Cap. 03:

Conto de Salém como (Seguir)

Parte da série Sangue e Desejo

Cap. 3:

Pela manhã Miguel acorda, estava acorrentado, pegou as chaves e libertou as correntes, foi até o banheiro, a água do chuveiro levou embora as cicatrizes da prata, mas trouxeram a tona uma lembrança da noite anterior, lembrou de Fernando chegando até seu quarto se sentando em sua cama e lhe falando sobre evitar que ele matasse mais alguém, era lapsos de uma memória recente. Saiu do chuveiro enrolado na toalha e andou pela casa a procura de Fernando, não o encontrando, voltou ao seu quarto, se vestiu e saiu em acelerado, indo rumo a delegacia.

Ao chegar procurou por Fernando, mas este não havia chegado ainda, então aguardou junto a secretária, não demorou para vê-lo chegar, ele estava sério, do mesmo modo como lembrava de telo visto na noite anterior, mas quando viu Miguel sua feição mudou, um misto de surpresa com irritação, algo que nada lembrava seus encontros picantes, Miguel se levantou quando ele se aproximou e Fernando lhe dirigiu a palavra:

- Em que posso ajudá-lo?

- Eu preciso falar com você!

- Me acompanhe até minha sala – Fernando faz uma pausa – você sabe bem onde fica não é!

Fernando vai na frente e Miguel lhe acompanha, entram na sala, Fernando vai para trás da mesa e Miguel se senta na cadeira a frente:

- Então o que deseja falar comigo senhor Miguel Ernandes!

- Vejo que não esqueceu meu nome – faz uma pausa para analisar Fernando – eu preciso saber o que você quis dizer com evitar que eu matasse mais alguém. – Fernando faz cara de desentendido:

- Como?

- Ontem você foi a minha casa quando eu estava prestes a me transformar, invadiu minha casa e adentrou meu quarto dizendo que queria evitar que eu matasse mais alguém!

- Olha Miguel que não sei o que você viu ou pensa que viu, mas não era eu.

- Ata, ta dizendo que eu imaginei, ou que eu inventei isto!

- Não, apenas estou dizendo que eu não fui na sua casa ontem, eu sai com a minha irmã!

Miguel parece ter ficado desconcertado, Fernando percebe que ele não havia inventado aquela história, não entendia direito tudo, mas ver Miguel ali na sua frente, perdido em pensamentos, sem poder abraça-lo e dizer que estava tudo bem, sem poder tocar sua boca, sentir seu gosto, a única forma de evitar algo era se fingir de duro, de rude, era melhor assim.

- Bom, eu não sei o que aconteceu, mas desculpe vir atrapalhá-lo no seu trabalho – Miguel se vira para sair:

- O outro lobo não foi mais atrás de você – pede um Fernando em dúvida com as próprias palavras.

- Creio que não – fala sem se virar para Fernando – pelo menos eu acordei sempre acorrentado – finge um riso, sem sucesso, então continua andando e sai da sala, indo até seu caro, estava prestes a sair, quando Fernando entra em seu carro, fecha a porta, olha para Miguel:

- Porque você não admite que inventou esta história só para vir me ver!

- Porque isso não seria verdade – fala Miguel entre dentes

- Então qual é a verdade?

- Eu não sei, agora se você puder fazer o favor de sair, eu tenho de ir trabalhar.

- Uhhh, pelo visto ainda não pediu demissão.

- Como?

- Ou você nem pede, apenas arruma as malas e vai embora!

- Do que você está falando?

- Já entendi – fala Fernando, irônico – você veio se despedir, quanta consideração!

- Eu não estou entendo nada do que você ta dizendo Fernando.

- Não está, pois no nosso último encontro você entendeu bem quando disse que iria embora.

- Eu nunca disse que – Miguel para, pensativo – foi por isso que você não voltou, você achou que eu ia embora!

- Você disse que quando um bando o encontra você vai se muda.

- Eu – Miguel ri – eu não estou indo embora, realmente quando um bando me encontra eu me mudo, mas eu não sei se fui encontrado, o fato de um lobo aparecer pareceu isso, mas ele não voltou.

- Olha Miguel – Fala Fernando o olhando nos olhos – eu curti muito estar com você, tudo bem o fato de você virar lobo no início me assustou um pouco, ao mesmo tempo, que admito, me deixou excitado – ele ri, logo para – mas mesmo assim, eu não nego que senti uma forte atração por você, e isso ficou explicito nos nossos encontros.

- Fernando eu ... – Fernando o interrompo.

- Eu tentei não me envolver sabe, eu sou um detetive renomado, minha fama é de carrancudo, mal humorado – ele ri – eu não me importo com isso, mas quando você apareceu, como meu suspeito, aquilo me deu um tesão que você não faz ideia – os dois riem – e eu estava disposto a mudar isso, mas ai você vem com esta história de mudança ... – Miguel o interrompe:

- Fernando – o que é interrompido:

- Não terminei – faz uma pausa- eu nunca me entreguei tanto assim Miguel, eu nunca tinha sido possuído por outro homem, de certo modo isso me parece me deixar vulnerável, mas com você eu fiz sem nem pensar – ele olha para fora do carro – isso ta soando meio gay demais não é – ele ri, Miguel lhe puxa o rosto olhando em seu olhos:

- Se você tivesse deixado eu falar, o gay aqui seria eu – ele ri – olha eu sei que falei o que não devia, mas em momento algum eu pensei em ir embora, não agora, e o fato de eu não ter vindo atrás de você antes é que o lobo que tem dentro de mim é muito orgulhoso para dar o braço a torcer.

- Eu também, por isso não voltei la, não queria ter de te dizer tudo isso!

- E porque disse agora então?

- Porque eu já suportei um mês sem ter você, sem te tocar, sem te ver, sem poder te beijar e não ia suportar mais – nisso Fernando se aproxima e da um beijo em Miguel, fazendo o carro ser pequeno para tamanho desejo.

Quando se separam, Miguel o olha admirado:

- Você não faz ideia o quando eu lutei contra isso também. – Miguel se aproxima para beija-lo novamente, quando alguém bate na porta do carro, Fernando abaixa o vidro.

- Uma esmola para um pobre coitado – fala um velho, com a roupa em frangalhos, seu rosto todo sujo, assim como mão e pés descalços, seu olhar era triste e sombrio ao mesmo tempo, Miguel então colocou a mão no bolço, retirou a carteira e deu uma nota de cem dólares ao homem, Fernando o olho boquiaberto, quando o homem saiu feliz da vida, Fernando o questionou:

- Você viu que acabou de dar uma nota de cem dólares aquele mendigo?

- Sim, e você está sendo preconceituoso.

- Ele provavelmente irá gastar tudo em bebida.

- O que ele vai fazer com o dinheiro é escolha dele Fernando, eu lhe dei uma oportunidade, o que ele irá fazer com ela é de mera consciência dele, assim como quem irá assumir as consequências também será ele.

- Porque você é assim?

- Assim – pede desentendido – como?

- Tão perfeito - fala Fernando lhe dando um beijo acariciando sua face – agora preciso ir trabalhar e você também, lhe vejo a noite.

- Claro, precisamos matar o tempo perdido – Miguel o olha e pisca.

Quando estava para sair Fernando se vira para Miguel e fala:

- Mas hoje, você vai na minha casa. – e sai do carro

- Fernando hoje e a segunda noite da Lua.

- Eu sei!

- Eu não sei onde você mora?

- Eu te mando o endereço por mensagem!

- Mas ...- o outro o interrompe.

- Te espero antes do escurecer – e entra na delegacia.

Já estava chagando ao endereço que Fernando lhe enviará por mensagem a tarde, era uma casa muito bonita, ficava em meio a arvores, era quase um santuário natural, a última casa que vira já fazia uns 2km, a árvores eram imensas e com certeza muito antigas, a cara parecia ser grande, era toda de madeira com janelas de vidro, uma varanda grande com mesas e cadeiras postas, ele parrou o carro próximo a entrada, saiu e se dirigiu a casa, bateu na porta, não tendo resposta chamou por Fernando, continuava sem resposta, resolveu dar a volta na casa, nos fundo encontrou um lago grande que cobria boa parte do terreno, no fundo mais árvores, ao que parecia ser uma floresta, mas nem sinal de Fernando. Já estava se preocupando, quando ouviu um carro chegando, andou de volta para a frente, a ponto de ver Fernando saindo do carro, continuava sério, mas sorriu ao ver Miguel:

- Pelo visto já viu meu quintal!

- É lindo!

- Mas você é mais! – Fernando se aproxima lhe dando um selinho, logo vai em direção a casa – agora venha conhecer por dentro.

- Fernando eu preciso ir, logo vai escurecer, eu preciso me acorrentar.

- Venha Miguel – ele grita de dentro, Miguel entra contraditório, por dentro era ainda mais encantadora, moveis planejados bem disposto, um lareira no canto e no outro lado ficava a cozinha onde vira Fernando largando o que trouxera na mão. – Me siga – Fernando entra mais para dentro da casa, Miguel o segue, indo parar em um quarto, no meio uma cama de casal imensa, na lateral um armário de roupas, uma escrivaninha, uma janela grande, e no chão, seus olhos pararam ao ver correntes de prata largadas no chão, com cadeados e chaves da mesma prata – Assim você pode vir qualquer noite do mês!

Miguel olha pela janela e vê a lua se aproximando do céu, ele então se senta no chão e Fernando o acorrenta, prendendo os cadeados e guardando as chaves. Então se sentou na cama e ficou olhando para Miguel, o mesmo se acomodou como pode, logo sentiu a luz de prata da lua lhe penetrando, percorrendo seu sangue, suas entranhas, sentiu seu organismo se revirar e seus sentidos aguçar, ouviu ao longe um uivo, ai a escuridão o dominou e o lobo surgiu.

Por mais que já tivesse visto a transformação antes, cada vez que ela acontecia a sua frente era como se o mundo parasse ao seu redor, era quase inacreditável, estava em sua frente, aos seus olhos, mas mesmo assim era algo surpreendente. O lobo cinza surgiu a sua frente, olhava para a janela e uivava, mas logo Fernando ouviu outro uivo vindo da floresta atrás de sua casa, se assombrou, e o lobo cinza ouviu também, suas orelhas levantaram em direção a janela, Fernando foi até lá, olhou para fora e não conseguia acreditar, por mais que ter um homem se transformando em lobo na sua frente já era fora do normal, ver ali, em seu quintal, ao lado do lago, o lobo negro que vira a quase um mês na casa de Miguel, isso era inconcebível, sendo que Miguel havia dito que o lobo não havia aparecido novamente.

O lobo cinza acorrentado uivava para a lua, e o lobo negro do lado de fora uivava na mesma direção, então veio vindo em direção a casa, Fernando olhou para o Miguel transformado, ele temia por Miguel, mas já o vira lutando, e ele já ganhara do lobo negro uma vez, mas tinha medo de correr o risco novamente. O lobo negro se aproximou, estava prestes a atravessar a janela, quando novamente o lobo cinza uivou, mas desta vez foi um uivo de terror, até mesmo Fernando se arrepiou, olhou para Miguel, e o lobo estava tentando se libertar das correntes, e estas já estavam cravando em sua pele a queimando, Fernando se aproximou com medo, o lobo então o cheirou por um instante, logo soltou mais um uivo, que fez Fernando cair para trás, ele então pegou as chaves e abriu os cadeados libertando o lobo cinza, o lobo se aproximou dele, mostrou os dentes, mas seu focinho foi guiado para outro canto da casa, o lobo então foi em direção, Fernando se levantou e correu atrás a tempo de ver o lobo negro em sua sala e o lobo cinza pulando sobre ele, logo o lobo negro correu para fora rumo a floresta, o lobo cinza foi atrás, Fernando gritou por ele, mas sem resultado, tinha medo do que poderia acontecer a Miguel, ou ao lobo cinza em seu corpo no caso, Fernando conhecia a floresta e sabia que caçadores colocavam armadilhas para animais, foi pensando nisso, que pegou sua arma e uma lanterna e começou a correr por onde vira Miguel correndo, foi em direção aos uivos, já não eram apenas dois, eram vários, com tonalidades e timbres diferentes, com certeza haviam mais lobos na floresta, e Miguel era só um contra, com certeza, o bando do qual não queria fazer parte.

Fernando foi seguindo os sons, mas do nada tudo parou, um silencio pairou sobre a mata, e isso não era bom, ele aprendera com seu avô, que “quando a mata fica em silencio, é porque o perigo está perto”. Ele girava a lanterna para todos os lados, em direção a cada ruído que pudesse ouvir, a lua brilhava forte e grande no centro do céu, sua luz por si só já iluminava tudo, de repente Fernando é atingido, ele salta longe em direção a uma árvore, com o tombo ele perde a lanterna, e arma cai de sua cintura, ele então passa a procurar a arma e a lanterna, quando o lobo que o atingiu volta lhe mostrando os dentes; Esse era maior e mais forte que o lobo negro, era prateado, como a luz que a lua emanava, olhos vermelhos, e dentes afiados e brancos, estes prestes a atacar Fernando, suas orelhas estavam erguidas, mas mesmo assim ele não sentiu, e foi atingido por outro lobo, um lobo cinza, era Miguel, que o atingiu em cheio, o arremessando para longe, outro lobo surgiu, esse também era prateado, mas tinha manchas negras em seu pelo e era menor, e o lobo cinza pulou neste outro, cravando- lhe os dentes no pescoço, arrancando sangue do lobo, o mesmo se transformou em homem, na verdade um menino, devia ter uns 16 anos, seus braços eram fraquinhos, sua pele branca, e em seu pescoço o sangue já escondia a mordida que Miguel dera, o outro lobo prateado, que fora arremessado, já não estava mais ali, Fernando nem havia percebido que ele se fora, então se levantou e foi em direção ao menino, tentar ajuda-lo, mas então o lobo cinza avançou contra ele, mostrando os dentes, vindo em sua direção, Fernando ainda clamou por Miguel, mas este não ouvia, foi quando o lobo pulou contra ele o arremessando longe, e caindo sobre uma armadilha, os dentes da armadilha ficaram cravados nas patas do lobo, que gania de dor, o sangue jorrava, Fernando se aproximou, e o lobo uivou para a lua, seu uivo era de angustia. Fernando se aproximou mais, e viu o lobo se transformando em homem, e vira Miguel a sua frente, seu pé continuava preso na armadilha, e o sangue jorrava em quantidade, Fernando se aproximou, fez força para abrir a armadilha, e depois de muito tentar conseguiu libertar o pé do outro, que deu um grito quando se fez, Fernando o pegou no colo, em uma mão agarrou a lanterna e voltou em direção sua casa, lá chegando colocou Miguel no sofá, pegou o telefone e ligou para Samanta, pedindo para que fosse em sua casa com urgência, então voltou a Miguel, seu pé ainda jorrava sangue, pegou então uma toalha a molhou e enrolou no pé de Miguel, depois voltou a seu quarto, pegou seu lençol, voltou a sala e cobriu o corpo do outro, Miguel continuava desacordado. Fernando ligou novamente para sua irmã, mas esta já estava a caminho.

Demorou alguns minutos ela chegou, viu Miguel estirado no sofá, com um lençol cobrindo seu corpo, mas por entre ele via arranhões, no peito, cortes nas mãos, e uma toalha encharcada de sangue enrolada no pé direito, olhou para Fernando, o mesmo estava com olhos vermelhos, mostrou o pé ferido para ela e apenas disse:

- Foi uma armadilha de pegar lobos na floresta, por favor o ajude, depois eu te explico!

-Claro maninho, sem problema, mas teremos de leva-lo ao hospital.

- Não, ele não pode ir ao hospital, você é enfermeira, sabe o que fazer, por favor, o ajude.

Ela olha para ele entre dúvida e preocupação. Mas resolve agir, busca um kit de primeiros socorros em seu carro.

Depois de pronto ela fala a Fernando antes de sair:

- Olha, o que eu fiz foi limpar e impedir a infecção, mas ele precisa ir a um médico, foram cortes profundos, provavelmente precisara de pontos, não sei o que aconteceu, nem sei se quero saber – ela olha para Miguel deitado no sofá – ele é lindo mano, eu sei, mas cuidado para não se machucar, não de novo – ela dá um beijo na face de Fernando, e sai porta a fora, entra no carro e sai.

Fernando volta para dentro, olha Miguel deitado no sofá, Samanta havia limpado os arranhões, e enfaixado seu pé, agora ele apenas dormia sob efeito dos calmantes que ela dera, Fernando se aproximou, sentando no chão ao lado do sofá, colocou eu braço sobre Miguel, e ali ficou.

Já era de manhã quando sente Miguel se mexer no sofá, ele se levanta, havia dormido sentado, no chão de sua sala, ao lado do sofá, Miguel ainda dormia, Fernando então foi até a cozinha, preparou o café da manhã, arrumou a mesa e voltou a sala, neste tempo, Miguel já havia acordado, estava sentado no sofá, olha seu pé, quando Fernando chegou, seus olhos eram de dúvida, a que Fernando respondeu:

- Por onde começo, pelo fato do lobo negro aparecer na minha casa, ou por eu ter soltado você das correntes, ou por você ter seguido o lobo pela floresta, daí eu te segui, onde apareceu mais um lobo branco, que me atacou, daí você atacou ele, apareceu mais um que você deu uma bocada no pescoço, daí quando eu fui ajudar você veio para cima de mim, ou começo pelo fato de que você me empurrou e caiu em cima de uma armadilha de caçador – Fernando olha para Miguel que estava atônito – daí você voltou a ser você, eu te trouxe pra casa e chamei minha irmã...

- Você chamou sua irmã? – Miguel o interrompe preocupado.

- Sim, ela cuidou de você, mas não se preocupe, eu não falei nada.

- Como assim, eu não entendo, ele não havia mais aparecido para mim, e agora ele volta, e aqui, como?

- Eu achava que você me diria.

- Eu ataquei um lobo, a bocada.

- Sim, e ele se transformou, era um menino devia ter uns 16 anos, você meio que arrancou um pedaço do pescoço dele.

- Meu deus – Miguel sente nojo, ao mesmo tempo que remorso,- e mesmo assim você me ajudou, porque?

- Primeiro porque quando você tentou me atacar, foi o que eu pensei na hora, você estava me impedindo de pisar na armadilha, daí você me empurrou e pisou – ele faz uma pausa – e pelo fato de você ser lindo, tanto assim como homem, mas também vira um lobo cinza, muito lindo, que eu adoraria ter em casa. – ele se aproxima de Miguel que estava sentado no sofá, apenas com seu lençol cobrindo o corpo nu, pega na mão de Miguel, e com a outra acaricia eu rosto, se aproxima e o beija, Miguel retribui o carinho com a mesma intensidade. – eu não conseguia assimilar a possibilidade de te perder.

Miguel o olha nos olhos, e é como se visse nos olhos do outro um menino ecoado com medo do mundo, então o abraça, e recebe o mesmo abraço, com mais força, que o faz resmungar:

- Fernando, eu to todo dolorido.

- Imagina como vai ficar depois de passar a noite comigo – Fernando o olha com olhar irônico – bom se passarmos mais uma noite como essa, quem vai estar dolorido sou eu! – eles riem.

- Se tudo aconteceu como você me disse, porque você me soltou?

- E eu sei là, eu acho que é sua cara de cachorro pidão, ou melhor de lobo pidão!

Miguel tenta se levantar, mas sente uma forte fisgada no pé direito, e geme de dor, Fernando então o pega no colo o levando até a mesa onde o café já estava servido:

- Eu preciso me lavar, tomar um banho pelo menos antes do café, até onde você me contou eu corri pela floresta.

- Ta bem, vamos lá eu te ajudo!

- E meu orgulho vai aonde?

- Nada de orgulho, eu já te carreguei meia mata ontem a noite, o que é alguns degraus.

- Mas eu posso andar.

- E eu posso te carregar – Fernando o pega no colo mais uma vez, subindo as escadas em direção ao banheiro – e assim eu tenho uma desculpa pra te dar banho.

- E quem disse que você vai me dar banho?

- Eu tô dizendo!

Comentários

Há 3 comentários.

Por Salém em 2015-11-11 22:17:36
Obrigado pelo carinho de todos.
Por Anjinho Sonhador em 2015-11-11 12:16:23
Muito lindo, estou amando seu conto. Achei que vc tinha parado de escrever. Não demore muito a escrever.
Por Klaytton em 2015-11-11 10:16:07
A ada capítulo ru me apaixono mas por essa série, você está de parabéns , ahh, não poço esquecer não estou gostando da demora pra postar os capítulos, ansioso por mais. TEAM MIGUEL...