Capítulo 03
Parte da série O amor é passageiro de ônibus
Eu fiquei triste ao ver a cena: ele no volante, com o rosto virado para a garota - muito gata por sinal - e beijando e passando um dos braços na nuca dela, trazendo aquele rostinho para perto dele, e a outra mão ia deslizando pelas belas curvas dela (eu sou gay, mas não cego).
Baixei a cabeça e sentei numa cadeira perto do cobrador. Eu estava triste ao ver o amasso deles. Era uma prova irrefutável de que eu não teria a mínima chance de namorá-lo. Pensando bem, ele nunca me prometeu nada, eu é que me levava pelos meus devaneios. Mas eu ficava triste, e isso não passou despercebido.
Cobrador: Ei, cara. Tá tudo bem?
Eta! To dando bandeira de novo!
Eu: Estou bem, só um pouco triste.
Cobrador: Por causa do Sávio, né?!
Eu: Sávio?
Cobrador: É! O motorista. O nome dele é Sávio.
Eu: Ah tá! Tá tão na cara assim?
Cobrador: Hum hum. - depois de alguns segundos ele pergunta - Você é gay?
Pelo rumo que a coversa tomou, não ficaria negando nada.
Eu: Sou sim...
Cobrador É! Eu imaginava...
Depois dessa conversa, vi que o meu ponto estava próximo. Então me despedi do cobrador.
Eu: Bem... Eu tenho que ir agora. Muito obrigado...
Cobrador: Ubirajara - dizia ele, completando a minha frase - E o seu nome?
Eu: Paulo. Obrigado por me ouvir.
Ubirajara: Por nada. Foi um prazer conversar contigo. Espero te ver amanhã.
Eu: Com certeza....
Saí dali, apertei o botão de parada e fui para perto da porta. Era um calvário estar ali, do lado do casalzinho. Um frio de tristeza passava pelo meu corpo e eu tinha de reconhecer que o Sávio nunca seria meu namorado, muito menos amigo. Saltei do ônibus com lágrima nos olhos.
Ao entrar, minha vô veio com uma enxurrada de perguntas sobre a faculdade e o curso. Respondi bem superficialmente e fui pro quarto, chorar, dormir, sei lá! Qualquer coisa que me fizesse esquecer aquele motorista.