Cap. 1

Parte da série Teen Life

Teen Life

Capítulo 1

“Eu abri os olhos. Estava em um lugar desconhecido, uma casa desconhecida. As únicas coisas que eu estava reconhecendo eram meus amigos; estava numa festa e meus amigos estavam lá se divertindo e dançando ao som de funk. Não só eles, mas todos os jovens da festa, que por sinal, eram muitos.

- Odeio festas... – eu disse ¬– odeio festas, odeio funk... afinal de contas, o que eu to fazendo aqui?

Eu me virei e vi de longe meus amigos, Guilherme e Laisa, dançando euforicamente e chamando a atenção de todos. Guilherme rebolava a cintura para frente enquanto Laisa empinava a bunda na direção da cintura de Guilherme.

- Isso, gata... rebola pra mim, vai... – disse Guilherme – você me deixa louco!!

- Hum... então implora, vai! Implora que eu gosto!! – disse Laisa.

Eu fiquei chocado com a cena seguinte: todos que estavam na festa começaram a tirar a roupa; em poucos minutos, estavam todos pelados na festa, menos eu.

De repente, Paula veio até mim, completamente pelada, e disse:

- Ai Theu... to com um baita tesão em você... me fode, vai!!!

- O q-que?... v-voc-cê ta doida, garota?!

- Ah Matheus... deixa de frescura! Vai dar o fora numa mina gostosa dessa? – disse Guilherme enquanto transava com Laisa no meio da sala – ah, não me diga que você é boiola...

- E-eu... eu não quero!! Me deixa em paz!!

Eu saí correndo da sala morrendo de vergonha, meus olhos já estavam cheios de lágrimas; nunca havia passado por isso antes. Eu corri até a escada e subi, sem rumo. Eu queria encontrar Thiago; talvez ele pudesse me tirar daquele pesadelo. Eu cheguei ao 1andar da casa, desesperado, queria encontrar o Thiago de qualquer jeito. Andei até o corredor. Havia vários quartos, todos com as portas fechadas. Eu tentei abrir a primeira porta.

- Droga. Está trancada...

Assim foi com a outra porta, e depois a outra, e depois a outra... até que restaram apenas três portas. Eu ouvi passos vindos da escada; junto com os passos, as vozes de vários garotos.

- Vamos logo!! Vamos pegar esse viadinho!!!

Desesperado, corri até a porta mais próxima; os passos ficavam cada vez mais fortes, e as vozes mais próximas; ou eu me escondia, ou seria pego. Por sorte, a porta estava aberta. Eu entrei em um quarto grande e escuro; antes que pudesse fazer qualquer coisa, a porta fechou-se.

Olhei em volta. O chão parecia estar coberto com um carpete preto, luzes começaram a piscar no teto, ainda fracas, mas que permitiam que eu visse a cena aterrorizante que estava a minha frente. Vi a minha frente uma cama, e havia uma garota, morena, cabelos castanhos, estava de costas, sentada, rebolando em cima de alguém.

- ‘Impressão minha ou essa garota tá transando?!’ – pensei, percebendo que ela estava sem roupa.

De repente, ela trocou a posição que estava, ficando o garoto em cima dela e fazendo-a gemer. Eu me assustei quando a garota gritou:

- Isso Thiago!! Oh!!...

Eu me virei para fugir daquela cena horrível; mas, de repente, todas as luzes acenderam-se ao mesmo tempo, fazendo com que eu espremesse os olhos de dor. Quando abri os olhos, estava novamente na sala de estar, cercado por todos os garotos da festa. Na minha frente estava Thiago.

- Thiago... – implorei, já chorando – me ajuda, por favor...

- E por que eu faria isso?! Você acha que eu gosto de você? Acha que eu sou seu ‘principezinho’ e que vou te salvar do perigo?! Vai se fuder, Matheus!! Seu viadinho do caralho!! Eu não quero mais olhar na sua cara, eu tenho NOJO de você, Matheus...

- Thiago!!! Volta aqui!!!

Porém Thiago nem ligou para os meus chamados, foi se afastando até sumir entre os outros garotos.

- Cala essa boca, seu putinho – disse Jorge, me empurrando – e começa a chupar isso aqui, agora!!

Jorge apontava seu pênis em direção ao meu rosto, enquanto dois garotos me seguravam e o restante arrancava as minhas roupas; eu gritava o mais alto que podia, mas ninguém me escutava. Thiago havia sumido. Os garotos me apertavam e esfregavam-se em mim.

- Naaaaaoooo!!!!! – gritei pela última vez.”

Eu acordei suado e ofegante. Havia tido mais um pesadelo; o terceiro daquela semana. E todos havia algo em comum: a perda de Thiago.

- Não, não, não... de novo não... eu não agüento mais!! Eu preciso tirar o Thiago da minha cabeça... ou eu vou enlouquecer!!! Não sei como consegui ficar dois anos seguidos escondendo isso... e o pior disso tudo é que o Thiago só me considera um amigo!! E essa garota do 3ano me irrita... sempre dando em cima do Thiago, eles dois não se desgrudam e eu tenho medo de alguma coisa rolar entre eles e... AHH!! Como sou idiota, aqui estou eu falando sozinho de novo!! Vou ver se consigo dormir direito dessa vez...

E assim eu me ajeitei na cama. Meu nome é Matheus. Matheus Rodríguez. Tenho pais maravilhosos, uma irmã super carinhosa, amigos de verdade... eu poderia dizer que minha vida de adolescente é demais, é perfeita. Mas não é. Eu sou gay. E sou apaixonado por meu amigo de infância, Thiago Silva. Eu descobri que gostava dele aos 15 anos e desde lá, ele não sai da minha cabeça.

Eu sempre o pego olhando pra mim, mas eu sempre tento não me iludir, afinal, “olhar para as pessoas é normal”. Tento esquecê-lo de todos os jeitos, mas é praticamente impossível; estudamos na mesma sala, 2ano, e pra piorar, ele sempre quer se sentar ao meu lado. Conversamos todas as aulas, e eu sempre saio de lá do mesmo jeito: suspirando feito um bobo apaixonado.

Isso é chato de admitir, mas eu sou mesmo um bobo apaixonado. Assim como o Jorge fica quando está perto da Ana. Se fosse qualquer um, eu ficava no pé (fazer o que, quem tem irmã sabe do que estou falando, rsrs); mas o Jorge não é qualquer um, ele é o meu melhor amigo, então não tem problema nenhum.

Essa não é a primeira vez que passo a noite em claro por causa de Thiago. Parece que se eu não falar logo pra ele, eu vou enlouquecer. Ninguém, ninguém mesmo, sabe disso. Mas como eu não consigo guardar esse peso comigo, eu comprei um diário (achei isso tão gay no começo, mas hoje já estou acostumado kkk) e desabafei tudo o que estava me consumindo.

Levantei da cama, devagarzinho, e peguei meu diário. Eu toquei a ponta do lápis na folha de papel e quando dei por mim, já tinha escrito umas duas folhas do meu diário. Eu sempre gostei de escrever (isso não quer dizer que eu goste da matéria de redação do meu colégio, viu...); eu estava dando uma olhadinha nas outras paginas, lendo os desabafos de outros dias. De como tinha sido meu dia, de como o Thiago olhava pra mim, de como eu aprontei uma pegadinha na festa do pijama na casa da Laisa... faço questão de contar: estávamos na casa de Laisa, tínhamos todos 16 anos. Ela foi ao banheiro e eu reuni o pessoal. Bolei uma pegadinha pra assustar a Laisa, leve é claro, porque ela era minha amiga.

Peguei uma capa preta e uma máscara do pânico e me escondi atrás da porta do quarto. Os pais dela não estavam, então ficamos mais à vontade. Ana correu para o quarto que eu estava e deu um gritinho “socorro Laisa”.

Laisa gritou do banheiro e saiu olhando para os lados. Ana gritou de novo e caiu no chão, se fingindo de morta. Laisa chegou no quarto em que eu estava e gritou apavorada. Ela se agachou e sacudiu Ana. Eu cheguei por trás dela e falei baixinho no ouvido dela “você morreu...”. ela se virou e gritou tão alto que meus ouvidos doeram. Ela correu e pegou a coisa mais próxima dela, um taco de beisebol, e começou a bater em mim!

- sai daqui coisa ruim!!! – ela disse choramingando, parecia a Tia Nastácia do Sítio do Pica pau Amarelo.

- heeeiii!!! – eu gritei e tirei a máscara.

Ela me olhou com raiva e continuou me batendo.

- Matheus!! Nunca mais me assuste de novo!! – Ana se levantou rindo da cena.

É, as lembranças que eu guardei são muitas. E, pode crer, eu nunca mais tive coragem de assustar a Laisa de novo, rsrsrs!!

Depois de guardar o diário, eu me deitei. Aquilo parecia mais uma terapia, eu escrevia no diário e tirava o peso da minha mente. Eu já estava sentindo o sono chegar, e fechei os olhos. Adormeci minutos depois.

Sonhei com Thiago, já perdi a conta de quantas vezes sonhei com ele. Mas aquele sonho era diferente.

“Ele se aproximava de mim e sussurrava no meu ouvido:

- já está perto...

- como assim? – eu disse.

- já está perto de ficarmos juntos... – ele me respondeu.

Ele foi se aproximando e me beijou. Eu fechei os olhos e quando os abri novamente, estava num salão e eu só via o chão. Eu senti um frio vindo do chão, ou melhor, de todo aquele lugar escuro, eu olhei para as minhas mãos e elas estavam brancas como a neve. Um espelho apareceu em minha frente e eu me vi completamente: eu estava com um blazer preto, camisa social azul claro, gravata preta e calça e sapatos sociais. Havia um detalhe muito estranho, meu cabelo estava branco ao invés de verde (não sei qual dos dois é mais estranho, rsrs). Com o mesmo aspecto de antes, só que branco, e minha pele estava branca. Eu vi algo iluminando o salão: Thiago, com uma roupa parecida com a minha, só que vermelha com detalhes dourados. Seu cabelo estava brilhando num dourado muito intenso. Ele estendeu a mão e eu segurei. Uma faísca surgiu dos nossos toques e eu percebi que não conseguia tocá-lo. Nós começamos a dançar involuntariamente e ele fez tudo tão perfeito. Eu parei de dançar para olhá-lo, e ele brilhou mais ainda; seus cabelos começaram a pegar fogo e a cada passo que ele dava, o chão ficava com marcas de brasas.

Eu respirei fundo e segui o seu ritmo. Sabia que iria me queimar, mas tudo que eu queria era tocá-lo. Eu dancei devagarzinho e uma névoa branca se formou ao meu redor; eu acelerei os movimentos e senti ventos fortes balançando meus cabelos. De repente, eu já não estava mais no chão. Eu flutuava no ar, fazendo movimentos. Um fraco redemoinho de névoa foi se formando ao meu redor. Eu olhei e Thiago parou de dançar para olhar para mim. Seu cabelo continuava pegando fogo e seus olhos brilhavam como topázio.

Eu parei de dançar. Ele abriu os braços e um círculo de fogo se formou ao seu redor. Ele foi saindo do chão e de longe eu senti uma brisa quente. Logo, ele estava flutuando assim como eu e estendeu a mão.

- eu posso me queimar...

- confie em mim... – ele disse com sua voz suave.

Eu fechei os olhos e segurei sua mão. Eu fiquei surpreso ao perceber que estava segurando a mão dele tranquilamente, sem sentir dor alguma. Ele sorriu e pegou na minha cintura com a outra mão. Começamos a dançar no ritmo da musica e não soltamos nossas mãos em nenhum momento.

(Katy Perry - Unconditionally)

So come just as you are to me

Don't need apologies

Know that you are a worthy

I take your bad days with your good

Walk through this storm I would

I'd do it all because I love you

I love you

Unconditional, unconditionally

I will love you unconditionally

There is no fear now

Let go and just be free

I will love you unconditionally

Quando a musica estava acabando, nós caímos no chão, mas continuamos com a dança, como se não tivéssemos caído. No final, seu cabelo ficou castanho escuro de novo, e meu cabelo voltou a ser verde (continuando estranho kkk). Ele já não estava pegando fogo, e eu já não sentia mais frio.

- lembre-se de disso. Matheus... – ele aproximou seu rosto do meu – em breve, estaremos juntos novamente...

- me beije... – eu disse e ele sorriu.

Eu pude sentir os lábios dele encostados aos meus. Fechei os olhos.”

Quando abri os olhos novamente, já era manhã. Uma entediante manhã de sexta-feira.

Continua...

Oi gente, não deixem de comentar aí. Então, gostaram da história?! Talvez eu poste só no próximo sábado, estou sem PC e não consigo postar pelo celular (meu celular é de pobre rsrs :P Nokia Asha 305)... Beijos e até s próxima!!