Capítulo Um

Conto de Salvatore como (Seguir)

Parte da série Um Amor de Infâcia

Aqui está o primeiro capítulo da série "Um Amor de Infância"

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Estou submerso em um rio. Não, uma praia. Estou deitado sobre a areia e olho diretamente para a superfície. O movimento das ondas é calmo, parece que estou sozinho, afogado em um mar de constante pressão e sem oxigênio. Me senti assim por muito tempo da minha vida. De repente sinto uma pessoa em pé, logo acima de mim. Seus calcanhares estão encostados na minha cintura, um de cada lado, me prendendo para que eu não fuja. O som do mar que era calmo começa a se agitar com os movimentos feitos por mim, tentando sair. Duas mãos mergulham nas águas e agarram o meu pescoço em numa tentativa de me estrangular. Seguro suas mãos e tento, mas não consigo ver quem é. Ele me puxa para fora da água e me põe em pé a sua frente com as mãos ainda no meu pescoço e então vejo aquele rosto lindo que eu sempre admirei em segredo. Tomás.

- Garotos como você envergonham a raça dos homens, você deveria morrer!

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Me sento na cama. Encontro-me em um estado de choque, os olhos bem abertos. Estou ofegante e molhado de suor. Consigo me controlar, mas ainda assim fico imaginando qual foi o motivo desse sonh... quer dizer, pesadelo. Já não basta eu saber da dificuldade que é gostar de um garoto que, obviamente, nunca vai olhar para mim do mesmo jeito que eu olho para ele, agora também tenho pesadelos com ele me enforcando e negando a minha existência?

- Minha mente só pode estar muito perturbada. Eu tenho que sair e pegar um ar – falo baixinho.

Olho no relógio e ainda são 4h00min. Meus país estão dormindo, algo que é raro, depois eu explico o porquê. Minha irmã foi para uma festa na casa da amiga, Carla, que era para ter acabado a umas duas horas. Por que eu não fui? Como disse, eu nunca fui de ir para as festas.

Silenciosamente eu visto algo mais formal para se estar na rua em plenas quatro horas da madrugada, se é que que existe roupa adequada para isso. Saio do quarto, vou no banheiro e molho meu rosto para tirar o cheiro de suor, desço a escada, passo pela cozinha, bebo um pouco de água e abro a porta da frente.

A rua está deserta e perigosamente atraente para um garoto gay de 17 anos que teve um pesadelo com o garoto dos seus sonhos dizendo que preferia ver ele morto. (Uau...)

Passo pela porta da frente, fecho-a e sento-me no batente do muro. Em frente a minha calçada tem um poste que, normalmente, fica aceso a partir das seis horas da tarde, mas nesta noite ele estava pifado e não acendia e nem piscava.

Anteriormente falei que é muito raro meus pais dormirem em casa e disse que iria explicar o porquê. Bem vou explicar agora: Meus pais trabalham em uma empresa em uma cidade próxima a nossa. Meu pai é técnico de segurança do trabalho e minha mãe é uma médica/enfermeira de plantão, caso alguns dos funcionários venha a passar mal na hora de serviço. Agradeço minha mãe por ser médica e sempre saber o é que eu tinha quando ficava doente e assim eu nunca precisei ir ao hospital, fora em casos de urgência como um osso fraturado.

Pelo fato de os dois trabalharem em uma empresa fora da cidade (porque na nossa não tem filial), os dois passam a semana toda fora, dormindo em hospedarias ou residências proporcionadas pela firma aos funcionários de plantão 24 horas como eles.

Desse jeito eles só tem a oportunidade de estar em casa nos fins de semana, fora aqueles que eles tem preguiça de vir para casa e apenas ligam para saber como estou. Isso é um bom motivo para a minha solidão da vida social. Mas são ótimos pais.

Tenho também uma irmã mais nova. Alicia. Ela tem 17 anos e apesar de ter a mesma idade que eu, eu me sinto muito mais velho e banco uma de super protetor com ela as vezes ela não gosta, mas no fundo ela me adora e eu amo ela. É minha melhor amiga. Me conta tudo sobre seus amigos, porém nunca contei a ela que sou gay.

Todo esse tempo em que fiquei pensando na minha família e na minha irmã fizeram eu me esquecer do meu pesadelo com Tomás e o ar gelado da madrugada me aliviou bastante. Encosto a cabeça na parede do batente do muro de modo que fico sentado com a cabeça inclinada para trás. Sinto meus músculos relaxarem e embalo em um cochilo rápido.

FLASHBACK

“- Garotos como você envergonham a raça dos homens, você deveria morrer!”

FIM DO FLASHBACK

A lembrança da fala de Caíque em meu sonho me enlouquece, ele realmente me odeia, penso e acabo falando gemendo:

- Aaann... Por que comigo Tomás? Por que logo você? .... – falo baixinho, quase impossível de ser escutado por alguém a dois metros.

- É bom saber que meu nome te faz gemer... – fala uma voz baixa bem próximo ao meu ouvido, uma voz quase não conhecida por mim.

O calor do seu hálito faz um arrepio me percorrer todo o corpo quase que me deixando excitado. Dou um pulo no meu lugar e abro os olhos rapidamente para ver quem é o tarado que me deixou assim, mesmo eu sabendo quem possivelmente era.

- Tomás... O que você... tá fazendo aqui? – digo ofegante pelo susto que levei.

- Vim trazer a Alice em casa. – diz ele com um sorriso lindo no rosto. – Ela me ligou para eu ir buscar ela na festa porque tá tarde ela não queria vir para casa a pé sozinha.

Olho ao redor e não vejo em sinal da minha irmã.

- Se você trouxe ela então onde é que ela está? – pergunto meio desconfiado já me recuperando do susto.

- Ela entrou a pouco tempo. Está muito bêbada e enjoada, disse que ia correndo pro banheiro.

- Vocês parecem bem íntimos ein, ela ligando para você em plena madrugada para acompanha-la... – devo ter ficado vermelho e deixado transparecer um toque de ciúmes.

- Você não está com ciúmes está? – disse ele malicioso.

- Ciúmes, eu? De você? Larga de se achar garoto... – disse disfarçadamente.

- Não disse que você está com ciúmes de mim, me referia ao fato de sua irmã que está andando com seu amigo – fico sem palavras e percebo meu erro em ter agido sem pensar – Mas é bom saber que você pensou primeiramente em mim... – mais um sorriso malicioso e eu enrudeço.

- Você gosta de brincar com minha mente não é?

- Eu adoro “brincar” com você – disse ele fazendo aspas com os dedos no momento em que disse brincar. Decidi mudar de assunto.

- E por que você ainda está aqui?

- Você quer que eu vá embora? – disse ele com um biquinho fofo.

- Não quis dizer isso, apenas é estranho que um garoto rico como você esteja andando na rua as 4h46min da madrugada.

- Você sabe que meus pais não estão aqui para ficar no meu pé toda hora, eu sou livre.

- Seus pais não estão aqui, o que você quis dizer com isso? – fiz cara de quem não sabia, pois eu realmente não tinha ideia do que ele estava falando.

- Você não sabe? Tenho que passar mais tempo com você mesmo... Meus pais se mudaram para uma cidade próxima daqui e me deixou com a casa só pra mim. Posso fazer o que eu quiser lá – ele voltou a lançar um sorriso malicioso.

- Bom saber que você anda dando muitas orgias na sua mansão, mas eu sou um adolescente comum, mero mortal e preciso voltar pra minha cama e dormir, coisa que pessoas normais fazem uma hora dessa. Será que a Vossa Majestade permite que eu me retire? – digo já me levantando e virando as costas pra ele – Depois a gente se vê...

Ele se levanta e segura meu braço fortemente. Aquela mão forte me segurando me dava um ar de segurança. Me puxa para perto dele e segura minha cintura.

- Não mereço um abraço de despedidas?

- Não vamos morrer ou coisa assim e você parece meio diferente hoje?

Ele me olha seriamente como se ele realmente tivesse diferente e finalmente eu tinha descoberto, mas muda a feição

- Talvez eu tenha bebido um pouco na festa da Carla antes de ter vindo para cá.

É claro, ele deve ter bebido na festa e está um pouco alterado. Ele já é safado e com a ajuda do álcool ele piorou um pouco e ficou do jeito que estava. E eu pensando que ele realmente estava se mostrando mais interessado em mim.

- Você não quer entrar e beber água? – disse me livrando dos deus braços.

- Não, você tem razão, é melhor eu ir para casa agora. Até mais. – disse ele já se afastando.

Entro dentro de casa e não paro de pensar naqueles olhos profundos me observando e aqueles braços fortes me agarrando. Controlo a excitação e subo para o quarto para descansar esse resto de madrugada de domingo.

São 5h25min e não consigo pregar o olho. Fico acordado o resto do tempo e levanto as 6h58min. Não aguentava virar e virar na cama pensando naquele cabelo, naqueles olhos, naqueles ombros, naqueles braços, naqueles possíveis peitoral e abdômen sarados e... e... e se eu abaixar mais um pouco eu tenho um infarto fulminante de prazer...

Continua...

Comentários

Há 1 comentários.

Por Elton Oliverr em 2015-12-03 14:48:48
Toppp demais esse conto <3