CAPITULO 12 – COMPARTILHANDO O TERROR

Conto de Puckerman como (Seguir)

Parte da série AMENO

Estava deitado em minha cama olhando para o teto, lá fora uma costumeira tempestade caia. Meus pensamentos estavam divididos entre João e Rafael, de um lado um sentimento inexplicável começava a se formar dentro de mim em relação aos últimos acontecimentos com o milionário, já do outro lado um peso em meu coração pela doença do meu melhor amigo. É inevitável pensar nesses tipos de coisa, principalmente com João, já que não era amor o que estava sentindo por ele, era algo mais profundo como se tivesse algo do além que me dissesse que deveria ajuda-lo, estar com ele, protegê-lo. Estava começando a cochilar quando escuto um bater de portas no andar de baixo, certamente deveria ser o vento.

Minha mãe estava viajando para a casa da minha tia que adoecera, e como ela morava sozinha alguém precisava estar ao seu lado. Eu já não me preocupava em ficar só em casa, nunca me acontecera nada. Mas naquela noite um frio descomunal começou a invadir a janela do meu quarto, meu corpo se arrepiou por inteiro. Fiquei com medo, principalmente quando comecei a ouvir passos pelo corredor. Alguém havia entrado? Seria um ladrão? Meu primeiro pensamento foi me esconder por debaixo das cobertas, ali me sentia protegido. Silêncio.

Sabe quando você tem a impressão que está sendo vigiado? Que tem alguém do seu lado observando tudo o que você faz? Estava me sentindo assim. Era como se houvesse mais alguém ali naquele quarto além de mim. Se você parar e prestar bem atenção, vai perceber que realmente não está só, no primeiro momento você começara a ver vultos passando, logo em seguida começara a ouvir algum tipo de ruído, e se você estiver no escuro vai perceber pequenos olhos o encarando. Não tenha medo, são espíritos que vagam por entre nós e de alguma maneira se sentem ligados a você.

Quem se importa realmente com que os livros dizem a respeito do sobrenatural? Quando a coisa acontece com você, tudo muda! Eu não tive a coragem que todos aqueles personagens de filme de terror tem, de sair da sua retaguarda e ir “descobrir” o que está havendo. Meu medo era maior que tudo! Quando se esta sozinho em casa as coisas parecem que ficam mais propicias a acontecerem.

Quando finalmente me descobri, vi um vulto negro em pé bem a minha frente. Não era algo bonito de se ver, deveria ter uns dois metros de altura, com longos chifres, o nariz parecia de algum tipo de boi, seus olhos brilhavam como uma brasa, e possuía uns fiapos de assas iguais as de um morcego. Fiquei congelado. Minha voz não saiu, meu sangue parece que não corria mais em minhas veias e minha mente começou a gritar.

“Ele é meu! Você não o tomara de mim! Eu sou a morte, sou o maior dos anjos caídos, ninguém poderá tirar o que me pertence. Assim como a dele, sua alma está selada!”

Ao abrir os meus olhos não vi mais a criatura, porém comecei a perceber outras presenças dentro de minha casa. Era como se os portões do mundo sombrio tivessem sido abertos bem em frente ao meu quarto. Um calor começou a percorrer meu corpo quando vi um espírito que possuía as feições de minha mãe. Não resisti e comecei a chorar feito uma criança abandonada. Eu poderia ter ligado para Rafael ou para João, mas estava petrificado. A única coisa que queria naquele momento era que tudo aquilo parasse.

-Otávio? – uma voz feminina soou em meus ouvidos, quando me virei para descobrir quem chamava meu nome, vejo uma moça loira e baixa. Ela era gorda e tinha uma cara pálida. – Querido eu posso te ajudar!

-Quem é você? O que está fazendo em meu quarto? Como entrou aqui? – perguntei ainda com muito medo das respostas que viriam a seguir.

-Eu sou Aline querido! Só quero o seu bem e por isso estou aqui para te ajudar. – ela disse com uma voz doce.

-Me ajudar com o que exatamente? – estava começando a ficar curioso com aquele assunto.

-Você entrou em um beco sem saída quando se relacionou emocionalmente com o João! Ele não é o que você pensa, ele é nosso!

-O que quer dizer com isso?

-João é um demônio assim como eu, e para salvar a própria pele ele entregará sua alma. Uma coisa bem comum entre os seres das trevas, eles sempre se prevalecem acima dos humanos! – ela disse com um tom ameaçador.

-Desculpe, mas eu não acredito que João seja um demônio ou seja lá o que você tenha insinuado! Apenas vá embora – disse gritando, após surgir um ódio imenso dentro de mim. Algo me dizia para não confiar naquela mulher, ou demônio.

-Você ainda se arrependerá muito anjo caído! O inferno aguardará sua chegada filho do criador! – ela vociferou furiosa e desapareceu. Quase como instantaneamente eu apaguei.

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