CAPITULO 6 – MUNDURUKU I

Conto de Puckerman como (Seguir)

Parte da série TAWAPAYÊRA

“És Munduruku, o relato dos escritores, a loucura dos navegadores, a própria guerra!”

Estávamos correndo a mais de 3 horas seguidas, Jaci demonstrava muito cansaço, mas em nenhum momento pediu para parar. Eu estava tão focado em chegar o mais rápido possível na tribo Munduruku que nem se quer prestei atenção que minha companheira de viajem estava pálida. De repente Jaci caiu, e tive que carrega-la durante o restante do caminho. Ao anoitecer chegamos a aldeia, e conseguimos descansar.

Todos estavam apreensivos, pois a noticia de que Serpentária estaria pelas redondezas já tinha corrido. Fomos bem revistados quando chegamos, e arrumaram um abrigo para que Jaci pudesse descansar, ela estava ardendo em febre e precisava de repouso. O pajé Butantã fez algumas orações para que Tupã livrasse de todo mal a aldeia.

-O que buscam meu jovem pajé?

-Eu e minha companheira estamos atrás de Serpentária!

-Então a história que corre é verdadeira? Vais mesmo lutar contra a peçonhenta?

-É meu dever pajé! Tenho que cumprir minha missão e vingar o espirito de meu pai!

-Entendo... Quando era mais jovem, viajei muito pela Amazônia em buscar de todas as criaturas que ouvia falar nas lendas dos antigos, e encontrei cada coisa que me surpreendeu! Mas a grande Boiuna eu nunca vi! Dizem que ela é a pior dos mundos!

-É o que diz a lenda, mas estou disposto a enfrenta-la! Quando seu espirito levou meu pai, ela estava em uma forma pequena, da estatura de Parikás!

-Deve ter sido muito doloro...

Nesse fomento fomos interrompidos por um índio que chegou desesperado á oca avisando ao pajé que um monstro estava atacando. Pequei minha lança e corri, tinha certeza que era a maldita. Nas redondezas da tribo já se encontravam todos os guerreiros prontos para o ataque, e finalmente pude ver o quão monstruosa Serpentária era! Gigante, horrenda e assustadora. Sua monstruosa boca era capaz de engolir uma árvore inteira, suas presas eram tão afiadas quanto a ponta da minha lança, sem falar que davam umas três dela. Enquanto as índias e as crianças rezavam para Tupã os guerreiros iniciaram uma luta contra a rastejante. Foi uma coisa horrível de se ver, já que a maldita engolia cada um que vinha ao ataque, lanças, flechas, tochas de fogo... Todos foram destruídos! Os guerreiros que sobraram se afastaram e ficaram apenas em posição de defesa.

Serpentária me encarou firmemente e seus olhos vermelhos brilharam, eu estava ajoelhado buscando forças para vingar a morte de Parikás e de todos os que já foram mortos por aquele bicho monstruoso. Levantei-me e com a garra e determinação de um guerreiro corri em sua direção e avancei. Fui tão rápido que não deu tempo da cobra me acertar, mas eu sim a feri com minha lança, ela urrou e jogou seu veneno em minha direção. Eu estava muito rápido e ágil que facilmente consegui me desviar do ataque, mas fui surpreendido com um chicote de rabo que a criatura jogou contra mim. Sim, as cobras também se defendem com seus rabos, Serpentária estava possuída, creio que ficou muito brava por ter sido atingida. Mas continuou seu ataque contra mim, só que dessa vez fui eu que novamente a acertei, só que dessa vez consegui cortar um pequeno pedaço de sua pele. Eu estava eufórico por estar indo tão bem naquela luta, e sentia que poderia derrota-la. A cobra avançou em minha direção e me abocanhou, meus braços e pernas forcaram para não deixar com que a boca do bicho fechasse e me engolisse. Fiquei desesperado pensando que iria morrer, minha sorte foi que lanças começaram a vir na nossa direção e acertaram a maldita. Ela desistiu de me engolir e foi em direção aos guerreiros, mas não permiti. Assim que me soltei fui para trás e com tudo enfiei minha lança na ponta do rabo da cobra, prendendo-a na terra. Quando a bicha viu que não teria como se defender, já que os guerreiros avançaram, ela rapidamente aproveitou o inesperado eclipse e se transformou em humano e fugiu. Foi tão rápido que não conseguimos identificar a forma com que ela estava, apenas deveríamos ficar em alerta!

-Por Tupã! Que monstro era aquele?

-Aquele pajé é o meu futuro! Enquanto eu não mata-la, não ficarei em paz para retornar á minha aldeia!

-Grande guerreiro que você é meu jovem! Tenho certeza que o velho Parikás está muito orgulhoso do filho que teve!

-Obrigado pajé! Mas agora temos que ficar de olho em qualquer índio diferente que aparecer, os cortes que recebeu não cicatrizarão tão facilmente, conseguiremos ver e descobrir em que corpo a maldita está!

-Ficaremos de olho... Tenho que celebrar uma oração ás almas dos guerreiros que a maldita engoliu! Que descansem em paz!

-Eu prometo que vingarei a todos pajé! Essa criatura já causou muita dor aos nossos povos! É uma pena que Jaci estar dormindo, ela queria tanto ver a Serpentária! Vai ficar muito chateada quando eu contar...

CONTINUA...

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