CAPITULO 14 – INJETANDO O MAL

Conto de Puckerman como (Seguir)

Parte da série AMENO

Otávio

Eu não sabia exatamente o que rolava entre mim e João. Desde o dia em que ele dormiu aqui em casa e minha mãe entrou no quarto e nos pegou juntos, que não conversamos mais. Não que minha mãe fosse impedir algo, pelo contrário, ela estava adorando aquela ideia de finalmente me descobrir e parar de viver isolado, sofrendo (em sua concepção é claro!). a todo momento observava a tela do meu celular a espera de alguma mensagem, ou algum encontro inesperado, mas não houve nenhuma resposta da parte de João. Eu tentei ligar várias vezes para ele, mas sempre caia na caixa postal, e aquilo já estava me deixando preocupado. Quando estava me preparando para ir na casa do meu “quase namorado”, me assustei com uma mulher me encarando pela janela, em um passe de magica ela já estava dentro do meu quarto e deitada na minha cama.

-Oi amore! – ela disse com aquela voz irritante.

-Aline... – soei seco.

-Eu mesma querido! Estava de saída? – falou tentando puxar assunto.

-Sim! Pra longe de você!

-Ora, não seja tão grosseiro! Não me diga que vai ver o perdido do Fernandus?

-Quem? – perguntei virando-me bruscamente e a encarando.

-O Fernandus, ou como vocês o chamam aqui na terra, João Pedro! – ela disse em um tom de desdém

-Hum... E se eu for, é da sua conta?!

-Da minha não é, mas...

-Mas? – Aquilo já estava me chateando

-Eu não deveria, já que você está me tratando muito mal, mesmo eu só querendo o ajudar...

-FALA LOGO! –gritei de repente, só então percebi que cometi um erro e por pouco minha mãe não entra no meu quarto para saber o que estava havendo.

-Tudo bem, tudo bem, nervosinho. O seu “amado” João, está passando algum tempo com o seu melhor amiguinho! – ela fez uma cara de provocação, e eu por instinto caí.

-O João está com o Rafael? – estava surpreso com aquela revelação.

-Sim querido, eles estão juntinhos nesse momento!

-Mas... Mas... Isso não é possível! O que estão fazendo juntos?

-O que dois rapazes, jovens, bonitos, cheios de gás, dentro de um quarto? Nem imagino!

-Você só está querendo me fazer ficar contra os dois! Que sujo da sua parte! – virei a cara e comecei a mexer na fechadura da porta, iria sair dali e procurar MEU João.

-Oh, querido! Eu já disse pra você que a boazinha aqui sou eu. Se quiser te levo para vê-los!

-Eu... eu não sei... – ainda de costas respondi. Na verdade eu estava sentindo uma pontada de ciúmes só de imaginar os dois juntos! Mas Rafael jamais seria capaz de fazer algo assim, apesar de quê, ele não sabe que está havendo algo entre mim e João.

-está com medo de descobrir a verdade amore? – provocava o demônio.

-VAMOS!

Em uma fração de segundos, Aline a endiabrada, levantou-se da cama e veio até mim. Ela apenas tocou meu braço e de repente estávamos em frente à casa de Rafael que estava fechada e com todas as luzes apagadas. Isso não queria dizer nada, meu amigo adora sair e ir pra vários lugares, e provavelmente ele só estaria em algum barzinho tomando uma boa cerveja como de costume. Mas sabe aquela incerteza que começa a te atormentar quando acha que tem algo errado? Agora eu entendi o porquê as pessoas ficam cegas de ciúmes quando começam a namorar, é quase como instinto de proteger aquilo que é nosso, há muitos predadores por ai loucos por uma caça. E Deus sabe, que quando as pessoas começam a namorar elas se tornam pressas fáceis, é como se elas ficassem “doces”, como um imã que atraí.

-Oque estamos fazendo aqui? – perguntei a Aline que estava um pouco mais atrás de mim

-Espere e verás! Estarei por aqui, não conseguirá me ver. Se precisar é só avisar que vamos embora! – ela respondeu desaparecendo logo após

Sentei-me na calçada de Rafael e esperei que algo sobrenatural (tipo uma televisão feita no ar aparecesse e me mostrasse os dois juntos). Aquilo era ridículo de minha parte, eu sei. Já estava me arrependendo de ter desconfiando dos dois, e quando estava prestes a levantar e gritar o maldito demônio fêmea que me levou aquele lugar, vejo um carro se aproximando. Não era qualquer carro, era o de João! Fiquei em choque quando vi que no banco do carona estava Rafael, aquilo deveria ser ilusão, eles não fizeram isso comigo!

Quando finalmente o carro estacionou e os dois desceram, não sei se a maior cara de espanto foi de João ou do Rafael, ambos se entreolharam e me encararam, quando o cara que eu achei que me amava fez menção de vir até mim me dar alguma explicação ridícula, eu falei quase como em um sussurro : “me tire aqui agora!” e de repente estava em um quarto de hotel, e ao julgar pela altura deveria estarmos a uns duzentos metros do chão. O cenário da minha mente me mostrava um cara de terno sentado a uma poltrona bem na minha frente, e Aline no outro sofá que existia no quarto. Eles me encaravam.

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