Cap. 18:

Conto de Salém como (Seguir)

Parte da série Uma História de Amor

- Oi petit... Desculpe, Daniel. Eu entendo que você esteja furioso comigo...

- Você não confiou em mim...

- Não é isso amor...

- Chega.

- Por favor, me deixe explicar...

- Você não vai explicar nada, cala essa boca e me beija logo, caramba.

Ele me jogou no sofá e foi me beijando como nos velhos tempos, minhas pernas

amoleceram, meu coração quase saiu pela boca, nos seus braços eu me entreguei, a vontade que eu tinha de estar com ele era enorme, não tinha explicação, com seu corpo deitado sobre o meu, ele puxou minha toalha me deixando nu, ali na sala mesmo começamos a nos amar, em meu ouvido ele sussurrava palavras de amor.

- Como eu senti falta desse corpo... Desse cheiro... Dessa pele...

- Me perdoa?

- Jamais eu te abandonaria, não me importa se você tem HIV ou não, o importante é

que eu te amo mais que tudo nessa vida. Vem comigo...

Ele pegou pelo meu braço e me puxou, peguei a toalha do chão e me enrolei, fui arrastado até o quarto onde ele trancou a porta, me jogou na cama e começou a tirar sua

roupa já de "barraca" armada.

- Petit...

- Psiu... Não fale nada, vamos matar nossa saudade fazendo o que nós sabemos

fazer de melhor...

Apenas coberto pela toalha eu me deitei na cama, ainda com a luz acesa olhei ele

tirar sua bermuda sem cueca, na sala mesmo ele já havia tirado sua camiseta então foi só

alegria, ele foi olhando nos meus olhos e se aproximando, com seu corpo nu e bronzeado, com aquela mão enorme ele tocou meu rosto e se deitou ao meu lado, no quarto se fez silêncio, nossos corpos pelados deitados sobre minha cama, sua pele se arrepiava só de tocar na minha, aquele movimento de vai-vem que ele fazia era incomparável, eu delirava com sua performance na cama, o jeito delicado e ao mesmo tempo selvagem que ele chupava meu mamilo me deixava anestesiado, a forma com que ele me abraçava, se encaixava perfeitamente em meu corpo aqueles braços fortes, aquele cheiro de pele misturado com o cheiro da sua respiração completaram o sexo safado. Fizemos amor gostoso, deixei suas costas um pouco arranhadas e ele deixou uma chupada enorme no meu peito, ainda bem que não foi no pescoço.

- Nossa...

- O quê?

- Fazia tanto tempo que eu não gozava assim...

- Nem eu.

- Quase quebramos a cama...

- Hahaha... Por uma causa justa...

- Te amo, sabia?

- Eu também te amo, você nem imagina o quanto...

- Depois daquele dia eu fui ao médico fazer os exames...

Na hora que ele falou aquilo minha barriga gelou, me afastei um pouco, quase comecei a chorar, relembrei todo aquele sofrimento que havia passado quando também fiz os exames:

- E aí?

- Não tenho nada, tudo negativo.

- Ufa.

- Mas isso já era certeza...

- Eu sei, mas...

- Tirei todas as minhas duvidas com o médico, e sei que posso viver eternamente ao

seu lado sem correr nenhum risco, tomando os cuidados necessários...

- Então...

- Então eu voltei pra junto de ti, pra ficar com você pro resto da vida. Vem comigo...

- Pra onde?

Ele vestiu sua bermuda, pegou pela minha mão e me levou até a sala. Eu já havia

vestido uma cueca. Ele abriu a porta e no corredor havia algumas malas, mas eu não tinha entendido o por que.

- De quem são essas malas?

- Minhas, me ajude a guardá-las...

- Para que você trouxe isso?

- Porque a partir de hoje nós vamos viver como um casal, por isso estou me

mudando pra cá.

- Sério?

- Sim... Só faltou o Maik.

- Quem é Maik?

- Meu cachorro.

- Você tem cachorro?

- Sim, um Pitt Bull. Mas aqui não tem espaço pra ele, também tem a Dani...

- Morro de medo dessa raça...

- Mas o Maik é mansinho, olha ele aqui...

No seu ombro direito tinha a tatuagem do cachorro dele. Eu nunca havia reparado

naquela tatuagem, talvez seja porque ficava atrás do ombro e as camisas tampavam, ou

também por distração mesmo.

- Nossa... Nunca havia reparado nessa sua tatuagem... E olha que eu te dei banho

uma vez...

- É porque ela é recente, fiz há pouco tempo, logo farei uma sua.

- Nem pense nisso.

- E por que não?

- Por que não.

- Ah... Pára com viadagem, me ajuda aqui...

Pegamos as malas e trouxemos pra dentro da sala.

A partir daquele dia começamos a morar juntos, como um casal de verdade.

Todos os dias eu dormia e acordava com ele ao meu lado.

Eu não jantava sem ele chegar e banho só tomávamos juntos.

Eu tive muita sorte na vida quando encontrei o Daniel, a vida nos colocou à prova algumas vezes e ele só mostrou o quanto era grande o seu amor por mim.

Finalmente minha vida voltou a ser como era antes. Durante a semana tive duas

gravações para fazer. Pegamos sol e chuva, foi uma semana cansativa, trabalhei dezoito

horas por dia, só fui descansar no sábado e domingo, que por conta da correria e descuido acabei pegando uma gripe.

Deitado na cama vendo TV, o Daniel cuidava de mim com muitos paparicos,

levando comida na cama, fazia chá de maçã que era o meu preferido, mudava a TV de

canal quando eu pedia e até me dava banho. Claro que ele também entrava na água, nossa rotina parecia um sonho, cujo eu não pretendia acordar nunca mais.

- Petit... Tá pronto seu chá.

- Obrigado amor.

- Oh meu bebê, você precisa se cuidar mais, seu organismo agora é frágil...

- Humpft... Eu sei amor, desculpe.

Ficamos de pijama deitados na cama comendo pipoca e vendo TV quando de

repente começou a passar a propaganda que eu tinha produzido:

- Olha lá, Daniel...

- O quê?

- Esse comercial fui eu que produzi...

- Deixa eu ver... Nossa, amor... Da hora...

- Será que o público vai aderir?

- Com certeza.

Depois de ver a propaganda, decidimos ver um DVD de suspense que o petit tinha

alugado. O filme dava cada susto, eu aproveitava pra pegar em sua mão, abraçá-lo. Era

muito bom naquele tempo frio, ficamos ali abraçadinhos o dia todo, embaixo do edredom.

- É tão bom ficar abraçadinho com você...

- Sim... Demais.

- Se eu pudesse ficar assim com você eternamente...

- Prometo que nunca dormiremos separados.

- Promete?

- Sim, aconteça o que acontecer, sempre estaremos juntos.

- Te amo petit.

- Moi aussi. (eu também).

Lá fora chovia muito, adormecemos com a TV ligada. Durante a madrugada eu tive

um sonho horrível. Sonhava que chovia muito e eu corria por uma rua sem fim, eu chorava sem parar, estava perdido em uma rua onde nunca encontrava a saída. Por mais que eu tentasse falar era inútil, a voz não saia, eu estava acuado.

Acordei assustado, suando, o Daniel acordou preocupado, eu chorava de medo.

- O que foi, petit?

- Tive um pesadelo... Me abraça petit.

- Vem aqui... Não se preocupe, está tudo bem... Já passou, eu to aqui pra cuidar de

você... Não vou deixar ninguém te machucar.

Deitado em seus braços não consegui dormir, o sonho que tive me deixou assustado.

Levantei para preparar o café da manhã, tomei meu capuccino bem quentinho e fiquei

vendo o noticiário na TV, a previsão do tempo era chuva forte a semana inteira.

- Bom dia petit!

- Bom dia amor... Já tem café pronto na cozinha, pão no armário, leite na geladeira,

geléia, frutas, suco...

- Tá bom, tá bom.

Ele foi para a cozinha preparar seu café, mas continuamos conversando:

- Semana que vem é o casamento do seu irmão...

- É verdade... Nem compramos o presente...

- E nós somos um dos padrinhos...

- O que você acha de dar uma passagem de lua de mel para os dois em um cruzeiro

pela costa brasileira?

- Seria uma boa idéia.

- A propósito, você pediu demissão na academia? Outro dia eu te vi com outro cara

no carro...

- Ah é... Eu ia te fazer uma surpresa, mas já que você tocou no assunto... Aquele

cara que você viu comigo é o meu sócio.

- Que sócio?

- Saí daquela academia do shopping e montei a minha própria academia.

- Ah que bárbaro. Espero que dê tudo certo, petit.

- Vai dar, com você ao meu lado minha vida tende a dar certo.

- Você preenche minha alma quando fala assim...

- E você preenche meu coração quando está comigo.

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