CAPITULO 5 – AMAZÔNIA

Conto de Puckerman como (Seguir)

Parte da série TAWAPAYÊRA

“Amazônia o encontro das águas nas cores do manto de Tupã tecido na selva, vazante, piracema, migrações, nos olhos de Acunã”.

Nossa chegada á Pataxó foi de uma alegria imensa! Os maiores nomes das guerras milenárias estavam ali, naquele dia seria a celebração as bênçãos que a mãe natureza havia nos proporcionado durante todo o ano. O Pajé Caprichoso reconheceu-me assim que cheguei, ele já havia visitado nossa aldeia na época em que saia para as reuniões tribais. O mais estranho foi a careta que fez quando viu Jaci, foi como se eles também já tivessem se encontrado, mas nenhum dos dois puxou assunto ou algo do tipo.

A noite estava linda! Todos ao redor da imensa fogueira feita pelas índias de Pataxó, as batidas dos tambores embalaram a apresentação do ritual de amor ao pajé Caprichoso, foi algo lindo! Eu procurava observar, nas dezenas de pessoas que estavam ali se possuíam alguma tatuagem estranha ou diferente, o que era muito difícil já que em época de festas todos se enfeitavam e pintavam seus corpos como se fossem pra guerra, tradição. Pajé Caprichoso se dirigiu ao centro do círculo de índios e começou sua oração para a Amazônia.

“Terra de muitas raças, de muitas ervas, de muitas léguas onde canta o curió. Terra de muitas caras, de muitas crenças de muitas lendas ao sabor dos arraçais. Dos mestres pesqueiros, do caboclo mateiro, do canto das aves, dos trancos, barrancos que ouvi cair.”

Enquanto o pajé fazia sua declaração de amor á natureza, comecei a ver uma movimentação estranha na última oca da aldeia. Sem ser percebido saí de meu lugar e fui ver o que estava acontecendo, procurei por Jaci para pedir sua ajuda, mas não a vi! Quando entrei na tenda fiquei muito constrangido, minha parceira de viajem estava aos beijos com um dos guerreiros. Quando ela me viu ficou atordoada, mas eu me desculpei e saí rapidamente dali. Que coisa! Retornei ao meu lugar e mais uma vez fui surpreendido por outra aparição, só que dessa vez ninguém da aldeia esperava tal visita. Todos ficaram boquiabertos quando feito uma estrela reluzente desceu sobre o centro da roda, atrapalhando as falas do Pajé, a famosa Cunhã-Poranga. Diz a lenda que ela era a índia mais linda da aldeia e que Tupã a escolheu para estar ao seu lado, e sua fascinação por ela era tão grande que a tornou imortal e uma deusa.

Foi algo mágico a maneira com que ela apareceu, todos estavam maravilhados com aquilo, era algo lindo de mais para se ver. Cunhã-Poranga desfilou e soprou um vento que começou a tocar os tambores, chocalhos e todos os instrumentos que faziam parte dos rituais da aldeia. Sua leveza e beleza nos encantaram, e sua descrição nos fascinou. Linda morena, a mais bela da mística aldeia. O teu sorriso é a natureza, seus olhos refletem a luz do luar.

- Sou nativa, sou filha desse chão. Esse solo sagrado é meu! A floresta é palco da nação, nessa festa quem manda sou Eu! Cunhã-Poranga, índia guerreira da tribo dos Tupinambás!

A maneira com que ela nos prestigiou e agradeceu pelo carinho que temos pela sua floresta sou algo divino. Como protetora das matas ela repudia sua destruição pelos homens, mas ajuda aqueles que preservam e cuidam do presente que veio dos céus para todos nós. Ao se despedir ela se aproximou de mim e sou soprou algo em meu ouvido que me deixou angustiado. Desfazendo-se em brilho, ela desapareceu e nos deixou com um sentimento de amor ao dom da vida, ás nossas matas, á floresta encantada, á mística aldeia. Senti saudades de meu pai e de minha Tawapayêra!

No dia seguinte seguimos viagem, ali a Serpentária não havia passado, ao menos foi o que eu achei. Quando estávamos na estrada, um índio de Pataxó nos alcançou e me alertou: “Cuidado que essa cobra traiçoeira está pelas redondezas! Achamos o corpo de um dos nossos pela manhã e havia marcas de picada de cobra, e cobra grande! No mais tardar ela estará em Munduruku!” Ouvi aquilo uma raiva enorme se ascendeu dentro de mim, àquela criatura maldita e rastejante não escaparia mais! Olhei para Jaci que aguardava meu pronunciamento e avisei que chegaríamos a próxima aldeia mais rápido que nunca! Agradeci ao irmão índio e segui viajem.

Comentários

Há 1 comentários.

Por UdoliBoy em 2015-05-14 23:18:14
Essa companheira de viajem é suspeita '~'