mães de falar o seu nome por completo quando vão te dar esculachar – Quantas vezes eu te ensinei a não falar palavrão?
- Mas foi a senhora mesmo que disse isso! – eu retruquei sutilmente.
- Eu nunca utilizei tal palavra! – ele disse apática.
- Mentira. Ontem mesmo eu escutei a senhora gritar pro papai no quarto: Vai mete esse caralho!
Minha mãe ruborizou. Eu não tivera noção do que significava aquilo, nem do palavrão. Ainda possuía meus seis anos de idade, era uma criança sardenta e mimada. Não tinha conhecimento de nada que ultrapasse o Estudo das Caixinhas de Areia e os castelos fantásticos que você pode governar como rei do reino de Arenite.
Meu pai vinheira descendo as escadas no momento, ajeitando o relógio no pulso dele. Pelo que me lembrara ele era um homem muito modesto e conservado – diferente do que é hoje – não possuía calvície naquele tempo, e nem possui uma pança que sobressaia a camisa Polo ao qual ele estava trajado. Ele não notara a discussão na mesa, apenas ajeitava o relógio atenciosamente.
- Querido, as vezes a mamãe e o papai fazem coisas que você não deve saber, e nem escutar! – minha mãe argumentou.
Eu apenas assenti com a cabeça, confirmando não entender o que ela quis dizer. Como minha mãe, obedeci-a. Então curvei o olhar querendo mudar o rumo da conversa. Voltei a comer os brócolis calmamente – indesejavelmente.
Depois daquela conversa entediante, meu pai resolvera me deixar de carro na escola. Supliquei excitado para que ele tivesse a indulgência de ligar o ar-condicionado, e ele ligou. Demorou uns treze minutos para que o ar de fato começasse a gelar o interior do carro. O que resultou na metade do caminho eu ter de suportar os jatos quentes açoitando o meu rosto que eu pusera próximo da saída de ar esperando o tal do vento frio.
O carro do meu pai era uma verdadeira lata de lixo mecânica. Um Fusquinha branco ao qual ele negociou com o dono do ferro velho por duzentas pratas – o antigo dono não suportava mais o ranger dissonante que ele emitia. E agora eu o compreendo; Na época eu nem me importava com o qual ele era velho e enferrujado – O carro. Não meu pai! –, meu velho costumava pôr no volume alto The Beatles. Nós seguíamos a viajem todas as manhãs cantarolando as músicas.
Quando eu desci do carro, ele apalpou a bola maçante do meu cabelo – eu possuía uma bola felpuda dourada na cabeça que cobria até mesmo as minhas orelhas. O que deixava o meu rosto anguloso e robusto – então ele me deu um beijo na testa e disse “Cuide-se”, então pisou no acelerador.
Eu cursava o ensino fundamental em uma escola pública. Meus pais não tinham dinheiro para nutrir a mensalidade de uma escola particular, então me restava ter de suportar o clima eufórico das escolas públicas sim!
Enquanto eu caminhava de cabeça baixa pela calçada em frente à escola, a trilha de fumaça cinzenta saindo pelo descarga do fusquinha do meu pai tornava minha entrada nada agradável. O primeiro semestre havia começado a uma semana, até em tão eu não fizera amizade com ninguém, e isso me deixou com uma pulga atrás da orelha – odeio suportar o fato de não ter ninguém me dando atenção. Isso não mudou até então, e naquela época minha necessidade só era ainda mais opressiva por eu ser uma criança mimada – E toda aquela fumaça tóxica não melhorava minha situação. Mas eu não me envergonhava disso, talvez não vagava por um milésimo de segundo se quer na minha cabeça, que isso seria algo incomodo.
A escola era pequena, contendo apenas quinze salas de aula. Um pequenino prédio com o conselho pedagógico mais rígido que eu presenciara até então. Em frente a ela possuía um pequeno gramado verde com um pequeno parque infantil onde as crianças mais gostavam de ficar, acompanhado dos pais. Um dia até eu havia discutido com a minha mãe por me achar grandinho demais para ficar sendo paparicado em público – daí o trato de comer Brócolis sem resmungar.
Sucumbido pelo gosto amargo de odiar parques infantis, eu caminhei até o canto onde eu sempre ficava escondido dos demais alunos – O lado esquerdo do prédio, um espaço estreito separado por uma parede de tijolos expostos. Local onde eu sentava e pisoteava a parede de tijolos excitado para ouvir a campa bater.
Mas para minha surpresa, eu não era o único a ter conhecimento de tal local. Quando eu cheguei, havia um garoto lá, com um exemplar da biografia de Martin Luther King cobrindo o rosto. Ele parecia ler imaculadamente, até que eu me sobressaltei com um grunhido.
- Hunrum – O grunhido saiu um berro na verdade, como se uma massa gosmenta de catarro estivesse grudada na parede da minha garganta, que fez o barulho sair calamitoso e imprevisível. Ocasionando o garoto recorrer a um espanto nada agradável de se ver.
O exemplar da biografia de MLK rodopiou por míseros segundos até repousar na cabeça dele. Onde por fim, revelou o semblante espantado de seu rosto. Ele usava um óculos paralelepípezado de armações pretas, ao qual caiu sobre a bermuda bege que ele usava.
- Santo Deus, não faça mal algum a mim! – ele ponderou com os olhos semicerrados.
- Foi mal, foi um imprevisto! – eu disse.
Ele pôs o óculo de volta, então tirou o exemplar de MLK da cabeça. Eu me sentei ao seu lado, ainda ruborizado de vergonha, mas então ele estendeu mão a mim.
- Tudo bem, aceito suas desculpas – então eu apertei a sua mão – Estava lendo esse exemplar da Biografia de Martin Luther King aqui ai você chegou do nada... pensei que era um cachorro!
- Não, eu tenho alergia a cachorros! – eu argumentei.
- Só a cachorros? – ele indagou.
- A tudo que tenha quatro patas e possua pelos no corpo!
- Nós seres humanos possuímos pelos no corpo! – ele ponderou.
- Em exacerbação! – eu completei e então olhei pra ele.
Ele sorriu. Usava aparelho ortodôntico. Naquele dia as ligas haviam sido postas de cor azul claro, o que dava a silhueta de seu sorriso um brilho azulado em meio a todo aqueles dentes perfeitamente brancos.
- Maxwell Brian Ewan – ele disse, novamente estendendo a mão a mim, e completou quando eu o cumprimentei - Miopia!
- Isso explica os óculos! – eu disse.
Ele assentiu com a cabeça.
- Sabe, gosto do jeito como você argumenta as palavras! – ele disse, procurando de volta no exemplar de MLK o capítulo ao qual estava lendo e perdera no susto catastrófico que eu havia lhe submetido – Além do mais, possuí os olhos mais azuis que eu já presenciei – ele possuía todo um ar de celebre prodígio sabichão – Gosta de ler... Como é mesmo seu nome?
- Gabriel... Hunrum... – eu limpei a garganta. Dessa vez não saiu dissonante – Gabriel Bille Hudson. E... não... ainda não sei ler direito!
- Sério? – ele arregalou os olhos.
- Sim! – eu ruborizei novamente, envergonhado.
- Não precisa se envergonhar. Eu entendo você, é novo... Sei ler por que meus pais pegam muito no meu pé para que eu estude e blá-blá-blá...! Mas, apenas perguntei pois você diz palavras muito complexas para um garoto novo. “Exacerbação” – ele usou ênfase em Exacerbação.
- Minha mãe estuda meu vocabulário com frequência, até me ensina a ler um pouco.
Abre aspas, Ensina, fecha aspas. Meu conhecimento era nutrido a base de uma faceta muito astuta da parte delas: Balas! Com baixo teor de açucares é claro. Era meio sem graça, estava mais para gelo pulverizado com uma mísera quantidade de açúcar refinado, do que pra bala. Mas era melhor que chupar o talo de um Brócolis.
- Hum – ele disse, então murmurou algo que eu não escutei.
- O que disse? – eu perguntei.
- Ok, entendo. Foi o que eu disse! – ele respondeu com a mão direita espalmada sobre o livro no capítulo doze.
- Ok.
Ele sorriu. Minha franja bebericada de suor – salgadinho, como eu chama – grudava na minha testa. O verão debruçou-se sobre nós vorazmente aquela manhã. Não me lembro de um dia tão quente como aquele. Questionei-me se eu fizera algo de errado. Minha mãe era muito espirituosa - e ainda é –, ela costumava dizer que Deus castigava-nos toda vez que fizéssemos algum malfeito e não pedíssemos perdão. “Lembre-se do dilúvio!” ela ponderava isso numa costumeira infinita; Naquela manhã eu houvera dito um palavrão, então vagou momentaneamente na minha cabeça que Deus estava me castigando por dizer palavrão.
- Isso é um castigo! – eu disse inerte.
- O que? – Max indagou quando eu quebrei o silêncio que cambaleava de parede em parede.
- Esse calor!
***
Ai procês! Se tiver erros me perdoem!
Fiquei sem postar pois a Oi é a fornecedora de internet mais fdp que existe nesse mundo!
Mas tá ai... comentem! haha Bjão...
E, só mais uma coisa. Provavelmente eu vou sair do site, estou migrando para o Wattpad, lá eu publicarei novas séries e provavelmente esta. Se quiserem continuar me acompanhando é só me seguir lá: @JayJames17