Cap. 05,2:

Conto de Salém como (Seguir)

Parte da série Sangue e Desejo

Alguns dias depois, pela manhã Fernando ouvia as recomendações do médico que estava surpreso com sua rápida cura, seus ferimentos estavam cicatrizando rapidamente, suas costelas haviam restabelecido sua posição, e seus hematomas pelo corpo já não eram mais um risco, sem motivos para ser mantido ali, foi liberado pelo hospital para voltar para sua casa, a polícia já havia ido até ele para saber o que havia acontecido, ele disse apenas que fora assaltado e não se lembrava do resto, afinal não fazia sentido contar a eles sobre a sua prisão por uma espécie mística de homens-lobos, e que ele era um caçador, e que eles eram inimigos eternos de muitas gerações, com certeza o achariam louco, o que seria normal de qualquer um achar, então resolveu apenas dizer que foi assaltado, era bem mais razoável de se acreditar.

Sua irmão não havia aparecido mais, já faziam 3 dias que ele não há via, imaginou que ela estivesse realmente braba com ele, Miguel também não aparecera mais, não como lobo, os funcionários do hotel ficaram até aliviados pela ausência do lobo e de seus uivos para a lua toda a noite, na recepção Fernando soube que um homem veio procurar para saber como ele estava.

Ao sair do hospital ele pegou um taxi e foi direto para sua casa tirar o cheiro de hospital de seu corpo, tomou um banho, e se deitou na cama, mas não ficou muito ali, estava cansado, mas não queria ficar deitado, já havia ficado parado muito tempo, olhou sua caixa de mensagens, e estava cheia, começou a ouvir, mas não deu atenção, eram a maioria da delegacia para saber como estava, ou quando voltaria a trabalhar, ele desligou apagando o restante das mensagens mesmo sem ouvi-las, pegou as chaves de seu carro que estava na garagem, pegou o veículo, e saiu em direção o asfalto a frente, rumou até a casa de Miguel, afinal precisava conversar com o outro, agradecer, se desculpar, esclarecer os fatos.

Ao chegar na frente da casa, parou o carro, desceu, e foi em direção da porta, bateu na porta apertando a campainha em seguida, ouviu então o silencio que percorria todo o ambiente ser quebrado pelo movimento repentino do lado de dentro da casa, logo a porta se abriu e um Miguel sonolento e confuso abriu a porta, ele olhou para Fernando ainda confuso e sério, deu passagem ao outro, fechando a porta em seguido, entrando e andando atrás do outro o acompanhando até a sala, Fernando sentou no sofá ainda em silencio, Miguel o acompanhou, eles se olhavam ainda sérios e em silencio, nenhum sabia como começar, ou por onde começar, até que Miguel começou:

- Bom eu ... – o outro o interrompeu:

- Eu preciso me desculpar, afinal eu menti para você!

- E eu ... – se interrompeu, mas logo continuou – bom eu não preciso me desculpar por nada – e sorriu, sendo acompanhando pelo outro, que sorriu também, eles se sentiam como dois adolescentes que haviam sido pegos em flagrante fazendo algo errado, apenas se olhavam e sorriam – que bom que você está bem!

- Graças a você!

- Bom se não fosse eu você também não teria se machucado!

- Bom na verdade eu teria, afinal somos inimigos mortais, e se não fosse o fato de eu ser totalmente contra a esta tradição idiota, eu mesmo teria de tê-lo matado!

- Então que bom que você não é tradicional! Sabe Fernando eu não escolhi nascer assim, e nem sei porque, e eu sei que você também não escolheu isso, eu conheci a lenda dos caçadores, e nesses dias que você esteve no hospital eu pesquisei mais, pelo menos quando não estava transformado.

- Mas como você se transformou, naquela noite eu me lembro, não era lua cheia!

- Sabe que não sei também, eu até tentei pesquisar sobre isso, mas não, se isso é normal ou capazmente normal, não há registros, e todas aquelas noites que você esteve no hospital que eu me transformava eu não controlava, mas ao mesmo tempo era eu que estava lá, eu sabia tudo que estava fazendo assim como na noite que te tirei de lá, meu corpo foi dominado pelo lobo, mas minha mente não, foi fantástico, estranho, mas fantástico! – Miguel sorriu, e Fernando o acompanhou novamente. E ficando sério novamente ele continuou – mas a gente não pode continuar com isso, é perigoso, para mim, e também para você!

- Do que você está falando?

- Somos, ou devíamos ser inimigos, ou ao menos não darmos vazam para sermos tal, e tudo que aconteceu foi um aviso, ele irão agir novamente e estarão mais preparados da próxima vez, afinal, eles não esperavam a minha rebeldia, ou ao menos o meu controle sobre o lobo, em plena Lua Nova, eles não contavam com isso, na verdade nem eu, então quando virem de novo, é bom você não estar aqui – ele faz uma pausa, mas logo continua interrompendo um início de pronunciamento do outro – e eu também!

- Como assim, você vai embora?

- Sim, eu fui muito exposto a matilha, eu só estava esperando você se recuperar para eu poder partir!

Fernando parecia não acreditar nas palavras do outro, não entendia, se ele queria ir embora porque uivava para ele toda a noite no hospital, algo havia acontecido, isso perturbava sua cabeça, e ainda tinha o sumiço repentino de Samanta, ele havia ligado varias vezes para ela no caminho até a casa de Miguel e nada, tentou o celular e dava fora de área, e agora Miguel lhe dava o mais estranho fora, depois de tudo que ouve, sabia que o outro estava certo em ter medo, mas também acreditava que tinha outro jeito, então resolveu agir antes que o outro lhe mandasse embora de vez:

- Você não vai embora, eu não vou deixar.

- Como assim não vai deixar – pede o outro incrédulo perante a resposta do outro, ele sabia que não seria fácil nem para ele nem para Fernando, afinal, despedidas nunca eram fáceis, mas sabia que era o melhor e mais correto a fazer, sabia do perigo que ambos corriam se ele permanecesse, ele sabia como eram os bandos, eles não desistiam, muito menos após serem confrontados, ele já havia ficado tempo de mais, ele sabia que deveria ter ido embora de imediato, mas não conseguiu sair antes de ver que o outro realmente estava bem, ele sabia que ao lamber as feridas do outro, elas cicatrizariam mais rápido e com eficácia aumentando a resistência de seu organismo perante as fraturas em seu corpo, mas mesmo assim não achava certo abandonar o outro sem ao menos se despedir, mas agora que chegou a hora as palavras não saiam e o que falou foi o mais direto e rápido possível para não correr o risco de mudar de ideia, o certo era ir embora, fugir se fosse necessário, para o mais longe possível daquela matilha que provavelmente estava ofendida e irritada com sua fuga e ainda salvamento de um caçador. Ele voltou a prestar atenção em Fernando, ele estava ótimo havia restaurado sua cor normal, seu físico estava como antes, o tempo que ficou no hospital não o deixou enfraquecer fazendo com que ele mantivesse seu porte sempre altivo, mas seu olhar era sério, provavelmente o motivo era seu adeus, mas era necessário. – Você vai me obrigar a ficar, ou melhor me proibir de ir embora!

- Vou – foi a única coisa que Fernando conseguiu pronunciar antes de partir para cima de Miguel, o agarrando com força e o beijando na boca com força e desespero, como se aquele beijo fosse capaz de parar o mundo, ou fazer o tempo voltar evitando que tudo aquilo fosse acontecer. Quando soltou o outro, Fernando se afastou, olhou os lábios e a face vermelha de Miguel, pensou então que havia apertado extremamente forte sua boca contra a do outro.

Miguel se afasta com o fim do beijo, sentindo sua face ficar rubra, ele não conseguia negar o fogo que sentia ao estar próximo de Fernando, virou de costas para o outro para que esse não o visse e não olhasse em seus olhos!

- Você precisa entender Fernando, seus beijos, seu toque em meu corpo não vão me fazer mudar de ideia!

- Não – o outro para pôr um momento, mas logo continua, com um sorriso nos lábios: - Mas e um compromisso!

- Compromisso? – o outro repete sem entender:

- Namora comigo Miguel – fala Fernando o encarando nos olhos:

- Você está louco, eu acabei de falar que estamos em perigo, que está matilha com certeza esta brava, e não vai descansar em nos caçar, eu na verdade até estranho que eles ainda não tenham atacado, na verdade isso me da até mais medo, pois eu acredito que possam estar se preparando para algo!

- Eu realmente acho que você está levando muito a sério o que aconteceu?

- Você acha que estou sendo exagerado? – Fernando concorda com a cabeça – Você esqueceu que eles te sequestraram, que eles me sequestraram ? eles já chegaram a este ponto apenas para ter minha atenção, o que acha que fariam para ter sua vingança, pois eu posso não fazer parte de nenhuma matilha idiota, mas eu sei que eles são bem vingativos!

- E também prezam muito a família e os relacionamentos, eu sei disso, afinal venho de uma família de caçadores, sabemos muito sobre a sua espécie!

- Espécie, agora sou de outra espécie – Miguel ri irônico – e falando sobre isso quando você pretendia me contar sobre está sua “herança”? – fala Miguel fazendo sinal de aspas com as mãos:

- Na verdade nunca – fala Fernando calmamente!

- Nunca, e você fala isso com uma estrema tranquilidade, eu me abri para você, eu falei tudo de mim pra você, algo que nunca fiz, nem falei para ninguém, nunca!

- Na verdade Miguel, você não teve escolha, eu vi você se transformando, lembra?

- Sim eu lembro ... – o outro o interrompe:

- E se eu não tivesse visto, você com certeza também não contaria!

- Sim, mas é diferente ... – o outro o corta novamente:

- Diferente em que, somos de famílias distintas, mas não somos tão diferentes assim, ambos temos segredos, e não pedimos para ser como somos, por isso eu o aceitei e o entendi, o que fez eu gostar mais de você.

- Sim, mas mesmo assim é diferente, você viu o que eu virei, você sabia o que eu era, e mesmo assim nunca falou nada, no inicio eu desconfiei da sua rápida aceitação, mas não quis duvidar de suas reais intenções, agora nem sei mais quais eram elas!

- Olha Miguel eu não contei que era um caçador, que meus ancestrais matavam os seus, o que isso causaria em sua cabeça, você poderia ter medo, ou sei lá, eu não sabia se você sabia da existência dos caçadores, ou ao menos o que achava deles, afinal nossa reputação não é boa para com os de sua espécie!

- Ta certo Miguel isso não vem ao caso, o caso agora é que preciso ir embora!

- Ei você me respondeu!

- Respondeu o que Fernando?

- Se quer namora comigo?

Miguel não conseguia raciocinar perante todos os acontecimentos:

- Fernando agora não é hora para isso!

- Isso o que? Você acha que eu estou brincando?

- Pois preferia que fosse, você era o sério no começo, o bravo, o irritado com o mundo, agora age como uma criança!

- Quando você fica entre a vida e a morte você acaba olhando a vida com outros olhos, acaba por enxergar o tempo que está perdendo errando quando se pode acertar!

- Fernando eu entendo você sofreu algo forte, mas ... – novamente é interrompido pelo maior:

- E se fizéssemos uma viagem?

- Como?

- Vamos viajar, você disse que esta com receio que eles ataquem, então viajamos, e quando voltarmos as coisas estarão mais tranquilas!

- Fernando esses caras nunca estão tranquilos!

- Viagem? – pede o outro com um olhar de cão abandonado, Miguel suspirou, no fundo ele não queria ir embora, ele realmente estava gostando de Fernando, o fato de eles ser um caçador lhe afetou no inicio, mas apenas no inicio, depois os momentos que viveram lhe vieram a mente fazendo – o esquecer este detalhe, e era esse carinho que sentia pelo outro que o fez querer se afastar para não causar mal ao outro. E quando sua decisão estava tomada, o outro vem com esta de namoro de viagem, mexendo na mente de Miguel.

- Viajar? – Fernando sorriu – Para aonde?

Fernando o abraça, carregando- o até o sofá o jogando lá, o outro podia ser grande e ter um corpo estruturado, mas Fernando ainda era mais forte, devido aos anos de academia e ao trabalho de detetive policial:

- Eu vou ter de ver no meu trabalho, mas e o seu?

- Eu estou de licença, devido a tudo que aconteceu, e hoje eu liguei para meu superior pedindo mais um tempo!

-Então você já veio com tudo armado?

- Claro – fala o outro sorridente, Fernando sobe por cima de Miguel o beijando e acariciando por das roupas, que logo foram sendo tiradas, tanto Miguel quanto Fernando sentiam falta do corpo um do outro, sentiam a necessidade de se completar, de estar junto um do outro, de se fazer presente tanto em corpo como em pensamento, suas mãos continuavam a se tocar, e seus beijos foram ficando mais intensos, até serem interrompidos pelo som do telefone de Fernando, o toque musical é ignorado pelo mesmo, mas o aparelho é insistente, fazendo Fernando bufar e assumir sua fisionomia séria e brava eu sempre sustentava na delegacia, ele larga Miguel deitado no sofá, e pega em sua calça seu aparelho, não reconhecendo o número, aperta uma tecla e coloca o aparelho na orelha, e logo sua fisionomia muda, do detetive durão e autoritário, para um tom preocupado, Miguel se senta percebendo a mudança, Fernando se levanta e Miguel o segue no movimento, ficando ao lado do outro, tentando ouvir o que se passava do outro lado da linha, mas logo Fernando desligou o telefone, encerrando a ligação ainda em silencio, caiu sentando no sofá, sua fisionomia agora triste e desamparada, era estranho para Miguel ver aquele homem sempre altivo, em uma posição de total desespero, Miguel novamente sentou no sofá ao lado do outro o questionando:

- O que ouve?

- Minha Irmã!

- O que ouve com ela? – pede Miguel já preocupado pensando o pior, ele já havia conhecido Samanta, e lembrava dela mandando o lobo embora, pois por incrível que parecia desde que salvara Fernando, as lembranças do lobo se faziam presente também em sua mente sem a transformação, era como se houvesse sido engatilhado um fator que antes não era conectado agora estava.

- Foi raptada!

- Como assim, Por quem? O que querem, dinheiro? Quanto?

- Não – Fernando olha para Miguel, sério e atordoado – Querem você, querem que eu entregue você no lugar dela!

Comentários

Há 2 comentários.

Por Anjinho Sonhador em 2016-04-27 10:10:37
cara, e agora? Agora ele ta ferrado, nao demora pra postar nao, bjs
Por fofaum em 2016-04-23 12:23:54
Cd o proximo capitulo ? To.esperamdo tem tempo :( vc parou com essa serie ?