Capítulo 19 - "Respostas e o pedido"

de R.S (Seguir)

Parte da série O amor é passageiro de ônibus

Bem, estava domingo em casa quase pela manhã inteira estudando. Ora, sou um homem compromissados com os estudos e tenho uma apresentação com minha equipe sobre surrealismo, então tinha que debruçar as caras nos livros.

Apesar de estar estudando, minha mente sempre me linkava com a festa de desculpa de Bira. Por que será que eu o beijei? Por que ele me atraiu tanto? O que passou comigo? O que passou entre a gente? Será que realmente o amo? Ou será que é só o desejo e o sentimento de estar tão perto dele me fez agir como eu agi?

Ainda tem aquilo que a minha vó havia falado pra mim mais cedo, no café da manhã: Será que Bira seria igual aos outros rodoviários, que pegam e ficam com qualquer coisa que possa dar prazer sexual? Eu suportaria e relevaria caso Bira me traísse com outra mulher? E se for com outro homem? Como reagirei?

São tantas questões envolvidas nessa relação que preciso estar seguro, aliás Bira também, se quisermos dar o passo tão importante quanto nascer, que é viver dependente de alguém.

Bom... Agora não é hora de me preocupar com isso. Deixemos para cada dia o seu mal. Então continuei os meus estudos sozinhos, já que tanto a Hellen e o Juan foram tão legais e me ajudaram tanto na minha surpresa e provavelmente ficaram acordados á noite toda de ontem para hoje, que não valeria a pena trazê-los para estudar hoje.

Escuto a compainha de casa tocar. Minha vó vai atender e segundos depois ele entra no meu quarto.

VÓ: Paulinho, meu netinho, tem um rapaz lá fora querendo falar com você. O nome dele é Ubirajara. Você o conhece?

O quê!!! Bira aqui em casa, querendo falar comigo?! O.O

EU: Vó, diga a ele que já estou descendo...

VÓ: Tudo bem. Adiante-se logo.

Eu pulei da cama que nem sapo e vesti um short e uma camiseta amarela. (Para quem não sabe, eu costumo estudar de cueca, sabe?! Faz-me sentir mais livre) Quando desci, ele estava sentado no sofá, com um buquê de flores e uma caixa de trufas (Sou chocólatra assumido, viu?! *_* )

Dei um sorriso discreto e ele o retribuiu com um dos seus melhores sorrisos! Ele me entregou as flores (own!!! Me senti a D. Florinda e ele, o Professor Girafales.) e os bombons. Após isso, ele pediu pra falar comigo.

BIRA: Paulinho, eu sei que combinamos para conversarmos sobre nós só amanhã, mas eu não me aguentei e gostaria de fazer isso agora.

EU: Tudo bem. Acho que realmente devemos entender melhor isso que passou entre nós. Sente-se aí enquanto preparo algo para jantar.

Ele concordou e sentou, enquanto eu fui fazer um suco de laranja e fazer um sanduíche com pão de forma e fatias de presunto e queijo. Foi bem rápido, em menos de 15 minutos já estava tudo pronto. Eu aproveitei esse tempinho para me preparar psicologicamente para essa conversa. Claro que esse tempo não foi o suficiente para estar pronto, mas alguns medos meus foram sanados.

Levei pra sala uma bandeja com a jarra de suco e os sanduiches e coloquei-os em uma mesinha da sala e sentei no mesmo sofá em que ele está, mas deixei um espaço entre nós. Mal sentei e Bira começou a falar.

BIRA: Paulo, nem sei por onde começar... Estou nervoso, porque nunca tivr que me abrir com um cara antes. Me sinto exposto, desarmado... (Uma lágrima começa a rolar pelo seu rosto.) Paulo, me sinto tão mal pelo que eu fiz com você naquela boate e me sinto tão abençoado por você ter me perdoado e demostrado naquela boate que gosta de mim do mesmo jeito que eu gosto de você. Eu quero muito que nossa relação progrida e que possa te fazer feliz.

EU: Olha Bira, eu também me sinto feliz por saber que te faço feliz; e saiba que você me faz feliz e quero que possamos nos amar muito. Mas antes, precisamos deixar as coisas bem claras! Então quero saber o que você sentia por mim desde o dia que me conheceu.

BIRA: Olha, quando eu te vi pela primeira vez, eu o notei fisicamente, provavelmente do mesmo jeito que você olhou para Sávio, o motorista. Achei que não,tinha qualquer chance,de te conhecer. Quando você viu que o Sávio só curte mulheres, você foi se sentar próximo a mim, na viagem de volta da faculdade. Eu o reparei, a partir daquele dia eu começei a repará-lo como um possível amor.

BIRA: Nossa amizade foi se fortalecendo cada vez mais. Pude conhecer melhor algumas das suas qualidades, como a abnegação para me ajudar a passar no Enem, a sinceridade e a empatia que sentiu comigo e ontem pude conhecer, pelo que Michal me contou, o quão dado você é pelos outros. Foi por isso Paulo, que eu me apaixonei por você!

BIRA: Quando eu fiz aquela besteira contigo, eu fiquei muito mal comigo mesmo, por tê-lo feito sofrer e chorar, e hoje me doeu ainda mais quando soube o que seu tio fez com você...

EU: (Com o olhar esbugalhado e impressionado) Como você soube do meu tio????

BIRA: A Hellen me contou. (Paulo havia contado a Hellen sobre o estupro do tio dele pois precisou explicá-la o porquê daquela reação na boate Pheros.) Acho que falei o que não devia, né?! Me desculp... (Paulo o beija enquanto ele falava)

EU: Não precisa se desculpar, Bira. Eu estou tentando superar isso sozinho...

BIRA: Por favor deixe-me ajudá-lo nisso! Vamos superar isso junto! Eu só quero o teu bem, cara. Quero que os seus problemas sejam os meus problemas, que os meus problemas sejam os seus, e que tentaremos resolvê-los juntos.

Eu não sabia o que dizer! Ele disse exatamente aquilo que queria ouvir. Ele quer realmente namorar comigo. O amor é um sentimento perigoso, pois com ele passamos a querer a alguém, cuidar de alguém, enciumar-se de alguém, até mesmo sofrer e morrer por alguém! E caso algo saia errado, posso ser envenenado pelos sentimentos opostos, como o ódio, o desprezo, o sofrimento e em raros casos (não tão raros assim) a loucura e a morte.

Mesmo sabendo desses riscos, eu quero arriscar! Quero saber o que é amar alguém e ser amado. Espero passar por mais alegrias do que tristezas. Então já tenho o meu veredicto para dizer ao Bira.

BIRA: E aí? Aceitar namorar comigo?

Comentários

Há 0 comentários.