CAPÍTULO 18 - SUSPEITO I
Parte da série AMENO
JULIANE
Naquela noite de tempestade, eu estava prestes a me deitar depois de um longo banho tomado. Minha cabeça doía muito, ainda sob pressão das novidades que surgiram do caso AMENO. Na manhã seguinte receberia o resultado dos laudos que me permitiria dar continuidade aquele caso. Tomei alguns analgésicos e deite-me.
Dormir com aquele barulho de trovões na maioria das vezes é assustador, mas como o cansaço me dominava, em poucos minutos apaguei. Acordei por volta de umas três horas da manhã com um ranger na escada, as janelas do andar de baixo batiam e objetos começaram a cair. Peguei minha arma dentro da cômoda e fui averiguar o que estava acontecendo. Desci as escadas lentamente e com uma atenção redobrada, não sentia medo, apenas uma desconfiança. Quando finalmente cheguei à cozinha e a vasculhei de cima a baixo, percebi que não havia mais ninguém ali além de mim mesma. As janelas pararam de bater, o ranger de madeira também desapareceu e um silêncio angustiante tomou conta da minha casa.
A pressão que estava sentindo no meu trabalho me fez ter alucinações, era essa a minha hipótese. Tomei um copo de leite e voltei para o meu quarto. Ao passar pela porta do banheiro tive um susto tão grande que quase me fez rolar escada a baixo. Um homem, que aparentava ter mais de sessenta anos, com o rosto todo ensanguentado, sem um braço, e com suas entranhas soltas, estava me encarando. Minha voz não saiu, não tive firmeza para empunhar a arma, fechei meus olhos e quando abri ele já não estava mais lá. Mesmo tremendo, fui até o banheiro ver se a criatura estava escondida por lá, mas não havia nada! Nem se quer uma gota de sangue, nada que provasse que alguém estivera ali recentemente. Me dei por vencida e decidi que assim que resolvêssemos o maldito caso AMENO eu tiraria umas longas férias para fugir dessa loucura que era a minha vida. Lavei meu rosto e quando virei-me para sair do banheiro a porta fechou-se sozinha e me trancou lá dentro. Comecei a força-la e a dar chutes para tentar derruba-la, nada adiantou. O espelho começou a arranhar e vi novamente o velho, agora dentro do objeto. Sua boca se abria como se ele fosse falar algo, mas nenhum som saía, então com o dedo sujo de sangue ele começou a escrever:
"DESISTA! O MESTRE ESTÁ FICANDO FURIOSO!"
Comecei a atirar contra o espelho que se estraçalhou, no mesmo instante em que a porta se abriu. Corri para fora de casa, peguei o meu carro e fui para a delegacia. No trajeto inteiro, em cada esquina aquele homem ensanguentado estava lá, a cada rua que eu virava ele fazia o sinal de pare, e cada vez mais eu acelerava. Cheguei e fui direto para minha sala, me tranquei lá sem dar explicações aos guardas que estavam de plantão. Finalmente adormeci.
- Doutora? Doutora? Doutora Juliane? A senhora está ai?
- O que você quer Frederico? Me deixe em paz!
-Abra por favor doutora, tenho notícias!
-Pronto! O Que quer?
-Doutora, aqui estão os laudos da perícia! Veja os vestígios de sangue que encontramos lá, a tira de roupa e o esperma, todos cheios de informações que nos levaram a duas pessoas na cena do crime!
-Mas... Não é possível! Este aqui é o... Ai meu Deus! Realmente ainda teremos um grande problema pela frente!
-Tubarão dos grandes doutora! E agora o que faremos?
-Ligue-me com o Juiz do STF!
-O doutor Marcos?
- Sim, ele mesmo! Com um caso grande assim, não podemos recorrer a qualquer instância! Precisamos de uma intimação direta assinada por ele para interrogar nosso primeiro suspeito! Que Deus nos proteja, porque agora teremos uma guerra, principalmente quando a mídia descobrir...
-Malditos ratos! Desculpe doutora...
-Vamos Frederico faça o que te pedi que quero interrogar esse cara ainda hoje! E me traga um café bem forte e um lanche bem recheado que estou morta de fome!
QUEM SERÁ O TAL SUSPEITO? SERÁ QUE A POLÍCIA ESTÁ CERTA? OU SERÁ QUE É TUDO UM PLANO EM QUE ELES ESTÃO CAINDO DIREITINHO?