Capítulo VII - Pura Heroína
Parte da série Unconditionally
- Rodrigo, eu estou bem! Depois conversamos melhor, preciso resolver isso! - disse segurando os braços de Cesar.
- Vai resolver porra nenhuma, não o quero perto de você! - César berrou o mais alto que pode, chamando a atenção de toda escola.
- Vinicius, tu não precisa fazer tudo que esse cara manda! - Rodrigo também estava alterado.
- Precisamos ir gente! Tchau Ju, desculpa Rodrigo! - puxei Cesar e fomos até o carro estacionado do outro lado, enquanto curiosos olhos nos observavam.
- Que merda é essa Vinicius, do que aquele imbecil tava falando? - perguntou Cesar, assim que entramos no carro.
- Eu sofri um pequeno acidente, e o Rodrigo me levou para o hospital, foi só isso! - respondi omitindo alguns fatos.
- E por que isso seria culpa dele? - ele olhou sério para mim.
- Esquece isso Cesar! - virei o rosto.
- Fala logo! - ele segurou com força meu braço.
- Ele quase me atropelou! - disse quase que num sussurro.
- Ele vai me pagar, vou quebrar ele! - César ia sair do carro.
- Se você voltar lá, não vai me encontrar mais aqui! - dessa vez eu falei alto demais.
Ele não falou nada, apenas ligou o carro e arrancou, o silêncio imperava entre nós.
- Você não vai falar comigo? - perguntei enquanto roia as unhas que me restavam, e olhava em direção a rua.
- Ele está a fim de você! - ele não olhava para mim.
- Do que você está falando?
- Do Rodrigo, eu percebi, você também quer ele? - ele havia mudado sua expressão.
- Para o carro! Por favor! - fui firme.
Ele por incrível que pareça me obedeceu, estávamos ainda só a algumas quadras da escola.
- Olha pra mim agora! - ele obedeceu.
Segurei firme em seu rosto, e o beijei. Foi profundo, e selvagem, ele me jogou contra o banco, e eu pedia por mais, seu beijo, me fazia querer mais, ele era minha droga, ele era pura heroína.
- Isso responde sua pergunta? - perguntei sem fôlego.
- Promete que nunca vai me deixar? - ele perguntou ajeitando o boné aba reta que usava.
- Prometo!
- Responde boa parte delas.
Expliquei a ele onde ficava minha casa, ele deu partida no carro, conectei meu telefone no rádio, e pus 400 Lux da Lorde, para tocar.
Chegando, nos despedimos com um beijo, e a promessa de que mais tarde estaria o esperando para ir a sua casa.
Minha mãe, já havia ido para o trabalho, na verdade ela não vinha almoçar, pois não dava tempo, São Paulo era uma cidade grande. Eu tinha um tempo para um banho, tomar alguns analgésicos, arrumar o material de aula, e depois esperar Cesar, podia ficar com ele até as 20h, quando minha mãe chegaria em casa.
A água do chuveiro estava deliciosamente na temperatura certa, a única coisa que me incomodava naquele momento era meu pé, que apesar de não doer, acredito que por causa doas analgésicos, estava inchado. De repente a campainha toca, visto correndo meu pijama, que acreditem era do BOB ESPONJA, e com a água escorrendo pelo corpo, e o cabelo completamente molhado, desço as escadas voando, quando abro a porta uma surpresa.
- Vinicius! - ele me olhou de um jeito diferente, e parece ter focado para baixo da minha cintura.
- Então...Rodrigo! - disse sem jeito, puxando a camiseta do pijama.
- Oi - ele ficou sem graça. - Eu vim ver como você estava, afinal de contas o aquele viciado idiota, não deixa nem eu falar com você.
- Eu tô bem, Rodrigo, só não fala assim do César, ele é um pouco grosso as vezes, mas deve ter os motivos dele, é um cara legal.
- Um cara legal? Vinicius vocês tem alguma coisa? Tipo um relacionamento? - ele voltou a olhar, mas acho que dessa vez para meu pé.
- Olha Rodrigo você, é um cara legal, apesar de andar com o idiota do Max, mas eu não me sinto a vontade pra falar disso com você! - baixei os olhos, eu nunca sabia dizer não a alguém, mas naquele momento consegui.
- Desculpe! Mudando de assunto notei que seu pé tá bem inchado, deixa eu te levar no médico? Me sinto culpado.
- Não esquenta Rodrigo, tá tudo certo! Ah eu que peço desculpas pela grosseria, que entrar? - eu não havia esquecido só perguntei por educação.
- Fica para outra hora, só passei, pra ver se estava tudo bem! - disse ele sorrindo.
-OK, tchau, então! - sorri envergonhado.
- OK, tchau! - ele continuou até o carro olhando para mim.
Fechei a porta e respirei aliviado, subi e terminei de me arrumar, sem deixar de pensar, por que um cara como Rodrigo estava tão preocupado comigo, não podia ser só culpa, afinal de contas ele já tinha feito a parte dele, não importava, essa era a conclusão a que cheguei.
Me arrumei rápido, vesti uma bermuda jeans azul clarinha, um pouco rasgada na frente, meu all star branco, e uma regata cinza. César logo iria chegar, e não tínhamos muito tempo.
- Oi! - disse colocando o cinto.
- Oi que nada, eu quero um beijo, já estava com saudades! - ele me puxou para um selinho.
- Eu também senti saudades! Onde vamos? - perguntei sorrindo.
- Ali no motel pra uma foda rápida! - disse ele sério.
- O que? Como assim? - disse sem acreditar no que ouvira.
- Tô brincando, manezão! - ele gargalhava como ainda nunca tinha visto. - Pensei da gente ir ao shopping comer alguma coisa, e depois ir lá pra casa namorar um pouco, o que acha?
- Seu palhaço! Por mim pode ser, mas e seus pais?
- Enquanto não inventarem teletransporte, uma viagem dos EUA até o Brasil, ainda vai demorar um certo tempo. - ele sorriu novamente.
- Seu idiota! Eles estão de férias?
- Não, moram lá, aqui no Brasil só eu mesmo, e a Idelma nossa empregada.
- Nossa você me surpreende cada vez mais! - disse revirando os olhos.
- Melhor, assim você não enjoa de mim! - ele sorriu.
CONTINUA...