Capítulo 6

Conto de Ruth M. como (Seguir)

Parte da série Até o fim

BielRock: Valeu cara. :)

Está aí mais um capítulo, espero que gostem.

O sexo foi sem margem de dúvida o melhor da minha vida.

Nós tomamos banho, voltamos para o quarto e caímos na cama, ele se abraça ao meu tronco e recosta sua cabeça sobre meu peito, acaricio seus cabelos úmidos e aos poucos sua respiração vai se acalmando e eu sei que ele dormiu. Assim como ele eu estou cansado, aos poucos minhas pálpebras ficam pesadas e eu adormeço, mas pode ter certeza que eu dormi com um maldito enorme sorriso estampado no rosto.

Acordo com alguém chamando lá em baixo.

-Artur? Onde você está?

Ainda abraçado a mim ele responde de volta.

-No quarto.

Desvencilho-me dos seus braços e começo a procurar minhas roupas e pensar o quão duro será a queda da janela do segundo andar quando sinto seus braços me envolverem por trás.

-Calma.

Eu tiro seus braços da minha cintura e começo a vestir a minha calça.

-Qual o problema, anjinho?

-Sua irmã chegou, imagine se ela subir aqui e me ver?

Ele me puxa de volta para ele e esfrega as pontas dos seus dedos de leve nos meus braços me causando arrepios.

-Ei, ela sabe sobre nós.

-Sabe?

Ele concorda.

-Sim, e creio que ela está doida para te conhecer. Vamos descer?

-Mas...

Ele coloca um dedo sobre os meus lábios me silenciando.

-Shh, calma.

-Mas e se ela não gostar de mim?

-Ela já te ama.

Eu reviro meus olhos e ele me beija.

-Vamos descer.

Acabamos de nos vestir e descemos as escadas, assim que chegamos à cozinha vejo uma versão feminina do Artur: mais baixa, sem músculos, e cabelo comprido.

-Ei, Nanda.

Ela se vira para nos e olha para mim, para o Artur e novamente para mim.

-Você é o Gabriel? Ela pergunta com um caloroso sorriso.

Eu concordo e ela vem até mim e me abraça.

-Eu estava muito ansiosa para conhecer o famoso Gabriel, meu irmão não para de falar sobre você.

-Espero que sejam coisas boas.

-Apenas as melhores. E ele não exagerou quando disse que você era realmente bonito.

-Obrigado. Sinto minhas bochechas corarem.

Ela deita no sofá e liga a televisão.

-Ei, Artur, porque você não pede uma pizza? Estou moída.

Agora é a hora do meu retiro.

-Foi bom conhecer você, mas agora eu tenho que ir.

Ela me olha como se ela fosse um policial e eu estivesse urinando na sua viatura.

-Não. Ela diz simplesmente

-Nanda. Artur a adverte.

-Tudo bem. Ela se senta e me olha. - Eu estou a mais de três meses ansiosa para conhecer o cara que enrolou meu irmãozinho em torno do seu dedo mindinho, e agora que eu te conheci eu não vou deixar você simplesmente fugir. Agora senta aqui. Ela diz batendo no sofá ao seu lado, me sento e ela joga seu braço por cima dos meus ombros.

-Se ficar muito tarde o Artur te leva. Ela franze o cenho por um minuto e depois fala. -Você vai dormir aqui em casa.

-Você tem que pedir, você não pode obriga-lo Nanda.

-Ok. Gabriel, você gostaria de dormir aqui em casa?

- Hum...

-Ótimo, agora ligue para os seus pais para não deixa-los preocupados. E toda a atenção dela volta para a televisão.

-Ela faz lavagem cerebral. Artur diz. Se você não quiser dormir aqui tudo bem, mas eu queria que você ficasse. Muito.

-Tudo bem

Levanto-me do sofá e vou para a cozinha ligar para a minha mãe. Ela atende no terceiro toque.

-Alô.

-Oi, mãe.

-Oi, meu filho.

-Eu posso dormir na casa de um amigo?

Ela demora a responder.

-Tudo bem, mas amanhã depois da escola venha direto para casa, precisamos conversar.

Merda! O que será que eu fiz de errado? Vasculho minha mente a procura de algo, mas não me lembro de nada.

-Certo.

-Tchau, dorme bem.

-Dorme bem também, mãe.

Volto para a sala e me sento ao lado do Artur, ele tira nossos tênis fora e coloca seu braço no encosto do sofá atrás de mim e afaga meus cabelos.

-Tem alguma preferencia de pizza?

-Não.

-Ei, eu não mordo. Nanda fala do outro lado do sofá e Artur a encara sério.

-Tudo bem, tudo bem. Ela diz levantando as mãos em sinal de rendição. -Mas foi apenas uma vez, prometo não fazer mais.

-Como assim? Eu pergunto.

-Eu tinha um namorado e ela o mordeu.

Encaro Nanda e ela encolhe os ombros.

-As bochechas dele eram incrivelmente fofas.

Artur me levanta do meu lugar e me senta ao lado da sua irmã, ela me deita sobre a sua barriga e começa a acariciar meus cabelos, Artur se senta ao meu lado e põe minhas pernas sobre as suas coxas enquanto vai mudando de canal e procurando algo interessante.

Conversar com Nanda acabou por ser algo legal, ela é engraçada e inteligente, apesar de ser um pouco louca. A campainha toca e Artur se levanta para atender, pouco tempo depois ele volta sorrindo e com uma pizza gigante nas mãos. Ele se senta no sofá e a coloca ao seu lado, ele abre a caixa, tira um pedaço e dá uma enorme mordida.

-Eu amo isso. Ele diz com a boca cheia.

Nanda tira um pedaço e eu faço o mesmo.

-Vou pegar o refrigerante. Ela fala indo em direção à cozinha.

Artur me puxa entre suas pernas e descansa uma de suas mãos na minha coxa, eu levanto minha pizza e ele tira uma mordida.

-Bom?

Ele revira os olhos.

-Muito.

Ele beija minha bochecha e tira mais um pedaço da pizza. Nanda volta com copos e Guaraná, ela serve os copos e se senta do outro lado da caixa de pizza.

Nós acabamos com a pizza rapidamente, eu realmente estava com fome, mas Artur comia parecendo que o mundo iria acabar.

-Vamos ver algum filme? Nanda pergunta se levantando.

Nos dois apenas gememos e ela sai da sala e volta com alguns travesseiros e algumas mantas, ela joga o pet de refrigerante e a caixa de pizza fora, apaga a luz e coloca em um canal de filmes. Ela se deita na curva do meu braço e Artur se arruma no meio das nossas pernas, puxamos a cobertas e nos concentramos no filme. Vemos dois filmes e meio quando a Fernanda se levanta.

-Meninos, eu estou morrendo de sono, então eu vou subir. Boa Noite.

-Boa Noite. Nos dois respondemos.

Ela sobe as escadas e vai em direção ao seu quarto, Artur deita onde ela estava e eu deito minha cabeça sobre o seu peito. Acabamos de ver o filme e ele acaricia o meu cabelo e desliga a televisão.

-Vamos dormir?

Eu me sento e esfrego meus olhos.

-Hum-run.

Ele ri e subimos para o quarto, ele fecha a porta e ainda no escuro sinto ele me puxar nos seus braços.

-Minha irmã te assustou?

-Não, ela é legal.

Sinto suas mãos navegarem nas minhas costas até ele apertar a minha bunda, eu gemo e ele chupa meu lábio inferior.

-Estou muito feliz. Ele fala enquanto tira a minha blusa, ele desabotoa minha calça e eu saio fora delas, meu tênis e minhas meias estão em algum lugar na sala, então não há preocupações com eles. Ele tira sua blusa e espalho minhas mãos sobre o seu peitoral, tudo que eu mais amava estava ali, a pele quente, a firmeza. A batida pesada do seu perfeito coração.

Chego mais perto e cheiro a curva do seu pescoço, seu cheiro me envolve assim como seus braços, me sinto pequeno em seus braços, mas também protegido, é como um círculo mágico, assim que seus braços me rodeiam é como se fossemos para outra dimensão longe tudo e de todos, onde havia apenas eu e ele, o nosso amor e uma suave calmaria.

Ele tira suas calças fora, me carrega até a cama e me deita sobre os edredons frios, me enfio debaixo deles e ele fecha a janela, pouco tempo depois sinto o colchão ao meu lado afundar e ele me puxa para o calor do seu corpo, vou de boa vontade e ele beija minhas costas, seus braços se cruzam na frente do meu abdômen e me sinto bem como nunca estive antes, nada de vozes ou lembranças ruins, e em pouco tempo caio em um sono tranquilo e sem pesadelos.

Acordo como barulho do alarme e algo duro cutucando a minha bunda, me sento na cama, esfrego meus olhos, estico meus braços e me viro para trás, Artur está em um sono profundo e está... duro. Oh meu Deus. Seu pênis está forçando contra a sua cueca, o encaro e ele dorme tranquilamente, mas meu olhar é puxado novamente para onde o seu pênis está lutando contra a cueca, quase rasgando o tecido e formando um enorme volume. Olho o relógio no criado ao lado da cama e são seis e quinze, desligo o alarme do celular e me obrigo a ir para o banheiro tomar banho em vez de ficar admirando aquele semi-deus na cama.

Tiro minha cueca e entro para o box, ligo a água e direciono o jato em direção ao meu rosto, fecho meus olhos e vou deixando a água quente molhar o meu corpo e meu cabelo quando sinto suas mãos se fecharem em torno da minha cintura, abro meus olhos e me viro para trás deparando com Artur, ele me abraça e entra debaixo da água comigo.

-Porque não me acordou?

-Você parecia tão bem dormindo.

Ele chupa o lóbulo da minha orelha e todo o meu corpo se estremece.

-Olha o que você fez comigo. Ele fala fazendo pressão dos seus quadris contra a minha bunda.

-Eu?

-Sim, durante toda a noite esse seu lindo traseiro ficou se esfregando contra o meu pau.

-Eu estava dormindo, não tenho culpa. Eu digo sorrindo e mordendo meu lábio inferior.

Suas mãos apertam o meu bumbum, mas eu as seguro e me viro para ele.

-Nos temos aula.

-Eu não me importo.

-Mas eu sim.

Ele pega minha mão e a coloca sobre o seu membro.

-Veja o quão duro estou, dê graças a Deus que eu não te acordei no meio da madrugada.

-Eu sinto muito, mas não.

Abro a torneira novamente e ele começa a dar beijos no meu ombro e se esfregar em mim.

-Você está apenas se torturando Artur, não irá acontecer nada agora.

Ele bufa e me vira para ele selando a minha boca na dele com voracidade, suas mãos deslizam por todo o meu corpo me deixando louco de tesão mais eu me afasto.

-Você não sabe como eu quero, mas precisamos ir à aula.

Ele encosta sua testa na minha.

-Serio?

-Muito.

-E eu vou ter que aguentar esse maldito tesão durante toda a aula?

-Você tem uma mão.

Ele arregala os olhos e depois começa a acariciar a cabeça do seu pau, é um movimento hipnotizante, mas eu me concentro no meu banho.

-Nem uma rapidinha?

-Não vai dar tempo.

-Por favor.

-Prometo compensar quando voltarmos da escola.

-Mesmo? Ele parecia uma criança.

-Unrum.

Ele sorriu e entrou no box para tomar banho comigo. O banho foi relativamente calmo, quando saímos me emprestou uma cueca, vesti minhas calças de ontem e ele me emprestou uma blusa do uniforme da escola que ficou enorme em mim, mas não liguei afinal seu cheiro estava nela, o que era fantástico.

Durante o caminho sua mão sempre estava entrelaçada à minha, cumprimentamos Dona Rosa e entramos para a escola, quando chegamos por onde passávamos as pessoas ficavam nos olhando. De repente vejo Alice correr até nos.

-Ei. Ela parece nervosa.

-Oi. Nos dois respondemos.

-Olhem isso.

Ela mexe no seu celular por um instante e depois o vira para nos, na tela havia uma foto minha e do Artur, a foto foi tirada ontem quando eu e o Artur estávamos no corredor do terceiro andar, ele segurava minha cintura e me beijava.

-Eles mandaram em todos os grupos, creio que toda a escola já viu.

Na porta da nossa sala havia um enorme cartaz com a foto coberto de purpurina, olho para o fim do corredor e Gerson está sorrindo satisfeito, aos poucos a felicidade de antes vai se esvaziando do meu corpo e eu começo a entrar em pânico, eu não me importo das pessoas verem eu e o Artur juntos, mas isso era diferente, era como se ele quisesse esfregar na cara de cada pessoa o que nos somos. Minha vontade nesse momento era de sair correndo e chorar, me esconder de todos, mas era isso que o Gerson esperava de mim, era essa atitude que ele queria de mim, mas eu não ia lhe dar o gosto da vitória, além do mais eu estava com Artur, e como que para enfatizar o meu pensamento ele aperta a minha mão mais forte. Tomo uma profunda respiração, crio coragem e me viro de frente para Artur, jogo meus braços sobre seus ombros e o beijo, no começo ele fica confuso, mas logo depois ele abraça a minha cintura e corresponde ao meu beijo. Nesse momento não havia nada, nem foto, nem olhares alheios, nem cochichos, nem nada, havia apenas eu e ele, ele e eu. Paramos apenas quando o inspetor nos separou

-Que pouca vergonha é essa? Antes de respondermos ele interrompeu. – O diretor quer falar com vocês. Ele disse e foi embora.

Artur segurou minha mão na dele, me deu um sorriso tranquilizador e fomos atrás do inspetor, antes de entramos na diretoria ele me vira para ele e segura meu rosto em suas mãos.

-Tudo bem.

-Se minha mãe descobrir ela me expulsa de casa.

-Ei, psiu, olha para mim. Ele levanta meu queixo e me obriga a encarar seus olhos. –Vai ficar tudo bem, além do mais se sua mãe te expulsar de casa você vai morar comigo.

Eu aceno e ele beija minha testa, e é como se ele dissesse: Eu cuido de você.

Entramos na diretoria e encontramos o diretor sentado atrás da sua mesa e o inspetor ao seu lado de braços cruzados.

-Sentem-se. Sentamo-nos em duas cadeiras em frente a sua mesa ele levanta uma folha onde a foto está impressa.

-O que é isso?

-Uma folha. Artur responde, o diretor o encara e ele segura o olhar.

-Vocês podem me dizer exatamente o que vocês estão fazendo nessa folha?

-Beijando, nos estávamos nos beijando.

-Certo, e vocês sabem que é proibido beijos dentro do ambiente escolar?

-Eu não sabia.

-Pois fique sabendo Senhor Artur. O diretor levanta de sua cadeira. –Serei obrigado e ligar para os seus responsáveis.

Eu fico tenso e Artur se levanta ao meu lado.

-E serei obrigado a ligar para a sua esposa.

O diretor olha confuso.

-Como assim?

Artur pega a folha e a coloca sobre a mesa, ele aponta para o canto da folha.

-Olhe aqui diretor, o senhor se lembra do que estava fazendo ontem por volta do quarto horário?

O diretor engole em seco e o inspetor puxa seu colarinho como se precisasse de mais espaço para respirar.

-Quem deveria estar aqui é quem tirou essa foto, imagina se quem tirou essa foto chegasse alguns minutos antes?

-Do que você está se referindo Artur?

-Muito bem, serei direto. Ontem quando eu e o Gabriel estávamos no corredor abandonado nos vimos o senhor e o inspetor passando aos beijos pelo corredor e entram em uma pequena salinha, mas sabe de uma coisa? Eu e Gabriel não temos esposas nem filhos, somos comprometidos apenas um com o outro. Imagine o que sua esposa pensaria? Ou melhor, imagina se seus superiores descobrissem o que vocês andam fazendo no horário de trabalho? Pois saibam, as paredes daqueles corredores eram finas, e digamos apenas que vocês não eram muito quietos...

-Olha aqui Artur...

-Olhe você, nos não deveríamos estar aqui, sim, nos erramos em fazer isso na escola, mas quem deveria estar aqui é Gerson e seus coleguinhas, foram eles que fizeram aquela porcaria na parede. Sabe de uma coisa, eu acho lindo ter um enorme mural com uma foto minha e do meu namorado, mas a intenção dele não era essa, ele queria nos humilhar, a intenção dele era nos menosprezar, e sabe de uma coisa diretor, homofobia é crime.

Um silêncio cai sobre a sala e Artur continua.

-Vamos fazer o seguinte, esquecemos o que vemos e ouvimos, e você esquece essa foto.

O direto coça o queixo, olha para o inspetor e depois assente.

-Tudo bem.

O diretor senta e Artur estende a mão para ele.

-Foi bom negociar com você. O diretor encara sua mão e vira o rosto para outro lado. –Ok, nada de amizades.

Saímos da sala e Artur segura minha mão e me leva ao bebedouro.

-Você está bem anjinho?

Eu concordo.

Eles não vão dizer nada à sua mãe.

-Assim espero.

Ele segura meu rosto para me beijar, mas eu me afasto.

-Olha o que aconteceu por causa disso.

Ele assente.

-Tudo bem.

Ele abraça minha cintura e voltamos para a sala, mas antes de entramos ele me rouba um beijo e entra correndo, peço licença à professora e digo que estávamos na diretoria, ela acena e dá uma bronca no Artur por não pedir licença e entrar correndo, ele apenas encolhe os ombros e se senta na sua cadeira. Assim que me sento na minha carteira Alice se vira para trás e pergunta.

-Tudo bem?

Eu concordo.

-Eu achei lindo quando você o beijou. Ela diz com os olhos brilhando.

Eu sorrio para ela e Júlia puxa uma cadeira e se senta ao meu lado.

-Desembucha.

-O quê?

-Você e o Artur. Quero saber sobre tudo.

Olho para trás e ele está sorrindo para mim e eu sorrio de volta para ele.

Durante as aulas deixo as meninas um pouco a par das coisas, mas sem os detalhes sórdidos, no intervalo vejo Gerson tirando o cartaz na porta da sala e eu não sei direito, mas me sinto bem. No intervalo Artur se senta ao meu lado e acaricia a palma da minha mão.

-Você foi muito debochado. Eu lhe digo e ele sorri.

-Eu sei.

-Nos poderíamos ser expulsos.

-Se ele nos expulsasse seria a comprovação de que ele fazia algo errado.

-É.

Ele me encara profundamente, seus olhos negros me penetram profundamente e sinto pterodátilos voando freneticamente no meu abdômen com a intensidade do seu olhar.

-Você sabe que eu te amo?

As palavras somem e eu apenas concordo, ele segura a parte de trás do meu pescoço e leva minha boca para a sua, todo o meu corpo se arrepia com o seu toque e eu me entrego a ele.

O resto das aulas corre bem, estamos na porta da escola, começamos a caminhar em direção à sua casa, mas eu paro.

-O que houve?

-Minha mãe disse que precisa conversar comigo depois da aula.

-Agora?

Eu concordo e ele beija minha mão, mudamos de caminho e vamos para a minha casa. Quando paramos na frente do meu prédio ele para.

-Você me liga?

-Pode ter certeza.

Ele me puxa e me beija vagarosamente me fazendo derreter.

-Até.

-Até. Vou sentir sua falta.

-Eu também.

Ele beija minha bochecha e vai embora, espero ele virar a esquina e entro. Ao chegar no apartamento vejo minha mãe sentada no sofá, assim que ela me vê ela se levanta. É estranho ver minha mãe em casa durante o dia, ela é pediatra, então seu trabalho ocupa boa parte do seu tempo.

-Precisamos conversar.

Eu tiro minha mochila e me sento no sofá de frente para ela.

-Tudo bem.

Ela suspira e fecha os olhos.

-Filho, eu sei que nesses últimos anos eu não tenho sido a melhor mãe, aliás, eu estou longe disso, eu fui cruel com você. Quando você me disse sua opção sexual eu não sabia o que fazer, eu admito que foi um choque para mim, mas eu queria te dar meu apoio, te ajudar, te dizer para contar comigo. Mas... mas eu não sabia como faze-lo, então aos poucos eu fui te afastando de mim, te evitando, te levando para longe de mim...

-Mãe.

-Me deixe continuar.

Eu aceno e ela se senta e pega minhas mãos nas suas.

-Ontem eu tive um sonho, na verdade um pesadelo. Eu sonhei que tinha perdido você, não importava o que fazia, eu tinha te perdido, e eu senti como se tivesse te perdido para sempre. Eu acordei assustada e me dei conta de que eu não queria te perder, nunca. Olha, você é meu único filho e eu te amo, não quero você longe de mim, quero que tudo volte a ser como antes, você sendo meu companheiro e amigo, mas acima de tudo meu filho. Eu sinto sua falta Gabriel, falta de conversar com você, de ficar até tarde vendo televisão contigo, de sair com você, de rir com você, sinto falta de você sendo meu filho e eu sendo sua mãe. Eu entendo se você não quiser me perdoar, mas filho, eu peço seu perdão, eu errei feio, fiz algo horrível, mas eu quero uma chance para fazer as coisas funcionarem como antes.

Ela me encara e as lágrimas brotam dos seus olhos e escorrem pela sua face bonita.

-Filho, me perdoa, por favor, eu juro que nunca foi minha intenção te evitar, eu estava confusa, não sabia o que fazer ou como agir. Perdoe-me.

Meu Deus, isso é real?

Olho nos seus olhos verdes como os meus e eu não sei o que dizer, meu peito se aperta com a emoção e eu a abraço, ela se agarra a mim e começa a soluçar. Há quanto tempo eu não abraço a minha mãe? Algo tão simples, tão reconfortante e tão importante.

Vê-la dizer isso me inundou de alívio, minha mãe sempre foi a pessoa mais importante da minha vida, quando nos afastamos eu fiquei arrasado, mas eu não podia esconder quem eu era apenas para agrada-la, se eu fizesse isso estaria mentindo para mim mesmo. Mas agora, ver ela me dizer todas essas coisa me deixou sem ação, ver ela me pedir perdão, é como se um enorme peso fosse tirado das minhas costas. Não consigo me conter e choro também, ficamos abraçados até nos acalmarmos e ela sorri para mim, limpa minhas lágrimas e faço o mesmo com ela.

-Filho, você me perdoa? Eu sei que não mereço...

Eu a silencio.

-Mãe, está tudo bem. Eu até posso te entender, você estava confusa.

Ela sorri e beija meu rosto com seus olhos enchendo de lágrimas novamente.

-Eu te amo, meu filho.

-Também te amo, mãe.

Começamos a chorar novamente e nos dois rimos e nos abraçamos novamente.

Ás vezes minha mãe é muito melosa, mas nesse momento eu não me importava, eu queria e precisava daquele abraço, ter a aprovação da minha mãe sempre foi importante para mim e isso, essas coisas que ela me disse, tudo isso é, é... Não há palavras para descrever esse momento, as emoções rolam soltas e eu choro no seu ombro, cada lágrima que desce é um alívio maior, é como se elas saíssem do meu peito e o espaço deixado por elas se inundasse pelo conforto de estar aqui com a minha mãe.

Depois que conseguimos nos separar fomos para a cozinha e decidimos preparar o almoço, eu a ajudei e continuamos conversando, sobre a minha escola, o trabalho dela, coisas do dia-a-dia e banalidades, e resolvi dizer a ela sobre o Artur, no começo ela ficou chateada por eu não ter dito isso a ela antes, mas depois ela entendeu meu receio e disse que estava curiosa para encontra-lo, e me disse para traze-lo amanhã aqui em casa para jantar. Contei-lhe também sobre o ocorrido na escola hoje, quando lhe disse sobre a conversa do Artur com o diretor ela riu e disse que estava realmente ansiosa para conhecer esse garoto. Ficamos durante toda a tarde conversando e de repente a amizade estava de volta, o amor, o carinho, o afeto, estava tudo ali de volta, e eu não podia estar mais feliz.

Quando já estava escuro entrei para o meu quarto e liguei para Artur.

-Oi. Responde um Artur ofegante.

-OI, o que você está fazendo?

-Alguns exercícios.

-Hum, você malhado, todo suado e sem camisa? Fico triste por não ter aceitado seu convite mais cedo e ter ido à sua casa.

O ouço rir.

-Você sabe onde eu moro.

-É, eu sei.

O escuto beber água e imagino seu pomo de adão subindo e descendo, me lembro com é bom lamber o seu pescoço e de repente minha boca fica seca, mas afasto esse pensamento quando Artur pergunta.

-Como foi coma sua mãe?

Eu suspiro e lembro-me como é bom minha mãe estar de volta.

-Maravilhoso.

Eu até consigo o ver tirando o telefone do ouvido e o encarando e sorrio com esse pensamento.

-Maravilhoso?

-Sim, ela me pediu desculpas por todos esses anos que ela me evitou e voltamos a sermos amigos.

-Isso soa bem.

-Eu sei, além do mais ela quer que você venha jantar aqui em casa amanhã.

-Sério?

-Muito.

-Tudo bem.

-Eu vou tomar banho.

-Eu também.

Nós rimos e vamos cada qual para o seu banheiro, tomamos banho com o viva-voz ligado e quando já estamos deitados ouço uma música calma do outro lado da linha.

-O que é isso, Artur?

-Kenny G. Meu pai sempre gostou muito de ouvir musicas instrumentais, e quando meus pais morreram foi muito difícil para mim, eu tinha muita dificuldade para me acalmar e dormir, até que comecei a ouvir as musicas do meu pai. Eu me lembrava deles, mas não da morte deles, mas sim dos momentos bons que tivemos. Sinto uma profunda tristeza na sua voz, mas logo vai embora. – Espero que isso te acalme, senão serei obrigado a ir para sua casa e me instalar na sua cama.

-Sabe, não seria uma má ideia.

-Não me tente anjinho, não quero criar uma primeira má impressão na minha sogra.

Eu sorrio para o teto.

-Estou com sono. Eu digo com minhas pálpebras quase se fechando.

-Então durma bem.

-Hum, você também.

-E sonhe com seus irmãos.

-Irmãos?

Sim, os anjos.

Deixo uma pequena risada escapar.

-Tudo bem, dorme com Deus.

-Olha, eu preferiria dormir com um dos anjos dele.

-Vá dormir Artur.

Ouço sua breve risada do outro lado.

Aos poucos a música e sua respiração constante vão me acalmando e minhas pálpebras pesam, em pouco tempo eu caio no sono e durmo serenamente.

Comentários

Há 1 comentários.

Por BielRock em 2015-02-08 21:41:17
Ownt que capítulo mais kutkut . Adorei a Nanda , ela é muuuuuuito doido . kkkkkkk sensacional ela . Cara esse Gerson é um incubado , fica fazendo isso por causa da felicidade do meu charà . E o Diretor ein ?! O.o ruuuuuum safado kkkkk . O Arthur é um fofo , eu adoro ele e o jeito que ele trata o Gabriel é demais , eu tenho certeza que ele é o namorado dls sonhos de qualquer um . Continua , beijos . Meu email bielrocky29@gmail.com