Capítulo Cinquenta e Quatro / Quarta Temporada (04x05)

Parte da série Um Amor de Infâcia

O que digo em meu favor é que minha vida anda muito conturbada. Nem estou conversando com meus amigos nas redes sociais, me desculpem. Como vou entrar de férias e, provavelmente, viajarei como sempre, tentarei postar apressadamente a história.

Pelo que percebi nos comentários, minha série não agrada mais aos leitores, então vou atender a alguns pedidos velados e anteciparei o fim da história. Talvez por esse motivo não atenda às necessidades de alguns, o que penso que acontecerá. Ao contrário do que se pensa, o fim não é como imaginamos. Pelo menos não será mais.

“Martines”, “Biel” e “Ramom”: entendo sua análise sobre meu conto, acredite, eu mesmo me sinto assim quando o escrevo, mas não posso fazer nada se o destino já estava traçado em minha mente. Sinto muito em te desapontar.

“Niss”: também acho que Tom perdeu o lugar kkkk

“Edu”: não me chame de preguiçoso, escrevo a série que você lê kkkk

“diego”: obrigado por aparecer.

“Nick”: acho que você vai gostar do cap de hoje...

“Lycan”: hoje será o Dan quem se salvará, acredite.

“GibGab”: kkkkk muito obrigado pela sua reflexão. Valeu.

“sem nome”: obrigado pela dica.

“Garoto”: menino precoce kkkk

“lipinho”: espero que vc tenha superado esse acontecimento na sua vida. Obrigado por lembrar de comentar...

Agora o capítulo.

Capítulo Cinquenta e Quatro (04x05)

...- é a Andy. Ela está se tremendo e babando uma espuma estranha. Vou levá-la ao HRP. Acorde o David e fale para ele me encontrar lá.

Olho para David e já percebo a preocupação tomar conta daquele rosto lindo. Rapidamente nos vestimos e eu pude notar os olhos dele molhados de lágrimas, disfarçados pelos rápidos movimentos que ele fazia para sair do quarto...

Depois do repentino acontecido entre eu e o David o clima havia ficado tenso entre nós. Ele dirigia o carro dele e eu ia no carona. Tomás havia levado Andy no seu carro e Chris tinha ido com eles. Eu olhava para o rosto branco de David e sentia a tensão que ele exalava. O prazer de agora a pouco não passava de passado...

Chegamos no HRP e de certo modo estava complicado o movimento, tinham muitas pessoas lá. Não tinha nenhum atendimento de prontidão na recepção, apenas pessoas atordoadas, como se houvessem sido assaltados ou algo assim. Ao lado da entrada tinha uma mulher com aparência terrível chorando com a face entre as mãos e um homem a consolava sem sucesso. Dei um rápido olhar neles, mas não reconheci os rostos tristes.

Atrás de um balcão da recepção estava Suelém, uma das atendentes do hospital que eu já conhecia dos tempos que eu havia passado naquele lugar. Ela estava meio descabelada, assim como todos os outros pareciam estar. Fui falar com ela e David veio atrás.

- Su? – chamei-a, mas pareceu não me ouvir – Su? – mais uma vez – Su! – gritei um pouco mais alto dessa vez. Ela me olhou.

- Oi, Dan – ela tentou mostrar-se sorridente – Algum problema?

- Acho que eu é quem devo fazer essa pergunta, não acha? – meu nível de ironia estava fora do normal.

- Está falando sobre o movimento? É que aconteceu alguns problemas aqui, mas já estamos estabilizando novamente...

- Que tipo de problemas? – eu parecia mais um investigador.

- Assunto pessoal do HRP, sinto muito.

- Eu sou sobrinho do dono, não há assuntos particulares enquanto ele não estiver aqui – David falou sem suportar a espera.

- Qual seu nome? – perguntou Suelém descrente.

- David Suez.

Ela olhou uns documentos no computador à sua frente. EU ainda olhei de curioso outros dois computadores ao lado desligados e com um aviso de “QUEIMADO” na tela.

- Verdade, é filho da irmã do Doutor Mercer... – ela constatou – Mas você não tem permissão para saber dos assuntos da família dele.

- Eu sou parte da família dele! – ele quase gritava.

- O herdeiro principal não é você, é o Senhor Tomás – ela tentava manter-se calma.

- Mas na ausência do dono majoritário ou qualquer outro acionista são os filhos quem assumem os problemas! – ele estava se estressando.

- E quem disse que meu pai não está aqui? – perguntou Tomás retoricamente, vindo do lado esquerdo do corredor.

Ele já vestia um jaleco branco que deixava seu rosto muito maduro, sexy confesso e com o rosto sem sorrisos ficava ainda mais charmoso. Era incrível como um cara de quase 18 anos podia se tornar um adulto tão rápido. Ele parou de frente para David.

- O tio Jorge está aqui? – David perguntou sem acreditar.

Eu não tinha falado com o pai de Tomás desde que eu me afastei dele a quase cinco anos. Mal havia visto ele no teatro antes de eu levar um tiro, mas não lembrava tão bem de seu rosto e nem de suas expressões. Nem me lembrava mais que seu nome era Jorge...

- Sim, ele veio cedo, nem eu sabia. Uma daquelas vindas inesperadas e que ele nunca avisa... – isso parecia comum para eles, pude notar pela cara dos dois. Tomás me olhou pela primeira vez e seus olhos se fixaram no mau pescoço, mas logo saíram – Andy já está internada. Vamos – ele falou olhando para David – Precisa vê-la.

Eles começaram a andar para o corredor da direita e eu não os segui. Achei que se tratasse de um assunto muito particular da família e eu não tinha nada a ver com eles a não ser uma ex forte amizade com Tomás. Eles nem se preocuparam em olhar para trás, continuaram andando, me deixando lá. Era melhor assim. Aliás, não tinha percebido o quão os dois eram parecidos de costas. Dava para serem confundidos, mas de rosto eram bem diferentes.

Suelém já não estava no balcão, deveria ter saído mais uma vez. Pelo hall de entrada do hospital era visível um movimento anormal, como se fosse um ataque zumbi e todos estavam procurando por suprimentos. Era mais a cara de um hospital público, não particular. Alguns poucos médicos passavam de um lado para o outro, mas a quantidade de enfermeiros que carregavam bolsas de sangue era bem maior. Com certeza algo inesperado pegou-os de surpresa para poder ter desestabilizado o HRP.

Eram poucos os familiares que estavam no local, alguns mantinham as faces preocupadas e em suspense, características de parentes que esperam os doentes conhecidos melhorarem. O único casal que exibia uma cara de desespero era o que eu havia visto quando entrei. Ou melhor, a mulher estava desesperada, o homem estava com um rosto duro e triste. Não tinha percebido quem eram quando entrei, mas agora podia ver melhor e sabia quem eram.

- Senhor e senhora Vilã? – falei comigo mesmo.

(Para quem não sabe, são os pais de Caíque)

Não pude nem mostrar minha preocupação com eles, embora o filho tenha me feito muito mal algum tempo atrás. Senti que Tomás repetia um ‘Ei!’ perto do meu rosto, já que eu não havia escutado o primeiro.

- Dan! – ele continuava tentando chamar minha atenção.

- Oi – falei me desligando dos pais de Caíque.

Ele mostrou um pequeno sorriso que me mostrou simpático. Gostei daquele sorriso, pelo menos nem todos estavam tão neuróticos naquele hospital.

- Por que está aqui? – ele fez uma voz mais suave do que ele usou com David.

- Vim com David para cá. Estou esperando notícias de Andy... – ele me interrompeu sorrindo.

- Não estou me referindo ao porquê de você estar aqui no hospital. Estou falando porque você está aqui na recepção. Por que não veio com a gente?

- Achei que fosse um assunto muito particular da sua família, não quis me intrometer...

- Você não é nenhum intrometido, eles amaram você... – ele fala pegando no meu braço – Vem...

Olhei rapidamente para o toque de Tomás em mim e depois olhei para ele. Percebendo que eu não estava muito amigável, ele soltou meu braço e, aparentemente, lembrou do nosso ‘probleminha’, porque sua cara era de arrependimento.

- Desculpa – ele falou baixinho e sem o sorriso no rosto – Você vem?

Observei o casal que chorava por uma última vez e resolvi seguir Tomás.

***

- Ela está bem? – foi eu quem falou primeiro.

Eu estava andando a passos largos ao lado de Tomás, enquanto percorríamos os corredores para chegar ao quarto de Andy. O movimento ali era mais leve, mas de vez em quando passava algum enfermeiro pela gente.

- Não. Ainda não sabemos o que aconteceu com ela, mas o exame de sangue já está em processo.

- Ela pode morrer?

- Suponho que não. Ela está dormindo agora, entrando em um estado de coma, mas acho que é só o tempo do mal estar dela passar.

- Você acha... – deixei claro que não acreditava ser possível espaços para ‘achismos’. Eu estava sendo meio carrasco com ele sim.

- Tudo bem, já chega! – ele falou pegando no meu ombro e me encostando na parede branca do corredor – Precisamos ter essa conversa agora, não estou aguentando você assim.

- A culpa não é minha... – disse.

- Eu sei que não. A culpa é minha, mas eu preciso de você Dan, preciso que você me ajude a enfrentar esse problema agora – ele pediu com sinceridade, supus.

- Deveria ter pensado nisso antes, quando eu precisava de você também – se era para desabafar, tudo bem.

Ele me apertou ainda mais contra a parede. Seus olhos verdes estavam bem visíveis, tanto que eu me atrevi a olhar além da sua pupila para ver se conseguia ver algo a mais, mas me perdi naquela escuridão.

- Você vai ter toda a verdade, eu vou te dizer tudo, se é assim que você quer. Mas para isso preciso que você não se afaste de mim. Não se afaste de mim, Adam. Vai ser pior assim.

- Algo me diz que me manter longe de você é o melhor a se fazer agora – eu não estava agindo racionalmente e sim emocionalmente.

- Algo me diz que você está certo Adam – disse a voz de Chris que vinha acompanhada de seu corpo, chegando próximo a nós pela direita do corredor – O melhor a se fazer agora é se manter afastado do Tomás, não acha meu amor? – ela disse sorrindo cinicamente, mas eu sabia que era tudo fachada.

- Chris, preciso da ajuda do Adam para resolver um problema... – ele manteve a voz forte.

- Não precisa dele, eu estou aqui para tudo – ela rebateu.

- Eu conheço bem você e sei que ele é melhor do que você para solucionar isso – a segurança na voz de Tom me surpreendeu. Ele estava enfrentando Chris por mim.

- Isso só mostra que você não me conhece tão bem como imagina – ela era afiada – Sou capaz de muita coisa...

Eu tenho certeza que é – pensei.

- Eu tenho certeza que é – disse Tomás lendo meus pensamentos – Mas prefiro que ele me ajude.

- Já tivemos essa conversa antes – ela aumentou e muito a voz, deixando-a mais grossa e autoritária. O clima estava tenso e seu sorriso desaparecera.

- Acredite em mim quando digo que só Adam pode fazer isso – ele continuava com pé firme.

- Então se é assim, que ele lhe ajude – ela disse, surpreendendo a nós dois – Mas fique longe dele. Diga o que é para ele fazer e ele fará sem você.

- Acho que o sentido da frase ‘só ele pode me ajudar’ não é bem trabalho individual – disse Tomás.

- Pois no meu dicionário é esse o significado! – ela se estressou.

- Olha, eu só quero ver Andy e saber como ela está – falei pela primeira vez.

- Ela está bem – disse Chris secamente.

- Disse que quero vê-la! – disse no mesmo tom. Os dois me olharam estranhamente.

- Você nem a conhece, não se meta em assunto de família! – ela esbravejou.

- E você é muito parte da família Mercer não é – comecei a minha guerra com ela.

- Adam, não – disse Tomás.

- Não se meta no meu caminho garoto – ela falou e eu senti um frio na espinha – Todos esses anos eu nunca peguei no seu pé na escola, então não mexa comigo.

- Ela é minha amiga – eu falei pausadamente para que ela entendesse bem – Eu quero vê-la e eu vou vê-la! Não me importo se você quer que eu me afaste de Tomás ou não, afinal não somos nada um do outro mais – deixei bem claro essa parte e ela pareceu bem surpresa – Então dê licença que eu vou ver minha amiga agora.

Falei e observei a cara boquiaberta dos dois me olhando. Depois passei por Chris e segui meu caminho até o fim do corredor sem olhar para trás, mesmo sem saber em qual quarto Andy estava.

Continua...

Um abralo!