Cap. 01:

Conto de Salém como (Seguir)

Parte da série Sangue e Desejo

Cap. 1:

Foi com certeza uma imagem que ele jamais esqueceria, sangue para todo lado, partes de uma corpo jogadas para todos os lados, e em cada parte mais sangue e mais arranhões, era indecifrável dizer se havia sido um homem ou um animal, a razão dizia ser um feroz e terrível animal, mas a lógica dos ferimentos, as pistas do crime, tudo indicavam ser um homem, mas que tipo de homem, que tipo de ser humano com um mínimo de racionalidade faria algo monstruoso deste tipo.

Fernando olhava e revirava todas as fotos, as pistas, tudo de novo e de novo, pela milésima vez na esperança de ter deixado passar algo que lhe indicasse uma pista que fosse de algo que fosse que indicasse algo que seja, mas nada, a conclusão era sempre a mesma, não conseguira nada, o sangue encontrado era somente da vítima, os aranhões, eram da mesma vítima, era quase como se fosse um suicídio a menos pelo fato de que não imaginava como uma pessoa conseguiria destroçar o próprio corpo e espalha-lo ao redor da casa, e mais uma vez voltava à estaca zero, mas como aprendera em anos como investigador criminal, não existem crimes perfeitos, pelo menos nunca existira, até agora.

Novamente revendo o caso percebeu algo, na verdade já havia reparado sem dar importância, um rapaz fora encontrado próximo a cena do crime totalmente sem roupa, dizendo ter sido assaltado na noite anterior e permanecido desacordado, ao acordar se dirigiu ao barulho onde encontrou os policiais, constava que ele tinha leves escoriações pelo corpo referente ao fato de ter estado desacordado sobre galhos no chão, Fernando então pegou o nome do rapaz e digitou no computador, a ficha estava limpa, nenhum crime, nem desordem, nada, mas o fato foi que o mesmo relato já havia sido feito pelo rapaz a algum tempo, do mesmo modo, fora encontrado sem roupas, alegando ter sido assaltado, mas isso em outro estado a 5 anos, Fernando então ligou para o numero marcado na tela como sendo da delegacia que constava o ocorrido.

Em instantes recebeu a foto do rapaz, Miguel Ernandes, 22anos, arquiteto na empresa ArqArt... dados e mais dados, mas o mais impressionante foi o fato de a 5 anos, o mesmo Miguel ter a mesma fisionomia atual, nenhuma alteração, nada, por mais que fotos possam enganar, mas era perfeita a semelhança, não semelhança não, autenticidade.

Fernando então pegou o telefone que marcava sendo como deste Miguel Ernandes que na noite passada alegara ter sido assaltado, discou o número e uma voz grossa atendeu do outro lado:

- Alo!

- Alo, senhor Miguel Ernandes?

- Ele mesmo, quem deseja?

- Bom dia, aqui é o detetive Fernando Alcantra, estou ligando para falar com o senhor a respeito do assalto que o senhor sofreu a algumas noites!

- Sim, em que posso ajudá-lo!

- Gostaria na verdade de falar pessoalmente com o senhor se possível, pois estamos revendo novos fatos do acontecimento.

- Como assim?

- Apenas compareça à delegacia o quanto antes sim, apenas para novos esclarecimentos!

- Tudo bem, estarei ai logo!

A chamada foi encerrada, Fernando permaneceu em seu acento revendo as fotos e os fatos do assalto, e a história era a mesma em ambos os casos, só que desta vez tinha um crime muito maior envolvido, pelo menos era o que ele suspeitava, mas ainda não tiraria conclusões, sempre fora muito bom em “ler” as feições das pessoa, e era o que faria, iria descobrir se o dito assaltado estava mesmo falando a verdade, ou fora apenas uma desculpa para algo maior.

Algumas horas depois Miguel chegou a delegacia, estava apreensivo pois não sabia do que se tratava, estranhara a ligação do investigador, mas preferira não agir antes de saber sobre o que era, contratar um advogado agora seria assumir a culpa por algo que ele não sabia ter feito!

Entrou na delegacia, deu seu nome para a secretaria e está o encaminhou para uma sala vazia, dizendo para aguardar que o investigador logo chegaria. E logo chegou:

- Bom dia senhor Miguel Ernandes?

- Eu mesmo. – Miguel não pudera deixar de reparar no tom superior do investigador, era com certeza uma homem forte, não apenas pelos músculos salientes na camisa justa, mas também pelo tom de voz, pelo modo de falar demostrava seu poder e autoridade, tinha a pele clara em contraste com o cabelo moreno e olhos negros da mesma tonalidade, feição séria, e palavras diretas:

- Bom vejo aqui – diz ele remexendo em uma pasta – que o senhor sobre um assalto a algumas noites, foi deixado desacordado, e sem roupas, quando acordou ouviu vozes e foi até elas e assim encontrou os policiais, e também uma cena de crime, correto?

- Sim!

- Pois bem, mas eu andei investigando seu nome, sua ficha está limpa, mas algo que estranhei, a aproximadamente 5 anos o senhor prestou uma queixa do mesmo ocorrido, em outro estado, e da mesma forma, foi encontrado sem roupas, alegando obter sido assaltado e ter ficado desacordado durante a noite, e no outro dia foi encontrado por policiais.

- Eu tenho azar – fala irônico.

- Azar? Não sei se seria o termo correto, mas eu admito que fiquei intrigado! – ele se levanta vindo próximo a Miguel – o senhor foi encontrado próximo a uma cena de crime, sem roupas, e alegando uma história que o senhor já havia alegado a 5 anos atrás ...

- Você está me acusando de algo – Diz Miguel irritado se levantando ficando de frente com o investigador.

- Não fique nervoso, eu não tenho por que fazer isso – faz uma pausa, olhando firme nos olhos de Miguel – ou teria?

- Olha senhor investigador, eu fui assaltado, fiquei desacordado no meio de um bosque, acordei sem roupas e dou de cara com uma brutal cena de assassinato, e o senhor vem e me acusa de estar envolvido, e eu nem posso ficar nervoso.

- Se aclame Senhor Miguel – Fala o detetive voltando a sua cadeira, Miguel também se senta – só chamei o senhor para esclarecimentos.

- Isso está parecendo uma acusação!

- Chame como quiser, só peço que o senhor não saia da cidade, pelo menos não pelos próximos dias!

- Eu não sei o que você pensa que está fazendo, mas eu não vou me sujeitar a isso – Miguel se levanta, Fernando faz o mesmo e o encara, nisso alguém bate na porta:

- Senhor Fernando tem uma pessoa aqui querendo falar com o senhor! – Fala a secretaria, fechando a porta em seguida:

- O senhor está liberado, por hora senhor Miguel, mas como recomendei, não sai da cidade por esses dias!

- Não se preocupe, não irei sair! – Miguel então sai da sala se dirigindo a saída.

Fernando ao sair passa pela mesa de Juarez e fala:

- Mande um carro ficar à espreita, seguindo este senhor Miguel – fala com ironia – tem algo nele que me é estranho.

- Sim senhor!

Miguel saiu da delegacia e voltou para casa, hoje seria a última noite de lua cheia do mês, quem sabe não se transformasse, como na última noite, mas não podia arriscar, pois quanto mais se aproximasse de sua mudança, mais fraca ficava a alua e assim também seu poder sobre ele, mas mesmo assim, se dirigiu para casa, e esperou até começar a anoitecer, então foi até seu quarto, pegou as correntes de prata e passou em seu corpo, e ali esperou, a luz surgiu no céu, sua força era incrível, ela invadia seu corpo, mas parara por ali, então Miguel percebeu que a noite seria tranquila, e sem transformação, pois diferente dos primeiros dias de lua cheia, ele apenas sentia a luz da lua, e não a interferência dela em seu corpo, pois a força nos dois primeiros dias era muito superior, pois assim como as bruxas tinham mais efeito em encantos na primeira noite de cada lua, a lua cheia só tinha força nas duas primeiras, os outros dias ela era apenas mais uma estrala gigante a iluminar o céu, ainda influenciava as marés e outras feras, mas para a transformação era necessário muito mais da sua luz de prata.

Ao se levantas e soltar as correntes com a chave, ele percebeu de sua janela um carro preto parado a frente de sua casa, de imediato sentiu o cheiro de café preto e rosquinhas, era um policial, aquele investigador o mandará vigiar, era só o que faltava.

Miguel então se dirigiu a sua cama, fechou os olhos e tentou não pensar em nada, mas a primeira e única coisa que veio a sua mente foi o investigador, afinal ele era um homem bonito e isso Miguel não podia negar, seu rosto, sua pele, seus braços, sua voz grossa e até mesmo rude. Miguel então levantou da cama, esta suado, já era de madrugada, foi até a janela e o carro ainda estava lá, até quando aquilo iria continua, pensou ele, voltou para a cama, mas a imagem do investigador não lhe saia da mente.

- Aqui está senhor, tudo que pediu sobre o senhor Miguel Ernandes, histórico familiar, cidades que morou, empregos tudo, o senhor realmente acha que foi ele?

- Eu não acho nada Marta, - Fala Fernando pegando o material indo até sua sala, ele olha, le, e rele, e não acha nada, filho único, nascido e criado em Londres, veio para os Estados Unidos adolescente, onde perdeu os pais em um acidente de carro, estudou e se formou em arquitetura, trabalhou em varias empresas do ramo nas mais diferente cidades e estados, e a um ano se mudará para cá, sem enlaces matrimoniais nem parentes próximos, nada que pudesse dizer absolutamente nada.

- Quem é este, seu novo pupilo – diz Samanta atrás de Fernando enquanto olha as fotos de Miguel – Muito bonito ele, quem é?

- Foi assaltado esses dias, próximo a uma cena de crime!

- Ta ele foi assaltado, e porque você pediu um histórico da vida dele? Maninho, o que você está armando, gamou no gatinho foi!

- Claro que não Samanta, só estou investigando, achei suspeito!

- O que achou suspeito, os lindos olhos verdes!

- Claro que não, você sabe que eu não misturo trabalho com vida pessoal!

- Eu sei bobo, to brincando, mas se você não ta interessado podia me apresentar – Fernando ajunta as fotos e folhas e guarda dentro da pasta – ou não!

- Ele é suspeito Samanta!

- Do que, de ter sido assaltado! Maninho para com essa mania de querer achar nó em pingo d/água!

- Só to investigando, mas e você o que ta fazendo aqui!

- Vim convidar meu maninho para um almoço, afinal, você ainda come não é, ainda se alimenta de comida normal como as outras pessoas!

- Claro sua boba, vamos sim, eu preciso limpar a cabeça disso aqui, e eu também estou com vontade de comer algo de verdade.

Entram no restaurante, e Samanta o cutuca:

- Maninho, você não vai acreditar, olha só quem está ali.

- Quem? – Ela aponta para uma mesa onde Miguel almoçava:

- É o destino meu irmão, ou o seu ou o meu, e nossa, ele é muito mais lindo pessoalmente que por aquelas fotos suas!

- Por favor Samanta, ele é um suspeito de – ela começa a ir na direção de Miguel, ele corre para acompanha-la:

- Ele pode ser um suspeito, mas seus suspeito, não meu!

Nisso chegam à mesa de Miguel, que os olha surpreso e com raiva, se levanta e brada:

- Se só pode tá de brincadeira, já não bata colocar um caro vigiando minha casa, agoa me persegue no almoço também!

- Eu não estou te perseguindo, e como você soube do carro?

- Bom, já que ninguém me apresentou, eu faço, ola, meu nome é Samanta e eu sou irmão deste cabeça dura aqui, e desculpe se te incomodamos, é que a gente veio almoçar e eu vi você ai sozinho, resolvi me apresentar, mas pelo visto você meu irmão não se dão muito bem, - ela se aproxima de Miguel e fala mais baixo – mas ele é assim mesmo, não pode ver um homem bonito já trata mal!

Comentários

Há 2 comentários.

Por Klaytton em 2015-10-26 00:38:44
Agora sim, posso dizer que há estou adorando, uma história muito interessantíssimo, e sua escrita é muito boa. Ansioso pela continuação. Por favor, não me faça esperar.
Por Itak em 2015-10-25 04:05:49
Começou muito bem. Esperando o próximo!!!!