Capítulo XI - Happy Little Pill

Conto de Pete Cyrus como (Seguir)

Parte da série Unconditionally

- Vini, me desculpa, é que eu achei, que você também queria! - ele se afastou de mim.

- Eu só quero que você abra a porta, por favor!

- Deixa eu te levar para casa, estamos no meio de lugar nenhum! - Rodrigo gesticulou com as mãos.

- Só abre a porta, eu não tô legal. - continuei forçando a porta do carro.

- OK. Eu abro, mas me deixa levar você pra casa? - ele parecia ter voltado ao normal.

- Sim! - menti.

A primeira coisa que fiz quando sai do carro, foi correr muito rápido, na direção inversa da rua, que era de mão única, assim ele não poderia me seguir. Ao longe podia observá-lo gritando, pedindo desculpas. Quando me vi longe o suficiente, meu corpo começou a reagir estava, tonto, os olhos embaçados, e em uma só arcada, vomitei o pouco que havia no meu estômago, um frio começou a tomar conta do meu corpo, e o suor começou a escorrer pela minha cabeça. Não sabia onde estava, era uma ruazinha pouco iluminada, talvez de um subúrbio, não sei, acabei me escorando junto a um contêiner de lixo. Eu tinha duas alternativas, ou ligava para o César, e admitia que eu só fazia merda, e que precisava dele para tomar as decisões por mim, ou ligava para Ju e contava toda essa história, o que me deixaria muito envergonhado.

Dane-se meu orgulho, retirei o telefone do bolso e liguei para o César.

- Vinicius! - disse uma voz rouca no celular.

- César, eu preciso muito de um favor, você pode vir me buscar? - minha voz era de choro.

- Na sua casa? Que voz é essa Vinicius?

- Sem perguntas, por favor! Eu não sei onde estou! - desabei chorando.

- Calma meu amor, eu vou te buscar. Olha só, ativa o GPS do celular e faz chek-in no Facebook, assim posso te localizar, OK? - ele parecia nervoso.

- Tudo bem! - soluçando.

- Eu já tô indo! Se cuida, se possível fica escondido até avistar meu carro! E não esquece, TE AMO!

Não consegui responder, afinal de contas ele me amava, e eu era um idiota, que não servia nem para tomar conta da própria vida. Foi só um momentinho de liberdade, para fazer a primeira cagada. Grande merda eu era!

Assim que fiz ckek-in no celular, percebi que haviam algumas chamadas do Rodrigo, era óbvio que não iria responder. Acabei me escorando no contêiner, junto a alguns sacos de lixo, ficava em uma esquina, por isso estava mais protegido, apesar do cheiro que me enojava. Meu consolo era que aquele cheiro pelo menos não era o do Rodrigo, que havia se impregnado em minha roupa.

Foram alguns minutos, e lá estava o carro dele, eu ainda estava muito nervoso, sai correndo, e em meio a tudo aquilo, meu corpo deu seu último sinal, eu cai no chão, aos poucos fui perdendo os sentidos, ouvia muito baixo César falando ao fundo, e isso é tudo que me lembro.

-Amor? Você tá bem? - eu reconheceria aquela voz rouca em qualquer lugar.

Olhei para todos os lados, aos poucos fui me lembrando dos últimos acontecimentos. Mas aquela não era minha casa, era um ambiente bem iluminado, com as paredes cinza, eu estava em uma cama bastante confortável, cercado por enormes travesseiros e almofadas.

- César, onde eu estou?

- Fica calmo, você tá na minha casa, eu liguei pra Ju e pedi pra ela avisar sua mãe, que você ia ficar na casa dela. Chamei um médico, amigo dos meus pais. Ele aplicou uma injeção de glicose em você. Eu expliquei que você tinha se perdido na cidade, estava nervoso, e ele disse que provavelmente, o que aconteceu foi uma forte descarga de adrenalina, baixou demais o seu nível de açúcar no sangue, que já não era muito, de acordo com ele, causando o desmaio. - disse ele rapidamente enquanto acariciava meus cabelos.

- Nem sei o que dizer! Você foi incrível! - meus olhos ficaram marejados novamente.

- Ué, já que eu não tenho uma princesa pra salvar, vou me contentando com meu “princeso”! - ele sorriu.

- Seu bobo! Estou com a boca seca, tem um pouco d’agua? - tentei me levantar.

- Claro! - disse ele colocando o copo em minha boca.

- Olha eu sei que te devo explicações... - fui interrompido.

- Shh! - ele pôs o dedo indicador nos meus lábios. - Você fala quando e se quiser, eu prometi que mudaria por você hoje mais cedo, estou tentando manter a promessa.

Não sei se era minha inexperiência em relacionamentos, ou se eu era só um babaca mesmo, mas o cara estava mudando por mim, e eu e minha inconsequência, resolvemos passear a noite em São Paulo, com aquele estuprador maluco juvenil.

- Por onde você tá viajando? China! - ele sorriu inocentemente.

- Mais ou menos! - afirmei com meio sorriso. - Então...será que posso tomar um banho?

- Você já consegue ficar de pé? - perguntou ele preocupado.

- Sim, consigo! - disse recostando-me na cama.

- Ótimo! Vou pegar toalhas pra você! - ele dirigiu-se a uma enorme porta corrediça.

- No plural? Sou só um! - disse debochando, ele apenas sacudiu a cabeça.

Com os cabelos ainda molhados, eu podia sentir o cheiro do gel de banho do César em minha pele, finalmente livre de todo suor, e principalmente do cheiro do Rodrigo, a e é claro do lixo.

Eu vestia um dos pijamas do César, era branco, estava deitado em seu peito, ele estava sem camisa, o que deixava a vista todas as suas tatuagens. Eu adorava uma em especial, a da clave musical, que iniciava em seu ombro e terminava no seu antebraço. Acho que ele já estava cochilando, mas sua mão não parava de acariciar meu polegar. Happy Little Pill do Troye Sivan, tocava no Home Theater, de forma suave, aquele era o ambiente mais romântico e tranquilo do mundo, pelo menos para mim. Era ali que eu queria estar!

Um silencioso, e bastante silábico E U T E A M O, foi pronunciado por César. Eu, em retribuição beijei seu peito, e adormecemos.

CONTINUA

Comentários

Há 2 comentários.

Por Lucas&Bruno em 2014-08-20 20:06:27
Amei querido ficou perfeito!
Por jooaltair em 2014-08-19 01:21:14
continua esse romance eu estou doido pra ver o q vai acontecer com ele e a mae dele